A maconha nos tempos da cólera
Faço no título deste post uma analogia com o livro de Gabriel Garcia Marques, "O Amor nos Tempos do Cólera". Enquanto Garcia Marques trata do "cólera" doença, eu, por minha vez, nomeio a crise mundial de "cólera", uma espécie virótica que nos deixa a todos paralisados, sem que ao menos tenhamos consumido qualquer tipo de substância ilícita para que isso aconteça. No meio da cólera/crise, surgem as mais inusitadas alternativas para combater cóleras umas e outras, sejam doenças do corpo ou da alma.
"Com a Califórnia no meio de uma crise histórica, regular e taxar a maconha é simples bom senso", afirmou o parlamentar democrata Tom Ammiano, de San Francisco, EUA. O deputado é o autor do projeto de lei que propõe a legalização do uso recreativo da maconha na Califórnia.
Em entrevista ao UOL Notícias, o deputado disse que tem conversado com os colegas para obter apoio à sua causa. O argumento do deputado norte-americano baseia-se no fato de que a Califórnia, com um déficit orçamentário de US$ 40 bilhões, deixa de cobrar impostos das pessoas que cultivam, vendem e consomem a maconha. No próximo dia 31, a proposta entra em discussão e, se aprovada, vai a plenário, para ser votada. Pelo projeto de lei de Ammiano, cria-se uma taxa de US$ 2 para cada grama de maconha comercializada, uma "beck tax". Pelas contas dos inventivos parlamentares que defendem a ideia, isso representaria uma arrecadação extra de US$ 1,3 bilhão.
Nos EUA, dos 50 estados, 14 permitem o uso da maconha para fins medicinais. Segundo pesquisas recentes, 40% da população californiana não se opõem à discriminalização da cannabis sativa. Dados de ONGs locais estimam que o cultivo clandestino da marijuana na Califórnia é a maior lavoura geradora de receitas do estado: seriam US$ 14 bilhões anuais. Para comparar, a indústria do leite vende US$ 7,3 bilhões ao ano e as uvas geram US$ 2,6 bilhões.
A eventual aprovação dessa taxa não eleva a maconha ao status de droga legal, já que o governo federal dos EUA não aprova o consumo da droga, nem mesmo para fins terapêuticos. O deputado Ammiano é ativista desde os anos 70 e, ao lado de Harvey Milk, liderou o movimento contra a medida que tentava coibir a contratação de professores gays nas escolas da Califórnia. Ammiano participou do filme "Milk" como personagem de si mesmo. Nos tempos da cólera mundial, qualquer tentativa de amenizar a situação é válida. Nem que for para acender um cigarrinho e contemplar o caos com mais serenidade em meio a nuvens etéreas de fumaça.
2 Comentários:
achei muito interessante!
Dá uma olhadinha no •BLOGANJA•
www.tahemushlegalize.blogspot.com
Paz!
Talita, seja bem-vinda. Beijo!
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