Perdida por Lost
No Brasil, o indefectível "jeitinho" de obter o que se quer ao menor custo possível fez com que se desenvolvesse no País um mercado pirata de games, DVDs, CDs e downloads de MP3 e de seriados que supera, em muito, o mercado convencional.
Somos um dos maiores usuários de internet do mundo e o País que fica o maior tempo mensal conectado à internet. Por quê? Com certeza, não é porque somos ultramodernos, e sim porque fazer downloads gratuitos requer tempo.
A maior parte dos seriados da TV paga é convertida e baixada assim que os originais norte-americanos ganham a tela. Caso de "24 Horas", "Heroes", "House", "Lost" e outras séries de sucesso.
Mas, em outros países, onde a fiscalização é bem mais eficiente, baixar seriados de forma gratuita pode dar cadeia. Em geral, nos EUA e Europa, há um eficaz controle do número IP (Internet Protocol), que identifica o usuário e, no momento em que a banda de consumo de bytes desse usuário apresenta uma curva ascendente, a polícia pode entrar em contato imediatamente e fazer com que o usuário deixe de baixar de forma pirata programas protegidos por direitos autorais (conhecidos pela sigla DRM - Digital Restrictions Management).
Foi assim que uma adolescente de 14 anos, filha de uma vereadora da Espanha, gastou entre 30 mil euros e 40 mil euros (de R$ 90 mil a R$ 120 mil), pagos por cartão corporativo do governo, para baixar a temporada atual de "Lost" via internet. A garota usou uma conexão Wi-Fi (sem fio), no seu próprio quarto. Conexões Wi-Fi, quando pagas, podem encarecer bastante a fatura. A mãe tem um serviço de internet fixa em casa e foi pega de surpresa. O resultado é que além de sofrer sindicância pelo uso indevido do cartão do governo, terá que pagar a conta que a filha debitou no cartão.
Por aqui, conheço várias pessoas que baixam gratuitamente temporadas inteiras desses seriados. Jamais alguém pagaria R$ 50 ou R$ 100 por um seriado. De forma que não sei dizer se a menina de 14 anos foi estúpida ou nós é que somos ladrões digitais que se recusam a pagar fortunas por conteúdo de terceiros. Como jornalista, defendo a proteção ao direito autoral. Mas, também defendo que empresas de conteúdo desenvolvam produções acessíveis ao bolso do consumidor. É impossível, por exemplo, pagar R$ 700 por um software ou por um game quando a oferta do mesmo produto pirata está ali, na banca do camelô, por irrisórios R$ 10.
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