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sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Rastreio de Cozinha - 141


Direto de Ribeirão Preto (SP) - Bem, se estou aqui, há 318 Km de São Paulo, claro que eu não estava lá, na faculdade. Perdi a aula prática do Camboja ou do Laos, certamente, e lamento. Mas, não havia nada que eu pudesse fazer. Também, se me daria quase igual se eu houvesse ido para a faculdade: consegui sair de casa para cá apenas às 22:45 horas. Finalmente, cheguei no hotel às 3:00 horas. Tanta demora tem explicação.



Hoje foi um dia mais do que corrido, como eu disse ontem. Coube mais ou menos tudo nas 24 horas. O que não coube ficou feito aquelas sacolas que você acaba por carregar fora da mala. Fiz quase tudo que planejei: carro (lavagem e abastecimento), salão (cabelo), shopping (umas coisinhas de que eu precisava e outras que me ocorreram no embalo), trabalho (despachei algumas matérias para o especial - não todas como eu gostaria, mas, já adiantei alguma coisa).

Arrumei minha mala e saí de casa. Peguei a Rebouças cheia, lenta, feito uma sucuri que acabou de engolir um bezerro: de difícel digestão, a avenida flutuava, lânguida. Quase 30 minutos da Rebouças para a Marginal Pinheiros. Na alça de acesso à Avenida dos Bandeirantes, dei uma de mala sem alça: passei direto, talvez convencido de que a Dutra era melhor.


Claro que isso significa uma redefinição de caminhos. Voltei por onde pude, fiz todos os retornos e acessei a Bandeirantes. Infelizmente, não disponho de um Google Maps na minha cabeça que me guie de forma rápida e prática.

Parei três vezes na Bandeirantes: uma para comer (acho que no Km 78 ou 79), outra para verificar porque o motor soltava fumaça, conforme me alertou a gentil atendente do pedágio (parei em frente ao pedágio, abri o capô e olhei abismado para a caverna negra que é um motor de carro para mim). Percebi a fumaça (claro, estava na minha cara!), olhei, fingi que mexi em alguma coisa, agradeci a atendente e toquei para a estrada, apavorado com a possibilidade de pegar fogo junto com o carro.

Parei no posto no Km 125, falei com o frentista (fino, educado, simpático, inesperado de todas as formas num posto de beira de estrada). Eu comentei que o motor do carro foi lavado e ele suspirou aliviado: disse que era apenas o óleo que o lava-rápido usa para deixar o motor impermeável. Grato pela grata surpresa de atendimento tão fofo, gratifiquei o frentista na hora.



No mesmo posto, aliviado, tomei mais um café (o segundo da estrada). Tomei um suco também. E mais não conto porque passarei por glutão. Tive que parar uns 50 Km depois para fazer da beira da estrada meu banheiro. Sorry! A fisiologia do corpo é fraca feita a carne de que o dito cujo é feito. Ah! Perguntei ao simpático quanto faltava para chegar em Ribeirão. Me disse, de forma suave (fiquei encantado, admito, e deve ser por conta do post anterior, no qual eu estava possuído por um espírito antigo catalão): só mais 190 Km. Só????, berrei de volta. De vez em quando, sou tosco feito um pau de limpar tripa.

Prossegui a viagem e fiquei espantado com a velocidade de alguns colegas motoristas: se, em alguns momentos, atingi velocidades altas, condenáveis e geradoras de multas, ainda assim fui ultrapassado. Devo dizer que os carros que por mim passaram deveriam estar acima dos 200 Km/hora.

E aí uma constatação óbvia: a falta de educação no trânsito. O motorista está um quilômetro atrás de você e começa a dar sinal de luz. Quando isso acontece, demoro para dar passagem. Para um desses apressadinhos, calculei a ultrapassagem, saí para a outra pista, atrás de um monte de caminhões. Calculei mal e o infeliz não me ultrapassou, mesmo depois de sinalizar. Aí, se arrependeu e deu sinal para eu voltar à sua frente. Freei até os 20 Km/hora e xinguei a besta.



Para antecipar o final deste post, cheguei em Ribeirão Preto, que eu não conhecia até então, exatamente às 2:15 horas. Exatas 3:30 horas depois de sair de São Paulo. Claro que desenvolvi velocidade de cruzeiro para perfazer o percurso entre uma cidade e outra. De São Paulo até aqui, trânsito constante e, em alguns lugares, bastante intenso.

Tanta habilidade não deu em nada: passei 45 minutos atrás do hotel, que fica no Shopping Ribeirão Preto. Fiquei completamente perdido e, quanto mais eu perguntava, mais errava. Quase abandonei o carro e tomei um táxi. Era mais fácil. Finalmente, intuí que o shopping (o qual não se vê à noite) ficava numa série de ruazinhas. Cometi várias infrações possíveis e cheguei ao hotel, depois de circular todo o shopping. Está tudo em reforma e o acesso ao hotel está bastante confuso. Por enquanto, tenho uma reclamação com a cidade de Ribeirão: a sinalização é fraca. Somente achei o shopping ao seguir as placas sobre os nomes das ruas que o hotel e o supermercado usam para indicar o local do shopping. E o motorista de Ribeirão é bem descuidado, até onde eu percebi.

Finalmente, estou instalado. Antes, porém, devorei um filé mignon artificial, bebi uma cerveja de trigo (pensei que era de cevada) e comi chocolate. Eu não sou glutão!!! É apenas o stress da viagem. Bem, preciso dormir. Com ou sem possessões diabólicas.

All Hallow Een


No podría dejar pasar: helice día de las brujas o brujos! Hoy es lo día de All Hallow Een! E de las meigas! La palabra meiga viene del latín magicus y significa "persona de poderes extraordinarios o mágicos y que puede pactar con el diablo". Son equivalentes a las brujas, eres lo que son. Lo que las diferencia de las brujas es que las brujas siempre actúan con maldad.

Las meigas son conocidas como curanderas y videntes, e las gentes acuden a ellas con salmos. Se dice que hay un grand número de ellas, cada una con diferentes poderes:

- Meigas-chuchonas (o chupadoras): son las más peligrosas, y se presentan con distintas caras o caretas, chupan la sangre a los niños y les roban los untos para ser empleados en la confección de pomadas.

- Asumcordas (o brujas callejeras): espias de las gentes y vigilantes de quines entran y salen de las casas.

- Marimanta: es la meiga del saco, roba niños y los hace desaparecer.

- Feiticeira: viven cerca de los ríos y riachuelos, aunque anciana, su aspecto no repele, posse una voz muy bella que con sus cantos hipnotiza a los chicos que ser acercan al río y hace que se vayan metiendo en el río, donde al fin se ahogarán.

- Lavandeira: esta meiga sorprende al caminante por la noche mientras lava la ropa, invitando a este a que colabora. Esta persona ha de hacerlo pues de lo contrario estará expuesta a serias desgracias. Su aspecto es totalmente común, es como cualquier otra anciana diferenciándose porque las prendas que lavan están manchadas de sangre.

- Lobismullher (mujer loba): tienen que haber nacido em Nochebuena o Viernes Santo, o bien ser la séptima o novena hija de una familia em que todos los hijos son mujeres.

- Vedoira: es esbelta y agradable en el trato. Posse facultades adivinatorias, y son expertas en contactar con el más allá para decir se alguien fallecido está gozando eternamente em el cielo o si aún penan en el purgatorio.

- Cartuxeira: son meigas echadoras de cartas, que siempre aciertan em sus vaticinios.

- Agoreira: estas meigas envejecen prematuramente, pero viven muchíssimos anõs.

- Dama de castro: viven bajo castros milenarios o bajo tierra en un castillo de cristal, llevan siempre un largo vestido blanco de cola y siempre atienden a solicitudes de la gente.

Para protegerse de las meigas, existen amuletos que pueden colocarse em las casas o colgarse del cuello del afectado:

- Clavar tras las puertas de entrada de las casa herraduras de caballo, murciélagos, espolones de gallo o colas de lobo.

- Llevar un diente de ajo, una castaña pilonga o un collar de ramas de muérdago, ajo o conchas.

- Tener en casa tierra bendita de los cementerios, sal, tijeras abiertas a los pies de la cama, orina de caballo, cuerdas de ahorcados.

- Buscar garras de fiera, patas de ave de presa, piedras agujereadas.

- Poseer en forma de varitas, colgantes o pectorales, trozos de azabache, ámbar y distintas piedras capaces de rechazar los venenos y encantamientos.

Así como you no creo en las brujas, pero haber, las hay, you no creo nas meigas, pero habelas hainas. Como tu puedes leer, ya estoy possuido pelas brujas e meigas y se me pasó que desandé por la escribir en una lengua antígua, de mi bisavuela catalana. Tenga una buena noche!

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Rastreio de Cozinha - 140


Estou no meio dos preparativos de dois eventos importantes: um casamento no interior de São Paulo, no sábado, e o meu próprio evento - Boteco Bossa Nova 50 Anos - na segunda-feira. Como elemento coadjuvante, estou, também, no meio de um especial a ser entregue em grande parte até amanhã. Você acha mesmo que estou desesperado? Pois não estou!


Tem uma série de providências a serem tomadas: carro, abastecimento e checagem; últimos preparativos para o evento da faculdade, com cobranças, aluguel de roupa e providências de último minuto; matérias a serem escritas, enviadas e uma pequena prece no final para que tudo se acomode; salão (claro!); banco, shopping (claro!), arrumar as roupas: para o casamento e para o evento; pegar a estrada e viajar quatro horas. E torcer para que não haja trânsito na saída de São Paulo.


Tudo isso terá que caber no meu dia amanhã. Tenho uma agenda estreita o bastante para que um camelo ouse passar pela agulha. Um camelo é pouco: tenho uma pequena coleção de camelos a transpor os buracos da agulha que, ainda por cima, está escondida no palheiro.

Mas, em frente, feito um bom soldado da cavalaria. Hoje, quinta-feira, tive aula de Marketing e de Projeto Interdisciplinar II (TCC). Eu disse que tive, não que as aulas me tiveram. Sim, do Marketing não escapei. Passei seis horas do meu dia voltado especificamente para o TCC.


O TCC está sob a orientação da disciplina do Projeto Interdisciplinar. Mas, outras cinco diferentes disciplinas estão envolvidas com o TCC e para cada uma dessas disciplinas, há que se entregar a parte correspondente do TCC. Na semana passada, foi a parte de Organização e Planejamento. Nesta, a parte de Marketing. Na próxima, de Gestão de Qualidade e, na subsequente, de Gestão Financeira.

E, para cada parte integrante do TCC final entregue, tudo deve ser formatado segundo o padrão. Adivinha quem faz essa formatação para todo o grupo? Pois é! As pessoas mal sabem usar o Word!!! É impressionante!!!


De forma que consumi seis horas do meu precioso dia na formatação do TCC/Marketing. Ao final, o trabalho chegou a 19 páginas. E lá se foi o dia sem que eu ao menos pudesse resolver as questões profissionais que, neste momento, estão latentes.


O importante é que mais um trabalho foi entregue. Fiquei na classe mais para constar: o professor começou a chamar os grupos para discutir o trabalho entregue e as duas aulas se passaram. Nós ficamos para a semana que vem, mas, o trabalho, esse teve de ser entregue. Quando vi que nada aconteceria, resolvi vir embora. Tenho quase uma dezena de matérias para escrever. Entre a minha resolução de vir e o ato de efetivamente vir embora, uma paradinha no boteco, uma conversa com o dono do boteco para emprestar um sem-número de acessórios para o nosso próprio boteco, uma conversa ao telefone para resolver o destino das toalhas xadrez, da estufa e de um possível espremedor industrial que, no fim, não se confirmou.

Chega que, a esta hora, estou decididamente exausto. Escrevi apenas uma matéria e tudo o que vejo à frente são quase 30 entrevistas que, condensadas, deverão se transformar em matérias agradáveis e informativas. É isso aí!

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Rastreio de Cozinha - 139


Começar o dia na 25 de Março? Não tem preço! Foi exatamente assim que começou o meu dia hoje. Às 9 horas da manhã, cheio de disposição e com energia para três cidades de pequeno porte (até parece!), eu estava na Ladeira Porto Geral à procura de figurino para vestir um personagem.

Nosso evento - os 50 Anos da Bossa Nova - é na próxima segunda-feira. E, depois do sucesso do Halloween, temos que, no mínimo, produzir com mais empenho tanto a parte de caracterização quanto a de convencimento de um cenário teatral, ou seja, temos que convencer público e crítica de que somos boêmios cariocas que vivem os esfuziantes anos 60 à beira de botecos banhados pela areia de Copacabana.

E foi isso tudo que me arrancou do doce enlevo das ondas do sono e me levou às outras ondas, do Atlântico que banha o Rio de Janeiro. A 25 de Março nunca está vazia o suficiente a ponto de se percorrê-la de um galope. E, sempre que eu ponho meus pés naquela trincheira, sinto que o calor aumenta, a agitação toma conta de tudo e é preciso um esforço renovado para se manter lúcido.

A 25 é um Saara e somos camelos que percorrem as trilhas e procuram manter alguma dignidade, mesmo que rebolemos as ancas e passemos metade do tempo a ruminar murmúrios de desagrado.


Dizem que se acha de um tudo na 25. Discordo! Se você procura um produto "n", encontrará apenas coisas "t". Quando você, finalmente, desiste de "n" e procura "t", é a vez do "b". É sempre assim. Me parece que a 25 sofre da síndrome do monotemático: todos os comerciantes decidem que é a hora e a vez do roxo e não tem espaço para mais nenhuma cor.

Depois, todos resolvem que a Barbie é a boneca da vez e adeus Susi. Nem sei porque citei as bonecas. Deve ser mesmo por conta do ambiente surreal da 25.

Bem, da minha visita, metade das coisas que eu procurava faltaram e a outra metade foi devidamente esquecida. O calor, a pressa e a pressão fizeram com que uma colega e eu zarpássemos feito lanchas de alta velocidade.


No final, fui encontrar minha fantasia - cujas fotos espero publicar na semana que vem no blog - pertinho de casa, de forma inopinada. Bem-feito! Quem manda sair feito burrinho, com um olhar na cenoura e um escoicear nervoso?

A noite findou com correção de prova, ainda (Planejamento e Organização, em aula totalmente desorganizada e em absoluto planejada), e em contas malucas de Gestão Financeira (Custos). Ai que medo. E o TCC caminha, imponente, com uma parte que deveria ter sido entregue hoje e ficou para a semana que vem e outra que será entregue amanhã. Assim caminha a humanidade. Nós, humanos que pensamos que gente somos, caminhamos e trotamos com e apesar da humanidade.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Rastreio de Cozinha - 138


Tive que faltar, mais uma vez, em função do trabalho. Por mais que você se programe, nem todos os relógios, obviamente, se orientam pelos mesmos ponteiros. Eu tinha entrevistas agendadas para as 16, 17 e 17:30, mais ou menos, com alguma margem para mais ou para menos, exatamente como o fazem as pesquisas eleitorais.

Segundo essa agenda, teria tempo suficiente para terminar tudo e ir para a faculdade. Nada disso aconteceu. A entrevista das 16 foi para as 17, a das 17 não aconteceu na hora e a das 17:30 foi tomada pela primeira entrevista.


Daí que foi uma sucessão de chamadas não-atendidas. Enquanto eu entrevistava uma das fontes, a outra insistia no segundo telefone. Terminei a primeira (das 17:30 horas, que aconteceu quase às 18 horas), fui para a segunda (que era a primeira, das 16 horas) e encerrei com a das 17 horas praticamente às 19 horas.

Um atropelo, uma confluência de ligações, um trem sobre o outro e todos como aviões na pista de manobras, cada um mais impaciente do que o outro para decolar de vez. É mais ou menos assim: você, jornalista, pode aguardar. Mas, a fonte, além de atrasar, jamais pode esperar por você. No final, sempre esperam porque o interesse das empresas pela mídia se sobrepõe a qualquer outro.

Consegui fazer as três entrevistas programadas com duas horas de atraso e, portanto, quando realmente finalizei tudo - entrevistas, recados no celular e no fixo, retorno de e-mails e novas ligações para fechar detalhes com as respectivas assessorias - eram 19:30 horas.

A primeira aula, de Enologia e Enogastronomia, já havia ido pelo ralo. Se eu saísse imediatamente, talvez chegasse na faculdade às 20:15 horas. Mas, claro que eu não estava pronto. Calculei o tempo, percebi que chegaria, numa conta otimista, às 20:40 horas. Desisti.

Minhas aulas começam às 18:40 horas e terminam às 20:45. Impossível cumprir a distância em tempo recorde. Assim, perdi as aulas de Enologia e de Enogastronomia, das quais aprecio sobretudo o momento de degustação de vinhos. Perdi também as aulas de Gestão de Processos e, admito, não senti muito por isso.

Soube depois que a classe (com 33 alunos) estava reduzida a um terço de pessoas. Quase ninguém apareceu. Sorte de quem foi: foram degustadas oito garrafas de vinho, ou seja, quase uma garrafa per capita. Chega dói saber disso!

iPhone e depois

Na onda da touch generation (geração toque, quer dizer, de touch screen - tela sensível ao toque, e não a outro(s) tipo(s) de toque), os sucedâneos do iPhone começam a chegar às prateleiras. Os maiores fabricantes mundiais - Nokia, Samsung, Motorola, RIM/BlackBerry, LG e Sony Ericsson -, movidos pela febre iPhone, devem despejar no mercado suas próprias variações touch screen.


O primeiro a desembarcar com pretensões efetivas de desbancar o rival iPhone é o N96, da finlandesa Nokia. A empresa lançou o aparelho nesta segunda-feira, 27. O N96 é considerado um dos mais completos smartphones (telefone inteligente) do mercado.


Olha as características do N96: tela de 2,8 polegadas, câmera de 5 megapixels, capacidade de 16 GB de armazenamento (dobro do N95), que pode ser expandida para até 24 GB. O N96 é capaz de gravar até 40 horas de vídeo e traz embutido o filme "Transformers". O N96 é um aparelho de terceira geração (3G) e vem com GPS integrado (com seis meses de navegação assistida por voz) e capacidade para armazenar, no music player, até 12 mil músicas.


O modelo já pode ser encontrado na Nokia Store (Oscar Freire, Jardins, São Paulo) e em sites pela internet. O mapa de navegação abrange mais de 800 cidades de todo o Brasil e o preço não fica nada a dever ao chatinho do iPhone: R$ 2.399.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Rastreio de Cozinha - 137


A celebração do Halloween (Dia das Bruxas) acontece no dia 31 de outubro. Hoje, 27 de outubro, antecipamos a comemoração em cinco dias: o segundo evento prático (montagem, decoração, cozinha e recepção) aconteceu nesta segunda-feira e teve como tema justamente o Halloween.

No cardápio, petiscos doces, salgados, sangria e bolo. O Halloween é, culturalmente, uma festa anglo-saxônica (EUA, Canadá, Irlanda e Reino Unido). Mas, como somos, o Brasil, um país que adora adotar as culturas estrangeiras e festejá-las como se nossas fossem, o Halloween é um sucesso de público. E foi assim o segundo evento (o primeiro, na semana passada, foi o Café da Manhã com Monet).


O Halloween tem origens pagã e cristã. Na tradição pagã, começou com os celtas, como um culto aos mortos. Mas, no século II, o druidismo, a religião dos celtas, já havia desaparecido de todo, quase. No cristianismo, no século IV, a Igreja da Síria comemorava o dia de "Todos os Mártires". Mais tarde, a data transformou-se no Dia de Todos os Santos, comemorada no dia 1º. de novembro. Em inglês, essa celebração era chamada de All Hallow's Eve (Vigília de Todos os Santos). Depois, tornou-se All Hallowed Eve e All Hallow Een, até chegar ao Halloween.


Muito popular nos EUA, o Halloween tem sido promovido por grupos neo-pagãos, inclusive com caráter de celebração satânica e ocultista. Mas, no geral, é uma grande festa à fantasia, onde se trocam doces.


E, no evento desta segunda, o grupo que organizou a festa esteve à altura do Halloween: muito negro e roxo. Todos caracterizados. Lindo, alegre e contagiante. Dark sim, mas, um dark brasileiro, como somente nós sabemos sê-lo. Um gótico adaptado para que a alegria prevaleça sobre a palidez européia do primeiro gótico de Goethe.


E, sempre que um evento consegue sucesso de público - a maior parte das pessoas, do grupo, da cozinha e convidados vestiu-se a rigor -, o evento seguinte tem a incumbência de superá-lo ou, pelo menos, fazer algo semelhante em termos de organização e beleza.


O problema é que o próximo evento é o nosso - 50 Anos de Bossa Nova, comida de boteco. Tenho calafrios só de pensar que, depois do que vimos nesta segunda, o verdadeiro neo-Halloween está por vir. Para nós, o próximo grupo. As bruxas já estão soltas.


Para tanto, conto com a presença de bruxos e bruxas locais que colocam os druidas no chinelo. Olha a companhia que teremos: Tom Jobim, João Gilberto, Nara Leão, Elis Regina, Vinícius de Moraes, Chico Buarque. Você concorda que druida nenhum pode com essa legião? Ou, se quiseres, religião?

Pink market

Na próxima terça-feira, 4 de novembro, a Califórnia votará em duas questões importantes:

- Para a eleição do novo presidente dos EUA
- Na Proposition 8, proposta que pretende proibir o casamento homossexual no Estado


Hoje, 24, a Apple anunciou de forma oficial que é contra a iniciativa de proibir o casamento gay na Califórnia. "A Apple foi uma das primeiras empresas da Califórnia a oferecer direitos iguais e benefícios aos parceiros de mesmo sexo de nossos funcionários e acreditamos que os direitos fundamentais de uma pessoa - inclusive o direito de se casar - não devem ser afetados pela orientação sexual", divulgou a empresa, em comunicado no site.

Simultaneamente ao anúncio, a Apple doou US$ 100 mil para a campanha do grupo No On 8, contrário à proibição do casamento gay. Brad Pitt já fez doação semelhante para a causa.


Também o Google, no final do mês passado, se manifestou contra a proibição da união homossexual. Em texto no blog oficial do Google, o co-fundador Sergey Brin disse: "Esperamos que os eleitores da Califórnia votem contra a Proposition 8. Não devemos privar as pessoas de seus direitos fundamentais, inclusive o de se casar com a pessoa que ama, independentemente da opção sexual". Apple e Google, juntinhas, pela mesma causa.

Qual é o motivo? Tenho para mim que, antes mesmo de ser ideologia de ambas as empresas, trata-se do bilionário mercado rosa (ou pink market, mercado gay). No ano passado, o pink market tinha um poder de compra estimado em US$ 660 bilhões, em todo o mundo. Até 2011, esse poder de compra deve chegar aos US$ 835 bilhões. Motivo mais do que justificável para empresas moderninhas (e tradicionalíssimas) saírem do armário e mostrar todo seu apoio.

domingo, 26 de outubro de 2008

Meu rugido dominical


Quando constatamos que somos edifícios em decadência? E se o somos mesmo? Quando começamos a ser desabitados, abandonados, a transformar-nos em ruínas? Se diz do corpo várias coisas: uma catedral, um templo, uma casa ou fortaleza.


São sempre definições positivas, vastas, que nos asseguram, aos nossos corpos, construções que sobreviverão às intempéries, aos abalos sísmicos, alicerçados que estão sobre vigas enraizadas, presas ao solo por concreto e pedra.

Mas, e quando o castelo que somos se decompõe feito aqueles projetos imaginários que supomos castelos de areia? Que arquitetura é sólida o suficiente para que nenhum abalo ponha abaixo as estruturas tão bem construídas e reelaboradas ao longo de toda uma vida?

O corpo é um trabalho em progresso que tem início, meio, auge e decadência. Dado que a idade média em que vivemos está entre a faixa de 75-80 anos, contamos aí com, pelo menos, quatro fases de construção: do marco zero aos 17,18, crises, confusões, descobertas, negações, aceitações. Um torvelinho que nunca se resolve em si mesmo e, geralmente, rodopia até que o próprio rio decida por um destino. Ao sabor da correnteza, feito um tronco de madeira que bóia até achar uma margem.

Às vezes, isso funciona. Ficamos parados e vemos o rio passar. Passa tudo no rio e apenas assistimos. Espectadores que não interagem. Se, e quando o fazem, talvez que possam seguir com a caravana. No mais das vezes, apenas tocamos aqueles "aventureiros" que ousam seguir adiante.

Dos 18 aos 31, 32 anos é a glória. O auge. Pode-se tudo, não há limites. A vida não finda. Um mundo a ser salvo. Nada de salve-te a ti mesmo. Não há tempo para crises. Apenas para gerar crises. O corpo submete-se: portas batidas, janelas escancaradas, acorda-se e adormece-se sob a ação dos cataclismas e tudo parece renovável. A energia é de alta combustão e não há perspectiva de desabastecimento. O mundo desaba lá fora e o edifício permanece, impávido.

Não somos, nessa fase, coadjuvantes. Nada disso. Somos, todos, ilusoriamente, protagonistas, fachadas, e não área dos fundos. Damos o melhor e o pior. Apenas escondemos o lixo na área de dejetos possíveis. Vive-se como se não houvesse amanhã e quando o amanhã chega, estiram-se os braços para o amanhã do amanhã, numa sucessão de dias que não se contam.

Depois dos 33, idade mitológica pisada e repisada pelo cristianismo, parece que um mar Vermelho separa dois mundos. Temos que decidir. Se atravessamos o mar ou por ele seremos engolidos. Se seremos parte do mundo ou viveremos de forma alternativa, em universos paralelos claros apenas para nós mesmos. Ficamos entre a idade da razão e a emoção que lateja, sôfrega e latente.

A solidez da construção já vibra com ventos fortes e, que pena!, teme pelos alicerces que poderiam ter usado material de primeira qualidade. Será que não se podia ter investido na qualidade? Será que fizemos o certo? E quando foi que decidimos que o concreto A era o certo, ao invés do concreto X? As dúvidas se somam às pequenas decomposições. Por vezes, vemos ou imaginamos pequenas chuvas de areia que caem do teto. Apavorados instantaneamente, logo nos esquecemos dos primeiros sinais. E tentamos, com algum esforço, acrescido de degraus cada vez mais altos, superar algumas falhas com reformas, remendos e, de vez em quando, fugas para casas mais sólidas.

Aos 41, definitivamente, o edifício mudou. As paredes, que não vêem uma demão de tinta há décadas, riem desdentadas. Feias e sujas. Quaisquer acréscimos ao antigo templo soam falsos. Os objetos brigam entre si, não há mais harmonia. O feng shui elaborado não passa de uma sombra de falsas coordenadas. Um desequilíbrio visível toma conta da construção. Buscam-se salvaguardas. Quem sabe a cromologia resolve! Talvez uma guinada radical! Pôr abaixo o velho e fazer nascer o novo. Fênix que resolve-se de dentro para fora.

Mas, a linha do tempo é cruel. Os ponteiros avançam rapidamente. Um ano, três, uma década. O prédio esgueira-se por entre prédios mais recentes. Tenta respirar ante tanto novo, sempre o novo a encobrir o velho. Perde-se por corredores e, constrangido, fecha as portas à chave e pesadas correntes. Tem medo de invasões. De invadir. De ousar.

Uma consulta a um arquiteto renomado e moderninho determina o diagnóstico: risco de ruir, necessidade imediata de grandes intervenções na estrutura central. Há que se desenhar uma nova planta, colocar abaixo o velho caramanchão e fazer surgir não o novo, mas uma readaptação. Fase temerosa essa. Reaprender. E, ao fazê-lo, sorrir como se não doessem as pernas a cada passo. Como se o coração não batesse mais forte, falto de fôlego.

Minha casa caiu, dizemos. Para nos anunciar a nova, temos que dizê-lo em voz alta. Para acreditar que, de fato, não há casa eterna. Que a pele fica frágil, perde elasticidade. Perdemos o vigor e o viço. Somos cansaço, mais dor do que amor. O amor vem quando dá, quando vem. Mais de relance do que de fato. A casa precisa cada vez mais de reparos. E desperdiça-se tempo e energia com essas coisas bobas de amor. Ai, cansei! A quarta fase - de assimilação da ruína - fica para a próxima década. Que a minha própria arquitetura da destruição também tem limites, OK? 

sábado, 25 de outubro de 2008

Porque sim



sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Rastreio de Cozinha - 136


Vietnã. Tão longe e desconhecido! E existe há mais de 2,5 mil anos! É um país lembrado apenas como apêndice de um conflito: a Guerra do Vietnã (1959-1975). Foi um conflito entre o Vietnã do Norte e o Vietnã do Sul. O Sul foi apoiado pelos EUA, com o objetivo de impedir que o comunismo do Norte vencesse e unificasse todo o Vietnã sob o regime apoiado pela então URSS. Como é sabido largamente pelo cinema, os EUA tiveram que sair do Vietnã do Sul em 1973, depois de uma conta macabra: morreram cerca de 4 milhões de vietnamitas, 2 milhões de cambojanos (Camboja) e laocianos (Laos) e 50 mil soldados norte-americanos.

Esse conflito impõs aos EUA a pior derrota de todos os tempos ante as tropas inimigas: os vietcongs do Norte travaram uma guerra de guerrilha, ocultados pelas selvas da região e fizeram com que os EUA se retirassem, derrotados. Foi nessa guerra que começou o uso extensivo de armas químicas de grande poder de destruição (como o napalm, o agente laranja e o gás mostarda).


(Peixe ao Barbecue)

Com todos os conflitos, atualmente, o Vietnã, reunificado, tenta ser um dos tigres asiáticos, como os vizinhos Cingapura, Coréia do Sul e Taiwan. Mas, a economia vietnamita está longe desses países. Nas grandes cidades - Ho Chi Minh (capital, ex-Saigon), Hanói e Da Nang -, é mais fácil se deparar com motos do que com carros. Por outro lado, isso torna a gastronomia vietnamita das mais baratas da Ásia.

O prato nacional do Vietnã é o phö, que é uma sopa de peixe com tamarindo. A gastronomia do Vietnã é, em geral, mais sofisticada e mais leve do que a chinesa, com o uso acentuado de ervas e pouca fritura. Tem menos condimentos do que a culinária da Tailândia e da Índia. Em Ho Chi Minh, são populares a salada de lótus (goi sen), a carne cozida no coco, o peixe com tomate, porco, cogumelos e arroz de jasmim preparado no vapor, o que o torna levíssimo. A gastronomia local tem uma espécie de menu degustação com quase uma dezena de pratos - sopas, caldos, saladas, massas, rolinhos, pastéis, bolinhos, carnes, variados tipos de arroz e grande quantidade de frutos do mar, já que o o litoral do Vietnã, banhado pelo Mar do Sul da China, é rico na produção de peixes e crustáceos.


(Arroz Frito Vietnamita)

A base da cozinha vietnamita são as raízes de bambu, lótus, cogumelos, coco e gengibre, além, claro, do arroz, do qual o país é grande produtor e exportador, assim como a maior parte dos países asiáticos. As frutas também são fartas: melancia, banana, tangerinas e fruit du dragon (semelhante à fruta de conde). As sobremesas são baseadas em arroz doce ou arroz de coco.

Mas, mesmo pequeno, o Vietnã tem variações gastronômicas regionais. Em Da Nang (cidade importante mais próxima do Camboja e do Laos), mudam a sopa e os rolinhos (de banana e camarão) e o acento dos pratos é mais picante. Há influência da gastronomia francesa (o Vietnã foi colonizado pela França entre 1859 e 1954), o que deixou marcas francesas na cozinha vietnamita.

Nesta sexta-feira, 24, tivemos a segunda e última aula prática de Cozinha Oriental - Vietnã. Na semana retrasada, eu refiz a prova de Gestão Financeira (Custos) e, portanto, faltei às aulas práticas da primeira parte da cozinha vietnamita. Resgatei um pouco nesta sexta-feira. Fizemos quatro produções: Arroz Frito Vietnamita, Crepes Vietnamitas em Folhas de Alface, Salada Vietnamita de Porco e Camarões e Peixe ao Barbecue.

Muitos colegas faltaram e se atrasaram. Rotineiramente, somos cinco bancadas ao todo. Por conta das ausências, ficamos reduzidos a quatro bancadas (na minha própria bancada, estávamos em três, do total de cinco integrantes). Por conta disso, os componentes de outras bancadas, na medida em que chegaram à aula, se uniram à nossa bancada a ponto de, num determinado momento, chegarmos a 11 componentes!


(Crepes Vietnamitas em Folhas de Alface)

OK, estaria tudo bem não fosse o fato de que, dos oito componentes que se uniram a nós, apenas dois ou três efetivamente ajudaram. Os demais simplesmente ficaram por ali, à espera da comida. O resultado, obviamente, foi o que eu imaginava: pessoas que nem falam conosco no dia-a-dia comeram todas as produções.

Eu não consegui ao menos experimentar meu próprio prato e, a uma dada altura, me faltou fome. Sim, pode me chamar de chato! Mas, enquanto eu montava o prato, as pessoas se serviam sem ao menos olhar para mim. Perdi completamente a fome. Por conta dessa confusão, também não consegui fotografar o prato Salada Vietnamita de Porco e Camarões. Fizeram e apresentaram e nem nos comunicaram, aos três que somos da bancada. Horrível!

De forma excepcional, não vou passar a receita do prato que fiz - Peixe ao Barbecue. Me estendi demais no post porque tentei recuperar o que não escrevi sobre o Vietnã e a gastronomia do país há duas semanas. Pois não é que agora estou com fome?

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Rastreio de Cozinha - 135


Tempestade num dia, calmaria no outro. Isso foi o que ocorreu nas aulas desta quinta-feira. Fora da classe, foi o contrário: a calmaria foi ontem e a tempestade hoje, com ruas alagadas por todo lado. Ainda bem que eu já estava na faculdade. Do contrário, à fúria do tempo eu somaria minha própria fúria porque, certamente, as mudanças climáticas radicais de São Paulo provocam alterações por toda parte: trânsito, metrô, ônibus, carros e pessoas.

Foi uma quinta-feira relativamente calma, dadas as circunstâncias: as notas da P1 de Marketing e de Projetos II (TCC) foram divulgadas e, embora eu não tenha tido uma atuação exatamente brilhante, por enquanto, estou satisfeito.


Hoje também foi o dia em que, finalmente, me tornei 2º. e 1º. cozinheiro, simultaneamente. Recebi os dois certificados de uma só vez. Comentei há algum tempo sobre a certificação após cada módulo. No 1º. módulo, introdutório, não há certificação. No segundo, recebemos (se não tivermos pendências como dependências - DP ou atividades extra-curriculares incompletas), o certificado de 2º. cozinheiro. No 3º. módulo, recebemos o certificado de 1º. cozinheiro. E, finalmente, no 4º. módulo, no qual estamos atualmente, ao fim e ao cabo, se a Tentativa de Cabar Comigo não for bem-sucedida, receberemos o certificado de cozinheiro internacional.

Por enquanto, porque sim, olho para os certificados e vejo apenas longas jornadas noite adentro de aulas e mais aulas. Ainda não sei se arquivo os certificados no meio de velhos atlas ou dicionários ou se me quedo a olhar para entender exatamente o que se passou nos últimos 12 meses. Porque sim.


Aos poucos, somos informados de nossas notas de P1, com ou sem sofrimento, e nunca sem um gemido dolorido. Passada essa etapa, nos restarão apenas intermináveis cobranças. Temos à frente cinco disciplinas envolvidas diretamente com o TCC, duas com eventos, uma com vinho e outra com aulas práticas. Do total, faremos, na P2, três provas. As demais notas serão obtidas a partir da evolução do TCC.

O bom do dia é que acabei no boteco. Nenhuma novidade. A não ser o fato de que estava num lugar exquisito com Patty Diphusa. Como o meu grupo de TCC cumpriu as tarefas agendadas até a última aula, há duas semanas, fomos dispensados e saímos relativamente cedo.

Foi o suficiente para eu ganhar a vida no metrô e sair na Paulista a tempo de tomar uma chuva, ressaca já da tempestade das 19 horas. Caminhei mais algumas quadras e eis-me no Exquisito, boteco equivalente ao nome e com seres que se adequam ao local.


Entre histórias de dependências de surras, uma grande dose de inveja que se arrasta feito areia movediça, incredulidade e posterior credulidade nos astros, Patty e eu passamos boa parte da noite com muito riso e pouco siso. Foi o melhor fecho para uma quinta-feira que começou com compromisso matutino, daqueles que faz a pele de pêssego se converter em maracujá seco.

Odeio o início da manhã, aka 8 horas. Ah! O quê? Sim, entendi. Para você, manhã é 5 ou 6 horas! OK! Cada um com seus problemas. O meu reside no fato de que corpo e cérebro combinaram desde criancinhas que 7, 8 e 9 horas são inimigos deste blogueiro que vos posta.
O organismo se rebela, os olhos não abrem, como nos meus primeiros três meses de vida, e o sol que ilumina a cidade parece uma fornalha que me consumirá em chamas tão logo eu ponha os pés (os quatro porque não tenho equilíbrio de manhã) para fora de casa.


Assim, munido apenas de uma mecânica robótica que insiste em seguir o script para mim roteirizado, saí de casa cedo e fiquei 1:30 hora para chegar ao longínquo país de Santo Amaro. Quando lá cheguei, a caatinga que eu havia deixado na cidade, aka Avenida Paulista, converteu-se em Saara. Pequenas flechas fatais me atingiram e fiquei feito Ícaro quando chegou perto do sol. Ardia!

Fiquei no local, comprometido, cerca de duas horas, tempo suficiente para assistir a três palestras, anotar informações, entrevistar duas pessoas, conversar com conhecidos, tomar uma xícara de café, tomar de colher um inesperado mousse de manga, tomar água, tomar mais uma xícara de café, me despedir, acender um cigarro, esperar o carro e voltar ao Paris-Dakar.

De volta, num equilíbrio insano entre as pistas estreitas daquela estrada que conduz para fora dos limites do país de Santo Amaro, arfei com a falta de ar, gotejei feito propaganda de refrigerante gelado e atingi o clímax quando a Paulista avistei. Em casa! A salvo!

O coração aos solavancos devagar sossegou. Uma vez desintegrado da urbe, o contato com um grande número de vias, veículos e bípedes como eu me exauriu. Porque sim!

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Rastreio de Cozinha - 134


Desabou um teto sobre nossas cabeças. Assim como Newton tomou um bom susto com a maçã que o levou a estabelecer a lei da gravidade, conosco sucedeu semellhante pânico. Porém, ao contrário de Newton, descobrimos que existe a lei da desgravidade: faltou-nos o chão.

Sem a proteção do telhado e com o chão ausente, eis que vimo-nos, subitamente, na condição simultânea de sem-teto e sem-terra. Não me tomem por leviano que não quero zombar de ninguém.

Mas, é assim que estamos, metralhados que fomos por uma armada empedernida que só fez trovejar palavras de ordem, progresso e disciplina, numa inscrição positivista que a nós não nos faz nada positivos. Ao contrário, centelhas, às centenas, de pequenas brasas negativas nos chamuscaram e torraram nossos escassos cérebros.


Mais não faltasse, um rigor absolutista de senhores feudais não permitem flexibilização no establishment. A nós outros, restam poucas alternativas e nenhuma se apresenta animadora.

Logo, de supetão e impulsionado pelo susto, quando dei por mim, percebi que deveria sair do mundo. Desligar as tomadas. Fechar a porta a chave. No ombro, uma mochila de viajante. Quando muito, a música móvel. Não mais que isso.

Despido dos escassos bens materiais que me atrelam a um presente do qual não se vê o futuro e a um passado que, por desgastado, não abona atitudes proficientes, ponho-me a caminho. Menino a caminho. Sim, porque meninos não pensam e nem avaliam. Simplesmente seguem os instintos. E, a caminhar, me livro da cidade, das ruas, tomo uma estrada, sigo sem bússola. Já estou fora dos grandes centros. Quero me livrar dos centros, do humano.

Conforme me afasto, o silêncio aumenta e, dentro de mim, se enche o silêncio. Sem reflexões. Apenas o vazio do silêncio, imensa via-láctea estelar. Apenas um ruído de um jato que passa. O jato sou eu mesmo que corto a barreira do som. Depois da barreira, não há mais som. Apenas uma gelatina espessa, um farfalhar de poeira.


Atinjo um ponto em que horizonte e céu intercambiam-se, negros ambos, e já não os diferencio. Retorno ao primitivismo, ao escuro dos tempos imemoriais. Silêncio. Me converto no ambiente, faço uma metamorfose que ambula e perambula. Realizo a fotossíntese com a terra, com o ar, a água e o fogo. Sou quatro elementos. Sou elementar, meu caro.

Essa viagem não é vã filosofia. É todo o pensamento que me ocorreu depois de ser bombardeado feito cidade inglesa na Segunda Guerra. A um só tempo, bombardearam-nos, aos colegas e a mim, com prazos, inúmeros números e textos e declararam que estamos em operação padrão, vulgarmente denominada por uma sigla que, em si, assemelha-se, foneticamente, àquela organização criminosa que parou a cidade que não para. Refiro-me ao TCC, obviamente.

Depois de duas semanas de provas e de uma Semana de Gastronomia com sabor de estafa e o amargor de um vinho barato, eis que nos jogam, nos atiram mesmo, nos rios infectos do TCC. Prazos? Semana que vem! Volumes? Muitos! Dúvidas? Nenhuma, claro, pois não!


Que fazer? Que não fazer? Chorar, rir ou duvidar? Melhor sonhar acordado. E antes cair das nuvens do que do terceiro andar. Quanto às convenções, que fiquem declaradas em estatutos. Por enquanto, prefiro viajar, senão no tempo atemporal, ao menos nas palavras que me acolhem.

P.S. Só para constar e não parecer o que é, efetivamente (um meio-estado de loucura e surto), tivemos aulas nesta quarta-feira. De Planejamento e Organização (Manual de Boas Práticas, POPs, compras, estoque, controle disso e daquilo) e de Gestão Financeira (Custos), acrescida, certamente, de dez novos cálculos que prometem desbastar as mais vastas cabeleiras somente pelo fato de existirem. Em resumo: sim, as tive, as aulas. E não! Não surtei. Surtaram-me!

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Rastreio de Cozinha - 133

Há tempos eu não reclamo por aqui do metrô, mas, nas três últimas semanas, todo o sistema está um caos. Pelo menos no último mês, três usuários caminharam nas vias enquanto eu fazia o percurso de ida ou de volta. Isso significa que todas as composições têm que parar até que o indivíduo - suicida, louco ou apenas cansado de esperar tanto pelos trens - seja detido pela segurança do metrô.


Até que isso ocorra, todo o sistema já foi afetado, com atrasos, acúmulo de passageiros e lentidão. Na semana passada, houve algum problema técnico entre as estações Carandiru e Tucuruvi (linha azul), o que atrasou todos os demais trens da linha inteira. Isso ocorreu no horário de rush, às 18 horas. A estação Paraíso tinha mais gente do que, provavelmente, os futuros shows de Madonna reunirão no Brasil.


Finalmente, hoje não foi diferente. Me atrasei por conta de trabalho e de entrevistas afinal não-concretizadas e tomei o metrô às 18:45 horas. Portanto, imaginei que já estivesse, ao menos, mais vazio. Ao contrário, estava ainda mais cheio de gente. E a chuva que desabou na capital na tarde de hoje não ajudou em nada. É assim: uma garoa e o metrô para. O sistema, pelo visto, não é impermeável ou então é feito de açúcar. Chuva, ruas alagadas, metrô parado.

Novamente, o Paraíso estava um inferno, com pessoas que formavam ondas (lembra da ola?) a cada trem que encostava na plataforma. Depois de quatro ou cinco trens lotados, passou um vazio e levou pelo menos a metade dos passageiros. Fui embarcar uns três trens depois. Já eram 19:20 horas. Quando cheguei, finalmente, à faculdade, eram 19:40 horas. A primeira aula me foi tomada pela baixa qualidade de serviço do metrô de São Paulo.

Ah! Mas, antes que você me classifique como rabugento, teve algo de agradável: aula de degustação de vinho. E aí tudo volta aos trilhos. Ou desanda de vez, só que de forma mais lúdica. A aula de Enologia e Enogastronomia foi de vinhos espanhóis. Já abordei alguma coisa sobre uvas da Espanha aqui no blog. Mas, quando se trata de vinho, até mesmo um post pode ser repetitivo, quer dizer, da mesma forma como é este blogueiro que vos escreve, quando em estado de embriaguez.

A Espanha é o país que tem a maior área cultivada em vinhedos em todo o mundo. São 54 regiões DO (Denominación de Origen). Os vinhos espanhóis são classificados em três níveis de qualidade:


1. Vino de mesa: vinho inferior, que pode ser produzido em qualquer região da Espanha, não se enquadra na categoria DO.

2. Vino de la tierra: vinho de mesa um pouco mais sofisticado, produzido em regiões vinícolas tradicionais como Andalucía e Castilla-La Mancha, e que também não se enquadra na categoria DO.

3. Vino de Denominación de Origen: vinho de qualidade, produzido em região delimitada e sujeito a regras que determinam o solo, o tipo de uva, o método de vinificação, o teor alcoólico, o tempo de envelhecimento etc. O DO é o equivalente espanhol do AOC francês e do DOC italiano.


Os vinhos espanhóis também são classificados em categorias:

- Vino Joven ou Vino Sin Crianza ou Vino del Año: vinho jovem, pou
co envelhecido.
- Vino de Crianza: envelhecido por, no mínimo, 2 anos
- Vino Reserva: vinho feito das melhores safras, deve ser envelhecido, no mínimo, por 3 anos.
- Vino Gran Reserva: vinho de safras excepcionais, deve envelhecer por, no mínimo, 5 anos.
- Vino de Aguja: vinho branco frisante.
- Vino de Licor: vinho doce, de sobremesa, fortificado.
- Vino Dulce Natural: vinho doce, não-fortificado, para sobremesa.
- Vino Gaseificado: vinho tranquilo (não-espumante), elaborado com adição de gás.


As principais regiões produtoras de vinho espanhol são:

- Ribera del Duero: fica ao norte de Madri, em Castilla-Leon, e disputa a qualidade com os vinhos de Rioja. As uvas permitidas nessa região são a Tinto Fino (ou Tinto de País), que é uma variação da casta Tempranillo, de Rioja; a Cabernet Sauvignon, a Merlot e a Malbec. A casta Garnacha, também permitida, é usada para a produção de vinho rosado.

- Rioja: é uma região próxima de Vitória, capital do País Basco. Foi a primeira região espanhola a projetar o vinho espanhol para o mercado mundial e detém o título de maior região produtora da Espanha. Foi, ainda, a primeira região a adotar as categorias Crianza, Reserva e Gran Reserva. Recentemente, a região de Rioja recebeu um nível de qualidade diferenciado: DO Calificada. Rioja produz vinhos tintos encorpados e leves (clarete) e também brancos e rosés, em menor quantidade.


- Jerez: situa-se ao sul de Sevilha. É da região que nasce o Jerez, fortificado como o vinho do Porto de Portugal. O Jerez precisa envelhecer por, pelo menos, três anos. Há oito tipos de Jerez:

- Fino: pálido, cor de palha, seco, com aroma de torrefação e de nozes, seco e leve ao paladar.
- Manzanilla: feno muito seco, com aroma e gosto de brisa marítima.
- Amontillado: de cor âmbar, é seco e tem aroma de nozes. Na boca, é macio e encorpado.
- Oloroso: seco, pode ser doce, de cor âmbar-mogno, com aromas fragrantes e também de nozes.
- Palo Cortado: seco e envelhecido.
- Pale Cream: de cor palha, com aromas de torrefação e macio e doce ao paladar.
- Pedro Ximenez: doce.
- Cream: oloroso muito doce feito com a casta Pedro Ximenez. É doce, redondo e aveludado.


Se o Jerez é o equivalente da Espanha ao Porto de Portugal, as cavas são o equivalente espanhol do champagne da França. As cavas são espumantes finos e acompanham aperitivos secos e doces de sobremesa.

Os vinhos degustados na aula de hoje foram dois. O primeiro era do tipo Aguja, produzido a partir da casta Moscatel, e que vai bem com mel, pêssego e tender. O segundo vinho degustado foi uma cava (ou espumante). E, para falar a verdade, eu não gosto de espumantes. Como disse o professor, é para ser servido em festas mais populares, com grande número de pessoas. Hummm! Soou meio esnobe, mas, caramba! O tal do espumante não tem aroma e nem gosto. É ruim! E pronto: fechou a segunda-feira!

Alta gastronomia (ou high food)


Para você, que não sai de frente do computador, foram criados alguns pratos especiais que unem os universos da alta tecnologia (high technology) e da gastronomia. Ninguém mais poderá reclamar que a tecnologia causa danos à saúde. O esforço repetitivo ficará por conta do plug-unplug. Sirva-se:

Entradas


Pratos principais



Bebidas


Sobremesas


Cafezinho


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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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