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quarta-feira, 29 de junho de 2011

Amor entre felinos

Eu acho que vi um gatinho! Não?


quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

No Natal eu venho me buscar

Ainda que eu não seja uma ave de arribação, tenho uma tendência migratória: faço, anualmente, o caminho de regresso para casa. Convenciona-se chamar de casa, ou pelo menos eu mantenho essa convenção, àquela a partir da qual fomos gerados para o mundo. De fato, casa é onde se está. Mais: casa sou eu mesmo, ao modo das tartarugas que carregam o próprio lar nas costas.


Mas empreendo todo ano uma espécie de romaria ou, para situar no período, uma via sacra. E é praticamente um hábito religioso que repito todos os anos, com raríssimas quebras. Assim, aponto meu bico de ave que não é ave para a região Oeste do Estado e vou. Sim, embora ave não seja, meio que voo. Depois, as multas voam atrás de mim.


E, mais uma vez, chega a hora da migração periódica. Todo ano prometo me fazer mais presente lá na casa da minha mãe. É lá que está a maior parte da minha família. Todo ano não cumpro a promessa. Este ano estive lá no começo de janeiro, na beira dos estertores de 2008, e depois em julho. E foi tudo. São quase 400 quilômetros de distância mas não é a distância física uma barreira, e sim a forma como levo a vida. De julho para cá, trabalhei todos os dias, de domingo a domingo, e apenas na semana passada houve um alívio.





Estou bastante cansado e estressado. Andei a reclamar por aqui vez ou outra desse esforço e sempre li de volta palavras que dão alento. Embora eu pareça refratário, afirmo que não sou e, para fazer ainda a analogia com as aves, mais vale uma palavra de incentivo aqui escrita por um(a) leitor(a) do que atitudes que não chegam a se concretizar e pairam feito penas ao vento, sem direção, a flutuar no espaço cada vez mais rarefeito da vida cotidiana.


Nesses cinco meses, entre julho e agora, passei, das 24 horas do dia, ao menos 16 horas colado à tela do computador. Por tudo: por trabalho, pelo blog, pelas redes sociais e, por fim, para me dedicar aos social games, os jogos atrelados às redes sociais que, como a milhões de outras pessoas no mundo, me fizeram um viciado diário.





Tenho uma relação mal resolvida com o mundo virtual: amo e odeio e isso pode ocorrer nas mesmas proporções. Amo porque se me abriu não apenas janelas, mas um portal inteiro, um imenso mar de pessoas, um universo pelo qual transitam seres deste planeta - quiçá de outros, nunca se sabe - e que estão, numa ilusão de ótica, simultaneamente tão perto e tão longe. Amo porque todo o ambiente da internet me fez conhecer pessoas novas. Que eu amaria ainda mais conhecê-las pessoalmente. Pois que me acompanham por aqui de uma forma que nem as pessoas reais, que me estão próximas, por vezes conseguem me acompanhar.


Odeio exatamente pelo mesmo motivo: por não poder trespassar a tela, atravessá-la como se um portal fosse e conhecer e me dar a conhecer às pessoas (OK, me dar é mais exato, admito). Que tudo que tenho desses seres que se encontram nessa massa esfera binária que, em combinações 011011001100110110, nos transformam, a todos, em pessoas de carne e osso, para além de nossos avatares, nicknames, fotografias e metáforas de todas as formas, são, por enquanto, relâmpagos de vidas que riscam essa estratosfera virtual.


Portanto, eu coloco de lado a virtual life, que acho, sim, uma second life tão rica quanto a first life pode ser, e vou para a real life. Vida real. Volto, uma vez mais, filho pródigo, para os meus.


Deixo a FarmVille em que planto e realizo colheitas virtuais para a terra que me viu nascer.


Deixo a famiglia do Mafia Wars e vou para a família a qual eu pertenço.


Deixo o Café World para tomar café de casa, feito na hora.


Deixo o Happy Aquarium para alimentar os peixes reais do açude do sítio em que nasci.





Assim, este blog e blogueiro pedem arrego e entram ambos em recesso. Que o gene recessivo do ano foi completamente coberto pelo gene dominante. E que, embora eu tenha tido excelentes resultados em muitas coisas, noutras predominou um certo desalento que, por fim, me abateu mais do que eu previa. Mas é para isso que voo em sentido contrário. Para me recompor. Para trocar as penas. Para sentir a vida real mais do que a virtual.





Formo fileira com aquelas pessoas que não têm muito apreço ao Natal. Nunca gostei da data, mesmo antes de identificá-la com o significado comercial que tem atualmente. Não sei nem explicar porque. Talvez seja porque não fui formado com um espírito natalino, de um papai noel que trouxesse presentes e me encantasse. Talvez porque nunca houve neve. E talvez porque no fundo eu era um incrédulo desde sempre.


Mas eu gosto do período em si que antecede e precede o Natal. Do fato de podermos, na minha casa, finalmente nos juntarmos a todos. É a única ocasião que acontece isso por mais que nos prometamos uns aos outros o contrário. O tal do espírito natalino ao menos tem o mérito de nos por em torno de uma mesa, uma casa e fazer daqueles instantes um mundo particular.


Gosto também da passagem de ano. Já passei sujo, no sentido estrito de não me banhar horas antes, descalço, sem camisa. Tive o maior prazer porque passei, um ano, a altas gargalhadas. Por tudo e por nada. Livre de qualquer outro pensamento. Acho que somente pelo prazer de estar onde estava com as pessoas que importavam. Antigamente, lembro que eu costumava me preparar cerimoniosamente para a passagem do ano: roupa branca, nova, um banho de purificação, um preparo para o que viria. Isso acabou. E não faz falta. São besteiras. Agora, o que importa são outras cerimônias, mais intangíveis porém mais importantes.


Se tenho algum sonho para 2010? Sonhos os tenho todos os dias. Sonho acordado inclusive. Sonho muito para mim mas não sou do tipo que acorda e acredita que a vida é pesadelo. Embora eu creia que a vida não é sonho, também não é pesadelo, certamente. Prefiro dizer que alimento perspectivas. Porque os sonhos pertencem ao universo dos sonhos e é lá que ficam, no reino do inconsciente. As minhas perspectivas para 2010 são muitas. Mas tem uma, particularmente, que a mim me daria muito prazer efetivá-la: gostaria de ir para Portugal e conhecer uma porção de pessoas que me visitaram o ano inteiro e que dialogaram comigo neste espaço. Não vou nominá-las porque sempre que se procede assim ou se peca por falta ou por excesso. Essas queridas pessoas, ao me lerem, se saberão citadas.


Durante este ano de 2009, alimentei, para o regozijo dos amigos, uma ideia fantasiosa: a de que iria me casar. O detalhe é que existe apenas uma pessoa nessa história: eu. A não ser que eu me casasse com um poste ou um boneco inflável, nunca existiu essa possibilidade. Durante o ano inteiro, esvaziado que foi pelo término da faculdade de gastronomia que fiz entre 2007 e 2008, não conheci praticamente ninguém (na vida real, quero dizer). Dos conhecidos, são todos amigos e, a não ser por um desatino, não me vejo casado com ninguém que conheça atualmente. Portanto, a ideia de casamento foi, essa sim, uma fantasia - não cultivada, devo frisar - que pertence ao tal universo dos sonhos. O ano termina e eu não estou casado. Se estou infeliz? Não. Mas não estou feliz também. Estou a meio caminho entre perspectivas e sonhos. E que ambos se realizem, a despeito de eu acabar de desmerecer os sonhos. Sei lá. Vai que...


Desejo a você, amado(a) leitor(a), muita coisa. Mas não vou repisar os cumprimentos habituais que se fazem nessa época. Não gosto disso. Só quero dizer que desejo mentalmente que cada um de vocês, amigos(as), conhecidos(as) e anônimos(as), realize suas perspectivas e, porventura, eventuais sonhos, na medida em que acreditam nas primeiras ou nos segundos.


Este é, assim, o último post do ano. Porque no Natal eu mesmo venho me buscar e me levarei para a outra dimensão, a real. Nos vemos - modo de dizer, né! - no ano que vem. Abraço, beijo e o que mais você quiser. Que tudo o que quiser lhe será concedido (eu repito isso para mim mesmo até acreditar). Até logo!

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O que Alice encontrou através do espelho

Alice sonhou ou viveu? Não importa a resposta, e sim o que o livro conta. Pois a ficção é muito mais interessante do que, de fato, teria acontecido realmente. Para saber as respostas, basta ler o livro (recomendo de pronto a maravilhosa edição comentada que inclui "Aventuras de Alice no País das Maravilhas", "Através do Espelho e o que Alice Encontrou por Lá" e o episódio "O Marimbondo de Peruca", suprimido de "Através do Espelho" - Lewis Carroll - editora Jorge Zahar Editor - 303 páginas).


Afirmo, com propriedade, que muitas coisas podem ser encontradas através do espelho. Claro fica que meu espelho, neste momento, passa a ser a tela do computador no qual digito as palavras que, eventualmente, você, leitor(a), lê. E você passa a ser, assim, o 'através' do espelho, o lado de lá.





Acordados ambos, você e eu, quero dizer que tenho viajado através desse mágico espelho e, para tanto, tomo a liberdade de me portar feito um Lewis Carroll e divagar - ora como se tivesse a tomar chá com um Coelho e um Chapeleiro malucos, ora como se tivesse a me contornar ante as peripécias de uma Rainha Vermelha.





Pois muito bem que posso ser um Redneck Alício, a sonhar com superfícies mais profundas do que simplesmente a tela plana desse iMac que está à minha frente. De tanto ver a maçã que faz as vezes de logotipo da Apple, feito um Adão tentado, vou dar uma mordida e desvendar o que há por detrás desse espelho. Claro está que, a propósito do quadro que ilustra o topo deste blog, poderei ser expulso. Mas, qual o quê! Expulso de onde? Do refúgio? Só se for. Porque o paraíso é que não é. E por não temer o inferno, pois há quem tenha dito que fugiu do céu por ser escuro e foi ao inferno à procura de luz, me lanço, aliciamente, fácil fácil pelas dobraduras, melhor ranhuras, desse meu espelho.


Pois ao atravessar o espelho, me dei conta que, se Alice sonha, eu realizo. Ontem, estava a pedir afagos e abraços. Ontem ainda, os tive, se não fisicamente, de uma forma que transcende o físico. Confirmo, portanto, que a minha viagem através do espelho tem sido frutífera - ainda que eu não tenha abocanhado nenhuma maçã. Entretanto, me salta aos olhos o conhecimento, a descoberta, o ver através. Se estancou a cegueira paradisíaca que eu supunha haver comigo. Vieram abraços alados, lá daquele velho continente que, um dia, parece, estava cá emendado a este chamado novo continente.





De maneira que, não obstante a massa d'água que se interpõe, o espelho houve por bem conduzir de um lado a requisição -> me dê um abraço! Do outro lado, veio, feito um murmúrio de ondas -> abraçado estás! Se eu perguntasse "Espelho, espelho meu, existe alguém do outro lado da areia, da prata e do estanho de que você (espelho) é feito?", poderia o espelho, autêntico fosse, dizer que "não, nada mais existe além da sua fantasia louca".





Mas incorre em erro o espelho. Que não foram, em absoluto, fantasias de minha parte. Ainda que virtuais, foram, sobretudo, pessoais. Assim, devo afirmar que, se Alice encontrou efetivamente algo através do espelho (e encontrou, sim), Redneck Alício também encontrou. Encontrou amigos com quem quer tomar chá e ter conversas malucas sobre coelhos, chapeleiros e rainhas com pessoas que conseguem se enxergar através (e apesar) do espelho. Eles, esses amigos, não os nominarei. Porque, como me disse um deles, não é necessário que se nomeiem todas as coisas (ao contrário daquela tradição que saiu a nomear tudo o que povoava a terra). Basta que saibamos, entre nós, o que somente nós vimos, um de cada lado, o que o espelho tinha para nos dizer. E, ao afirmar isso, como Alice, desperto de um sono profundo. E está dito ou vão me falar que estou a delirar!

sábado, 15 de agosto de 2009

Sem maracutaia

Maracutaia significa algo ilícito, negociata, fraude. Consiste em uma tramoia ou manobra ilegal para prejudicar uma ou mais pessoas, em evidente ato de má fé. Em suma: sacanagem.

A maracutaia, no Brasil, acontece em vários setores e níveis e tornou-se, assim, uma palavra que naturalmente associamos a atos ou pessoas que, de uma forma ou de outra, prejudicam uma outra pessoa, um grupo ou toda a sociedade. Pode estar contida em leis, que se ocultam em aparente "direito" do cidadão, ou, pior, esconde-se, camuflada, em ações perpetradas às escuras, sem que haja luz sobre o que realmente aconteceu.

Essa conotação negativa da palavra, no entanto, é totalmente desmentida pelo Marakuthai, restaurante que graceja com a palavra "maracutaia" e "thai" (tailandês) e as une para descrever um local e uma comida de excelente qualidade.


(A chef do Marakuthai, Renata Vanzetto)

Estive este sábado no Marakuthai e, sem dúvida, foi uma tarde muito agradável por diversos motivos: revi três amigas queridas - duas, não as via há mais de seis meses; fomos muito bem atendidos; o ambiente cool e arejado, com decoração que remete à matriz de Ilhabela, litoral norte de São Paulo, da qual a cria paulistana foi gerada, nos deixou, a todos, bastante confortáveis; e, o principal de um restaurante, a comida, estava notadamente acertada.


(Menu degustação)

A cozinha do Marakuthai é tocada pela chef Renata Vanzetto, de apenas 20 anos. O restaurante foi aberto no final de junho e a decoração foi planejada e arquitetada por Silvia Camargo, mãe de Renata e decoradora. Ponto para ambas pelos pratos e ambiente extremamente caprichado.

Falei com a chef Renata e ela me disse que passou por uma temporada de sete meses entre a França e Espanha, onde aprimorou seus conhecimentos gastronômicos. O menu tem, portanto, pratos com toques do Brasil, da França, talvez algo da Espanha e, claro, como o nome indica, da Tailândia. Atenção para os condimentos e especiarias, principalmente com a marcante presença de gengibre e pimenta. Em alguns pratos, a presença particularmente acentuada do curry. A cozinha pode ser classificada como contemporânea.


(Satun)

Três de nós (estávamos em quatro pessoas) optamos pelas tirinhas de frango ao curry com cuscuz marroquino e arroz branco. Antes, passei pela salada: uma agradável cumbuca de folhas, nozes, pedaços de manga (com casca) e gergelim, temperados por excelente molho chutney de manga. O prato principal - tirinhas de frango - compunha-se do frango ao curry com vagem-manteiga, cuscuz marroquino e arroz branco. Estava no ponto, mas, em dado momento, senti que o curry prevaleceu, o que provoca uma leve ponta de algo enjoativo. Não comentei com minhas amigas mas a porção do prato, na medida certa, não deve provocar essa sensação, hostil ao paladar.


(Frango Thai)

Os garçons, bastante solícitos, servem de tempos em tempos uma água arejada com toques de essências cítricas (talvez, algo como flor de laranjeira). Simpático e gentil. Os sucos são naturais. Na sobremesa, experimentei o crème brûlée de coco, servido, novamente, com calda de manga. Bom também, mas houve, ao final, o predomínio da manga: na salada de entrada, no prato principal e na sobremesa. Para o meu gosto, muita manga.


(Yala)

De qualquer forma, o Marakuthai não é uma maracutaia. Honesto, com algumas pretensões, talvez, mas, sem algum esnobismo na cozinha, não se evolui. À primeira vista, minhas amigas e eu gostamos do que vimos e comemos. Para uma tarde de sábado, o Marakuthai nos remeteu, de repente, ao ambiente que deve prevalecer em Ilhabela, onde existe a casa-mãe. Não conheço o Marakuthai de Ilhabela mas me senti na ilha, rodeado de maresia, com um sol de verão em pleno inverno. Isso também é São Paulo: climas inconstantes e restaurantes novos a todo momento.


Para finalizar nossa excelente tarde de sábado, caminhamos nas ladeiras dos Jardins e tomamos café no Suplicy. O ambiente do café é extremamente diferente do restaurante que havíamos deixado há pouco. É moderninho mas não intimida. Gosto do Suplicy pelo café e pela trilha sonora. E das pessoas que, como nós, em sábado de sol, riam-se à toa.

Serviço:

- Marakuthai

Alameda Itu, 1618 - telefone - 11 3062-7556
Avenida Força Expedicionária Brasileira, 495 - telefone - (12) 3896-5874 (Ilhabela)
E-mail: contato@marakuthai.com.br

- Suplicy Cafés Especiais

Alameda Lorena, 1430 - telefone - 11 3061-0195
Web: Suplicy

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Eu tenho um amor em Nova York!

Eu tenho um amor em Nova York. Eu tenho um amor em Edinburgh. Eu tenho um amor em Montreal. Não te contei? Pois tenho, sim! Tenho três amores. Se fossem dois, daria nome de filme. Entre dois amores. Pois quis o destino que fossem três. Entre três amores divide-se o meu mapa continental.


Eu nunca te falei? É verdade! Tenho três amores. Uma, em NY. O outro, em Edinburgh. A outra, em Montreal. Se sou infiel? Sou nada que eu bem que pegava os três. Não se assombre! Eles sabem que sim. E vejo até risinho feliz de uma, do outro e da outra, se porventura lerem esta declaração. Safados! Eu ao menos confesso minhas perversões!

Tenho três amores que fazem escala no Canadá, nos EUA e na Escócia. No Canadá, só por escolta da polícia montada porque, com o frio que faz lá, preciso de proteção extra. Em NY, que não conheço a Big Apple mas com a qual tenho intimidade como se já minha fosse, vejo a outra, maybe she and her little bag. Maybe! Que não sei se costumes daqui se reproduzem lá. O outro, sob as kilts escocesas, tenho visto quase que diariamente a celebrar um amor de verdade. Bonito de ver. Mas não vi nada por debaixo das kilts. Só tarjetas repressoras!


Pois que tenho amores que, numa escala, recolho aos três num só dia. Pipocarei de aeroporto em aeroporto para quicar feito uma bola de um penâlti arrasador e, de uma só feita, sobrevoarei dois continentes e pousarei em cada um dos amores expatriados.

Quem pode dizer que tem três amores assim, de pronto, sem temer que um do outro saiba? Pois que de amores legítimos o mundo anda falto e eu aqui, farto de três. Não um, não dois, e sim três.


Por que? Porque eu posso. Porque eu sei que sim. Porque não contabilizei os locais. Porque amor não se conta. Se proclama e se declama. E resolvi declarar publicamente a essas três pessoas que, longe do torrão natal mas bem perto do meu firmamento que, de forma alguma, o sentimento se esvai, a despeito da distância nos afastar feito sol e lua.

Me veio assim a declaração, em psicografia tirada da rua, do nada. Só deu vontade. E saiu de pronto, de um jorro só. Que essas coisas, às vezes, não cabem e precisam vazar, inundar. Amo vocês três! Beijo, me liga! (um de cada vez, sem pressa).

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Dia do beijo

Eu quero beijar muuuuiiiittooo! Quem não se lembra do refrão que a atriz Cláudia Rodrigues popularizou no programa de sábado da Globo? Pois é! Todo mundo quer beijar e muito. E hoje, 13 de abril, mais do que nunca, é dia de beijar. Porque é bom e porque celebra-se nesta segunda-feira, no Brasil, o Dia do Beijo.


O beijo, forma de carinho das mais íntimas e com vários significados, é relativamente novo na espécie humana. Os registros históricos apontam os beijos das paredes dos templos de Khajuraho, na Índia, como os mais antigos sinais dessa manifestação do homem, há 2,5 mil anos.

Durante a prática do beijo - profundo, cheio de tesão e erotismo, com troca de saliva - as duas pessoas envolvidas movimentam 29 músculos (dos quais 17 são da língua); os batimentos cardíacos vão de 60 para 150 e, se caprichado, consome 12 calorias. Há médicos que afirmam que beijar combate a depressão.


Os tipos de beijo variam conforme a intimidade e a intenção. Podem ser:

- Esquimó: que não passa de um esfrega de nariz entre os parceiros
- Borboleta: 'troca' de toque de cílios
- Francês: beijo de língua, o melhor
- Selinho: toque de lábios, sem maiores consequências
- Cinematográfico: beijo de cinema, técnico, que, na teoria, não envolve emoção
- Arrepio: beijo na orelha, que provoca de um tudo
- Titanic: beijo aquoso, no qual ocorre uma intensa troca de saliva
- Conde Drácula: começa na boca e se estende pescoço afora
- Amigo: é o mesmo selinho, trocado entre amigos, em que uma das partes sempre quer aprofundar e evoluir o gesto

O beijo é a principal manifestação de carinho da humanidade, na maior parte das culturas, tanto ocidentais quanto orientais. O beijo ativa a liberação de endorfina no cérebro, que é a substância ligada às sensações de prazer e, por isso, combate uma série de males, entre os quais, dar vazão a desejos explícitos ou não.


A palavra beijo vem do latim basium, que significa o toque dos lábios em qualquer coisa, inclusive pessoas (por exemplo, beijar o chão, a aba de uma imagem considerada sagrada, uma fotografia etc.).

Os romanos classificavam o beijo em basium (entre conhecidos), osculum (entre amigos íntimos) e suavium (entre amantes). Na antiga Mesopotâmia (atual Iraque), as pessoas enviavam beijos aos deuses. Na Antiguidade, os guerreiros gregos e romanos trocavam beijos entre si no retorno das batalhas como uma forma de reconhecimento.


Mas foram os romanos que difundiram a prática do beijo. Os imperadores permitiam que os nobres beijassem seus lábios. Os nobres de segundo escalão podiam lhes beijar apenas as mãos e os plebeus, apenas os pés. Na Escócia, os padres beijavam o lábios da noiva ao final do casamento como uma forma de benção. Depois, durante a festa, a noiva deveria beijar todos os homens presentes na boca, em troca de dinheiro. Na Rússia, quem fosse beijado pelo czar, teria reconhecimento oficial. Já no século XV, os nobres franceses podiam beijar qualquer mulher. Ao contrário da Itália onde, se um homem beijasse uma donzela em público, deveria se casar com ela.

O beijo tem vários significados. É sinal de reverência, quando se beija o anel de membros da alta hierarquia da igreja ou a mão de um entre querido. No Brasil, o rei de Portugal, D. João VI, instituiu a cerimônia do beija-mão: todos, nobres e plebeus, podiam lhe beijar as mãos durante as reivindicações. O costume foi mantido tanto por Dom Pedro I quanto por Dom Pedro II.


Beijar significa quase que um ato de antropofagia, no qual você se entrega e busca o outro. O ato de beijar é tão profundo que perde apenas em equivalência (às vezes, não) para o próprio ato sexual. Beijar é possuir e ser despossuído. É troca de fluidos, de sensações, sentimentos e linguagem direta, sem trocadilhos.

Então, beija, me liga! Me liga e me dá um beijo. Me beija e deixe que eu te beijo. Beija aqui, beija ali, beija acolá. Me beije por inteiro, sem respeito, sem cerimônia. Porque beijar faz bem. Um beijo, vários, para você.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

A ver o peso (*)


O Pará está na minha vida há anos (perto de 20, acho), desde que o meu tio, minha tia e meus dois primos migraram para Tomé-Açu (197 Km de Belém). Como eles, outras pessoas da minha cidade natal foram para lá (alguns voltaram, meus parentes permaneceram e fixaram raízes).

Ainda outro dia, a Andarilha esteve por lá e trouxe uma poçãozinha mágica que promete fazer milagres (você nem acredita o que tem de gente que anda a chorar nos meus pés!!!).

Pois este fim de semana, no sábado, mais uma vez, entrei em contato com o Pará. Tenho uma prima que tem uma prima, a quem eu também chamo de prima (volte ao início e leia de novo), cujo marido é do Pará.

Frequentemente, ele passa por Belém e acabou de trazer da cidade alguns produtos da terra, ou, em bom gastronomês, produtos terroir: caranquejo (carne e patinhas), cupuaçu e bacuri (frutas).


(Sopa de Caranquejo - foto iPhone)

Não há nada melhor, na minha opinião, do que unir as pessoas ao redor de uma mesa para conversar e comer e beber. Comer, beber e viver, com atritos, divergências, convergências. Seja lá do jeito que for, sempre que se juntam as pessoas ao redor de uma mesa, repete-se um ritual de comunhão (não o dogmático, e sim o pragmático). Comungar no sentido de alimentar-se, física e espiritualmente.


(Creme de Bacuri - foto iPhone)

Foi isso que fizemos no último sábado. Boa comida, boa (e muita) bebida e conversas despretensiosas, expectativas, experiências. Da minha parte, reencontros com pessoas que não via há mais de cinco anos.



(Creme de Cupuaçu - foto iPhone)

Se as mesas têm algum poder, declaro que é esse: o de unir em torno de si tão diferentes espécimes da mesma espécie e de demarcar, em anos, o que fizemos (ou não) de nossas vidas. O resultado está tanto nos nossos corpos (cabelos brancos, rugas, cinturas mais largas) quanto nos sinais exteriores (filhos maiores do que os pais, atitudes mais ou menos adultas).

A comida é pretexto, pode até ser. Mas, continua, na nossa e nas demais culturas, a ser um catalisador poderoso para juntar pessoas. Seja por meio da cozinha regional do Pará ou dos sabores diferentes do México, é sempre uma festa, para o corpo e para a alma.


(Chilli - foto iPhone)

O México está aqui no post porque me juntei a Patty e a um amigo comum num restaurante mexicano - No Quintal Bar - para comer burritos, chilli e beber morritos.

Não importa se o sabor é do Pará ou do México. O que me uniu a tão diferentes culturas, em dois dias, foram as pessoas. E é esse o encanto da comida.

P.S. Hoje, segunda-feira, 11, retomo a faculdade (acho!). O quarto e derradeiro módulo da faculdade de gastronomia recomeça, com final previsto para meados de dezembro. De hoje em diante, voltam os posts das aulas. Até mais tarde!

(*) Depois de toda a comilança, teremos todos que, literalmente, ver (e livrarmo-nos do) o peso excedente.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Chora nos meus pés

No final do semestre passado, circulou, entre colegas da faculdade, uma teoria sobre as faculdades do óleo de bôta (a mulher do boto): você usa como perfume e atrai a(s) pessoa(s) instantaneamente para dentro (!!!) de você. Pesquisei de todas as formas e descobri que o produto estava em falta em São Paulo. Parece que é muito vendido no Largo 13. Encomendei logo 5 litros, mas, dada a demanda, não obtive nem 5 ml.

No final do mês passado, a amiga Andarilha, do Perfume de Pequi, esteve em Belém e vasculhou o famoso mercado local, o Ver-o-Peso. Eu não sabia que a Andarilha andaria por aquelas bandas porque, se o soubesse, teria encomendado um carregamento, em complemento ao esvaziamento que a amiga fez da cerveja local (Cerpa). Veja mais detalhes no O Quem, da Patty Diphusa.

Na semana passada, em encontro que nos reuniu, a Andarilha, Patty e eu (além da Simone), a bebedora insaciável de Cerpa nos presentou, a Patty e a mim, com poções locais de Belém. Não foi exatamente o óleo de bôta (conhecido como "Atrativo da Bôta", é feito com o sexo do boto e existe nas versões feminina e masculina).

Ganhamos, respectivamente, eu e Patty, as porções "Chora Nos Meus Pés" e "Pega Não Me Larga". No meu kit, veio um pozinho também que, imagino, é a versão em ervas da poção. Não, não é a outra erva (já testei).


Fiz algumas pesquisas sobre as poções e a minha é do tipo vingativa. É para fazer com que a(s) pessoa(s) que me fez(fizeram) sofrer tenha(m) o dobro de sofrimento. Nada mau! Sou, sim, rancoroso e vingativo, principalmente nesses assuntos mundanos de amor e sexo. Para que o feitiço funcione, devo escrever o(s) nome(s) da(s) pessoa(s) e colocar debaixo da garrafinha. Daí, basta esperar e a vingança me será servida fria num prato de cerâmica marajoara, típico das bandas de Belém. Quero que meio mundo chore nos meus pés!


Segundo outras informações, essas poções são comercializadas por mulheres do Ver-o-Peso chamadas de "mandingueiras". Essas psicólogas do povo estão prontas para ouvir e receitar no ato a poção necessária. Pode ser insônia, indigestão, calvície, reumatismo, gastrite, traição, mau-olhado ou falta de dinheiro. Há poções para todas as precisões. As fórmulas das poções são uma herança indígena.

Os nomes acompanham as demandas: "Hei de Vencer", "Comigo Ninguém Pode", "Vence Batalha", "Amansa Corno", "Chama Tudo", "Atrativo do Amor", "Chega-te a Mim". Para atitudes extremas no que se refere ao inefável amor, as mandingueiras recomendam que se compre não apenas o óleo de bôta, mas, inclusive, parte da genitália do boto. Segundo as mulheres, isso enlouquece os homens. Modo de usar? Esquenta-se a garrafinha em banho-maria e usa-se a poção como se fosse um gel lubrificante. Surpresa? Por quê? Para o homem, a mesma coisa. Basta aquecer e passar no bilau. Por isso a minha ânsia de querer logo uns 5 litros, no que não fui bem-sucedido.


Os(as) leitores(as) assíduos(as) sabem que, em junho deste ano, fiz uma ostensiva campanha junto ao Cupido para que algo extraordinário acontecesse com este ordinário que vos escreve. Dado que nada me foi dado, matei o cabra! Simultaneamente, lancei mão de outros recursos, inclusive de magia negra e sedução. Ao que parece, a Andarilha é cúmplice minha nessa história. A Mara, do Leve & Solto, que me deu a maior força no caso do Cupido, avalizará minha atitude, tenho certeza!


Agora, é esperar pelas consequências da poção "Chora Nos Meus Pés". De qualquer forma, já está decidido que, se nada acontecer, vou eu mesmo, in loco, caçar um boto (rosa, que seja!) na Amazônia e usar todo e qualquer recurso que esteja disponível para que "me peguem e não me larguem". O quê? Apelativo, eu? Olha só quem fala!

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Eu sei o que vocês fizeram a noite passada


Patty e eu nos encontramos ontem, depois de um breve interlúdio marcado pela: a) Minha transformação física que, de humano, passei a dragão e, mais tarde, a Quasímodo; b) Pela aventura de Patty em Buenos Aires que, miraculosamente, saiu ilesa na ponte aérea São Paulo-Buenos Aires, com alguns toques surreais que soam acontecer especificamente com ela.

Ontem, resolvemos nos encontrar para nos vermos e também para eu celebrar com a amiga, tardiamente, o meu aniversário. Fomos ao Veloso, para uma rodada de chopp e das maravilhosas coxinhas-creme do lugar, que estampam este post e das quais eu trouxe uma porção adicional para casa.


Como sou, antes de tudo, um observador curioso e abelhudo (né, Man in the Box?) da vida alheia, resolvi ir até lá de metrô porque:


2. Porque era meu rodízio.

Cheguei lá antes da Patty, que mora nas proximidades, mas, que tem o pendor de me deixar na espera (sorry, Patty, mas, é verdade). Enquanto esperei, comecei a estudar (dissimuladamente, creio, porque estava ainda no primeiro copo) os frequentadores. Claro que fingi que mexia no iPhone - no intervalo, acessei o blog, procurei músicas e enviei um SMS para Patty.

Mas, em simultâneo, observei, observei e observei. Tenho ao menos três histórias para contar, resultado de tanta observação. Mesmo após a chegada de Patty (e conversamos muito a despeito da teoria defendida por ela de que à medida que escrevemos mais, falamos menos), continuei no exercício (doce) de registrar os companheiros de boteco. O que vi:

História 1 - Um casal feiíssimo cuja libido era tão grande quanto o teor de fealdade que somavam os dois que, em alguns momentos, uniam-se num só bloco. Ele, de bigode, ela, magra. Ambos, feios, bonitos se lhes pareciam reciprocamente. Comeram-se e aos quitutes e se foram, com toda a feiúra, bonitos no apelo sexual que emanava de ambos.

História 2 - O casal gay chegou com todo o estereótipo possível - bem-vestidos, com tênis originais, cabelos bem cortados e completamente absortos um no outro (se bem que houve olhares sorrateiros de ambos para as mesas vizinhas). Um deles tinha tatuagens simétricas nos dois braços, o que denota, mais uma vez, um princípio estético inerente aos gays, em geral. De forma bastante discreta, conversaram pouco, pediram os pratos, comeram - sem muita movimentação, inclusive com os pés em posição pas de deux (um deles, o tempo todo), pediram a conta e saíram. Em oposição ao ardor que emanava do feio casal, eles exalaram perfumes conhecidos e também um certo constrangimento que me pareceu algo meio mal-resolvido. Parecia que estavam ali mais por obrigação do que por vontade.


História 3 - Havia uma grande mesa, para uns dez ou 12 lugares, reservada. Quando cheguei, não havia ninguém à mesa. Pouco depois, chegaram duas meninas. No balcão, ao meu lado, havia um cara sozinho. Houve uma troca de olhares que ligou o balcão à mesa. E só. Conforme o tempo avançou, a mesa começou a ser povoada. Chegaram cerca de umas sete ou oito mulheres e uns três caras. Uma das meninas que chegou acenou para o cara do balcão e o levou até à mesa. Pelo menos umas três, nitidamente, se voltaram para ele. Por algum tempo, calculei que ele imediatamente ficaria com uma delas. Não foi o que ocorreu. Ao contrário, e para a minha surpresa, aos poucos ele e o outro cara que estava ao lado começaram a conversar e desprezaram as mulheres. E, para falar a verdade, acho que houve mais que integração: chegou 
um determinado momento em que eles estavam frente à frente, com uma linguagem corporal bastante explícita - pernas e tronco completamente voltados um para o outro. Não sei se Patty viu tudo isso. Ela estava de costas para a mesa. O ápice foi quando um deles tocou o rosto do outro uma, duas e três vezes. Quando se levantaram, sorriam um para o outro. Ainda comentei com Patty sobre porque os dois haviam se entrosado, e não com as meninas da mesa. "Porque eles têm mais em comum entre eles e, para ficar com as mulheres, não é preciso conversar tanto. Eles sabem que ficarão e pronto", me disse Patty, sem dó nem piedade. Foi mais ou menos isso que ela me disse e creio que tinha razão. O que eu não supunha era que o "em comum" fosse tanto em comum.


Voltei para casa de táxi (cujo taxista acabara de ser multado e, claro, estava possesso) e repassei mentalmente o que havia visto. É o moto-contínuo, não é? Se ontem Quasímodo, e anteontem dragão, hoje estou reflexivo e também quero ser observado e que contem histórias sobre mim.

Para que eu seja protagonista de um post num blog, vou agora mesmo para a rua. Nem Quasímodo nem dragão, apenas eu mesmo. Que gosto das pessoas. Se escrevi sobre elas nas histórias acima, é porque gosto delas. Feias, caladas, surpreendentes, somos, todos, assim, não é? É o "meu outro olhar", Patty.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Emigrantes


Hoje, quinta-feira, 24 de julho, deixa o País uma grande amiga. Outra emigrante do meu não tão extenso círculo de amigos. Sou de poucos amigos. Me basta o pouco.


Com a viagem da La Voyageuse, serão quatro os amigos que vivem no exterior. La Voyageuse se vai para Montreal, Canadá. E vai porque tem que ir. Tem um dado momento que você deve partir, seja do seu País, da casa dos pais, da sua própria casa. A mudança é o moto-contínuo que faz a girar a roda do mundo.

Outros três amigos vivem em NY (EUA), Bruxelas (Bélgica) e Luanda (Angola). Estão longe geograficamente, mas, nunca os sinto longe demais que não estejam ao alcance de meia dúzia de palavras. Um contato por e-mail, um recado no Facebook, uma passadinha no Orkut. E, voilà! Estamos conectados novamente.

Com a partida da La Voyageuse, serei povoado virtualmente de quatro diferentes cantos do mundo, quatro distintas culturas. Tenho a facilidade da osmose, que me permite viver, por afinidade, muitos dos momentos desses amigos. Não preciso estar no local para compartilhar emoções. Vivo com os relatos, com as notícias. Até com a falta de notícia, viu Alessandra e Ana?

Navegar é preciso, viver não é preciso, disse o luso. Concordo. Navegar é buscar. É partir. Não sou egoísta a ponto de sentir que "perco" esses amigos. Ao contrário, os ganho no mundo. 

Libertaram-se de raízes que, no final das contas, não estavam alicerçadas a ponto de não poder serem removidas.

E, como eu disse para La Voyageuse, o que nos mantêm e nos ata ao lugar? O trabalho? Duvido! Os amigos? Esses os temos a qualquer hora e em qualquer lugar, segundo minha crença. Então, o que nos prende? Nada.

Somos, sim, pássaros. Podemos bater em revoada a qualquer momento. O que me prende ao Brasil? O fato de eu ter nascido aqui? Nada mais me limita ao meu território.

Se há alguma vantagem na globalização, para mim, é o sentido que esse conceito dá à expressão "aldeia global". Um vôo me separa dos demais continentes. Se a minha bisavó fez uma travessia dura pelo Atlântico ao deixar a Espanha e vir dar origem a nós, seus descendentes, aqui no Brasil, e dispendeu entre 3 e 4 meses no mar, onde entregou aos peixes dois filhos, hoje eu refaço o mesmo caminho em apenas 9 horas.

De um solo a outro, o que muda é a língua. No fundamento, somos, todos, iguaizinhos, sejamos brasileiros, ingleses, espanhóis ou macedônios. Oras! Leia nos livros e assista nos filmes: estão lá, todos os seres, com as mesmas aflições e questões. Nada de diferente.

Então, La Voyageuse, vai. Navegue, trilhe, caminhe. Respostas? A quê? Às respostas prefiro as perguntas, o novo, as descobertas. Leve consigo apenas sua própria moradia, que é você mesma. Leve consigo seus temores, suas perspectivas, suas motivações, suas angústias. Essas são a sua morada.

Embaixo da terra, em Montreal, ou nas tundras canadenses, não importa. Seja o chão de neve, de barro, de calcário, é o mesmo chão desta Terra que, se me permite, nos pertence. Daqui, do mirante do nono andar, somente o que vejo são chegadas, em oposição às partidas.

Um dias desses nos encontramos num aeroporto qualquer. Um café, uma conversa familiar, risos e novidades. Só para satisfazer as demandas físicas. Porque, as demandas emocionais são atemporais e independem do espaço que lhes cabe no latifúndio imenso que é a Terra. Boa viagem!

domingo, 27 de abril de 2008

Aldeia global

Marshal McLuhan, sociólogo do Canadá, cunhou o conceito "aldeia global" - o progresso tecnológico reduz todo o planeta a uma aldeia e torna possível a comunicação entre qualquer pessoa - , em 1968. Somente em 1991, precisamente no dia 7 de agosto, o primeiro site, na forma como conhecemos a internet atual, viria a público, pelas mãos de Tim Berners-Lee. Mais à frente, em 1997, portanto, há 11 anos, Jorn Barger concebeu o termo "weblog" - uma página da web onde um diarista relata todas as outras páginas interessantes que encontra. De 1968 até agora, são 20 anos. No ano passado, em 4 de agosto, criei este blog, o Por uma Second Life menos ordinária. Salvo engano, no dia 5 de fevereiro deste ano, recebi o primeiro comentário de um leitor que se transformaria, aos poucos, em colega, comentarista assíduo e, finalmente, uma pessoa de carne e osso que posso - e tenho o prazer - de chamar de amigo.

A amizade virtual não é novidade na minha vida. Acesso a internet desde os primórdios brasileiros, via BBS (Bulletin Board System) ainda, quando não havia a interface de browsers e não existia a configuração WWW (World Wide Web). Pelo menos desde 1996, acesso a internet.

Mas, McLuhan jamais anteviu que a aldeia global seríamos nós, eu e você, plugados cada um num ponto da terra, a nos comunicarmos, trocarmos informações, opiniões, conversarmos quase como se fossemos velhas comadres do interior, por meio de janelas virtuais.

E a troca é maravilhosa. Jamais eu imaginaria encontrar pessoas tão diferentes e, ao mesmo tempo, tão semelhantes. O mundo é, sim, a minha e a sua aldeia. Por que não, afinal? Só estamos separados por barreiras geográficas. De resto, somos todos irmanados na aldeia. O que te afeta aí, me afeta aqui. Chegamos a um ponto máximo de interação de sentir no outro os humores (cansaço, irritação, felicidade, prazer) até mesmo em mensagens instantâneas.

De brigar online, sem antes mesmo ter conhecido o outro pessoalmente. Acho maravilhoso isso (não as brigas, e sim o contato).

Pois foi graças a essa ferramenta que nos reduz a todos a uma única tribo, livres da Babel enfim, que recebi, do meu mais recente amigo, uma série de fotos sobre as comidas da França e do Irã (ainda falta o jantar senegalês, prometido!). Reproduzo aqui, com o consentimento dele, os pratos. É raro eu abordar comida no blog no final de semana. Mas, quero, com isso, prestar a ele, Marco, e a todos - McLuhan, Berners-Lee e Barger - uma homenagem. Pelo poder da comunicação e pelo fato de todos nós, me incluo nesse rol, estarmos conectados. Ao mesmo tempo tão perto e tão longe. Caro, obrigado pelas fotos e peço em público que você continue a me fornecer preciosidades como estas. Enriquece a mim, como estudante de gastronomia, e ao leitor, pela possibilidade de riqueza cultural que só a troca traz. Obrigado, nouvelle ami (em plágio direto roubado da nouvelle cuisine). E, pela primeira vez, um leitor meu é co-autor de um post. Às fotos e aos pratos:

Cozinha Francesa

Entrada


Boudin Blanc: é uma espécie de embutido de cor branca, recheado de vitela, frango ou porco, que acompanha muito bem outra iguaria, o foie gras.

Prato principal


Brochette D'Aigneau (Espetinho de Cordeiro)

Sobremesa


Foret Noire (Floresta Negra): com chantilly, os exclusivos berries franceses (moranguinhos) e um fio de grenadine (xarope de romã ou de frutas vermelhas, aromatizado com baunilha ou com limão).

Bebida


Rum com frutas vermelhas

Sobremesa


Sorvete com Casquinha

(Rasteje: o restaurante visitado pelo meu amigo é o La Tour d'Auvergne no Château Fort de Sedan, na região de Champagne-Ardenne).

Cozinha Iraniana

Prato principal


Coxas de Frango: "São preparadas de uma maneira bem especial, o sabor não tem nada a ver com o caldo de nosso frango".

Guarnição


Arroz: Foram "dois tipos de arroz, um tinha umas frutinhas vermelhas, e era meio docinho. O outro, mais salgado, tem um tipo de molho - no canto - que foi preparado com especiarias e iogurte, muito especial, e foi servido com a salada."

quinta-feira, 6 de março de 2008

Queridos amigos

Tenho (tive) amigos que ficaram pelo vida. Uns, antigos. Outros, mais recentes. O que aconteceu? Por que tanta distância? Tempo, dizem, não temos tempo. Se não o tem para os amigos, para quê então? Por que tão longe, tão estranhos, frios, indiferentes? Amigos de tantos encontros e desencontros. Se os vejo, hoje, me são estranhos. Como eu devo ser para eles.

Tenho saudades dos amigos de toda a vida. Dos recentes, dos antigos. Daqueles que viram minha dor. Viram minha alegria. Dos que fazem parte da rotina. Dos que têm somente flashes da minha vida. Por que sumiram? Ou sumi eu? Que fim levaram nossas juras de amizade? De pingos de sangue que selaram laços que se pretendiam eternos (ah! quanto romantismo, tão Goethe).

Tenho saudades das paixonites entre amigos, de posse, de ciúme. Amigos de toda a vida. Daqueles do ginásio, tão adolescentes quanto eu era. Tão despreparados e sonhadores. Daqueles que me separei por besteira. Daqueles com os quais briguei por mesquinharias. E que hoje são mais distantes do que a lua.

Tenho saudades das brincadeiras ingênuas, dos temores bobos, das diversões tão infantis. Mas, quanta graça havia, então! Quanta rebeldia boba, vivida coletivamente. Nós todos costumávamos ser amigos. Quando me dei por nômade, perdi tribos. Deixei o convívio diário dos amigos que começavam a formar círculos mais estreitos. Do ginásio. Depois, da primeira faculdade. Quanta tristeza. Quanta cumplicidade havia. Mara, Cláudia, Wagner. Ourinhos. Faculdade. Saudade de vocês. Cássia, querida. De repente, me deu muita saudade de vocês. A Mara, bocuda, maravilhosa, de Salto Grande. A Cláudia, de Ipaussu, que me lembra até hoje a música "Cheia de Charme", do Guilherme Arantes. Me lembro que os três - Mara, Cláudia e eu - éramos mandados para fora da classe (na faculdade!) porque não parávamos de rir. Fomos acertados por giz por um professor enlouquecido pela nossa felicidade. Assistíamos Selva de Pedra ao invés de estudar matemática financeira. Bebíamos rabo de galo. Saudade. O Wagner, de Chavantes. Oh! Eu queria muito saber de vocês. A Cássia, de Santa Cruz do Rio Pardo. O que foi feito de vocês?

Queria relacionar aqui todos os nomes para, como um fio de Ariadne, não os perder jamais nessa labiríntica vida. Por onde andam os amigos? Os de São Paulo, os primeiros com os quais eu dividi quarto de pensão. Os outros, da minha cidade, que se reencontraram aqui. Os da segunda faculdade, que estão cada um no canto da terra. E que se dispersam, se dispersam feito areia no deserto.

Os mais recentes, ainda, do círculo profissional. Onde estão todos? Onde está o imenso Wally que forma a massa compacta de amigos e sob a qual estamos tão protegidos? Onde eu estou nesse quebra-cabeças? Nesse jogo de esconde-esconde? Sou eu que me isolo? Onde estão todos?

Talvez eu esteja bastante influenciado pela minissérie "Queridos Amigos", que, a despeito dos clichês, tem me emocionado bastante. Sim, já perdi amigos. Sim, já amei e odiei e cortei da minha vida alguns amigos. Sim, sou relapso. Mas, onde estão vocês? Que somem, não enviam nada. Que emitem gritos surdos, talvez, porque eu não os ouço o suficiente. Tenho saudades de todos.
Aos amigos presentes, ausentes, desaparecidos, resgatados, de breves aparições no Orkut, de ligações extemporâneas, dedico a música do The Dandy Warhols, "We Used To Be Friends".


sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Volver


No dijo que a mí me encanta exactamiente Caetano Veloso. Todavia, no creo que hay nada o nadie mejor que él para hacer una traducción más completa para celebrar tuyo retorno.

Lo que hablo aqui és de una paloma que se he ponido el nombre Patty y que andaba por otros aires que no estos que nos encubren a nosotros.

No me marees más Patty. Volves, volves paloma, con sús alas o no. Mientras estás abajo de los cielos catalanos, aqui, en cielos paulistanos, hay otras palomas que se van y vienen con los vientos.

Y se tu no vienes pronto, mí pongaré por estos y otros cielos con estas palomas.


segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Solidarność

A solidarność (solidariedade) é extremamente bem-vinda, sempre. Agradeço duas amigas (e leitoras) que me deixaram aqui mensagens de carinho: a Chefe das Iguanas, uma sem-blog que é assídua, contudo; e Patty Diphusa, que me germinou (né, mãe?) neste mundo blogosférico. A ambas, posto fotos que, na minha cabeça (se é que a conservo sã, ainda), as representam. OK! De uma forma tortuosa, mas representam. As duas sabem, nos seus devidos contextos, o significado do texto que postei ontem. Me conhecem. Beijo para vocês duas.

Foto: Está é a Chefe das Iguanas, em momento ternura, a qual, várias vezes, eu tentei, sem sucesso, exportar para Tóquio. Contudo, ela insiste em se afastar das tradições e agir como uma matrioska, aquela boneca russa que você saca uma de dentro da outra e não acaba nunca. A referência russa é à teimosia e a evidente caracterização japonesa é por conta do filme Dolls.


Foto: Patty Diphusa, in London, do like a british. É preciso se adequar, não importa seu estilo. Você, assim como a Chefe das Iguanas, pode tirar da bolsa não um coelho maluco de Alice, mas, talvez, retirar do armário uma Madonna rápida, uma Cher revoltada ou uma Amy Winehouse entorpecida (de sono, não de tóxicos). Have a nice trip, material girl!

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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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