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quarta-feira, 8 de junho de 2011

Gente diferenciada

De New York - São Paulo protagonizou, há umas três semanas, um caso que é bem típico de uma cidade que deveria ser democrática e é pequena, bem pequena, quase que uma província quando se trata de comportamento entre pessoas que pensam que compartilham o mesmo espaço. Pensam porque, quando se dão conta, percebem que se obrigam a esse compartilhamento, o que não vem a ser, portanto, nada democrático. O que é imposto não é espontâneo e, logo, deixa de ser uma reunião civilizada em aglomeração humana e passa a ser um ajuntamento forçado.


O motivo foi funesto: uma associação de bairro, elitista, tornou público o desejo de parte dos moradores desse bairro, considerado elitista (e já por isso não-democrático), de bloquear a construção de uma futura estação de metrô em determinado lugar. Essas pessoas querem mover a estação para alguns metros adiante sob a premissa de que "gente diferenciada" tenderá a ocupar o entorno da estação e, consequentemente, poluirá, com sua diferenciação, a rua, as adjacências e o bairro.


Causou, claro, a maior polêmica e envolveu várias esferas, da pública à privada, e, creio, é na privada que acabará o perverso debate. O governo, anteriormente, cedeu a pressões bairristas e foi capaz de determinar a construção de uma estação de metrô bem distante do local originalmente previsto. Também envolvia outro bairro elitista e as pessoas diferenciadas não eram bem vistas.


A gente diferenciada foi um termo cunhado por uma moradora do bairro citado primeiro neste post e remete a pessoas como as faxineiras, os vendedores ambulantes, trabalhadores de quarto e quinto escalão que, eventualmente, achem por bem escolher o metrô como um meio de transporte alternativo entre tanto outro de que dispomos na província. São gentes diferenciadas justamente que trabalham para as pessoas não-diferenciadas daquele mesmíssimo bairro.


Já trabalhei no bairro em questão. É um dos bairros paulistanos conhecido por abrigar pessoas que têm algo em comum. No caso, os judeus. Que foram, eles sim, tratados como gente diferenciada há pouco mais de meio século atrás. Por muita gente considerada não-diferenciada.


Estou em New York desde segunda-feira e o que mais eu vi, até o momento, foi a verdadeira gente diferenciada. Gente de todos os lugares, culturas, cores. De todas as vestimentas. De chinelo. De bota. Sem camisa. Cobertos até o pescoço. Com cabelos à moda punk ou sem cabelo algum. Gente do mundo inteiro que vive uma democracia de fato. Gente diferenciada sim. Mas, pela diferença de saber conviver num espaço, e não por se achar diferente de outros apenas pelo que cada um tem ou não posses.


Abaixo, slide de fotos que fiz na Times Square e que representam justamente essa diversidade que São Paulo está a anos-luz de ter e praticar:






terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Toda minha



Em números


1. 11,245 milhões
2. 7,384 mil
3. 457
4. 37
5. - 1
6. 134
7. 239,8 mil
8. 1,235 mil
9. 6 milhões


Em palavras


1. Habitantes do município de São Paulo em 2010
2. Habitantes por metro quadrado
3. Anos de existência da cidade de São Paulo, completados hoje, 25 de janeiro de 2011
4. Temperatura máxima registrada na cidade
5. Temperatura mínima registrada na cidade
6. Dias de chuva durante o ano de 2009
7. População da cidade em 1900
8. Homicídios registrados em 2009
9. Veículos registrados em 2008


Sem palavras


!!!!!!!!!! 
???????


Última palavra


Parabéns!

sábado, 15 de janeiro de 2011

Amy

Daqui a pouco vou vê-la ao vivo. Nesta turné brasileira, na qual pretende se reabilitar (e dá-lhe rehab!), Amy teve, em cada show, um comportamento que oscilou entre nervosa, perdida, trôpega e, quem sabe, até mesmo anestesiada sob o efeito do álcool ou de drogas.


Goste-se ou não dela, e eu gosto, o fato é que se Amy Winehouse não tem presença de palco (eu creio que lhe ficam melhores as apresentações intimistas), sobra voz e as eventuais oscilações são compensadas pelas músicas e talento.


Por enquanto, pouco mais de 18 horas, São Paulo tem tempo bom, sem chuva. Espero que Amy também esteja sob tempo bom, sem nuvens sobre sua cabeça. Ela, que está a poucas quadras aqui de casa, é tudo e, principalmente, instável.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Até quando?

Na última revista que trabalhei, costumávamos brincar que, quando não nos ocorria um título de forma alguma para a matéria, poderíamos sempre usar a manchete "Até quando?". Por não se referir a nada e abranger tudo, o título caberia em qualquer matéria. Pode fazer o exercício. Serve para tudo e nada ao mesmo tempo.




Brincadeiras à parte, para este post o título é completamente adequado e é uma interrogação que faço da forma mais ampla. Mas dirijo a pergunta, sobretudo, às autoridades. A sociedade não ouso questionar porque, ao que parece, qualquer questão que envolva violência e que não seja diretamente ligada a si ou aos seus, não importa, banalizou-se a ponto de vermos os atos acontecerem na nossa frente e desviarmo-nos prontos para deixar para trás os outros que, hipoteticamente, são estranhos.


Até quando teremos a sensação de insegurança? De impunidade? De medo? Aconteceu de novo, na mesma avenida Paulista que já louvei algumas vezes neste blog. Que palmilhei com meus próprios pés como nenhuma outra rua nesta cidade. Que, se diz, é a avenida mais rica da América Latina. Que é uma das principais marcas desta cidade. Aconteceu de novo, este final de semana, quase no mesmo ponto, de novo na estação Brigadeiro do metrô: um casal de gays foi atacado por uma outra gangue de cinco.


Repare: foram cinco pessoas novamente. Não aqueles cinco - dos quais quatro menores de 18 anos estão recolhidos à Fundação Casa e o maior continua feio, leve e solto por aí e, ao que parece, foragido - de antes, mas outros cinco que se deram, também, o direito de atacar pessoas por serem homossexuais.


Atacaram praticamente da mesma forma. O conteúdo também é o mesmo: homofobia. Até agora, enquanto escrevo, imagino que a poucas quadras daqui de casa, cada gay que passar pelo local terá vivo na mente que pode ser atacado ali, naquele exato lugar que fica, assim, estigmatizado pela gratuidade do preconceito.


Ao que parece, os cinco rapazes da nova gangue houveram por bem substituir a outra desmantelada gangue. E, até aqui, foram bem-sucedidos. Não tiveram receio nem um pouco de uma câmera a lhes filmar o ato: cometeram a violência certos da ausência total de punição.


Dá para acreditar que, depois do primeiro episódio, dissipados os vapores daqueles golpes, um bando de moleques covardes teve a audácia de atacar gratuitamente? Até quando, eu me pergunto, até quando teremos episódios deste tipo, sucessivamente, sem que a polícia interfira? Sem que a avenida mais rica seja capaz de se manter como um local seguro?


E observe que, se policiamento não existe, há câmeras em toda a extensão da avenida, há segurança privada, há pedestres que jamais a deixam deserta. E ninguém foi capaz de fazer nada, uma vez mais. Um dos rapazes correu para pedir ajuda para a polícia e quando voltou o outro estava inconsciente no chão, de novo. Até quando? São Paulo, é a tua avenida que se vestiu de natal, que tem uma praça de natal, que celebrou a própria abertura de natal ontem mesmo, domingo. Domingo que, 15 horas antes, para os dois não foi o natal, e sim a morte. A pequena morte da violência cotidiana que se apresenta sob as mais variadas formas e cujo único fato que a liga a todos os demais fatos semelhantes é a dor dos que, vitimados, sentem-se desprotegidos, pequenos diante de tão grande omissão.


Até quando?

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Filhos da paz

No dia 14 de novembro, um domingo, por volta de 6:30 horas da manhã, a cerca de quatro quadras de onde moro, na estação Brigadeiro do Metrô, avenida Paulista, cinco jovens - um maior, de 19 anos, e os demais menores, entre 16 e 17 anos -, agrediram covardemente pelo menos cinco outros jovens (quatro na região da Paulista e um em Moema). O grupo dos cinco agressores, como você pode ver pelo vídeo abaixo, ataca, com uma lâmpada fluorescente, de forma totalmente gratuita, um dos passantes. Depois, na parte que não aparece no vídeo, os demais chutam e espancam um deles.





A polícia agiu rapidamente e conseguiu identificar os agressores, que ficaram retidos. Mas, por conta de juízes talvez, eles mesmos, eivados de preconceito, os cinco foram soltos. Depois, o vídeo acima e testemunhas confirmaram a gratuidade do ataque e a Justiça determinou que os quatro menores fossem recolhidos à Fundação Casa, que abriga menores infratores no Estado de São Paulo. O quinto agressor deve ser detido porque a polícia pediu sua prisão preventiva.


Por ora, os quatro menores estão detidos. O maior, único que permanece em liberdade, aguarda julgamento do pedido de prisão preventiva. Ontem, domingo, li a entrevista que um dos pais de um dos menores deu a um jornal. E me saltou aos olhos uma das frases: "Meu filho é da paz". Dois outros pais disseram o mesmo de seus filhos, em outras palavras.


Em resumo, são todos da paz, pacíficos, verdadeiras unidades pacificadoras civis, que andam como vândalos pelas ruas e atacam todos os que lhe parecerem "viados", "bichas", "frutinhas" e que ousarem lhes olhar na rua. Foi o que alegaram, aliás: que haviam sido paquerados pelos agredidos.


Fiquei tão indignado ao ler a entrevista desse pai (que tem 43 anos) e é identificado como ator e diretor que me recusei a escrever sobre o tema no meu Rugido. Me calei. A indignação foi tamanha que não coube na expressão das palavras. Achei por bem destilar o ódio noite adentro e deixar de instilar, com isso, mais ódio ao caso.


Não importa o motivo alegado pelos agressores. O que importa é o que um caso desses representa: a mais completa intolerância contra quem age diferente. Fala-se muito no termo "tolerância". Tolerar significa aceitar com indulgência. Percebe a sutileza do "com indulgência"? Indulgência é indulto, perdão e vem do arcabouço teológico católico. Portanto, é um códex cristão, baseado na moral da igreja romana. Sou contrário ao termo tolerância. Sou contrário ao seu verdadeiro significado. Prefiro aceitação. Por favor, não me tolere. Não sou ovelha de rebanho cristão para ser tolerado ou não e muito menos me submeto aos cânones da igreja para ser por ela avaliado e perdoado ou não.


É como se, numa transliteração, me falassem: "perdoai-os (aos agressores), eles não sabem o que fazem". De forma alguma. Sabem e foram cultivados dentro do seio familiar com esse ódio, esse rancor. De algum lugar veio essa completa aversão ao diferente. Se não foi exatamente dos pais, foi da escola, dos amigos, dos pais dos amigos e, por consequência, com a aprovação latente dos pais.


O termo correto é aceitação. Me aceitem ou não. Não me tolerem. E não me agridam com palavras que soam deslocadas nesse contexto. Como uma pessoa que acaba de quebrar lâmpadas na cabeça alheia pode ser da paz? Como um chute em um corpo caído pode vir de um ser da paz? Que incongruência!
Me aceitem ou não. Se não querem me aceitar, danem-se. Tampouco preciso da aceitação alheia. Mas, se eu passar a não aceitar você, você e você, isso não me dá o direito de agredi-los. Não! Olho para você na rua, um(a) estranho(a) e te agrido porque, eventualmente, vi no seu olhar um brilho de cobiça? Que ridículo!


Esse mesmo pai que chama da "paz" a criatura que legou ao mundo afirma que o filho "homenzarrão" (por certo, o pai não sabe o sentido nato dessa palavra), não para de chorar e tem sofrido. Oras! Duas das vítimas ficaram bastante machucadas. Com o rosto e o corpo cheios de hematomas. Desconheço iniciativa de quaisquer um desses pais "da paz" de procurar as vítimas e lhes pedir desculpas. E de reconhecer que quem tem sofrido, no corpo, literalmente, são as vítimas. Não os agressores.


O episódio, por enquanto, criou alguns manifestos e fez com que o Senado Federal, pressionado por entidades ligadas à Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transexuais (ABGLT), liberasse verba de R$ 300 milhões para ações de combate à homofobia.


Em um momento que o Rio de Janeiro combate a violência de forma avassaladora, o episódio da avenida mais famosa da América Latina tem que ser avaliado pelo que significa: é dessas demonstrações de ódio dos "filhos da paz" que se fomentam a grande violência que, de uma forma ou de outra, compõe todo o quadro violento deste País. A tal "tolerância" não existe, estou certo disso. Existe condescendência, numa tentativa velada de esconder o preconceito que, ao primeiro movimento, se expõe da forma mais crua possível.


Os "filhos da paz" são uma alegoria. Gays não têm paz. E por mais que me afirmem o contrário, insisto em que não evoluímos. Se jovens de 16 a 18 anos se acham no direito de bater em gays gratuitamente, isso significa que a geração Y, tão moderna e plugada, não passa de um bando de brutamontes que mantêm ranços medievais tal qual seus pais, avós,  bisavós e demais antecedentes? Espero que não. Filho da paz sou eu que nunca levantei a mão para ninguém na minha vida. Me respeitem!


P.S. Pela lei brasileira, menores não podem ser identificados pela mídia. Mas, na internet, circulam todos os dados dos agressores. Vou chamá-los aqui de A, B, C e D. A mora na Vila Mariana. B mora na Bela Vista (aqui atrás de casa) e o pai dele foi preso no ano passado pela Interpol. C também mora na Vila Mariana, pratica musculação, muay thai e jiu tisu. D mora no Itaim Bibi. O maior, de 19 anos, é Jonathan Lauton Rodrigues, da Vila Mariana, e é instrutor de jiu jitsu. Os bairros são de classe média (alta, eu diria) da cidade de São Paulo e, portanto, não se pode nem argumentar que veem de periferias abandonadas, como é comum alegar nesses casos.

sábado, 27 de novembro de 2010

Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós

Uma moradora, singelamente, se aproximou da repórter e lhe entregou uma caixa de fósforos. Não quis se identificar e saiu rapidamente. A repórter abriu a caixa de fósforos e dentro havia uma carta de agradecimento aos oficiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro e da Marinha e passagens do samba-enredo do Carnaval de 1989 da escola de samba Imperatriz Leopoldinense (veja vídeo da música abaixo).





Esse é o trecho, entre tantos, que destaco da ocupação das favelas cariocas pela polícia e Forças Armadas, ou seja, pelo Estado. Porque foi o Estado que deixou isso acontecer e agora precisa agir como se fossemos uma representação de Israel e Palestina, com ocupações de territórios e intifadas.


As pessoas, como a moradora acima, comemoram, agradecem, rezam e acreditam que, agora, o Rio de Janeiro estará livre da pestilência do narcotráfico. Em ação cinematográfica que já dura dias, a ação policial e militar tem sido chamada de "Tropa de Elite 3", como se fosse a continuação do filme que alça a polícia carioca - e o Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) - a patamares inimagináveis. O filme, aliás, consagra o comandante do Bope como um verdadeiro herói.


E herói foi uma das palavras escritas pela moradora no bilhete da caixa de fósforos. Mas, por que heróis, se são apenas agentes desde sempre destinados a nos proteger? E por que o Estado deixou a situação da cidade mais linda do Brasil (e quiçá do mundo) chegar neste estado?


Não vejo como heróicos os avanços no Rio de Janeiro. A imagem mais significativa até agora foi a da debandada de bandidos da Vila Cruzeiro para o Complexo do Alemão (que reúne 15 favelas): tudo registrado pelas câmeras da TV (vídeo abaixo). Os bandidos, longe de se constrangerem, acenavam com as armas para mostrar o eventual poder de fogo que têm.





A explicação para o estado de abandono em que se converteram as favelas do Rio (e de São Paulo, do Recife, Salvador, Fortaleza, Manaus...) é uma só: aonde o Estado não exerce o papel de Estado, outros o farão. No Rio, além dos bandidos do narcotráfico, as pessoas ainda convivem com as milícias, que, na minha opinião, não diferem em grau algum dos bandidos. Pois que milícias não são um poder constituído. São ilegais e, portanto, estão à margem do Estado de direito, assim como estão os marginais.


Não, não celebro ao ver a transmissão em tempo real dessa peculiar Guerra do Golfo brasileira. Me entristeço. Porque estamos a celebrar como se fosse um salvo-conduto para um novo mundo. Obviamente, isso não ocorrerá porque a raiz continua podre. A superfície pode até parecer limpa. Mas, se o subterrâneo que alimenta a raiz não for eliminado, nada mudará. Será apenas o clamor desta operação. Porque o fundamento tem raízes profundas em toda a estrutura desta que se quer uma Nação, que se quer um ator global, com influência no mundo civilizado.


Trabalho ao lado de um outro complexo de favelas em São Paulo. São as favelas do Jaguaré - Rocinha, Moinho, Diogo Pires, Nova Jaguaré (considerada a maior de São Paulo) e outras que nem se sabe ao certo os nomes. É o Complexo do Jaguaré. Eventualmente, à tarde, ouve-se o pipocar de fogos na região das favelas. No Brasil, qualquer um de nós sabe que é o sinal para avisar que novos carregamentos de drogas chegaram. Isso acontece em qualquer lugar do País, inclusive na minha cidade natal que tem, ela própria, a rua do narcotráfico.


Não importa para onde se olhe, portanto, a capilaridade da violência é superior a qualquer outro sistema no Brasil. A violência - drogas, armas, roubos, assassinatos - tem densidade mais alta do que a água, a luz, o telefone, os esgotos. É o maior feito desse País: a inclusão social pela violência. É apenas nesse nível que, verdadeiramente, somos, classes A, B, C, D e E, todos iguais, enfim, sob as asas que se querem da liberdade, mas são, verdadeiramente, da violência.

sábado, 6 de novembro de 2010

I Gotta Feeling (em São Paulo)

Direto do show do Black Eyed Peas em São Paulo, I Gotta Feeling, gravado por mim em condições precárias. Como eu queria dançar e gravar ao mesmo tempo, as imagens, claro, seguem essa indecisão. A despeito da qualidade do show em termos de música não ser exatamente um primor, a animação do líder da banda, Will.I.Am, e a presença corporal de Fergie, e também o aparato futurista de palco, o Black Eyed Peas não deixou ninguém parado.


O show, no último dia 4, quinta-feira, deu para espanar a poeira. Fazia tempo que eu não me divertia tanto num show. E, claro, faço uma participação especial no clipe.



sábado, 2 de outubro de 2010

Boca de urna

Faltam apenas algumas horas para as eleições 2010 nas quais elegeremos o novo presidente, os novos governadores dos estados, novos senadores e novos deputados federais e estaduais. A previsão é que cada eleitor(a) gaste, em média, três minutos para concluir a votação nos seis candidatos.


Eu preparei uma cola, conforme instruções da Justiça Eleitoral.


Aproveito e faço a minha própria boca de urna, conforme a cédula abaixo.




Tem uma série de aplicativos na internet para quem quiser levar a cola para a seção eleitoral. Eu, que sou chique, também tenho aplicativos no iPhone para a cola, para acompanhamento das eleições e, finalmente, para a apuração, quase em tempo real.




Boa eleição para você! A despeito da obrigatoriedade, é um processo democrático.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Voto aberto

Há cinco dias do primeiro turno das eleições, que acontecem neste domingo, dia 3, abro aqui por completo o meu voto. Não tenho com isso a menor pretensão de fazer boca de urna, e sim recordar, mais à frente, as razões pelas quais escolhi os seis candidatos e porque os escolhi e, ainda, se foi uma escolha acertada ou frustrada.


Os seis candidatos - presidente, governador, dois senadores, um deputado federal e um deputado estadual - foram por mim escolhidos por eu identificar, ou tentar encontrar, em suas propostas, alguma ressonância com o que eu penso.


Não sou filiado a nenhum partido. Não tenho uma ideologia política propriamente dita. Creio que não me situo à esquerda, ao centro ou à direita. No Brasil, ao contrário da posição dogmática que estabelece que esquerda é esquerda e direita é direita, tudo parece ser mais flexível, de forma que tanto faz estar de um lado ou de outro ou, ainda, ao centro. Isso não significa absolutamente nada.


Portanto, repito: as minhas escolhas eu as faço conforme me parecem, sim, me parecem, porque não confio absolutamente em nenhum candidato a ponto de queimar um fio de cabelo, que estão mais alinhados conforme as minhas próprias ideias do que significa gerir a coisa pública.


Desejo, apenas, que o meu candidato não roube, não corrompa, não seja corrompido, não use o erário público em obras privadas, não privilegie os amigos em detrimento da população, não seja pequeno a ponto de usar o cargo que lhe é concedido para fazer do gabinete um trono, não tripudie sobre um povo que, bem ou mal esclarecido, confia nas suas palavras e, muito mais, nos gestos.


Por fim, repito ainda que, já que não me é dado o direito de não votar, e, ao deixar de ser obrigado a fazê-lo, criar condições de que os candidatos tenham que me provar de forma ainda mais detalhada porque eu deveria elegê-lo e não ao seu adversário, declaro o meu voto nos seguintes candidatos. E deixo registrado o meu último desejo: que o voto seja facultativo porque, se o fosse, eu nem às urnas iria, tal o meu descrédito com essa classe política a que somos submetidos:


- Presidente: voto na Dilma Rousseff, pelas razões neste post alegadas, e por não encontrar nenhum reflexo nos demais candidatos. Mais, por ter ojeriza ao insosso José Serra e ter uma série de restrições à Marina Silva. Aos demais candidatos, os chamados nanicos, nanicos ficam que nem me lembro os nomes.




- Governador (do Estado de São Paulo): Fábio Feldmann, do Partido Verde, porque não acredito na política do PSDB, de Geraldo Alckmin, e tampouco no candidato do PT, Aloisio Mercadante que, assim como alguns outros senhores do PT, cometeu mais deslizes do que cabem nesta página. Os demais, simplesmente, não me dizem nada. Veja que o meu voto é por eliminação, e não propriamente por opção. Melhor, é por falta de opção.




- Senador(a): voto na Marta Suplicy pelos motivos expostos neste post e porque acredito no programa da candidata e em suas ideias. O meu segundo voto para senador vai para o candidato Ricardo Young, por identificação mesmo. Os demais candidatos estão longe do que eu esperaria de um senador. Não quero pagode no Senado Federal e tampouco velhas raposas que clamam por Deus e Jesus quando, na surdina, são aqueles mesmíssimos que saqueiam os templos. E, afora expurgados por doenças graves, aqui estão a implorar os votos para depois, no primeiro dia de trabalho, esquecer o motivo pelo qual foram eleitos.






- Deputado federal: é uma vergonha ter na lista de candidatos uma mulher que pensa que está no pomar e acha que o corpo, a la Cicciolina, é suficiente para bancar a banca que pretende instalar nos gabinetes de Brasília. Uma vergonha, uma titica de galinha, e me deixa tiririca da vida, ter um palhaço candidato, primeiro lugar nas pesquisas, um analfabeto que promete ir para a Câmara dos Deputados para lá aprender o que se faz e, talvez, levar a família junto. Uma vergonha é o povo rir-se disso e ajudá-lo nessa empreitada. Uma vergonha é que a Justiça Eleitoral deixe que se inscrevam essas caricaturas, esses arremedos de políticos. Pior ainda é sejam votados como se fossem sérios. Tem até um Ivan Terrível, que é a mais perfeita tradução de quão ruça pode ser a política brasileira. Sem contar no Obama. O meu voto para deputado federal, em post mais do que justificado, vai para Fernando Alcântara de Figueiredo.




- Deputada estadual: Salete Campari. Que é Francisco Sales, paraibano. E Paraíba é mulher-macho sim senhor. E, ainda, Salete está alinhada com o meu candidato a deputado federal. É isso aí.




A despeito de todas essas escolhas, escolho, uma vez mais, o direito de não ter que votar. Essa é a minha política: do livre-arbítrio.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

A Íris está aberta

Começa amanhã, 15, no Rio de Janeiro, a segunda edição da Mostra Internacional de Animação da Diversidade Sexual (Íris), com 60 filmes na programação. As produções, micros e curtas metragens, são de 24 países e foram divididas em oito programas, dos quais cinco são competitivos.




Como o nome diz, a Mostra Íris trata do universo da diversidade sexual. Há o programa "Boys, Boys, Boys", que abrange os curtas de temática masculina, e o "Mulheres Super Poderosas", com temas femininos. E o programa "Coisas de Diva", cujo conteúdo, segundo a organização, é "transanimado".


As melhores exibições da primeira edição da Mostra, do ano passado, também serão exibidas. Entre os destaques, estão o filme belga "Je Te Pardonne", cujo vídeo (em francês) posto aí abaixo e o nacional "Não Pise na Grama", com a história real de J.C., que se viciou em sexo no Aterro do Flamengo por 11 anos.





A Mostra abre no Rio nesta quarta-feira, 15, e vai até domingo, 19 de setembro, no Centro Cultural Justiça Federal, na avenida Rio Branco, 241. Em São Paulo, a Íris se abrirá a partir do dia 24 e vai até o dia 30, no Reserva Cultural, na avenida Paulista, 900. Para maiores informações, acesse o site da mostra.


sábado, 11 de setembro de 2010

Mister Brasil Diversidade 2010 - resultado

Com algum atraso, já que a eleição aconteceu na segunda-feira, dia 6 (semana curta, corrida), divulgo o vencedor da edição 2010 do Mister Brasil Diversidade. É Vitor Abdalla, representante de São Paulo. Vitor é natural de Bauru (região oeste do Estado, perto lá da minha própria cidade), tem 22 anos e trabalha como recepcionista em uma academia em São Paulo.


segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Mister Brasil Diversidade 2010

A revista gay A Capa promove nesta segunda-feira, 6, a final nacional do concurso Mister Brasil Diversidade 2010, em São Paulo. O concurso tem como objetivo dar visibilidade à comunidade de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais (LGBT) brasileira através do evento que reunirá 17 gays masculinos (veja as fotos abaixo), um representante de cada estado brasileiro, ou com vagas biônica em São Paulo, cidade de maior expressão e aceitação gay.


Segundo a organização, o Mister Brasil Diversidade virá somar no calendário de atividades da cidade de São Paulo e terá a proposta de desmitificar estereótipos e contribuir para a visibilidade positiva dos LGBTs. Para atingir essa visibilidade positiva, os selecionados não serão escolhidos apenas por aspectos físicos, mas também por desenvoltura, conhecimentos culturais e políticos relacionados à temática LGBT.

Com a final, hoje, o concurso fecha os três dias de realização. Para participar, os candidatos tinham que obedecer os seguintes critérios: ser homens gays assumidos, com idades entre 18 a 40 anos e não podiam ter histórico junto a indústria de entretenimento adulto, ou seja, ter feito filmes ou fotos pornográficos.

Para a seleção final, os candidatos passaram por uma série de entrevistas e ensaios fotográficos durante os dias da etapa nacional e o vencedor receberá um prêmio no valor de R$ 5 mil e um editorial para a revista A Capa. O segundo classificado ganhará um fim de semana em Buenos Aires e o terceiro lugar terá direito a um cruzeiro nacional, ambos com acompanhante.

No site da organização, a mensagem afirma que é preciso contribuir para a construção positiva da imagem de homossexuais na mídia e o Mister Brasil Diversidade vem cumprir este papel. De forma lúdica, levará o debate acerca da orientação sexual e provocara o debate nos lares brasileiros. Diz o site, ainda, que é preciso imprimir uma imagem de gays sem estereótipos, bastante diferente do que a televisão brasileira aborda em seus programas de humor e teledramaturgia. Mostrar que há gays em todas as profissões e segmentos de mercado, e não apenas nas profissionais feminilizantes.

A final acontece nesta segunda-feira, no Teatro Santo Agostinho (localizado atrás da estação de metrô Vergueiro), a partir das 21 horas. O ingresso custa R$ 20 e pode ser adquirido pela internet ou pelo telefone (11) 4003-2330.

Rodrigo, Rio de Janeiro


Ricardo, Minas Gerais


Wellington, Alagoas


Ricardo, Paraná



Isaías, Espírito Santo



Jefferson, Paraíba


Vítor, São Paulo


Maurílio, Maranhão


Vinícius, Acre


Carlos, Mato Grosso do Sul


Murilo, Mato Grosso


Thulyio, Goiás



Anderson, Santa Catarina


Eduardo, Distrito Federal


Thiago, Pará


Marcelo, Rio Grande do Sul


Paulo, Bahia


terça-feira, 25 de maio de 2010

Cidade limpa

Eu não gosto nem um pouco do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Arrogante, eleito pela maioria, costuma falar mais do que a boca lhe permite e fazer o que lhe dá na veneta sem pensar que há mais de 10 milhões de cidadãos aos quais deve o mínimo de respeito.


OK! Acabei de secar o veneno e, recomposto, reconheço o mérito do prefeito ao implantar com sucesso a Lei Cidade Limpa, a que tirou do espaço visual todo tipo de publicidade que atravancava a paisagem já confinada dessa cidade.




(Mudança da paisagem depois da aprovação da Lei Cidade Limpa, que vigora desde janeiro de 2007)

Hoje, segunda-feira, 24, mais um passo foi dado para que tenhamos uma cidade mais limpa. Não temos uma cidade exemplar, nos níveis alemães, mas com muita paciência e dedicação, poderemos, futuramente, cuidar com um pouco mais de carinho dessa imensa metrópole que é, afinal, a casa de cada um de nós, dos mais de 10 milhões de habitantes que aqui vivemos.




(Mais um exemplo da calma visual que a Lei Cidade Limpa criou com a extinção da publicidade excessiva)

A Câmara Municipal aprovou o projeto de lei que fixa em R$ 12 mil o valor da multa a quem for pego no ato de atirar entulho e lixo nas vias públicas. Antes, essa multa era de apenas R$ 500. O próximo passo é a segunda votação e, se passar pelos vereadores, vai para a sanção do prefeito Gilberto Kassab. O prefeito tem centenas de defeitos mas defende uma série de iniciativas, como essa, para tornar a cidade um pouco mais aprazível aos nossos olhos e corpos. Pelo menos esse crédito, por enquanto, eu lhe dou.

quarta-feira, 31 de março de 2010

Vai indo que eu não vou

"Vai indo que eu não vou" pode, perfeitamente, ser uma expressão de troca de gentileza entre os motoristas da cidade de São Paulo. Pode, por outro lado, provocar ainda mais a ira dos habitantes dessa grande cidade que, em 2009, tinha mais de 11 milhões de moradores e mais de 6 milhões de carros, numa proporção de mais de um carro a cada 2 moradores. "Vai indo" indica que eu desejo que você se mova, se locomova, se adiante a mim no caminho. "Que eu não vou" significa dizer que ninguém vai, ainda que eu e você desejemos avançar.




É assim: nas duas últimas semanas, depois de quase quatro anos afastado do insano tráfego da cidade de São Paulo pelo singelo motivo de trabalhar em casa, tenho saído de carro quase todos os dias nos mais diferentes horários. Claro que não me passa desapercebido o quanto o trânsito em São Paulo fica, ano a ano, mais caótico. Mas a minha percepção não foi ampla o suficiente para a realidade que encontrei: não teve dia ou hora em que eu não ficasse parado, com raiva e, por fim, frustrado por não conseguir fazer metade do que havia programado exclusivamente em função dos congestionamentos da cidade.


Entre 2001 e 2009, ou seja, em apenas oito anos, a frota de veículos na cidade de São Paulo aumentou quase 50%: foi de pouco mais de 4,1 milhões de veículos para 6 milhões de carros. A essa ampliação, obviamente, não correspondeu, de forma alguma, a expansão das artérias urbanas da cidade. São Paulo não comporta mais ruas ou extensas avenidas. O que está feito, está feito. E as velhas soluções de viadutos e recortes de ruas ou avenidas, claramente, não têm sido suficientes para mudar esse cenário.




Está em fase de inauguração o chamado "anel viário" que ligará, feito um círculo, as principais vias de acesso a São Paulo, tanto de estradas federais, quanto interestaduais e estaduais. Os especialistas e defensores dessa obra defendem que, ao tirar os veículos pesados de circulação no perímetro urbano de São Paulo (esses veículos serão proibidos de trafegar dentro dos limites do município), o trânsito responderá imediatamente e nos sentiremos, todos, desafogados. Não acredito nisso. 


Nos dois primeiros meses deste ano, foram vendidos, no Brasil, quase 400 mil veículos, um aumento de cerca de 10% em relação ao mesmo período do ano passado. A cidade de São Paulo foi castigada, este ano, por 44 dias ininterruptos de chuva, o que contribuiu para sucessivas quebras de records de congestionamento: 111 Km, 156 Km, 189 Km, 211 Km, 217 Km. No ano passado, houve um record histórico: 293 Km de congestionamento das vidas da cidade, no mês de junho.




O transporte coletivo, primeira alternativa ao veículo próprio, no entanto, não é uma alternativa: minha faxineira, que vem uma vez por semana, gasta, algumas vezes, 4 horas para se locomover do Jardim São Luís até o Jardim Paulista (distantes cerca de 20 Km). Quer dizer, ela consegue se mover 5 Km/hora! Se conseguisse caminhar essa distância a pé, faria o mesmo percurso em pouco mais de 6 horas (a uma velocidade média de 3 Km/hora, que é a medida normal de caminhada). Sim, demoraria mais mas, certamente, seria mais saudável, já que a cada 15 minutos de caminhada, uma pessoa pode queimar até 35 calorias. Não, não sou um déspota para sugerir que ela deveria vir a pé. Somente quero dizer que, ao passo (sem trocadilhos) que um ônibus avança 5 Km/hora, uma pessoa avança 3 Km/hora. Se viesse a cavalo (velocidade média de 12 Km/hora), ela chegaria em menos de 2 horas!!!




Aposentemos, pois, os carros de São Paulo e vamos a cavalo, todos. Faremos cavalgadas de Apolos e Amazonas, sem pressa. Transformemos as imensas vias congestionadas em prados verdes, em caminhos recobertos de natureza. Deixemos de abastecer os tanques de nossos carros com potência de "X" cavalos para alimentar nossos cavalos com grama que servirá, também, para que a pisemos com pés descalços. Ou vamos nos desejar cada vez mais em intervalos menores: "vai indo que eu não vou" sem que ambos saiamos do lugar.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Picture

O Rio Tietê, o mais poluído da cidade de São Paulo, ganhou um colorido inusual: dois banhistas - talvez sem-teto - foram flagrados entre as pontes das Bandeiras e Cruzeiro do Sul - zona norte da capital, em trajes sumários.


E tanto tomaram banho no local, nas águas certamente corrompidas pelos esgotos da cidade, quanto aproveitaram para lavar e, olha só!, coisa rara hoje em dia, quarar a roupa sob o sol. Exceto o fotógrafo que registrou a cena e alguns motoristas que passavam pela via expressa, ninguém (os responsáveis pela administração de águas de São Paulo) se manifestou.


segunda-feira, 1 de março de 2010

São Paulo Restaurant Week - 2010 - edição verão

Começou nesta segunda-feira, dia 1º. de março, a sexta edição da São Paulo Restaurant Week (a sétima edição está prevista para acontecer entre 30 de agosto a 12 de setembro). São 200 restaurantes da cidade que, durante os dias 1 a 14 de março, oferecem os mais diversos cardápios a preços que variam entre R$ 27,50 (almoço) e R$ 39 (jantar).



No ano passado, quando fiz o post do evento, relacionei pacientemente restaurante por restaurante. Como dá muito trabalho fazer isso, este ano colocarei os dois links para quem quiser mais detalhes:

- Arquivo em PDF, com os restaurantes separados pelas cinco regiões da cidade de São Paulo - centro, sul, norte, leste e oeste - e apresentados em ordem alfabética.

- Link do site oficial do evento

O evento Restaurant Week acontece em cinco cidades brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Brasília e Vitória. Este ano, deve ser estendido a mais duas cidades: Belo Horizonte e Porto Alegre.

Se você gosta de gastronomia e quer explorar a vasta oferta de restaurantes de São Paulo, a hora é essa. Só um detalhe: ligue e reserve, seja qual restaurante for. Os 200 estabelecimentos ficam abarrotados de gente por conta da São Paulo Restaurant Week. A previsão é que 500 mil pessoas visitem os restaurantes durante o período.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Do caos calmo ao caos. Ponto!

Nem bem cheguei e sou devidamente abalroado pelos ruídos da cidade que não cessa o burburinho jamais, faça chuva (e quanta chuva tem feito!) ou faça sol. Agora mesmo são 23 horas e uma equipe da prefeitura insiste em contribuir para o aumento de decibéis com a potência da britadeira no asfalto aqui da rua. Mal se ouve a TV!


Passei a tarde e parte da noite com uma amiga a quem não via há quase um ano e meio. Ela vive em Montreal e, de passagem por São Paulo, me disse estranhar a multidão nas ruas. Montreal tem cerca de 1,7 milhão de habitantes. São Paulo contabiliza mais de 11 milhões de moradores. Somente na festa da virada do ano, a Avenida Paulista concentrou estimadas 2,5 milhões de pessoas, ou seja, uma Montreal e meia em pouco mais de 3 Km de extensão!


Não é à toa que ao passar pelas calçadas da Paulista a minha amiga tenha estranhado a movimentação. Um ano e meio fora de São Paulo e dentro de Montreal, onde não é preciso brigar por espaço nas calçadas, deve mesmo provocar calafrios. A minha amiga também estranhou o aumento de carros na rua e isso é um fato: 2009 bateu o recorde de vendas de veículos.


Segundo dados do Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran), a cidade fechou novembro do ano passado com 6.698.004 veículos. Esse amontado de gente e de carros faz com que a poluição sonora e o estresse auditivo sejam a terceira causa de maior incidência de doenças do trabalho, atrás apenas de agrotóxicos e de doenças articulares. 


Isso porque somente refere-se a doenças do trabalho. Imagine o que todo esse ruído faz a cada um de nós que aqui vivemos e somos acordados por saltos altos no apartamento de cima, por alarmes que disparam às 4 horas da manhã, por helicópteros que sobrevoam a cidade a qualquer hora do dia e, por vezes, da noite. Ainda agora ouço gritos de vizinhos na rua de baixo (ontem presenciei uma briga que envolveu pelo menos três casas!).





(Foto feita a partir da janela do meu apartamento agora há pouco)


Minha amiga falou de uma placidez e da ausência desse amontoado de pessoas e barulho de Montreal e eu me recordei de quando estive na Finlândia e tive a mesma sensação: ruas estranhamente desertas, estações do metrô amplas para pouca ocupação (aqui, driblamos a lei da física e ocupamos, no metrô, o mesmo espaço em três ou quatro corpos onde deveria haver apenas um corpo).


Mas, você quer saber? Quando lá estive, senti falta justamente dessa aglomeração, dessa justaposição de camadas e camadas de gente que, afinal, fazem dessa cidade o que é: urbe, tão generosa quanto o úbere de uma vaca holandesa. Uma cidade que, como Roma, decerto que é uma loba que amamenta filhotes sem fim. Com força. Como diria meu irmão, "aqui (lá em São Pedro do Turvo), a gente vive no sistema bruto".


Bem, devo dizer que aqui (em São Paulo), vive-se no sistema bruto também. A diferença é que a brutalidade referida pelo meu irmão deve-se à rudeza da natureza e ao natural trabalho braçal que o campo enseja no interior. Em São Paulo, a brutalidade é de outra coloração. É formada por vigas de aço e vidro que faz com que o homem que permeia o meio torne-se quase que de aço também.


Somente para registrar, fui devidamente enxotado do longo corredor entre a Paulista e a entrada da FNAC por um nada simpático segurança que insistiu em dizer que aquele espaço era privado e que eu não podia fumar ali. Como se sabe, a lei antifumo permite que se fume em espaços não-cobertos (públicos ou privados). Como de onde eu estava eu avistava largamente o céu, deduzi que era espaço aberto.


Não sei se os arquitetos mudaram a definição de espaço aberto, mas fui intimidado o suficiente pelo segurança para sair do local. O prédio abriga a FNAC mas também, na maior parte, a Petrobras e outros órgãos federais. Como eu discuti um pouco antes de ceder, o segurança apenas argumentava que o espaço era privado. OK, estava no papel dele. Mas o espaço é público.


Contei a história para exemplificar a brutalidade a que me referi. O sistema bruto de São Paulo é esse: desinformação, intimidação, barulho. Caos, pois. Somente me questiono que efeitos - além dos óbvios - têm essa passagem do caos calmo para o caos. Estamos apenas no sexto dia do ano, o Dia de Reis, e, ao menos hoje, fui plebeu mais que tudo. OK, sou urbe. Então, está tudo certo.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Uma cidade, um Estado, um País

Tenho comigo algumas opiniões que não são demolidas nem por decreto. Quando moldo, com esses pensamentos, uma massa, sinto que fabriquei um bloco de concreto. E daí que me saltam aos olhos a arbitrariedade dos diferentes níveis governamentais - município, Estado e União.


E que me provam, cada vez mais, o quão longe estão os governantes de nós, os 'consumidores finais', que somos a última milha desse encanamento que começa nas torneiras de águas transparentes do Palácio do Planalto em Brasília e se encerra nos esgotos do rio Tietê, em São Paulo. Somos avacalhados com tanto culeiforme fecal (para não dizer merda) que transborda e faz transbordar uma cidade inteira.





Somente para constatar:


Em uma cidade


O que se vende:


- Prefeitura de São Paulo: deverá gastar R$ 90 milhões em publicidade este ano (ante um orçamento inicial previsto de R$ 31 milhões). No ano que vem, a conta está orçada em R$ 126 milhões.


O que se compra:


- Cidade de São Paulo: em um dia de chuva, seis mortos. O prefeito, Gilberto Kassab, disse que foram investidos R$ 129 milhões contra as enchentes no município.





Em um Estado


O que se vende:


- Governo do Estado de São Paulo: pretende gastar R$ 120 milhões em publicidade em 2010, ano eleitoral no qual o governador José Serra desponta como um dos eventuais candidatos à presidência da República. O gasto corresponde a 158% mais do que o feito este ano, estimado em cerca de R$ 45 milhões. Esse gasto será de 0,1% do orçamento do Estado, de R$ 125,5 bilhões.


O que se compra:


- Em oito dias, 20 pessoas morreram no Estado em função das chuvas, 18 pessoas foram vítimas de deslizamentos de terra, três foram atingidas por raios e uma pessoa foi levada pela enxurrada. O governador, José Serra, se calou completamente e, twiteiro assíduo, não deu um pio.






Em um País


O que se vende:



- Até junho deste ano, o governo federal gastou R$ 616,2 milhões com publicidade. No ano passado, foi R$ 1.125,5 bilhão.


O que se compra:


- O Brasil está entre os cinco maiores emissores de gases na atmosfera e uma das principais causas dessa emissão de gás carbônico (CO2) é o desmatamento da Amazônia. Calcula-se que, para zerar o desmatamento da Amazônia até 2020 (em dez anos, portanto), sejam necessários aportes estimados entre US$ 7 bilhões e US$ 18 bilhões. Em abril desse ano, noticiou-se que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) tinha em caixa US$ 110 milhões para investir contra o desmatamento. Para criar uma esperança (hope, em inglês), vã, na minha opinião, um pouco antes de ter início a Conferência de Copenhague-Cop15, que pretende convencer o mundo de que Hopenhagen é possível, o presidente Lula anunciou que o Brasil se compromete a reduzir, voluntariamente, as emissões de gases causadores do efeito-estufa entre 36,1% a 38,9% até 2020 (em dez anos, portanto). Presume-se que o Brasil emita algo entre 2 bilhões a 2,3 bilhões de toneladas de gases-estufa ao ano. Em 2020, a previsão é de 2,7 bilhões de toneladas. Com a redução, poderia baixar a 1,6 bilhão de toneladas. Somente não se explicou com que recursos isso será viabilizado.





Sabe-se que o desmatamento é uma das principais causas dessas mudanças climáticas. Portanto, a causa se dá por conta:


- De um País e suas emissões e desmatamentos
- De um Estado que não se previne contra as catástrofes anuais amplamente previsíveis
- De uma cidade que, sendo a maior do País, ainda não se deu conta de que "piscinões" são soluções arcaicas e que, sem a manutenção permanente da malha de esgotos e escoamento pluvial, estamos, na cidade de São Paulo, fadados a nos transformarmos em uma Veneza futurística e caótica aos moldes da Los Angeles decadente de "Blade Runner".




    quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

    São Pedro do Turvo no mapa

    Da minha cidade natal, São Pedro do Turvo (390 Km de São Paulo, entre Bauru e Marília), sempre se questionou sua existência a cada vez que se lhe citava: "está no mapa?", "tem TV?". Essas piadinhas típicas das gentes das grandes cidades ocultam, na minha opinião, um desconhecimento de um Brasil interior que, não sei se por conta da velocidade dos tempos entre grandes e pequenas cidades ser bastante diferente, cria um abismo entre o interior e as capitais.





    A despeito do fato de São Pedro do Turvo ter 120 anos de fundação (uma quase tataravó, portanto), com IDH de 0,756 (considerado médio) e uma população de 7,439 pessoas (IBGE deste ano), a expansão comercial e industrial nunca foi um fator relevante para o município. Acho que São Pedro do Turvo, 81º. município em extensão territorial do Estado de São Paulo (entre 645 municípios), sempre teve uma vocação agropecuária, até mesmo por conta do espaço dedicado ao plantio e à criação de rebanhos animais.


    Ontem, terça-feira, 1º. de dezembro, constatei, com grande surpresa, que o aparente verde que toma conta da paisagem de São Pedro do Turvo é uma ilusão. Claro que nesses longos anos da minha migração de São Pedro para São Paulo, muito verde se foi: árvores, capões de mato, mata nativa e de nascente deram lugar a pastagens e, sobretudo, para o plantio de cana-de-açúcar, mandioca e soja. Mas eu não tinha dimensão de quanto estrago havia sido feito em detrimento da preservação: entre os 20 municípios com a pior pontuação ambiental, São Pedro do Turvo está em 5º. lugar no ranking negativo (num universo de 570 municípios).


    A classificação negativa foi publicada pela Secretaria do Estado de São Paulo do Meio Ambiente que entregou o prêmio ambiental exatamente ontem, terça-feira, para o município de Santa Fé do Sul, que recebeu 94,40 pontos. Pelo segundo ano consecutivo, Santa Fé do Sul recebeu a classificação de "município mais verde (preservação ambiental) e azul (águas não-poluídas)". São Pedro do Turvo, com a desagradável colocação entre os piores do Estado, ficou com 11,12 pontos (veja a lista dos 20 piores abaixo).





    Isso coloca o município no mapa, finalmente, a que tanto (os moradores) almejamos. Mas nos coloca em projeção negativa. Com o Google Earth, é possível, no entanto, entender o que acontece. Basta um voo satelital por toda a extensão municipal para entender porque a pontuação nos garantiu tão baixa classificação: há imensos vazios, sinais de queimadas (todo ano, a cidade convive com a execrável fumaça da queima das plantações de cana-de-açúcar) e o Rio Turvo, que nomeia a cidade, que era turvo por natureza, agora é turvo por poluição.


    O fato de eu não estar no dia-a-dia na comunidade são pedrense não impede que eu chame a atenção para isso. Eu não vivo em São Pedro, mas a maior parte da minha família sim. E são essas pessoas e todos os demais habitantes da região que, de forma direta ou indireta, sofrem as consequências: calor, fenômenos ambientais cada vez mais presentes (trombas d'água, ventos fortes), moscas etc.


    Quando eu morava em São Pedro, eu já não gostava da degradação que via: derrubada de matas para transformar fazendas inteiras em roças ou pastagens. Nunca fui (e nem sou tampouco agora) um 'verde', um ecologista. Mas entendo perfeitamente que a contínua degradação do ambiente nos levará (a São Pedro do Turvo, ao Brasil e ao mundo) a um estado crítico, catastrófico mesmo, de falta de água e outros males os quais nem somos capazes de prever.





    O "Prêmio Município Verde" foi criado em 2007 com o objetivo de ressaltar a preocupação dos municípios com os recursos hídricos. Dos 570 municípios participantes na edição deste ano, apenas 156 receberam o certificado "verde e azul". Para se chegar à pontuação, a nota abrange dez diretrizes ambientais: esgoto tratado, lixo mínimo, recuperação de mata ciliar (vegetação nativa das margens de rios e mananciais), arborização urbana, educação ambiental, habitação sustentável, uso da água, poluição do ar, estrutura ambiental e conselho ambiental.


    A conquista do prêmio vai além da vaidade: significa, para os ganhadores, prioridade na captação de recursos do governo estadual para projetos de melhoria ambiental. Em 2010, serão destinados R$ 50 milhões para esse segmento. Claro, apenas para as cidades que receberam o certificado. Mas o que está em jogo não é o dinheiro, e sim a herança que se deixará para os habitantes de São Pedro do Turvo e dos demais 5.563 municípios de todo o Brasil. Abaixo, a lista dos 20 municípios com a pior pontuação do Estado de São Paulo:


    1º. Itararé - 3,22 pontos
    2º. Aparecida - 6,62 pontos
    3º. Cananéia - 10,17 pontos
    4º. Santa Branca - 10,87 pontos
    5º. São Pedro do Turvo - 11,12 pontos
    6º. Itaí - 12,13 pontos
    7º. Catiguá - 12,83 pontos
    8º. Potim - 13,52 pontos
    9º. Guareí - 13,52 pontos
    10º. Pirajuí - 13,98 pontos
    11º. Duartina - 14,63 pontos
    12º. Cafelândia - 14,70 pontos
    13º. Analândia - 15,03 pontos
    14º. Itobi - 15,62 pontos
    15º. Mairinque - 17,96 pontos
    16º. Ferraz de Vasconcelos - 18,37 pontos
    17º. Cardoso - 18,62 pontos
    18º. Arapeí - 18,74 pontos
    19º. Holambra - 19,45 pontos
    20º. Orindiúva - 19,59 pontos

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