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domingo, 31 de maio de 2009

Meu rugido dominical


Eu assisti quase sem querer, por culpa do zapping, um episódio de uma série para mim inédita. É "Fight of the Conchords", que estreou em 2007, teve um hiato no ano passado e voltou neste ano, no dia 7 deste mês na HBO. Como ocorre com séries boas, já acaba este ano. Foram apenas duas temporadas - 12 episódios em 2007 e 10 agora. "Fight" é uma criação de James Bobin (que fez "Da Ali G Show") e dos atores neo-zelandeses Jemaine Clement e Bret McKenzie, que são músicos e comediantes, e gira em torno de uma dupla folk da Nova Zelândia (baseada nos próprios atores, que interpretam a si mesmos no seriado) que tenta fazer sucesso em Nova York. O seriado está no ar todas as quintas-feiras, às 22 horas, na HBO.

O episódio o qual eu assisti na última quinta-feira foi bastante cômico, com a dupla envolvida com um empresário que portava junto de si uma prancheta com um gráfico e uma caneta vermelha. O gráfico consistia em demonstrar o grau de estreiteza entre a dupla e o empresário e estava dividido em três níveis: amigos, colegas e estranhos.

A dupla, pelo que eu entendi, começava a estabelecer laços de amizade com esse empresário. E conforme aconteciam os eventos entre os três - dupla e empresário - o empresário elevava, com a caneta vermelha, o gráfico do grau de relacionamento entre eles. A dupla chega a atingir o mais alto grau do gráfico e estabelece-se como amiga do empresário.

Mas, por uma série de acontecimentos - como não se dar bem com o melhor amigo do empresário, usar a mesa do escritório do empresário para jogar pingue-pongue e chamar o amigo do empresário de 'chato' -, ambos os cantores perdem rapidamente o valor de mercado e, tal qual numa curva de ações com comportamento instável, descem abaixo do nível de estranhos, a ponto de terem que retomar o contato inicial com o empresário como se não o conhecessem, inclusive com apresentações formais entre eles.

É muito engraçado e, no meio de tudo isso, os músicos cantam e tocam em elevadores de Nova York para ganhar a vida. No final, estão os quatro - dupla, empresário e amigo do empresário - num carro e todos cantam, felizes, os valores da amizade.

Quando terminou o episódio, eu pensei que, talvez, na vida real, temos gráficos imaginários a elevarem ou fazer despencarem as cotações das pessoas no fluxo instável de sobe e desce que depende do comportamento e, sem trocadilho com o mercado financeiro, das ações das pessoas que fazem parte do círculo de amizade de cada um de nós.

Creio que você concorda comigo. Funciona mais ou menos assim: você conhece um(a) estranho(a) que, assim como uma ação de pouca visibilidade na bolsa, merece, de início, pouco mais do que um olhar curioso e talvez uma pequena ponta de avaliação sobre o potencial que aquele papel (pessoa) terá no mercado futuro.

Aos poucos, esse(a) estranho(a) passa a circular com maior frequência no perímetro da sua cesta de ovos (aquela sobre a qual não devemos, conforme mandamentos rígidos do mercado, preencher com todos os ovos de que dispomos sob o alto risco de tropeçarmos e perdermos todos os ovos de uma só vez). Esse novo ovo (que era papel antes), já apresenta uma ligeira ascensão na curva do gráfico. Um pequeno traço vermelho ascendente retirou o papel da categoria dos desconhecidos e o situou na condição de colega. Não existe mais o estranhamento inicial.

Mas o mercado de ações é efêmero e tão volátil como uma vela de má qualidade e, à menor brisa, lá se vão os papéis para os ares, perdidos ou desvalorizados a ponto de arruinar alguns. Assim, o novo, que atingiu o grau de colega, pode, do nada, ganhar repentina valorização ou desaparecer, tal qual quando do lançamento da oferta pública, conhecida no jargão financeiro como oferta pública de aquisição (OPA em português e IPO em inglês).

Se a oferta é boa e bem-aceita, o novo papel tem legitimidade suficiente para chegar ao nível máximo no topo. Uma brilhante e avermelhada curva ascendente percorre o papel e eis que a ação desconhecida assume o selo de "blue chip" (ação de primeira linha no mercado de valores, com alcance internacional e de comprovada lucratividade).

Nesse ponto, o papel/novo(a) amigo(a) atinge o ápice: todos o querem, há uma infinidade de corretores que o cortejam e há uma disputa que chega a ter elementos de práticas ilegais, geralmente não aceitas pelo mercado internacional de capitais. Mas isso são detalhes e, enquanto a "blue chip" reluz no azul infinito de tanta demanda, ninguém avalia os riscos embutidos entre a demasiada demanda e a reduzida oferta que não dá para todos.

E eis que um dia o papel, sem ter um lastro que o sustente com puro ouro de 24 quilates, desaba. Vira título podre, como papéis de governos que emitem sem as respectivas garantias. A vistosa ação cai, vertiginosamente, e nem mesmo as contínuas injeções de novos capitais são capazes de reter a sangria: o gráfico vaza e, em resposta rápida, a curva sanguínea salta em precipício. Lá está você, de novo, na condição de estranho(a). Até mesmo de maldito(a), tendo gerado tanta expectativa e acabado, no mínimo, por quebrar ovos de algumas cestas.

Assim é a amizade: hoje, uma "blue chip", valorizada e badalada como os badalos que abrem o pregão da Bolsa de Nova York. Muito riso, champagne e felicidade. Amanhã, a ressaca faz das faces carrancas e o papel podre vaga em porões sombrios ou em cofres gelados, à espera de um resgate que pode perdurar por décadas.

Claro que essa avaliação sobre a conjuntura da atividade da amizade é um pouco extrema. Mas, ao acompanhar os gráficos históricos no meu próprio mercado de valor, reconheço que algumas ações são bastante sólidas e estão na minha cesta sem grandes flutuações. Outras, perderam completamente o valor de face e apenas vagam, nominais, sem desconto à vista. Algumas ocupam o olimpo: são "blue chips" sempre, isoladas no cenário macroeomocional da minha vida, imunes às crises que vêm e vão.

Numa perspectiva honesta, em que pesem as flutuações do gráfico, com papéis a subirem e descerem feito trenzinhos de montanha-russa, acredito que apliquei bem os meus ovos e os distribui em diversas cestas, seguras o bastante para suportar quebras, falências e concordatas. 

Se não cheguei a enriquecer, tampouco tive ímpetos de investidor nos tempos do crack (ou a grande depressão da Bolsa de Nova York, em 1929). Sim, em alguns momentos me foi necessário recorrer a new deals (novos acordos). Mas, tratados, acordos e formalizações de contratos são parte desse mercado. Afinal, se bem me lembro, somos todos, amigos ou não, regidos por um imenso contrato social. De forma que sou um investidor conservador no que tange a papéis. E não me arrependo de não tentar ganhar no mercado futuro e me arriscar com ações luzentes.

Às preferenciais, por vezes fico com as ordinárias. E nunca me arrependi. Ordinárias são aquelas sem direito a voto e é por isso que as prezo: não sou juiz de valores e, portanto, também não o sou no mercado de valores. Esses papéis, tenho comigo, não votam e, por isso mesmo, assumem, no meu gráfico, o mais alto nível. Sem medo de ir à bancarrota.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Tin tin por tin tin, Spielberg leva Tintin ao cinema

Tintin é belga de origem mas eu o conheci mesmo foi numa pequena cidade do interior de São Paulo. Especificamente, na biblioteca pública da minha cidade natal, São Pedro do Turvo, da qual eu saía sobrecarregado de 6, 7, 8 livros a cada semana. Desde o momento em que descobri as prateleiras coalhadas de livros, não passou semana em que eu não pisasse o asoalho de madeira velha daquelas salas.

Ou muito me engano ou, se for feita uma pesquisa, eu ganho disparado no rol daqueles que retiravam livros por empréstimo naquela biblioteca. Comecei modesto, com um livro. Depois, a assiduidade me deu ares de sócio e, quando vi, já carregava em peso o equivalente a pelo menos três paralelepípedos (outra história a ser contada). Mas os tijolos eram de outra cepa e para outra construção.

Feito um joão-de-barro, biquei por inúmeras vezes o barro que me daria consistência de concreto, tanta foi a literatura da qual eu me abasteci. E foi assim que encontrei Tintin, um belga no meio do interior caipira de São Paulo. O engraçado é que Tintin é repórter. Nem quero pensar que sou jornalista e, portanto, repórter porque li Tintin e enfiei isso na cabeça. Será?













Tintin é uma criação magnífica do autor belga Georges Prosper Remi (aka Hergé) que se aventura por vários lugares do mundo na companhia do fidelíssimo cão Milu (ou Milou, no original francês). Nasceram, ambos, em 10 de janeiro de 1929 (são 80 anos, portanto), nas páginas do suplemento "Le Petit Vingtième", do jornal "Le Vingtième Siècle". Tintin é popular no mundo todo: foi traduzido em mais de 50 línguas e vendeu mais de 200 milhões de histórias em quadrinhos até agora.

Os motivos são bem evidentes: as histórias têm enredo, ou seja, conteúdo e muito humor. Por conta da longevidade e por ter atravessado momentos políticos mundiais dramáticos - Segunda Guerra Mundial, Cortina de Ferro e países africanos que ainda eram colônias belgas -, o autor, Hergé, foi acusado de muita coisa: violência, colonialismo, racismo, fascismo e até mesmo de misoginia por não estampar mulheres nas séries. Oras! São apenas histórias de um personagem adolescente. E todas essas acusações foram feitas fora do contexto da época em que foram publicadas as histórias originais. Hervé chegou a ser acusado de apoiar a causa nazista por ter publicado Tintin em jornal aprovado pelos nazistas!

Por conta disso, muito da obra original foi alterada e alguns títulos foram proscritos em alguns países. Mas isso não arrefeceu o interesse por Tintin. O personagem engraçado tem cinco filmes no currículo: 1947 (de animação), 1961 (com atores reais), 1964 (atores reais), 1971 (animação) e 1974 (animação).

Agora, depois de décadas, deve estrear apenas em 2011 (humpf!) a versão mais esperada, filmada por Steven Spielberg e que traz o ator Jamie Bell (protagonista do ótimo "Billy Elliot) como Tintin. Spielberg comprou os direitos autorais para o cinema de Tintin em 1983, pouco antes da morte de Hergé, também naquele ano. Mas como Hergé se recusara a assinar qualquer contrato, não se sabia se Spielberg viria a fazer a nova versão.

Somente em 2002, a Dreamwors (empresa da qual Spielberg é sócio) comprou os direitos cinematográficos da série. E apenas em 2007 Spielberg e Peter Jackson (diretor da trilogia "O Senhor dos Anéis)  decidiram realizar uma trilogia de Tintin, a ser feita em computação gráfica e motion capture (que dá a sensação de 3D).














O primeiro filme dos três - "As Aventuras de Tintin: o Segredo do Unicórnio" - é dirigido por Spielberg e deve estrear em outubro de 2011 (e lá se vão mais dois anos até a estreia). No elenco, além de Jamie Bell, estão outros nomes como Daniel Craig, Andy Serkis, Simon Pegg, Toby Jones e Mackenzie Crook. Eu não vejo a hora. Vou pelo menos resgatar o belga que eu li durante muito tempo na adolescência, sem saber direito quem era e porque exatamente estava lá, nos fundos daquela biblioteca pública.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

A lábia irresistível do lábio

Me abrochou os lábios num comprimir de bocas que afrouxou qualquer tentativa de resistência. Os lábios que tocaram os meus estavam secos depois de tão longo inverno. Meus lábios procuraram os seus em silencioso consentimento. Ao olhar, seguiu-se o ritual de colar os lábios seus nos lábios meus. Com lascívia lábia, pousou sedosos lábios nos meus próprios e me calou.

E num movimento repentino, tascou-me um beijo mais do que roubado, quase invasivo. Deleitou-se nos meus lábios como se fossem seus. Tomou-me o fôlego ao selar minhas palavras com lábios mais contundentes do que mil palavras. Torceu-me pela boca ao me penetrar com lábios ferozes. Uivou gritos surdos de lábio a lábio.



















Secos, molhados, carnudos, finos, delineados, rudes, que revelam ou ocultam, os lábios são a melhor expressão, a troca mais íntima do desejo. Não o dizem como o dizem os olhos: fazem. Traduzem os olhares em atitude. Os lábios podem ser estéticos. E o são.

Sem fazer de rogadas, as mulheres cravam cores mais do que gritantes nos lábios. Aos homens, resta-lhes o enfeite dos pelos do rosto ou apenas os lábios crus, sem retoques. Os lábios não são condutores do desejo por acaso: tudo começa ali, para se estender em contatos os mais íntimos. O lábio inferior, para quem não lhe dava quase nada, oras, veja só, ajuda na seleção sexual dos genes.

Se os olhos servem para definir se é amor ou ódio "à primeira vista", digo que os lábios fazem a seleção seguinte, se vamos ou não para a cama. Objetivo assim.

(Este post é a segunda parte do meu "Projeto Frankenstein", que consiste em juntar as partes de um corpo para chamar de meu. A primeira parte começou com os olhos, neste link aqui.)

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Gosto não se discute, se expõe: a comida vai da mesa à tela

Gosto de arte e de gastronomia. E quando juntam os dois, é um banquete para os sentidos. Foi o que fez a chinesa Ju Duoqi, que recriou telas famosas com batatas, gengibre, tofu, cebolas e pepinos.


Os quadros de Duoqi que estampam este post estão expostos numa coleção chamada "Museu do Legume", na galeria de Fotografia Paris-Pequim, em Pequim. A artista transforma os ingredientes em arte desde 2006 e, além de usar frutas, legumes e verduras frescos, também os usa secos, murchos, em conserva, fritos e fervidos.

Tomei a liberdade de estampar a criatividade da artista chinesa ao lado da obra original na qual se inspirou. Isso me exigiu bastante esforço, na verdade, dado que a maior parte das obras originais eram por mim completamente desconhecidas. Mas valeu a pena. São 19 obras no total, replicadas de forma fiel pela artista chinesa:



("O Grito", de Munch, e "O Grito das Batatas-Doces", de Ju)



("A Cigana Adormecida", de Rousseau, e "A Cartomante Adormecida", de Ju)



"A Morte de Marat", de Jacques-Louis David, e "A Morte da Cabeça de Repolho", de Ju)



("Autorretrato", de Picasso, e "Picasso com Cebolas e Macarrão", de Ju)



("O Nascimento de Vênus", de Bouguereau, e "O Nascimento do Homem-Gengibre", de Ju)



("O Aniversário", de Marc Chagall, e "O Aniversário das Beringelas", de Ju)


("Os Barqueiros do Volga", de Efimovich, e "Os Pepinos Curtidos do Volga", de Ju)



("A Última Ceia", de Leonardo da Vinci, e "A Última Ceia com os Homens-Gengibre", de Ju)



("Os Fuzilamentos de 3 de Maio de 1808", de Goya, e "O 3 de Maio de 2008", de Ju)



("A Jangada de Medusa", de Géricault, e "A Jangada de Raízes de Lótus", de Ju)



("O Sonho", de Picasso, e "O Sonho de Tofu", de Ju)



("O Nascimento de Vênus", de Botticelli, e "O Nascimento do Radichi", de Ju)



("Autorretrato", de Van Gogh, e "Van Gogh Feito de Alho-Poró", de Ju)



("Marilyn", de Andy Warhol, e "Repolho Monroe", de Ju)



("O Beijo", de Klimt, e "O Beijo de Radichi", de Ju)



("Mona Lisa", de Leonardo da Vinci, e "Mona Tofu", de Ju)



("Napoleão Cruzando São Bernardo", de Jacques-Louis David, e "Napoleão Sobre Batatas", de Ju)



("A Lição de Anatomia do Dr. Tulp", de Rembrandt, e o "Dr. Repolho em Conserva", de Ju)


("A Liberdade Guiando o Povo", de Eugéne Delacroix, e "A Liberdade Guiando os Legumes", de Ju)

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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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