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terça-feira, 31 de agosto de 2010

A ecologia da mídia

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que é o órgão regulatório das telecomunicações brasileiras e, portanto, pelo qual passam, necessariamente, todos os equipamentos que são usados em território do Brasil, homologou, nas duas últimas semanas, duas coqueluches: o iPhone 4 e o iPad (apenas a versão 3G, mas não o tablet com conexão Wi-Fi). Tecnicamente, isso significa que ambos os dispositivos estão aptos a serem vendidos no mercado brasileiro.


Para que isso aconteça, falta apenas a Apple divulgar aquelas listas de países aos quais serão atribuídos, legalmente, o direito de vender tanto o iPhone 4 quanto o iPad 3G. As principais operadoras móveis - Vivo, Claro e TIM - já colocaram, nos seus respectivos sites, as listas para que consumidores ávidos e heavy users se cadastrem e recebam a primazia na oferta do iPhone 4 quando o smartphone for lançado no Brasil. Claro que já estou cadastrado desde o primeiro momento. Quanto ao iPad, existem apenas expectativas, por enquanto.




Tudo isso é a parte comercial, regulatória e técnica. Na vida real, iPhones 4 e iPads (Wi-Fi ou 3G) já rodam o País inteiro e existem até mesmo sorteios em eventos digitais (infelizmente, não fui ganhador de nenhum) que entregam os respectivos mimos aos participantes.


Na vida mais real ainda, há um outro cenário, no qual transito, que é o futuro das comunicações e, por etapa, da mídia e do relacionamento das pessoas com a informação. Dado que sou jornalista e trabalho especificamente com a informação, esse é o meu universo. Nesse momento, a mídia inteira, do Brasil e do mundo, está num ponto de inflexão: as plataformas (rádio, TV, jornal impresso, internet, tablets, smartphones) sucedem-se umas às outras e mixam-se sem que saibamos o que resultará de toda essa miscelânea tecnológica. Muitas são as teorias. Mas a que eu mais gosto é desta, apontada no artigo abaixo reproduzido, publicado hoje na Folha de S.Paulo (reproduzido do "The New York Times"). Do texto, destaco: "Na ecologia da mídia, a evolução sempre foi a regra primordial, e não a extinção. Novos predadores da mídia ascendem, mas as demais espécies se adaptam, ao invés de perecerem".




Pois assim é a vida. Nós e, por etapa, a mídia, apenas compomos a ecologia e, portanto, nos adaptamos conforme as circunstâncias, nada mais. Não tenho medo da evolução e tampouco de perder o rumo porque a cor da grama mudou. Transmuto-me eu mesmo, camaleão, e adiro à nova coloração do gramado. Que venham os novos predadores.


"A vida no terrário da mídia e comunicações ao que parece está se tornando cada vez mais perigosa. As previsões de extinção se acumulam.
Telefonemas, e-mails, blogs e o Facebook, segundo previsões recentes dos profetas digitais, estão a caminho acelerado do fim. Há duas semanas, a revista "Wired" disse que "a web morreu".
No entanto, na ecologia da mídia, a evolução sempre foi a regra primordial, e não a extinção. Novos predadores de mídia ascendem, mas as demais espécies se adaptam, em lugar de perecerem.
Essa é a mensagem tanto da história quanto de importantes teóricos da mídia, como Marshall McLuhan.
A TV, por exemplo, era vista como ameaça ao rádio e ao cinema, mas essas mídias evoluíram e sobreviveram.
Ainda assim, caso o padrão evolutivo se tenha mantido intacto, devem existir diferenças fundamentais na ecologia da mídia atual, afirmam especialistas.
Se eliminarmos a hipérbole que caracteriza as manchetes quanto à morte dessa ou daquela mídia, dizem os especialistas, o que resta são essencialmente comentários sobre o impacto da mudança e das inovações acumuladas sobre o ambiente de mídia e comunicação da era da web.
Um dos resultados foi a proliferação de formas digitais de mídia e padrões mutáveis de consumo de mídia.
Surgem, por exemplo, redes sociais -como Twitter, Facebook e Foursquare- que são híbridas de comunicação, distribuição de mídia e autoexpressão irrestrita.


ADAPTAÇÃO


O próximo passo é a adaptação. Os jovens das universidades não usam mais relógio (o celular ocupa a função) e raramente utilizam e-mail.
Eles preferem se comunicar por meio de redes sociais, mensagens instantâneas ou mensagens de texto.
A difusão mais ampla de aparelhos móveis de mídia, como smartphones e tablets, conduziu a aplicativos de software especializados que tornam a leitura de texto ou o uso de vídeo mais fácil em telas menores que nos PCs.
Por isso, as pessoas já não assistem a essa mídia formatada para aparelhos portáteis usando navegadores como Explorer ou Firefox, o que representa um dos pontos centrais no artigo da "Wired" sobre "a morte da web".
Mas livros, revistas e filmes vistos em um iPad, por exemplo, são baixados via internet. De fato, a manchete da "Wired" vinha acompanhada pelo complemento "longa vida à Internet".
A evolução da mídia causa baixas, é claro. Mas elas costumam surgir entre os meios de distribuição e armazenagem, especialmente os físicos, cujo conteúdo pode ser convertido a bits digitais.


GOSTO CULTURAL


A tecnologia de forma alguma é o único agente de mudança. Os gostos culturais têm forte influência e ocasionalmente causam viradas imprevisíveis. Os toca-discos e os discos de vinil pareciam extintos, mas terminaram ressuscitados pelos audiófilos, entre os quais DJs que criaram diferentes sons e ritmos. Hoje, as empresas tradicionais de mídia precisam enfrentar o desafio de adaptação oferecido pela internet. O desafio não está apenas na tecnologia, mas também na maneira pela qual ela alterou os hábitos pessoais de consumo de mídia.
A vida multitarefas, no sentido de capacidade individual para realizar mais de uma tarefa cognitivamente trabalhosa a um só tempo, talvez seja mito, dizem os especialistas. Mas o termo, ainda assim, descreve de maneira precisa o comportamento das pessoas que assistem à televisão enquanto navegam pela internet ou respondem a mensagens de texto."

domingo, 29 de agosto de 2010

Meu rugido dominical



"É um ambiente hostil e potencialmente mortal para seres despreparados. Altas temperaturas causam perda rápida de água devido ao suor e à ausência de fontes de água para recuperar o líquido perdido, o que pode resultar em desidratação e morte em poucos dias. Os seres humanos desprotegidos também ficam sujeitos ao risco da insolação. Os humanos podem ter de se adaptar às tempestades - e não apenas nos seus efeitos nocivos para o sistema respiratório e olhos -, mas também nos efeitos prejudiciais sobre os equipamentos como filtros, veículos e outros."


O texto acima faz parte de uma descrição rápida do deserto do Saara, na África. Mas poderia se referir à cidade de São Paulo que, desde a semana passada, sofre sob um inclemente clima que fez a umidade relativa do ar chegar a 10% (em agosto do ano passado). No deserto do Saara, a umidade relativa média varia entre 5% e 15%. Em São Paulo, tivemos 13%, 15% na mesma semana.


Isso significa que vivemos numa cidade que, ora por conta dos fatores climáticos, ora por iniciativas políticas, praticamente está à mercê de grandes catástrofes. Eu sempre temi a possibilidade de São Paulo sofrer um terremoto. E, sim, temos registro quase anuais de tremores na zona central da cidade. Pequenos abalos que são registrados por moradores no lustre que se balança, na sensação de enjoo e de tontura. Mais: tenho certeza de que, em algum momento, nos próximos anos, registraremos a primeira ocorrência de neve na cidade. É questão de tempo.


Mas essa não é uma questão local. São Paulo é apenas mais um exemplo do que acontece no mundo: dos mais de 40 graus centígrados na Europa aos deslocamentos cada vez mais rápidos de icebergs vindos do Ártico, é um fato que a temperatura média na Terra se eleva em patamares jamais vistos antes.


Em geral, não sou catastrofista, predisposto a pregar o fim do mundo, com choro e ranger de dentes que se somam às gigantes catástrofes naturais que assolam regiões como New Orleans, os países orientais devassados pela tsunami, os tremores que soterram centenas e milhares na América Central e na China.


Contudo, a sensação que tenho é que seremos solapados por eventos cada vez mais frequentes e precariamente previstos. E, de forma ainda pior, jamais estaremos, pelo menos por aqui, no Brasil, preparados para tais eventos.


Como morador de São Paulo por um período razoável, registro, por minha conta, uma mudança no clima da cidade. Onde havia, nas manhãs brilhantes, uma nuvem branca de neblina que dava uma coloração juvenil à cidade, hoje temos faixas de poluição a tomar conta da linha do horizonte. Ao pôr do sol, equivoca-se quem pensa que o amarelado/alaranjado do céu é poético. Está mais para profético, com os prenúncios de um mundo em colapso.


Neste domingo mesmo mal consigo respirar. As narinas fremem, doem. A pele está seca, feito o leito de um rio extinto. Toma-se água, um litro, dois, três. E nada é capaz de conter a sensação de secura, de mal-estar.


Olho para as árvores ao redor de casa e tudo o que vejo são galhos esturricados. Pobres árvores. Pobres aves que as habitam. Pobres de nós que, inclementes, continuamos a persistir com nossas individuais emissões poluentes.


Na última sexta-feira, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), pediu que os motoristas deixassem os respectivos carros em casa para ajudar na melhoria do ar da cidade de São Paulo. Nesse mesmo dia, eu estava agendado para fazer a inspeção veicular do meu próprio automóvel (que, casualmente, eu não uso para trabalhar; vou de ônibus e, graças à gentileza de uma colega e vizinha, volto de carona). É o programa de inspeção ambiental veicular, o Controlar, que tem como mote ajudar a melhorar o ar de São Paulo. Na minha opinião, é apenas mais um meio de sacar dinheiro do bolso dos paulistanos. Na prática, veja só: em São Paulo, o rodízio de veículo - a cada dia, dois finais de placa são proibidos de circular no centro expandido (um perímetro entre 7 a 10 km a partir do centro da capital) das 7 às 10 horas e das 17 às 20 horas - não resolveu nada em termos de poluição, motivo pelo qual foi implantado. Na semana passada, o rodízio completou 15 anos e não resolveu nem o problema ambiental e tampouco o congestionamento no trânsito, que passou a ser o principal motivo para mantê-lo.


Nunca soube de nenhuma medida ampla que, por exemplo, incentivasse o plantio (e manutenção) de árvores pelos moradores. Vi na TV, também na semana passada, uma experiência de um edifício em Tóquio que é, literalmente, atravessado pelo verde: na fachada e também no interior, onde existem verdadeiras lavouras e jardins. Magnífico. Tenho cerca de dez plantas dentro de casa. Valorizo o verde. Nasci no mato, no meio do verde, e vivi esse verde por mais de 15 anos. Quando estou no interior, não tenho problemas de respiração, meus olhos não congestionam e não sinto como se estivesse num Paris-Dakar. Reparei agora mesmo que no meu ambiente de trabalho, pelo menos à minha volta, há apenas uma planta. Para mais de 40 pessoas! Nem mesmo eu tenho uma planta na minha mesa!


Você pode sugerir que eu volte para o meio do mato. OK! Mas isso é uma solução individual, paliativa. Com o tempo, a continuarmos assim, estaremos todos, urbanos e rurais, no mesmo deserto. Sem oásis.

sábado, 28 de agosto de 2010

Ordinariazinhas

Prison Break randômica!


sexta-feira, 27 de agosto de 2010

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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Ferinos x felinos

Nesse mundo online e sempre ligado (always on, exceto quando o #Failed #NET #Virtua insiste em ficar off, em estado sometimes on), todo crime será imediatamente castigado em rede mundial, com a respectiva audiência global a replicar ad infinitum quaisquer pecadilhos que se cometam corriqueiramente.


A fofa inglesa não sabia que (acho que vi...) jogar (...um gatinho) o bicho ao lixo geraria quase imediatamente a emissão de uma fatwa contra ela e que teria que buscar proteção policial sob o risco de sofrer punições severas pelo ato.


Alguém mais inteligente e menos obscurantista do que legisladores de fatwas resolveu o caso em lance divertido e muito mais viral.


A história toda é que uma mulher viu uma gatinha, achou divertido jogá-la numa lixeira, jogou-a e foi embora. Os proprietários da gata encontraram a bichana 15 horas depois e, ao assistirem o big brother da vizinhança, viram a cena. A mulher foi imediatamente condenada a padecer no inferno daqui para a frente. Como a internet tem a velocidade de um raio, uns engraçadinhos travestiram-se de gato (Frajola) e senhora inglesa e inverteram o ato: o gato atira a senhora à lixeira. Divertido? Sim. Mas me preocupa mais a intensidade com que simples atos se propagam e como as pessoas condenam rapidamente, inclusive com sugestões de fazer justiça com as próprias mãos. O mundo moderno, de terno, nada tem.





segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Na ponta do pau

Está decidido! Chega de lamentos e tudo o mais. Descobri que tenho inúmeras possibilidades. Enquanto alguns meninos do Rio praticam uma insinuação de pole, radicalizarei e vou desafiar o pau, digo, o poste.


Procuro desde já uma escola indiana que me ensine a fazer maravilhas em cima de um pau, digo, poste.


Essa é a minha mais importante decisão deste ano. Chega de temores e medinhos. Vou me jogar.



domingo, 22 de agosto de 2010

Meu rugido dominical



Você é solteiro(a), casado(a), divorciado(a) ou curioso(a)? Seja qual for o caso, adoraria saber a opinião de cada pessoa a respeito de relacionamentos. Na média, o senso é comum. Mas, de perto, como ninguém é normal, esse senso desanda e pode ser tudo, menos comum.


A principal revista semanal do Brasil, a Veja, traz como matéria principal a instituição do casamento e afirma: Casar faz bem. Será?


Eu sou solteiro (saco, meleca, merda, droga, uó do borogodó, jezuismariajosé!). Portanto, o que posso falar do casamento? O que sei funciona mais ou menos assim (mais ou menos!): quem está fora quer entrar, quem está dentro quer sair.


Não há consenso. Absolutamente! Os solteiros (aka encalhados, por assim dizer) vivem feito umas mariposas. Circulam em volta das lâmpadas e caem de bêbados. Quando muito, se aferroam a alguns outros ferrões para depois levantar voo feito libélulas no lago - ficam numa circulação inglória, giram sobre si mesmos e passam a maior parte do tempo numa contemplação, talvez narcisista, da própria vida (nossa! fui tão franco nesse parágrafo!).


Mas, desplugado o botão que faz a liga momentânea, o que resta é um abandono, um estado meio sem sentido das coisas, uma falta total de perspectiva. Agora há pouco, uma amiga ferina disse que eu tenho que namorar. Nojenta! Só porque eu celebro conquistas no FarmVille. Será que estou em estado de surto e em ritmo avançado de regressão à infância?


Uma outra amiga é testemunha: tenho preparado o meu casamento há muito. Só falta um detalhe: o outro lado.


Outro colega, dia desses, ficou estarrecido quando disse que também eu queria me casar. Me disse: "Você? como assim?". Gente! Tem um monte de gente que se casa. Mas parece que estou mais para quatro funerais e cinco batizados do que para um casamento.


Não, nunca senti o bafejo que ronda recém-casados, aquele círculo invisível que parece contaminar todo mundo e que, de vez em quando, faz com que desconhecidos encontrem, entre a cerimônia e a festa, suas respectivas caras-metade.


Quero casar! Quero porque quero. Me mandam namorar, me acusam de ser solteiro por convicção (coisa que, definitivamente, não sou) e, o pior, sou padrinho de dez casais sem que tenha recebido a menor recompensa por ter suportado os cânones católicos! Injustiça, claro que é.


Não li a reportagem da revista Veja. Não sei se casar faz bem. Não sei se o casamento pode me fazer bem. O fato é que a solidão, certamente, não faz. Não sofro exatamente de uma solidão crônica. Não tenho crises, daquelas de conversar comigo mesmo no espelho (a despeito de eu adorar me ver refletido) e me perguntar: por quê? por quê? por quê? OK! Pareceu meio histérico tanta interrogação mas eu juro para você, não sofro de ataques histéricos. Ah! Outro dia bebi e ri muito e tive vontade de quebrar um monte de coisa no bar. Mas não fiz nada. Em casa, lembro apenas de ter desmaiado convenientemente.


Queria que alguém me contivesse. Não, não para me conter, me impedir, me limitar. Que me contivesse em si, dentro de si (sexo? também, mas dentro de si é mais do que isso!). Que me contivesse feito aquelas equações matemáticas que afirmam que A está contido em B, sabe?


Se é preciso casar para isso? Olha, não sei. Sei que quero casar. Vou publicar proclamas de um só: Redneck Abóbora da Silva comunica que casa este final de semana e se alguém tiver alguma coisa contra, favor entrar em contato com a 31ª. comarca deste foro. Ué? Não posso? Por que não? Posso tudo o que eu quiser, inclusive não casar. Mas eu quero casar. Saco!

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Yo

Já falei aqui algumas vezes mas não custa repetir: um ser humano, dizem por aí, para ser completo enquanto ser, tem que fazer três coisas na vida: plantar uma árvore, ter filhos e escrever (e publicar) um livro.


Dessas três coisas, a única que realizei, nem sei se com sucesso, foi a plantação de árvores. Talvez tenham morrido à mingua, carentes de cuidados. Sei lá. 


Para não delegar a outrem a miséria da humanidade, nunca almejei me ver eterno em ser por mim gerado. E olha que a decisão não é pequena: um leonino admitir que não se quer ver reproduzido num meta-ser é, realmente, um feito.




Portanto, me resta escrever (e, uma vez mais, publicar) um livro. Ideias as tenho mas não sei se valem a pena a ponto de consumir madeira o suficiente e encher as páginas brancas de um volume. Já gasto tinta e caderno o bastante para entrevistar pessoas que, nem de longe, dariam um livro.


Pois tem um cara que admiro cada vez mais (e bota admiração nisso!) que, calculo cá com os meus botões (alguns já caídos e perdidos), certamente plantou uma árvore, reconhecidamente teve filhos (dois) e, agora, se prepara para lançar seu próprio livro, mais conhecido como autobiografia. OK, admito que, muito provavelmente, alguém fez o papel de ghost-writer e escreveu para ele. Também pode ele mesmo ter escrito, já que, de uns tempos para cá, é visível que o rapaz anda com as próprias pernas (!) e pensa com o próprio cérebro. Pelo menos ele mesmo afirma que escreveu.


Falo de Ricky Martin, ex-Menudo que, à maneira de Mark Wahlberg, um dos componentes da formação original da banda New Kids on the Block, pulou daquela profissão (de cantores aborrecentes) para uma outra fase, madura e bem-sucedida. Mark, na minha opinião, tornou-se um ótimo ator. E Ricky? Ricky tornou-se um ótimo homem, pai e cantor. Bem, cantor não sei. Mas gosto dele.




Pois Ricky anunciou que sua autobiografia, "Yo" (Eu), chega às livrarias - em espanhol e inglês - em 2 de novembro. O livro aborda, segundo o próprio Ricky, decisões fundamentais da sua vida, como o fato de se assumir homossexual. Explica a iniciativa de se tornar pai e porque se engajou na causa humanitária que ajuda crianças em todo o mundo que sofrem maus tratos.


Se Ricky tem toda a pinta de bom-moço (e nem falo da aparência, hein!), Mark é o vilão. Adolescente, o New Kids on the Block era um vândalo. Aos 15, fazia parte de um grupo que arremessou pedras em estudantes afro-americanos. Aos 16, assaltou uma farmácia e deixou um homem cego. Cumpriu apenas 45 dias de prisão. Com 21 anos, fraturou a mandíbula de um vizinho.


Mark ficou mais conhecido pelos anúncios das cuecas Calvin Klein que protagonizou. Não sei da vida de Mark, se é pai ou se plantou uma árvore (provavelmente, arrancou alguma para usar como arma). Mas também ele, imagine, lançou um livro. OK, em coautoria com uma fotógrafa. Mas o fato é que o danado tem um livro no currículo. No prefácio, escreveu "Gostaria de dedicar este livro ao meu pau". Fofo!


O que importa é que, por serem ambos, Ricky e Mark, personalidades, por isso mesmo têm suas respectivas vidas públicas e, ao olhar para a trajetória de ambos, não deixo de me admirar de como as pessoas avançam (algumas retrocedem). Em conversa com um taxista, ele me disse que teve um estalo - tum! - e, de quase alcoólatra, resolveu parar de beber ao pensar que, de repente, poderia perder a vida e deixar de acompanhar a vida da própria filha, de cinco anos.


É isso. Yo también creo que hay un estalido - plum! - y todo el resto se olvida y se convierte en nada. E vive la vida, loca o no.

domingo, 15 de agosto de 2010

Meu rugido dominical



Existem algumas ondas que, de tempos em tempos, estouram nas praias brasileiras, vindas sabe-se lá de que mares! Essas ondas começam com brisas fracas, crescem em volume na medida em que são alimentadas por ventos e algumas tempestades e, por fim, arrebentam. No mais das vezes, acabam em espuma, como, de resto, todas as ondas. Todo mundo acha que conhece o secret point (onda secreta). De fato, se todo mundo acha isso, de secret, o point não tem nada, não é? Mas o fato é que o swell (sequência de ondas perfeitas) depende mais do acaso do que de doutrinas, isso sim!


Uma das mais apreciadas ondas neste momento pelos surfistas que se dizem antenados com as melhores práticas para alisar em boa formação é a política da sustentabilidade. Acho isso tudo tão inconsistente que, no final, todos - quem acha que conduz a prancha e quem assiste - acabam por tomar um bom caldo.


Assim, ao invés de entubar a onda, o surfista é por ela entubado e acaba em banco de areia ou, pior, no inside (arrebentação). Todo cuidado é pouco para evitar tanto as marolas quanto as tsunamis porque, para furar a onda e ir além dela, é preciso um pouco mais do que marketing e conceitos sem consistência.


Por definição, sustentablidade é um conceito relacionado à continuidade de aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade. Ao mesmo tempo em que as pessoas precisam preencher suas necessidades, têm que preservar a biodiversidade e os ecossistemas naturais. Ou seja, se você consome - qualquer coisa - deve fazê-lo de forma consciente. Os requisitos da sustentabilidade são a prática da ecologia, viabilidade econômica, justiça social e práticas culturais aceitas.


Agora, transposto esse conceito para o ambiente corporativo, que é o que tem feito um sem-número de empresas, percebe-se, como sempre, que os surfistas nadam, nadam e nadam para morrer na areia. Ocorre que o conceito, na essência (e no qual eu não acredito nem um pouco), ao ser assim usado, se banalizará da mesma forma que a qualidade prevista pelos padrões ISO (International Organization for Standardization ou Organização Internacional pela Padronização). Tantas e as mais inúmeras empresas correram atrás de certificados de qualidade ISO que mais ninguém dá a menor bola para isso e, tenho comigo, o ISO se flexibilizou tanto a ponto de a qualidade ser apenas uma palavra solta. Basta observar algumas empresas de call center que têm certificações de qualidade ISO e ser atendido(a) por elas para confirmar, na prática, que tal qualidade, certificada ou não, é uma ilusão.


Da mesma forma, quando as empresas fazem marketing sobre sustentabilidade disso e daquilo, eu olho e ignoro. É apenas uma onda. Que será furada em breve pela banalização a pretexto de venderem mais e mais. Vender. Esse sim é um conceito legítimo porque é para isso que foram criadas as empresas e seus produtos e serviços. Por enquanto, alguns grommetts (surfistas jovens, iniciantes) acreditam nessa onda.


Eu, como haole (surfista de fora, forasteiro), duvido muito dessa e de outras ondas que desaguam todas em todas as praias. Espumas, todas elas. Apenas espumas. Escrevi antes que não acredito na essência do conceito de sustentabilidade e explico porquê: como ser sustentável se nem ao menos temos, a maior parte de nós, sustentação financeira para sobrevivermos?


Odeio as campanhas, como a atual, de uso de sacolas de tecido ou qualquer outro material em oposição ao uso das sacolas de plástico dos supermercados. Gente! Isso é nada! E o lixo que separo, semanalmente, na minha casa? É um engodo! Separo o lixo orgânico do lixo reciclável há anos apenas para saber que a cidade de São Paulo, no meu caso, não tem capacidade para processar o lixo reciclável e, portanto, mistura tudo nos mesmos lixões dessa cidade! Isso é sustentabilidade? E vêm as cadeias de supermercado me ensinar a trocar a sacola de plástico por outra, que vendem? Bulshit!


As mesmas redes de supermercados que poluem com barulho e sujeira e vendem uma série de produtos vencidos (caso do Extra da Brigadeiro Luis Antonio) para trouxas que compram de imediato essas ideias de sustentabilidade! É de causar indignação!


Por isso, faço minhas as palavras de um colega que disse que, se uma empresa precisa fazer campanha de seus projetos sustentáveis, muito provavelmente esses projetos não se sustentam sobre si mesmos. Se você precisa vender a ideia ao invés de colocá-la em prática e obter adesões voluntárias, é porque  sustentabilidade, em si mesma, acaba de, como a qualidade (e ISO 9000, 14000 e outras certificações), tornar-se mais um selo para apor no produto ou no serviço na hora de, adivinhe!, vendê-lo. E é só isso.


Portanto, read my lips: é a economia, estúpido! É só isso que move o mundo, nada mais. No surf, a crista da onda chama-se lip. Na vida real, lip é lábio e a frase "Ready my lips: it's the economy, stupid!" serviu para alavancar a campanha de Bill Clinton e levá-lo à Casa Branca nos EUA. No nosso caso, particularíssimo, é apenas lábia. Uma onda quebra-côco, oca, que não dá ao pobre surfista a menor chance de entubá-la, quanto menos de surfá-la.

sábado, 14 de agosto de 2010

Embalos de sábado à noite

Em dúvida sobre o que fazer num sábado à noite? Quer dançar? Tem desejos secretos de rodopiar o mundo e girar, girar, girar? Seus problemas acabam e começam simultaneamente aqui. Eu, como conselheiro compreensivo-afetivo-amoral-atemporal-canalhal e que tal, posto este vídeo especialmente para você que não tem a mínima ideia de como começará sua noite de sábado.


E muito menos como terminará, o que pode tanto ser bom quanto péssimo. Em tempos andróginos, não se acanhe. Promova-se, travista-se. Toda ideologia é válida desde que seja a sua própria. Para o inferno com as convenções. Mas não se esqueça que o paraíso está reservado apenas aos que andam na linha.




Porque aqueles que andam nas pontas do pés, a esses estão reservadas pistas, muitas pistas e faiscantes luzes que podem significar um bocado de coisas, das quais a mais simples é que aquela chuva de meteoros que acabou de cair não é a mesma coisa que uma explosão de fogos de artifício e tampouco indica que você é uma festa.





Nada disso. Conheço pelo duas ou três pessoas que querem muito ser Tinky Winky e que são capazes de sair no braço para ter a posse da bolsinha desse andrógino ser que povoa os (pesadelos) sonhos de alguns marmanjos que foram obrigados a assistir a isso na infância. Alguns tomaram para si a tarefa de dar continuidade a esses tubos teles. Outros, traumatizados, devem ter arrepios (não sei se de comoção ou terror) ao resgatar tais imagens. Vai que a noite lhe pertence. E, talvez, o seu corpo também, se não foi abduzido antes.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

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terça-feira, 10 de agosto de 2010

O reino da pequena literatura

Era uma vez um planeta. Azul. Habitavam lá alguns bilhões de seres. Que, se bem contados, chegavam, certamente, a trilhões. Viviam em desordeira harmonia ou desarmoniosa ordem. Ora a cair, ora a levantar, os seres juntavam-se, dispersavam-se, acorriam quando um deles morria subitamente e acorriam também quando um deles nascia. A eles, se lhes parecia que tanto a morte quanto a vida eram surpresas. Não haviam dominado, portanto, a técnica da frieza e da vã filosofia de ver e crer. Ver a vida e crer que aquilo era convencional. Assistir a morte e lhe avaliar como um fim justo. Era sempre a mesma coisa: vida! Ohhh!!! Morte! Huuuuhhh!!!


Esses seres, certamente, tinham um problema. Sério, na minha prosaica avaliação. Avaliação essa, por decerto, contaminada, visto que eu mesmo estava entre aqueles seres. Portanto, assim, qualquer ato julgatório deixa de ser fiel se participo da trama e tramo contra ela.




Mas isso é uma avaliação minha e eu a faço como bem desejar. E quem quiser que conte outra. O Google contou. Maldito Google. Num futuro antevisto por um escritor do naipe de Will Self (google, by the way). Ah! Uma pausa: Will Self, numa tradição liberal (a faço como desejar, sem usar Google Translate), seria algo como por si mesmo se fará. Combina com ele. Reward and play: num futuro antevisto por um escritor do naipe de Will Self (google, by the way), o Google será deus. Tenho certeza. Ao buscador e empresa de software serão atribuídos poderes de vida e morte, a propósito do estranho estranhamento humano ante nascimentos e falecimentos. O Google terá poderes inimagináveis por ora. Se não for o Google, outra empresa com tendências equivalentes o fará.


Pois que o Google contou. Uma conta mundial. Cheia de tabulações, contas de reduzir, adicionar, variantes, raízes quadradas, noves fora e chegou a um número: 129.864.880. Até o último domingo, dia 8, era esse, de acordo com o modo google de calcular, o número de livros existentes no mundo. Livros, aqui, quer dizer títulos diferentes. Portanto, existem quase 130 milhões de livros diferentes publicados em todo o planeta que, visto de cima, parece, é azul.


Numa Terra que tem 6.861.601.621 (pouco antes da meia-noite desta terça-feira, 10 de agosto), há um livro para cada 0,0189 habitante. Colocado de outra forma, não chegam a 2% o total de livros em relação aos habitantes desse planeta em que os seres são bilhões - se bem contados os considerados 'burros' como animais, vegetais, eis que se chega aos trilhões referidos acima.


Portanto, grassa a estupidez. Não é coincidência. É fato. Leio de 5 a 6 livros por mês e mesmo que lesse de 500 a 600 ou 5.000 a 6.000 a cada semana, não daria conta de reduzir a montanha dos 'sem-literatura' que forma a estranha Babel deste mundo que, se diz, é azul.


Eu o diria, esse mundo, translúcido. Transparente. Falto de impressão, de letras, palavras, orações, frases inteiras. Impressas. Portanto, falta impressão no mundo. E dada a falta de impressão, a impressão que se tem é que nada se expressa. Tudo se exprime, se espreme. E o único caldo que resulta disso é uma tinta que vai rio abaixo, sem a menor possibilidade de preencher brancas páginas, translúcidas mentes de bilhões. O mundo, meu(minha) caro(a), não é azul. É zebrado. De tanta inconsistência e de tanta falta de literatura. Se as pessoas lessem, o mundo seria branco no preto, tinta na página. Consistência. O mundo é um breu!

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Je t'aime moi non plus



by Placebo



by Kylie Minogue



by Sven Väth feat Miss Kittin



domingo, 8 de agosto de 2010

Meu rugido dominical



Em abril deste ano, o ator norte-americano Sylvester Stallone esteve no Brasil para as filmagens de "The Expendables" (Os Mercenários). Durante a feira de cultura pop Comic-Con 2010, na Califórnia, ao lançar o filme nos EUA, Stallone fez uma piada grosseira e uma crítica para o Batalhão de Operações Especiais (BOPE): "Filmamos no Brasil porque lá você pode machucar as pessoas enquanto filma. Você pode explodir o país inteiro e eles ainda dizem para você 'obrigado e tome aqui um macaco para você levar para casa'", disse. Até agora eu não entendi essa história de levar um macaco para casa.


Sobre o BOPE, o Rambo em músculos e cérebro afirmou: "Os policiais de lá usam camisetas com uma caveira, duas armas e uma adaga cravada ao centro. Já imaginou se os policiais de Los Angeles usassem isso? Já mostra o quão problemático é aquele lugar (Rio de Janeiro)". Engraçado é que foi justamente a polícia de Los Angeles que desenvolveu o Special Weapons Attack Team (Grupo de Ataque com Armas Especiais), mais conhecido pela sigla SWAT.


Em dezembro do ano passado, assim que o Rio de Janeiro foi anunciado como cidade-sede das Olimpíadas de 2016, o ator (também norte-americano) Robin Williams concedeu entrevista ao programa de David Letterman, nos EUA, e soltou: "Chicago enviou a Oprah (Winfrey) e a Michele (Obama). O Brasil mandou 50 strippers e meio quilo de pó (cocaína). Não foi uma competição justa". Robin Williams é exatamente conhecido por seus problemas contínuos com o uso de drogas.


No desenho animado "Os Simpsons", em episódio passado no Rio de Janeiro, a cidade é vista como perigosa para os turistas, com macacos na rua e o sequestro de Homer Simpson por um taxista. Em outro desenho, "South Park", o presidente Lula teve participação especial, com Nicolas Sarkozy (França) e Gordon Brown (Grã-Bretanha), ao resolver dividir dinheiro de alienígenas entre si ao invés de devolvê-lo.


Em 2007, um integrante da delegação norte-americana, durante os Jogos Panamericanos no Rio de Janeiro, escreveu em uma das sedes do Pan: "Bem-vindo ao Congo". O integrante era gerente de relações com a imprensa e foi enviado de volta aos EUA.


Na TV e no cinema, a história se repete e a origem sempre são os EUA. No seriado norte-americano "Law and Order", uma empresa multinacional, que tinha a promessa de assinar um contrato para fazer a segurança dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro, tenta corromper um integrante do Comitê Olímpico Internacional (COI) na Bélgica para votar no Rio como cidade-sede e garantir a assinatura do contrato.


No filme "Turistas", de 2006, o Brasil é retratado como um lugar perigoso. De novo, norte-americanos visitam o País e são roubados, apanham, são drogados e torturados para a retirada dos órgãos para transplante. Em "Anaconda", de 1997, a bola da vez é Manaus, no Amazonas, em que uma cobra gigante atormenta a vida de norte-americanos. Liderado pelo pai da Angelina Jolie, Jon Voight (putz! que decadência!), o filme é do tipo horror show barato. O presidente Lula, em comentário sobre a Copa do Mundo de 2014, em que Manaus será uma das cidades-sede, pediu em discurso para que os turistas tomem cuidado com a "sucuri destreinada" da Amazônia. Por certo, em referência a "Anaconda".


Antes desses episódios todos, no entanto, os EUA e, particularmente, os estúdios de Hollywood, sempre foram pródigos em fazer fugir para o Brasil os bandidos de seus filmes. Durante toda a minha vida, sempre assisti a filmes com essa referência.


"Os estereótipos são duros de matar. As coisas mudam, o país é visto de forma mais séria, mas os estereótipos não deixam de existir. O estereótipo ainda é o mesmo, de futebol, carnaval, festa. Mas acho que o mais forte é a praia mesmo, pois as pessoas não entendem nem o que é carnaval", discorre o brasilianista Joseph A. Page, da Universidade Georgetown, de Washington, EUA.


O pesquisador diz que esse tipo de desconhecimento - emitido por pessoas públicas, mídia estrangeira, TV e cinema - em relação ao Brasil é uma frustração porque ele mesmo sempre trabalhou para divulgar a cultura e realidade brasileiras. O fato de o Brasil ter aparecido cada vez mais na mídia internacional faz com que as pessoas saibam sobre a existência do País mas, ainda assim, as nuances sobre o Brasil ficam na superfície. Page, que é autor do livro "The Brazilians" (Os Brasileiros), de 1990, morou muitos anos no Brasil e assegura que esse tipo de comentário e opinião, considerados ofensivos pelos brasileiros, não refletem, de fato, preconceito contra o Brasil. "Acho que nunca houve preconceito contra o Brasil. As pessoas sempre são muito atraídas pelos brasileiros e pelo país", afirma.


Concordo e discordo com Page. Concordo quando ele afirma que os estereótipos são difíceis de serem enterrados. Isso vale para o Brasil e para uma centena de outros países, nos mais diversos matizes que podem ter os estereótipos - "os árabes são perigosos", "os chineses são sujos", "os franceses não tomam banho", "os ingleses são homossexuais enrustidos", "os russos são bêbados" etc. etc. Há uma lista imensa de clichês, de conhecimento público, sobre cada um dos povos.


Discordo quando o escritor afirma que as opiniões emitidas por personalidades que têm ressonância pública não têm cunho preconceituoso. Claro que têm! É a mesma coisa que Pelé, Lula, Paulo Coelho e Gisele Bündchem passarem a afirmar, a cada vez que abrem suas bocas, que os EUA, por exemplo, é um país burro, que não conhece nada além do próprio umbigo. Que confunde Buenos Aires e Brasília e que acha que tudo o que está abaixo da linha do Hemisfério Norte resume-se a florestas, macacos, índios, pobreza, fome e África.


Sim, há um crescente interesse dos países estrangeiros sobre o Brasil. O fato do País estar prestes a tornar-se um gigante produtor de petróleo, de sediar em dois anos dois grandes eventos mundiais - Copa do Mundo e Olimpíadas, de exportar modelos de inclusão social e de distribuição de renda criados e desenvolvidos durante o governo Lula, de provocar polêmicas ao se aproximar de países considerados "perigosos", sobretudo pelos EUA, como Irã e Venezuela e de se ver como um tijolo vigoroso dos Brics tem provocado todas as reações - preconceituosas e maldosas. Também não sou nenhum ingênuo que, feito molequinho de curso primário, chora porque o coleguinha do lado me xingou e tentou me bater.


O que nos faz, aos brasileiros, sermos o que somos, primeiro, é o nosso jeito de ser e viver. Somos otimistas por natureza. Somos passionais em algumas coisas (como o futebol) e completamente suíços (nulos, olha o estereótipo) em outras (corrupção do governo). Somos ótimos anfitriões. Somos festeiros e barulhentos e, por isso, muitas vezes odiados em terras estrangeiras (sim, já fui testemunha disso). Por outro lado, somos, sim, queridos. Nas poucas viagens internacionais que fiz, bastou me identificar como brasileiro para angariar o carinho do estrangeiro, fosse na China, na Finlândia ou na Argentina. Portanto, além de botar a boca no trombone e berrar contra o desconhecimento e preconceito contra o Brasil - via Twitter e na internet, de forma geral -, temos é mais que nos orgulharmos desse imenso e lindo País que nunca registrou uma guerra de grandes proporções, não tem pena de morte, não sofre com terremotos e não precisa mostrar força bélica e invadir países do outro lado do mundo para provar que tem poder. Amo o Brasil!

sábado, 7 de agosto de 2010

Peixe, peixinho, peixa, peixinha

Filho e filha de peixe, peixinhos são. Nesse caso, é fato.


A filha é a capa (dupla) da revista Playboy. Cleo Pires, atriz, gostosa e linda.




O filho tem provocado frisson no coração e em outras partes do público feminino (e em parte do masculino também). Fiuk (Filipe Galvão), cantor, ator, lindo e gostoso.




A mãe é, por excelência, a grande atriz da TV brasileira (aka TV Globo). Glória Pires, atriz e linda.




O pai está na estrada da música há décadas, com canções de amor romântico. Fábio Jr., cantor, ator e, bem, a foto é antiga. Hoje, é apenas o pai do Fiuk.




(*) Cleo é filha de Glória Pires e Fábio Jr. e irmã, por parte de pai, de Fiuk, que é filho de Fábio Jr. com Cristina Kartalian.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Dia ou noite, noite ou dia, dia ou noite...

Que somos fascinados por uma certa instabilidade, todos, humanos ou não (sim, os há), é um fato. Os seres humanos (e os não-seres) somos, por natureza, instáveis: ora preferimos o dia, ora a noite. Se temos cabelos lisos, os queremos cacheados. Se os temos crespos, os queremos lisos. Se nosso nariz é aquilino, reclamamos porque certamente ficaríamos melhor se fosse arrebitado. Se é achatado, ficamos chateados porque não é aquilino. Se temos pelos no corpo, fazemos depilação. Se não os temos, reclamamos que queríamos ser recobertos feito gorilas. É assim a insatisfação do ser humano. Sempre a olhar com laivos de inveja e luxúria para o gramado alheio enquanto o próprio padece com ervas daninhas.


O filme abaixo trata exatamente dessa dicotomia.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

3 x 4 | Three Years (blog anniversary)

Três centímetros por quatro centímetros (3 x 4) é o tamanho oficial das fotos de documentos no Brasil. A maior parte dos nossos documentos pede fotos das pessoas nesse tamanho.




Ontem, dia 4, eu estava exausto. Desde segunda-feira tenho andado bastante ocupado, com eventos externos. E, à noite, chego em casa e literalmente desabo. Tento com grande esforço postar continuamente no blog.




E fiz isso ontem ao postar tarde, já de madrugada, o aniversário do blog. E cometi um grande equívoco que somente percebi bem depois. Como já havia passado o dia todo com a postagem equivocada, deixei por isso mesmo.




O blog, de fato, fez três anos. Foi criado no dia 04 de agosto de 2007. Quanto ao quatro, na minha cabeça, eu queria dizer que entrava, a partir de hoje, no ano 4. Como de fato entrou. Mas isso não significa que tem quatro anos. Ou seja, uma grande confusão agravada pelo fato de eu realmente ter achado que o blog tinha quatro anos, e não três. Portanto, tomei o 3 pelo quatro (3 x 4) e inverti as bolas, os quadrados, os triângulos e toda e qualquer aritmética, geometria e mais algum dado matemático.


Para recolocar as coisas em perspectivas, portanto, deixo claro que o blog tem 3 anos de existência, completados ontem, 4 de agosto, e entrou hoje, 5 de agosto, no 4º. ano. É isso (parece que ficou ainda mais confuso mas, definitivamente, não me dou bem com números).

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

4 4nos | Four years





Hoje é 4. E 4 são os anos que completa este blog hoje. Leonino como o proprietário, é temperamental e faz graça, muita graça. E tem graça fazer graça? Acho que tem. Porque sem humor esse mundo é muito chato. Este blog gosta de gente pelada (eu também). Gosta de música (eu também). De literatura (eu também). De gente (eu não! rsrsrsrs).


Quatro anos é um tempo legal mas não é nada. O blog é apenas um cristal de areia nessa praia monstruosa da blogosfera. É o meu cantinho. Não é onde eu vou para me esconder. É onde eu me exponho. Timidamente ou corajosamente. Tem sido assim nos quatro anos. E pode continuar mais ou menos assim. Depende do meu humor. Mas o blog tem vida própria e às vezes se rebela. Fazer o quê? Criaturas nem sempre obedecem o criador. E o criador nem sempre dimensiona a criação. Vamos em frente, de quatro ou com quatro, para outros quatro e mais!

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Nude do dia

O que era para ser uma cálida pescaria acabou num festival de pelados. O flagra foi feito por um helicóptero da RAF - Força Aérea do Reino Unido (ah! o humor britânico!) que foi chamado para investigar um barco suspeito na Baía de Swansea, no País de Gales. De suspeito, apenas dez homens pelados em pleno barco de pescaria.


Uma festinha naturista gay, of course, ocorria no barco. O capitão da embarcação disse que o objetivo inicial era levar os meninos para um passeio de verão. De repente (sei!), o capitão viu todo mundo pelado (sei 2!). Os 'pescadores' com suas respectivas 'varas' não foram detidos e até acenaram para os ocupantes do helicóptero da RAF. Ah! Esses britânicos sabem se divertir, né! (reduzi as dimensões do vídeo para melhorar a resolução mas se você conseguir visualizar algum 'peixe' me avise. eu não pesquei nada!)



segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Se você for, diga que é!

Vi no blog do Eros e reposto aqui para aumentar essa corrente. A campanha é da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) e defende a contagem de todas as formas de ser um ser humano. O Censo Demográfico 2010 começou neste domingo, 1º. de agosto. Abaixo, reproduzo o conteúdo da campanha da ABGLT:




"No Censo Demográfico 2010 o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vai contar também casais homossexuais.


Neste sentido, a ABGLT – Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – estará recomendando a todas as 237 afiliadas que incentive através das Paradas LGBT, das redes sociais da Internet, e em todos os eventos, a divulgação da seguinte frase "IBGE ... SE VOCÊ FOR LGBT, DIGA QUE É !"


Pela primeira vez em todo o Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vai contabilizar casais homossexuais no Censo Demográfico 2010. A proposta do instituto é trazer informações atualizadas de acordo com as mudanças da sociedade brasileira nos últimos anos.


“No passado nós só perguntávamos se eram cônjuges. Hoje nós abrimos para cônjuge do mesmo sexo e cônjuge de sexo diferente”, explica o presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes.


Só vão ser contabilizados os casais homossexuais que declararem, no questionário de perguntas, que moram no mesmo domicílio em união estável. O IBGE já utilizou questionários com questões sobre a união estável homossexual em alguns municípios, mas esta será a primeira vez que a pesquisa envolve todas as cidades brasileiras.


Mas para o coordenador técnico do censo do IBGE, Marco Antônio Alexandre, a mudança não foi feita com o objetivo de revelar o percentual homossexual da população brasileira, até porque nem todos vivem em união estável.


O Instituto vai visitar 58 milhões de domicílios em 5.565 municípios. “Quando os(as) recenseadores(as) baterem em sua porta e você for “casado(a)” com uma pessoa do mesmo sexo, diga que é. É importante que nós ativistas e governo tenhamos dados concretos para construirmos políticas públicas”, disse Toni Reis, presidente da ABGLT.


A Contagem da População pelo IBGE em 2007, realizada em cidades pequenas, identificou, pela primeira vez, 17.560 pessoas que declararam ter companheiros do mesmo sexo. Desse total, 9.586 homens se declararam cônjuges de companheiros do mesmo sexo, o mesmo ocorrendo em relação a 7.974 mulheres."


domingo, 1 de agosto de 2010

Meu rugido dominical



Há um projeto de lei do presidente Lula em andamento, enviado ao Congresso Federal em julho, cuja proposta, basicamente, "estabelece o direito da criança e adolescente de serem educados e cuidados sem o uso de castigos corporais ou de tratamento cruel ou degradante." Em resumo, é a lei da Palmada, que proíbe os pais de punir os filhos com palmadas, beliscões e castigos físicos.


Pesquisa do Instituto Datafolha feita com 10.905 pessoas revelou que 54% dos entrevistas são contra esse projeto e 36% são a favor. Outros dados da pesquisa mostram que os meninos apanham mais e as mães (69%) batem mais do que os pais (44%). Dos entrevistados, 72% sofreram, quando crianças e adolescentes, castigos físicos e 16% apontaram que essas punições aconteciam continuamente.


Não sou pai. Não sei dizer se puniria meus filhos com castigos físicos. Eu mesmo apanhei na infância. Bastante. Hoje, não tenho elementos para afirmar que apanhei necessária ou desnecessariamente. Me lembro de algumas surras mais doloridas do que outras e me recordo também de que o castigo físico era uma incógnita: quando achava que estava a salvo, apanhava. E quando havia cometido algo muito grave, tremia feito vara verde de medo da própria que se converteria em objeto da surra e, alívio, o castigo não acontecia. Portanto, era como um mercado de risco: ora em alta, ora em baixa, as ações que levavam ao ganho equivalente em punição física eram muito instáveis e nunca estavam ancoradas em um determinado padrão.


O projeto de lei, evidentemente, é polêmico: envolve o poder pátrio que dá aos pais encargos de vida (concepção) e morte (em casos de agressão extrema que levam filhos ao falecimento) sobre a prole. Sempre haverá os dois lados: um, de filhos rebeldes que, a determinado momento, podem lançar a indefectível bravata "eu não pedi para nascer" (eu mesmo fiz uso dessa frase algumas vezes, ora com algum efeito, ora como apenas mais um resmungo no colar de adolescentes que se acham espertos). O outro lado é o dos pais, que, atualmente, tenho para mim, estão perdidos entre dois extremos: ser pais e profissionais e conciliarem as duas atividades e ser pais pela metade ao franquear aos filhos uma série de liberdades numa espécie de "moeda de troca" da afetividade ausente pela liberalidade compensadora do dinheiro, dos limites (esgarçados a se perder de vista) e até mesmo do sexo (fazer sexo no quarto de casa, com a mais completa aquiescência dos pais).


Venho de uma geração a meio do caminho entre a zona rural e a zona urbana. Fui criado numa área rural onde os valores são, sim, mais brutos. Por tudo: pela falta de informação, pela ascendência dos mais velhos, pela rotina dura do labor da roça. Ao mesmo tempo, a transição para a cidade, se trouxe mais acesso à informação, perdeu, no meio do caminho, uma pureza que havia no meio rural. Alguns valores, na minha casa, independentemente se rural ou urbana, permaneceram os mesmos até os dias de hoje. Outros tiveram que ser revistos e absorvidos por influência da própria sociedade, dos tempos e das novas gerações que chegam.


Ainda não sei se sou a favor ou contra as palmadas mas posso afirmar, pela minha própria experiência, que não carrego, ao menos conscientemente, quaisquer traumas que sejam por ter sofrido punições físicas na infância e adolescência. Também não sei, por não ter tido a experiência, de como seria a minha vida se não tivesse levado palmadas e outros castigos físicos. Portanto, qualquer avaliação de minha parte carece de fundamento.


Por enquanto, minha rejeição vai mais além. Sou contra a ampla e irrestrita interferência do Estado dentro do âmbito familiar. Ao Estado cabem exceções, e não regra. Portanto, não cabe uma lei que diz ao cidadão como conduzir cada fiapo da vida privada. Isso muito nos aproxima da supressão das liberdades individuais que se abateram sobre as pessoas nos EUA depois do 11 de Setembro. Uma série de proibições e novas obrigações (como a horripilante revista nos aeroportos mundiais em que temos que nos quedar quase nus no portão de embarque) cerceou como nunca antes (talvez apenas na Idade Média) as liberdades e garantias individuais. Essa intromissão do Estado na vida privada me preocupa e a vejo em fase expansionista, no Brasil e no mundo.


O que sei é que vejo pais da minha geração num constante conflito em prender (limites) ou soltar (liberdades) o cabresto e, conforme a prole, sofrer mais ou menos com isso. Posso dizer que há pais que conseguem se equilibrar na tênue linha que separa os dois mundos - do limite e da liberdade - e apenas afrouxam ou apertam mais os freios conforme o momento. Outro os há que pendem por completo de um lado (limite) ou de outro (liberdade) e perdem o controle nos dois casos.


Vejo casos de pais que algemam os filhos em casa por causa dos vícios, drogas, sobretudo. Há extremos em que a mãe matou o filho porque estava na iminência de ser morta por ele. De novo as drogas. Em outros casos, a história se repete: filha de 13, 14, 15 anos fica grávida, não obstante o acesso à informação e à proteção. No caso, isso ocorre independentemente de classe social. Acontece em todas. Em outros, filhos de 16, 14 anos transam na frente das câmeras na internet para atrair seguidores no Twitter. E há casos, ainda, de adolescentes que se valem do Estatuto da Criança e do Adolescente (que é genérico sobre o tema 'castigo físico') para enquadrar os pais quando se sentem ameaçados. Conheço um caso particular de um adolescente de 16 anos que processa o pai por omissão (de presença).


Já sob o risco de ficar sobre o muro nessa questão, ao invés de "Filhos, melhor não tê-los. Mas, se não os temos, como sabê-los?", prefiro "Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa (humanidade) miséria". As citações são, respectivamente, do poeta Vinícius de Moraes (em 'Poema Enjoadinho') e do escritor Machado de Assis (em 'Memórias Póstumas de Brás Cubas'). E você, é Vinícius ou Machado?

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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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