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terça-feira, 30 de setembro de 2008

Rastreio de Cozinha - 123

Têm coisas que funcionam assim: basta você se espernear um pouquinho e as pessoas liberam. Hoje tivemos teoria e degustação de vinhos. Quase inacreditável porque já era praticamente certo que não teríamos novas degustações. Como foi algo inesperado, não tive sequer a lembrança de registrar os nomes dos vinhos servidos.


Foram duas castas: Cabernet Sauvignon e Merlot (TTO ambos). Antes, porém, foram abordados os vinhos classificados no Olimpo dos vinhos: é a classificação Premier Cru Classé, onde estão alguns dos vinhos mais famosos do mundo: Chateau Petrus (Merlot), Chateau Margaux, Mouton Rothschild e Chateau Latour (todos os três são Cabernet Sauvignon). Vimos também os brancos (BCO) da região francesa do Loire, os Chablis: Petit Chablis, Chablis, Chablis Premier Cru e Chablis Grand Cru.


(Chateau Mouton Rothschild)

Outro vinho estudado foi o Chateau d'Yquem (BCO), um dos mais famosos vinhos Sauternes do mundo. As castas do d'Yquem são 80% Semillón e 20% Sauvignon Blanc e o vinho é classificado como Premier Cru Supérieur. O Sauternes já foi abordado neste blog e é o vinho em cuja ativação está presente a Botrytis cinerea , bactéria que desidrata a uva.


(Chateau Latour)

Para efeito de classificação, além do PCC (Premier Cru Classé), os vinhos são classificados em V Table (vin de table ou vinho de mesa), para os vinhos mais básicos; AC (Apellation Contrôlée), que classifica genericamente os vinhos de Bordeaux (região da França) e AOC (Apellation d'Origine Contrôlée), que classifica especificamente os vinhos de uma determinada região ou cidade. Para obter a AOC, os vinhos devem ser produzidos na mesma forma e com igual qualidade durante 5 anos.

A pontuação dos vinhos leva em conta vários itens e segue a ficha internacional de degustação. Os pontos vão de 1 a 100: de 50 a 59, os vinhos são considerados regulares; de 60 a 69, médios; de 70 a 79, bons; de 80 a 89, muito bons; e de 90 a 99, excelentes.


(Chateau Margaux)

Em geral, os vinhos acondicionados em garrafas amarelas ou âmbar são mais encorpados (como os da casta Chardonnay) e os engarrafados em garrafas verdes são menos encorpados (como os da casta Sauvignon Blanc).


(Chateau d'Yquem)

O segundo tema deste post envolve as provas. Ainda não comentei nada aqui no blog, mas, estamos em pleno período de provas. Desde o último final de semana, tenho feito uma série de trabalhos. No domingo, respondi uma prova online, de Eventos e Sala e Bar. Na segunda-feira, falamos sobre essa prova, que tinha uma questão errada e que foi anulada. Hoje, tivemos a prova de Gestão de Pessoas e Qualidade. Foram duas folhas (frente e verso) de respostas. Amanhã, quarta-feira, temos mais duas provas: Planejamento e Organização e a temida Gestão Financeira (Custos).

Ainda teremos provas de Marketing, entrega de trabalhos e pendências em Projetos II (vulgo TCC) e na sexta-feira prova prática de Cozinha Oriental (também temos prova descritiva dessa disciplina no portal da faculdade). Na semana que vem, entrega do projeto de Eventos (faremos um evento) e na terça-feira, a prova de vinhos. Ufa!!!

(Repare: se você gosta de vinhos, saiba que a taça oficial de vinhos contém, em média, 238 calorias, ou seja, o vinho, além de todas as propriedades associadas, é, ainda, alimento.)

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Rastreio de Cozinha - 122


Eu uso bastante um recurso que, a despeito de ser batido, funciona bem para mim: repetir o bordão "um dia de cada vez". E não almejar o futuro, seja amanhã, na semana que vem ou nos próximos dois anos. Intrinsecamente, isso sou eu: não consigo fazer longos planejamentos e sempre tendo a viver apenas o momento. E nunca, mas nunca mesmo, ouso me preocupar e sofrer por antecipação. Essas premissas de vida me garantem uma relativa serenidade para lidar com o dia-a-dia.


(Alexander)

Sei que tenho uma alta dose de ansiedade que, até há pouco, eu desconhecia ou procurava ignorar. Mas, para as coisas práticas, isso não funciona. E tenho visto que para assuntos mais complicados há momentos em que é preciso apenas parar e deixar acontecer. Ou não. Um primeiro passo deve ser dado, sim. Mas, não posso também fazer desse passo uma maratona. Até mesmo porque o único competidor seria eu mesmo. E pior: contra mim.

Esse preâmbulo autobiográfico tem um motivo: sempre que se espera algo, o que vem como resposta pode ser bastante diverso, se não totalmente o oposto. Não se irrite comigo. Estou a falar apenas de aulas mesmo, nada mais.

Às segundas-feiras, temos aulas de Eventos (as duas primeiras) e de Sala e Bar (as duas últimas). Ambas são ministradas pelo mesmo professor. Na cadência das aulas de Eventos que, como eu já disse antes, são, para mim, bastante aborrecidas, eu carrego a segunda-feira inteira: um dia chato porque nos coloca repentinamente em contato com a realidade que muitos de nós encobrem com os sábados e domingos.


(Batida de Coco)

E foi assim mesmo. Tivemos aulas teórica e prática de como se montar os diversos serviços à mesa: à russa, à francesa, à inglesa, à americana e até mesmo à brasileira. Aparentemente, basta colocar os talheres, os pratos, o pratinho e talheres de pão, os copos, o guardanapo, o saleiro e o pimenteiro. Mas, nada nunca é tão simples, pois não?

Sei que passamos duas aulas inteiras a apontar erros em fotos de mesas montadas, anotar quando vai ou não a colher, o garfo, a faca; onde fica o copo d'água, o de vinho tinto, o de vinho branco e, se houver, também o de champagne. Também fomos instruídos em aula prática. E como o garçom deve servir - agora, à direita; neste momento, à esquerda; agora, de novo à direita; se for assim, use o alicate (garfo e colher como apetrecho para distribuir a comida); se for assado, use o alicate também.


(Bloody Mary)

Foi uma sucessão de diversos tipos de serviços e, a certa altura, fosse eu um polvo, meus inúmeros braços não dariam conta de tantos lados relativos aos vários tipos de serviços. Daí que volto ao início do post para dizer que não adianta sofrer por antecipação. Quando eu imaginei que ficaria atabalhoado com tantas direções em torno de um único cliente numa singela mesa?

Por que todos os detalhes têm que ser tão complicados, tão cheios de pompa e circunstância se, ao se servirem os ovos, que frigem, o único e exclusivo objetivo é alimentar e, definitivamente, saciar o comensal? Queria ter a força de Escoffier para alterar as métricas tão bem detalhadas que consistem num aparente "serviço sofisticado". A mim me parece, cada vez mais, que se trava uma verdadeira batalha de braços ao redor do cliente, conforme o tipo de serviço que o restaurante oferece. Pensei um pouco mais e fui além: e se o garçom for tomado por um surto e começasse a abraçar o cliente?
 

(Caipirinha)

E usar, dessa forma, os braços para um fim mais afetivo? E se todos - garçons e clientes - se congraçassem, ao invés de, cada um, tomar posição e se preparar como se a refeição fosse quase uma missa, tão alto é o ritual que a cerca? Sei lá. Por um momento, penso que há que se quebrar protocolos, cerimônias e frescuras e ser mais rés-do-chão. Afinal, comer é apenas para matar a fome ou deve ser um ato encarado como se a um matadouro fossem o cliente e o garçom juntos? Definitivamente, o atual serviço de restaurante (qualquer que seja) não me agrada nem um pouco. Ou eu é que estou com um início de surto. Vou tentar, por ora, um ansiolítico.


(Dry Martini)

Mas, outro assunto, que me agrada sobremaneira, dominou as duas aulas seguintes. Infelizmente, de novo de volta ao início do post, não dá para se planejar nada mais além de poucos minutos que se nos precedem. Portanto, nada de sonhar com a aula que vem, na próxima semana, na expectativa de que as coisas que são interessantes continuarão a sê-lo.

Imbuído desse espírito (talvez em função do ansilítico tomado ainda há pouco, logo no parágrafo acima), não foi surpresa saber que hoje, segunda-feira, 29, tivemos nossas últimas experiências de bartender. Acabam, aqui, neste post, os experimentos com os mais variados e glamurosos coquetéis.


(Havana Sunrise)

OK. Posso até carregar na tinta e soar hiperbólico, mas, como assim? Como tirar o doce da boca da criança? Já? Sem aviso prévio? Foi exatamente assim. Fomos (colegas e eu) confrontados com a mísera realidade: não haverá mais drink, nem coquetéis bonitos, nem as maravilhosas experimentações ao final das segundas-feiras.

Você pode achar que faço de coquetéis verdadeiras tempestades em copos longos. Por favor, não me veja apenas como um quase delinquente bebedor de boteco. OK, há um pouco de verdade nisso, mas, a verdade está lá fora também (só usei a expressão porque era fã de Arquivo X).


(Piña Colada)

Para mim, a verdade está no vinho e, até hoje, estava nos coquetéis também, de forma complementar. Pois que agora tenho apenas meia-verdade: os vinhos, não os degustamos há algumas semanas. Parece que entre a adega da faculdade e a nossa sala de degustação de vinhos há algum tipo de decantador gigantesco (forma de um balde gigante, lembra?) que impede que o vinho chegue, soberano, até nós.

Agora, cessam os coquetéis. Ficarão apenas o serviço de mesa, pratos, talheres e os copos e taças. Esses recipientes, naturalmente aptos a receber líquidos atraentes, terão que se contentar em ficar cheios de ar.


(Sex On The Beach)

Para não fazer desse post um adeus, e depois, até um dia, quem sabe, vou somente citar os derradeiros coquetéis mui bem servidos e devidamente absorvidos: Dry Martini, Caipirinha, Bloody Mary, Alexander, Whisky Sour, Piña Colada, Havana Sunrise, Batida de Coco Brasileira e Sex On The Beach. Foram ao todo 9 coquetéis e, num rasgo de generosidade, o professor fez mais 3 livres, de criação própria, que, prontamente, giraram feito perus bêbados em véspera de Natal entre nossas mãos e bocas e foram direto para as profundas das gargantas secas.

Dada a minha incapacidade neurônica (neologismo, obviamente), não consigo me definir entre um coquetel e outro para eleger o preferido (não sou imperador romano, afinal). Assim, para não fazer prevalecer um sobre o outro e ainda ter dúvidas, posto as fotos em prosaica ordem alfabética, o que mantém um certo distanciamento crítico. Mas, não o suficiente para que, ao estender meu braço, eu consiga tocar num dos preferidos (OK, algo meio romano, enfim).


(Whisky Sour)

De tudo isso, tomo de empréstimo a frase de Marx (tudo o que é sólido desmancha no ar) para refazer a construção: Tudo o que é líquido evapora e deixa um gosto amargo no ar. Protesto, individualmente, pela perda da mais-valia que adicionava um sabor amargo, doce, ácido, envolvente, sedoso, viscoso às segundas-feiras e retomo vivamente a prática de não sonhar com o amanhã porque o hoje, desengonçado, talvez não se converta num amanhã aprazível.

P.S. Só para constar: quando escrevi o post, não estava sob o efeito do álcool, ainda que pelas minhas mãos tenham passado mais de uma dezena de copos (dos mais variados feitios e conteúdos) e, pela minha boca, segundo a memória de minhas papilas gustativas, um ou outro líquido encontrou a devida guarida.

Gay TV


Daqui a um mês, em 1º. de novembro, estréia a TIMM, o primeiro canal de TV de temática gay da Alemanha. O canal, aberto, será mantido por patrocinadores e anunciantes, e, segundo a empresa que o opera - Deutesche Fernsehwerke (DFW) - a expectativa é oferecer ao telespectador serviços de interesse geral e séries, filmes, documentários, notícias e entretenimento. O canal deve oferecer produções próprias como um programa de viagens, uma atração de namoro e outra de bate-papo.


Algumas séries que irão ao ar são conhecidas internacionalmente, como Queer as Folk, Footballer's Wives, Noah's Arc e Mile High. Entre os filmes programados estão Beautiful Boxer, sobre o qual comentei recentemente aqui no blog, The Line of Beauty, Ma Vie en Rose e Prêt-à-Porter.

A TIMM será transmitida diariamente das 18 horas às 24 horas, com uma grade estendida nos finais de semana. O serviço estará disponível, na Alemanha, no sinal digital do satélite Astra, na rede de TV a cabo alemã, disponível na Alemanha e em outros países europeus, e na internet, por meio de IPTV (TV sobre internet), na plataforma Zattoo.


O site da TIMM é www.timm.de e permitirá aos telespectadores a possibilidade de postar comentários, interagir com programas e contribuir com conteúdo próprio. Futuramente, estão previstos, no site, os serviços de streaming de vídeo ao vivo, serviços de video-on-demand e também de streaming de rádio.

O canal alemão não é o primeiro a oferecer temática gay exclusiva ao público. Já existem vários canais tanto na Europa (Gay TV na Itália, Pink TV na França) quanto nos EUA, principalmente sob a plataforma IPTV. Basta fazer uma busca no Google e você terá acesso a um infinidade de opções de canais.

domingo, 28 de setembro de 2008

Meu rugido dominical


"Alice", a nova série brasileira da HBO, estreou no domingo passado. O nome da série indica que existem duas Alices: a do país das maravilhas e aquela que se verá através do espelho. São 13 episódios cujos nomes, com algumas exceções, reafirmam essa Alice, da série, com aquela, de Lewis Carrol, inclusive com incursões pelos subterrâneos (moradia do coelho), pela travessia do espelho ou, ainda, na busca do mundo mágico (wonderland), em oposição ao árido mundo real.


O primeiro episódio - "Pela Toca do Coelho" - narra a mudança de cenários. Alice vem de Palmas (TO) para São Paulo, em função da morte inesperada do pai. A viagem deveria ser curta, mas, Alice permanece em São Paulo e aqui começa a dualidade da série: a metrópole São Paulo em contraste com a provinciana Palmas.

Alice trocará uma vida previsível na capital do Tocantins (emprego, vida com o namorado) pelo movimento caótico de São Paulo que a envolve feito um redemoinho. No primeiro episódio, Alice já é tragada por esse redemoinho quando perde o vôo de volta para casa e, em saltos, como um coelho amalucado, acaba nos braços de um DJ, depois de um passeio pela avenida Paulista (entre tocas - túneis e o hotel).

O argumento de "Alice" girará em torno da protagonista e, nos 13 episódios, cobrirá um ano de Alice na cidade de São Paulo e como a personagem amadurece em função de si, da família, dos amigos e da própria cidade. Os fragmentos de São Paulo no primeiro episódio, no entanto, deixam claro que a cidade é uma das protagonistas da série.

São Paulo, por si mesma, pulsa sozinha. A cidade, quando te acolhe, te traga pela luz, pela dinâmica e pelas veias sinuosas, onde ruas te conduzem para cidades dentro de cidades. Cada vez que me atiro pela cidade, sinto, ainda, a leve pressão sobre os ombros, um abafado peso que São Paulo te dá. De um extremo a outro, cada noite vivida em São Paulo pode ser da mais diversa natureza.

O fato de se viver entocado (no subúrbio, nas galerias, nos apartamentos, no trânsito) nos transforma, literalmente, em coelhos amalucados que sempre perdem a hora do chá. Há muitos chapeleiros malucos com os quais podemos cruzar. Rainhas loucas, que querem nos degolar (física e sexualmente), também.

São Paulo é o país das maravilhas, mas, é, também, o mundo obscuro que há por detrás do espelho. É sempre, para mim, a novidade. Quase sempre, reúne as pessoas mais variadas em torno de um chá confuso. Quando vejo as ruas, vejo também milhares de coelhos que correm na superfície apenas para cruzar de uma toca para outra.

A cidade não te assimila de imediato. É indiferente à sua condição. Te maltrata. Surpreende. As pessoas podem ser nocivas. E leves. Podem te contaminar. E não. Alice, no primeiro episódio, passa muito rápido entre diversas situações. E o fato de dormir com um cara que acaba de conhecer é sintomático de São Paulo. 

Porque a cidade é exatamente assim. Você vai a uma festa, conhece alguém e fica com a pessoa. Depois, a perde no anonimato. São Paulo é imensa. Mas, há pequenos mundos fechados em si mesmo em que você é uma Alice que sabe o caminho de volta do poço. Se escorregamos pelo buraco ou se atravessamos o espelho, mais cedo ou mais tarde, ao injetar São Paulo nas veias, sabemos achar cada saída do labirinto.

"Alice" não é uma novidade. É mais um olhar sobre essa cidade e como as pessoas se movimentam, amam, sofrem, crescem ou se diminuem. Às vezes, olho para São Paulo e enxergo tantas possibilidades que me parecem infinitas. Por outras, não vejo mais nada além de pressa: para trabalhar, para viver, para tentar viver.

A dualidade de São Paulo - maravilha ou desterro - torna-nos, acho, duais também: ora somos conduzidos pelas fantasias de uma Alice maravilhada com uma infinidade de atrativos, ora somos uma Alice aterrorizada por ter atravessado o espelho e ter que se confrontar com o horror de não ser ouvida pelos que ficaram apenas no reflexo.

A série está na grade da HBO e vai ao ar aos domingos, às 22 horas (com reprise à 1 hora no HBO Plus). Alice é interpretada pela atriz Andréia Horta, que participou no teatro do espetáculo "Vertigem BR-3", da companhia Teatro da Vertigem, atuou como Márcia Kubitschek na minissérie "JK", da Globo, e está no ar na novela "Chamas da Vida", da Record.

A criação e a direção de "Alice" é de Karim Aïnouz (co-roteirista de "Abril Despedaçado" e diretor de "Madame Satã" e de "O Céu de Suely") e de Sérgio Machado (roteirista e assistente de direção de "Abril Despedaçado" e assistente de direção de "Central do Brasil" e de "O Primeiro Dia").

Os episódios da série, na sequência, são: Pela Toca do Coelho, O Tesouro de Alice, O Retorno de Elvira Ciprianni, No Jardim das Flores Perdidas, Os Peixinhos Dourados de Dona Sumiko, O Lado Escuro do Espelho, Wonderland, A Guerra de Alice, Em Busca do Outro, Na Cidade de Alice, A Mil Quilômetros por Hora, Em Queda Livre e À Flor da Pele.

sábado, 27 de setembro de 2008

The book is on the table

Estou no finalzinho da leitura da biografia "Escoffier, o Rei dos Chefs", de Kenneth James (editora Senac, 471 páginas). Auguste Escoffier viveu entre 1846 e 1935 e tanto foi o "rei dos chefs" quanto o "chef dos reis".



O francês é considerado o pai da gastronomia moderna: foi ele que estabeleceu o serviço à russa nos restaurantes ocidentais. No serviço à russa, a comida é servida ao comensal diante do cliente e as travessas podem ser colocadas em réchauds em mesinhas (guéridon). O garçom prepara e faz o prato de cada pessoa e o serviço tem a seguinte sequência: entrada (pratos frios), prato principal (pratos quentes), sobremesa e digestivos (café e licores, com ou sem acompanhamento de alimentos).

Quebrava-se, assim, a antiga tradição do serviço à francesa, em que os pratos eram colocados simultaneamente à mesa e no qual os convidados mais importantes ficavam em frente aos melhores pratos. No serviço à francesa, os pratos vinham na seguinte sequência: caldos e sopas, acepipes, pescados e entradas, em primeiro lugar; depois, os assados e verduras; e, por fim, as sobremesas. Cuidava-se mais da etiqueta, elaborada, do que da praticidade. Os convidados tinham, inclusive, de deixar a mesa porque não havia o serviço de garçom tal como o conhecemos atualmente.

Escoffier também implantou o conceito de brigada na cozinha, com as diversas estruturas hierárquicas entre o pessoal que faz a comida: chef, sous chef, chefs de partida e commis. O uniforme usado por nós, na cozinha, é inspirado em vestimentas militares, como a dólmã. O cozinheiro baseou-se no período em que trabalhou com Napoleão III, durante a Guerra Franco-Prussiana (1870-1871) para implantar essas revoluções nas cozinhas.

O livro também aborda a relação profissional entre Escoffier e César Ritz (que durou de 1884 a 1908), fundador das cadeiras de hotéis Carlton-Ritz (o Ritz Hotel de Paris, atualmente, é de propriedade de Mohamed Al Fayed, pai de Dodi, namorado de Lady Di).

Mas, o livro não consegue desvendar a vida pessoal de Escoffier. São muito poucas as indicações que o chef, que anotava muita coisa e publicou vários livros, faz sobre sua própria família, da qual se ausentou boa parte da vida. Também não consegue estabelecer a verdadeira relação que Escoffier mantinha com a atriz Sarah Bernhardt. Os dois mantiveram, a vida toda, uma amizade, cuja discrição de Escoffier colocou um manto de silêncio sobre qual era, efetivamente, o verdadeiro relacionamento entre a atriz e o chef.

Escoffier trabalhou durante 75 anos e é, ainda hoje, referência máxima da gastronomia francesa que se espalhou pelo mundo. Uma das suas receitas mais conhecidas é o "Pêssegos Melba", mas, há uma infinidade de interferências de Escoffier que foram assimiladas pelas cozinhas ocidentais da França, Europa, EUA e que chegaram até nós. Inclusive, por meio da rede de hotéis Carlton-Ritz, na qual Escoffier implantou dezenas de cozinhas.

O livro é bom e fornece vários elementos para entender como a gastronomia e a cozinha ocidental atingiram o atual patamar. Sem Escoffier, que cuidou de codificar muita coisa da gastronomia moderna, talvez a comida não fosse tratada da forma como o é hoje.

Alice


Se alguém souber que música é essa, por favor, me diga. Please, please!!!


sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Rastreio de Cozinha - 121

Sexta-feira é o melhor dia da semana - da própria semana e da faculdade. Fazemos (ou faço) o que mais gostamos: comida. Quase sempre, são quatro as produções. E somos rápidos: às 21:30 horas, já apresentamos todos os pratos, estamos com a cozinha em ordem e prontos para cair na vida.


Como se convenciona que sexta é dia de cerveja e que nos convencionamos, uma amiga e eu, no projeto de integração com a nova classe (que, depois de um mês, não tem nada de nova), nossa parada obrigatória é no P4 que, conforme eu já disse antes aqui no blog, é a extensão da faculdade (que tem o P1, o P2 e o P3).


(Arroz Frito ao Coentro e Manjericão)

Se, durante a semana, mal conseguimos nos falar (os colegas, em geral), na sexta há tempo de sobra para falar e muito. Até mais do que deveríamos, creio. Uns e outros ficamos por ali, entre conversas descompromissadas, sem hora certa para ir embora. Em geral, é uma corrida para o metrô no último minuto. Sexta-feira é o dia em que, finalmente, todos relaxam. Ainda que muitos trabalhem aos sábados. Sexta é o dia de dar um pé nas aflições da semana e rir, feliz consigo e com os demais. É o que tenho feito nas últimas semanas e, acredite, volto para casa bastante mais leve do que os demais dias.


(Curry de Carne Musaman)

Hoje, fizemos quatro produções das últimas aulas tailandesas. É uma pena porque a comida da Tailândia é maravilhosa. Nem China, nem Japão, a gastronomia tailandesa está, na minha opinião, equilibrada entre essas duas tradicionais cozinhas. A Tailândia é tropical e esse tropicalismo está refletido no uso da pimenta, do coco e de temperos altamente aromáticos, fortes e picantes, sejam os pratos feitos de carne, peixe, porco ou frango.

As quatro produções foram Camarões em Molho Cítrico e Coco Queimado (da qual não há foto porque alguns colegas se esquecem de que a bancada é coletiva, e não individual - não me chamaram para a foto, para a avaliação do professor e tampouco para degustar o prato, do qual fiquei sem saber o sabor, afinal), Arroz Frito ao Coentro e Manjericão e Croquetes de Peixe Thaies, que foi o prato que fiz e do qual passo a receita.

Croquetes de Peixe Thaies

Rendimento: cerca de 20 croquetes (para 4 pessoas)

Ingredientes

- 450 gr de filé de pescada
- 15 gr de amido de milho
- 10 ml de molho de peixe
- 1 ovo batido
- 10 gr de folha de coentro
- 20 gr de pasta de curry verde (veja como fazer a pasta mais abaixo)
- 5 gr de pimenta dedo-de-moça picada microscopicamente
- 80 gr de vagens finas extremamente bem fatiadas
- 2 talos de cebolinha oriental picada bem pequena
- 200 ml de óleo para fritar

Molho Thaie

- 125 gr de açúcar
- 125 ml de água
- 15 ml de vinagre
- 15 ml de óleo
- Meia cenoura picada bem miúda
- 1 pimenta dedo-de-moça picadinha
- 1/2 pepino japonês picado de forma extremamente fina
- 10 gr de amendoim grelhado


(Croquetes de Peixe Thaies)

Modo de Preparo

1. Processe, em mixer, a carne de peixe até transformá-la em purê. Adicione o amido de milho, o molho de peixe, o ovo batido e as folhas de coentro.
2. Bata, no mixer, por mais alguns minutos até obter uma consistência homogênea.
3. Misture, num bowl, a pasta de peixe com as vagens e a cebolinha.
4. Faça os croquetes na forma de queneles (bolinhos ovais, meio achatados).
5. Frite as queneles em óleo bem quente e sirva com molho Thaie.

Molho Thaie

6. Ferva o açúcar, a água, o vinagre, o óleo, o molho de peixe e a pimenta durante 5 minutos, até obter um molho um pouco espesso.
7. Esfrie o molho e acrescente o pepino, a cenoura e o amendoim. Sirva com as queneles.

Pasta de Curry Verde

Ingredientes

- 10 gr de grãos de coentro
- 15 gr de grãos de cominho
- 10 gr de pimenta preta em grãos
- 20 gr de pasta de camarão
- 10 gr de pimenta verde picada
- 30 gr de galanga (gengibre-selvagem) fresca picada ou de gengibre
- 1 cebola roxa picada
- 12 dentes de alho picados
- 100 gr de coentro fresco picado
- 6 folhas de limão Kaffir (típico da Ásia) picadas
- 3 talos de erva cidreira picada
- 5 gr de zestes (raspas) de limão Taiti
- 10 ml de óleo vegetal

Modo de Preparo

1. Grelhe os grãos de coentro e de cominho em fogo médio de 2 a 3 minutos.
2. Pique os grãos grelhados com faca e acrescente, também picados a faca, os grãos de pimenta preta. Reserve.
3. Embrulhe a pasta de camarão (comprada pronta) em papel alumínio e leve ao fogo para grelhar de ambos os lados.
4. Processe, em mixer, a pasta de camarão com as especiarias (coentro, cominho e pimenta preta) moídas.
5. Adicione os demais ingredientes e bata até obter uma pasta espessa.

Esse tipo de curry, além de compor a receita de Croquete de Peixe Thaie, é usado também para o prato Curry Verde de Frango. Em geral, o curry pode ser usado conforme sua criatividade. Vai bem com peixe, frango, carne bovina e de porco. Pode inventar à vontade.

Reserve: algum dia da semana para chamar de seu, seja sexta, segunda ou quarta-feira. Você verá que, afinal, se todo dia é dia de Maria, alguns dias especialmente escolhidos podem ser de José, de Serafina e até mesmo de Waleska. Alegorias, caro(a), alegorias!

iPhone: cinco vezes mais caro

O iPhone chegou com um preço até cinco vezes mais caro no Brasil (R$ 2.599, na Claro) do que o modelo de maior valor nos EUA (R$ 540). Os preços começam em R$ 899 (Vivo) e terminam em R$ 2.599 (Claro). A Claro encomendou 30 mil aparelhos no primeiro lote, que espera esgotar já nesta própria sexta-feira. A Vivo tem um lote encomendado de 200 mil aparelhos até dezembro.



Fui ao lançamento da Claro ontem, no terraço Daslu. Uma festinha. Nada demais. Algumas semi-celebridades, Chico Pinheiro (o jornalista) barrado na entrada e que deu piti com o presidente da Claro, João Cox, e um monte de gente que foi na certeza de que sairia com o novo aparelho nas mãos.O que a Claro nos deu? Apenas uma sacola com uma camiseta e um folder sobre o aparelho (veja as fotos que estampam este post). De novo, não havia nada. Uns poucos aparelhos eram demonstrados, alguns canapés, bebidas e foi tudo. Nada demais.


Quase que simultaneamente, a poucos metros dali, no shopping Cidade Jardim, acontecia a coletiva da Vivo para o mesmo tipo de lançamento. Liguei para uma amiga que estava lá e ela me disse: "Não vem para cá porque está um horror e não tem ninguém. Já vou embora".

A Vivo correu para marcar presença, mas, fez feio: promoveu uma festa equivalente à da Claro no shopping Iguatemi e fez uma mini-coletiva para os jornalistas no shopping Cidade Jardim. Melhor a Claro, que chamou todos para o mesmo lugar.


O burburinho todo de ambas as operadoras não serviu para impressionar ninguém. Assim como temos, no Brasil, o Big Mac mais caro do mundo (e o iPod), agora também já podemos ostentar o título de país com o iPhone mais caro.


Os executivos jogam a culpa nos impostos (44% de importação). Mas, mesmo assim, isso equivaleria, sobre o preço do aparelho mais caro nos EUA (R$ 540), a R$ 237, o que levaria o preço do aparelho a R$ 777. Bem, o mais barato custa R$ 899 e você precisa comprar junto um plano fenomenal de minutos e de dados. Na Claro, fizeram referência até mesmo ao preço dos primeiros celulares, ainda em 1996!!! Hello!!!!

De qualquer forma, os telefones estão disponíveis a partir de hoje. Na Vivo, apenas para quem se cadastrou no site da operadora. Na Claro, em 25 lojas da operadora em 12 capitais e mais algumas cidades do Estado de São Paulo.


Os planos de ambas variam. A Vivo oferece oito diferentes planos (de 50 a 900 minutos de voz e de 250 MB a ilimitado para o uso de dados). A Claro tem apenas três diferentes planos (de 200 a 400 minutos de voz e de 100 MB a 200 MB de dados para navegação na internet).

Tudo o que posso dizer é que o tão esperado iPhone chega carregado de frustrações. Com preços estratosféricos, é mais um daqueles itens que viram objeto de desejo principalmente de assaltantes nas ruas.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Rastreio de Cozinha - 120

Pela contagem do post, com as aulas de hoje, das quais me ausentei, são quatro meses corridos de aulas nas cozinhas e nas salas. 120 dias entre comida e texto. É bastante tempo. Mas, como estamos no nono mês do ano, parece pouco. Como resultado líquido, acho mesmo que 120 dias até agora (e quase 270 dias no ano) significam pouca coisa.



De qualquer forma, ficaram para trás o primeiro semestre e praticamente metade do segundo. Ou seja, estamos apenas a três meses do final do ano. Mas, já estou eu aqui a elocubrar sobre os tempos e variações decorrentes. Aliás, assisti a um lindo comercial do Ministério da Saúde para a doação de órgãos que usa justamente o tema "considerações sobre o tempo" para mostrar como essa entidade muda conforme a ótica de cada um.


Nesta quinta-feira, faltei por dois motivos: a esta altura (23:30 horas) já passei pelo coquetel do lançamento do iPhone da Claro e também da Vivo. Se nada se perdeu entre uma operadora e outra, estou com as informações de ambas sobre o aparelho da Apple; e, segundo, porque finalizei um especial também hoje que me tomou mais tempo do que eu previa. Quando acabei, já eram 19:30 horas e, portanto, não adiantava correr para a faculdade. Assim, juntei ambas as coisas - meu atraso e o lançamento duplo do iPhone - e não fui assistir as aulas de Marketing e de TCC.


Quanto ao marketing, se perdi alguma coisa, a recuperei prontamente, in loco, nos eventos de ambos as operadoras, carregados de puro marketing. E ainda com a marca Apple que, quando se trata de marketing, tem força-motora própria.


Quanto ao TCC, acho que não perdi nada. Ao contrário: ganho em não ter que suportar a grosseria e a falta de respeito do professor que nos trata com escárnio a cada pergunta. Outro problema de marketing: se for feita uma pesquisa de popularidade com o dito cujo, creio que a rejeição, se não unânime, será altíssima.


Claro e Vivo lançam iPhone hoje


Tanto a Claro quanto a Vivo farão lançamento do iPhone, oficialmente, nesta quinta-feira, 25. Ambas marcaram eventos para jornalistas nesta quinta-feira. A Claro fará coquetel de lançamento na Daslu e a Vivo também fará evento similar no shopping Cidade Jardim, na loja própria da operadora. Ambos os eventos acontecem hoje à noite (o da Claro, a partir das 20 horas e o da Vivo, às 23 horas). Amanhã, 26, o iPhone estará disponível nas lojas de ambas para ser comprado (mas, não em todo o Brasil, ainda).


A Claro divulgou press release sobre o iPhone hoje e os preços do aparelho vão de R$ 1.000 a R$ 2.599, conforme o plano (pré e pós-pago). Na Claro, o iPhone poderá ser parcelado em até 24 vezes no cartão American Express. A operadora informa, no press release, que o assinante que optar por esse tipo de plano pagará R$ 41,67 por mês e, com os descontos mensais no valor da franquia, o valor total do iPhone, ao final, será de R$ 1.000. Nesse caso, o usuário tem que escolher entre os planos, que são de 200, 300 e 400 minutos.

Os preços estabelecidos e descritos aqui são válidos apenas para o Estado de São Paulo e as franquias para esses planos variam entre R$ 84,90 a R$ 137,90. Os aparelhos disponíveis são o de 8 GB e o de 16 GB, ambos de terceira geração (3G).


Inicialmente, o iPhone da Claro estará disponível em 25 lojas próprias da Claro nas cidades de São Paulo, Campinas, Ribeirão Preto, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Salvador, Goiânia, Recife, Fortaleza, Vitória, Belém e Manaus.

A Vivo não divulgou nada sobre o aparelho, mas, informações preliminares indicam que a operadora subsidiará o aparelho, que custará a partir de R$ 899.


quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Rastreio de Cozinha - 119


Dia de Cão! Têm dias que a cólera me toma porque há uma confluência de eventos que, somados, elevam à enésima potência o grau de intolerância que, inconscientemente, você estabelece como patamar para lidar com a rotina.

Mas, há dias que as comportas se rompem e tudo vai por água abaixo, literalmente. Hoje, houve momentos em que me senti queimar - a pele ardia, tal qual uma febre alucinatória. Senti meu rosto crispar-se num esgar de ódio. Sim, tive sentimentos profundos de raiva, ódio e mais um pouco.


Veja bem: trabalhei bastante o dia todo, concluí alguns jobs e estou quase à beira de entregar todas as pendências (de trabalho, não de faculdade). Ao final do dia, tive alguns contratempos que, administráveis, não me alteraram o humor.

Saí de casa um pouco mais cedo do que o usual porque nesta terça-feira estavam previstos: a apresentação de um trabalho da disciplina de Planejamento e Organização (que era uma radiografia sobre um determinado setor do nosso empreendimento do TCC); a prova (P1) da disciplina de Planejamento e Organização, que se seguiria às apresentações; e, finalmente, a prova de Gestão Financeira (vulgarmente denominado de Custos por nós todos). Ou seja, duas provas e uma apresentação.


Durante o dia, não tive tempo sequer de folhear o material das provas. No metrô, eu me sentia tão cansado que não tive coragem de dar uma lida no caderno. Cheguei relativamente cedo na faculdade (18:30 horas, o que é algo quase insólito), fui à central de cópias, encadernei o trabalho da apresentação, tomei café e fui para a classe.

Falei com a professora (a mesma que eu, apressadamente, elogiei a semana passada). Não havia computador e data show na sala. Mais uma vez e, dessa feita, não foi porque deixei de solicitar. A própria professora me disse que havia solicitado o equipamento há uma semana, mas, como vários professores o fizeram com mais antecedência ainda, ficamos sem data show, sem computador, sem o escambau!


Volto aqui a apontar um problema série para uma faculdade que se quer séria: não sei dizer quantas classes existem no período noturno, mas, chegar ao extremo de, em plena época de apresentações (que, claro, ocorrem no período de provas porque são válidas como provas), não haver equipamento suficiente para todas as classes é de uma total falta de respeito e de investimento que não tem tamanho.

Ainda esta semana, vi que a minha faculdade, listada no ranking da revista Prazeres da Mesa, figura com o conceito "B", que, pelo Ministério da Educação, significa que o(s) curso(s) tem um desempenho entre 1/2 (inclusive) e 1 desvio-padrão acima da média geral. Como os conceitos do ministério variam entre A e E, em ordem decrescente de desempenho, estamos, para o governo, em boa colocação. Acima de nós, somente o conceito "A" (que, aliás, uma outra reconhecida instituição de gastronomia detém).


Não sei quais são os critérios que o Ministério da Educação usa para se chegar ao conceito final, mas, eu adoraria conversar com os funcionários do ministério e saber se, quando somos comprometidos em apresentações por falta de infra-estrutura, o que isso pode significar em termos de redução de conceito para a faculdade. Sem falar na ausência de carteiras suficientes para comportar a classe, quando alguém erra a conta (fato que ocorreu a semana passada).

O resumo da ópera é que gastei parte do domingo e da segunda-feira para fazer a apresentação em PowerPoint e acabei de jogar no lixo porque não houve equipamento para apresentar nada. Desenhei uma planta bem rudimentar na lousa e uma colega do grupo apresentou o trabalho. Por fim, fomos cortados pela professora que insiste em interromper as apresentações (de todos) com intervenções que julga necessárias. Ficamos, a colega e eu, feito estátuas de sal lá na frente, até que cansamos e voltamos aos nossos lugares. Você acredita que a louca nem percebeu?


Isso foi a primeira parte da comédia. A segunda foi quando os dois professores - primeiro, a louca que nos esqueceu plantados feito palmeiras imperiais, e depois o professor de Custos - nos comunicaram que as provas de hoje não aconteceriam. Foram transferidas, ambas, para a semana que vem.

O que sei, de ouvido e de rumores, é que a coordenação realizou reunião com os professores e os pressionou em função do TCC. Parece que o recado foi mais ou menos o seguinte: as provas devem acontecer todas na mesma semana (no caso, na semana que vem) e a prioridade é o TCC, que, em muitos casos, já está atrasado.


Por fim, tivemos apenas aulas e uma apresentação meia-boca. Fiquei com tudo: raiva, vontade de quebrar a classe, de ir à coordenação, de xingar o mundo. Depois que tudo passou, de novo me veio à mente que faltam pouco menos de três meses para tudo se findar e as condições - sejam de infra-estrutura, de didática, ou falta de, e outros problemas institucionais da faculdade - serão, em pouco tempo, olvidadas e cobertas pela poeira do tempo.

Como esta não é a primeira faculdade que faço, já vi isso ocorrer, de outras formas, e o mais importante é que somos, os alunos, como as caravanas, que passam. Os cães (faculdades), que sempre ladram, lá permanecerão. Algo meio rancoroso isso, mas, bom para desabafar. Estou mais leve.

The book is on the table


Esta é a capa do livro mais caro do mundo - "Michelangelo - La Dotta Mano" (Michelangelo - A Mão Sábia) - que custa 100 mil euros (R$ 265 mil). A primeira tiragem, de apenas 33 exemplares, se esgotou em apenas um mês. A tiragem completa será limitada a 99 exemplares.

Os 33 primeiros volumes foram vendidos a colecionadores particulares da Europa e dos EUA e a segunda edição já está no prelo. Quer dizer, prelo é força de expressão. Cada livro consome entre 3 a 6 meses porque é feito artesanalmente, com as mesmas técnicas usadas no Renascimento.

O livro é publicado pela editora italiana FMR para celebrar os 500 anos do início dos trabalhos de Michelangelo na Capela Sistina e abrange a vida e obra do artista. A obra pesa 24 quilos. Na capa do livro, há uma réplica, em mármore, da "Madonna della Scala", escultura feita por um Michelangelo ainda adolescente. O mármore, do tipo carrara, vem da mesma pedreira - Il Polvaccio -, aonde Michelangelo em si adquiria material para esculpir. O veludo de seda que cobre a capa é feito em teares antigos, que produzem apenas 8 centímetros de tecido por dia. E o papel, em algodão puro, é produzido à mão, fibra por fibra.

"Michelangelo - La Dotta Mano" tem 45 gravuras de desenhos e documentos de Michelangelo e 83 fotografias originais das esculturas do artista realizadas pelo fotógrafo Aurelio Amendola. O texto foi escrito pelo pintor e arquiteto italiano Giorgio Vasari, que era amigo de Michelangelo.

Da tiragem total, 33 exemplares serão destinados a museus de todo o mundo. Como curiosidade, se você quiser adquirir o seu exemplar, a única livraria da FMR fica situada em Paris, na Galérie Véro-Dodat. Os livros têm garantia de 500 anos. Obviamente, this book is'nt on my table. Unfortunately! Mas, alerto que eventuais doações serão totalmente bem-vindas!

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Rastreio de Cozinha - 118

Esperar é uma virtude ou é uma besteira? Quem espera, cansa. Pois que desisti de esperar. Só vou me quedar, inerte, sem esperar. Apenas um dia depois do outro. O quê? Não! Não é nada. É porque ontem fiquei tão feliz com as doses de álcool ingeridas que o fígado, ladino, rapidamente se adaptou e pediu mais (creio que não é bem assim, mas, convenhamos, não vou admitir isso aqui). Que hoje, por ser terça-feira e, portanto dia de vinho (que não os são todos porque não tenho o hábito), quedamo-nos, todos, sem vinho algum.



(Ribera del Duero, Espanha)

Inventaram que, a toda degustação, há uma teoria correspondente, e dá-lhe saliva para falar sobre castas, castos e castanhos (uvas, seres e olhos, respectivamente). É uma falação em oposição à salivação que não tem jeito. Vinhos, se não os temos, melhor não sabê-los.


(Videiras em Ribera del Duero, Espanha)

Tivemos que nos contentar com a teoria e a única coisa que se me fixou nas aulas foi a casta Tempranillo, da Espanha. O nome vem da palavra "temprano", cedo, temporã, em espanhol, porque a uva Tempranillo amadurece rapidamente. Cerca de 95% dos vinhos espanhóis são feitos com essa uva, inclusive os Riojas. As uvas Tempranillo têm gosto de morangos maduros e odor de couro macio, recente.


(Casta Tempranillo)

A Tempranillo (que produz vinho TTO - tinto) também pode ser encontrada sob os nomes Aragonez, Tinto Fino e Tinta Roriz. Na Espanha, muda de nome conforme a região: Tinto del País ou Tinto Fino (em Ribera del Duero); Cencibel (em La Mancha); e Ull de Lebre (em Penedés). Em Portugal, a casta é chamada de Tinta Roriz; na Califórnia, EUA, chama-se Valdepeñas. A Tempranillo também é cultivada na Argentina, França (Languedoc-Rousillon), Grécia, Marrocos e África do Sul.

Na Espanha, a casta Tempranillo tem corte (assemblage ou mistura) com outras uvas e, por isso, os vinhos dessa casta variam em estilo e qualidade, conforme o local de produção. Nas regiões Rioja e de Ribera del Duero, a Tempranillo tem corte com a casta Garnacha, e, em Ribera, também pode ter corte com a casta Cabernet Sauvignon, já abordada neste blog.


(Vinho Tempranillo da região de Ribera del Duero)

A despeito do fato de termos abordado apenas uma casta nesta terça-feira, vimos um tema que me parece bastante interessante para iniciantes em vinho como eu mesmo: a temperatura com a qual cada vinho deve ser servido:

Brancos (TTO):

- Secos, jovens e leves: entre 6 ºC a 12 ºC
- Secos, envelhecidos e encorpados: entre 12 ºC a 14 ºC
- Suaves e doces: entre 4 ºC a 6 ºC

Rosés (ROSE)

- Todos: entre 6 ºC a 12 ºC

Espumantes

- Brut: entre 6 ºC a 12 ºC
- Demi-sec e doce: entre 4 ºC a 6 ºC

Fortificados

- Vinho do Porto: entre 10 ºC a 18 ºC
- Jerez: entre 8 ºC a 14 ºC
- Madeira: entre 12 ºC a 14 ºC

Tintos (TTO)

- Envelhecidos e encorpados: entre 15 ºC a 18 ºC
- Não-envelhecidos, mas encorpados: entre 14 ºC a 16 ºC
- Jovens e pouco encorpados: entre 12 ºC a 14 ºC
- Beaujolais Primeur ou Noveau: entre 10 ºC a 12 ºC

Uma dica para se chegar rapidamente à temperatura pretendida é colocar a garrafa de vinho num balde de gelo: em 8 minutos, a temperatura do vinho baixará  5 ºC. Basta fazer o cálculo para tomar o vinho escolhido à temperatura ideal. Salute!

Picture


A elefanta Hilda, de 40 anos, morreu atropelada por um ônibus depois de fugir do circo. A pobrezinha devia estar cansada de se apresentar no picadeiro e acabou quase num suicídio. Hilda, além de idosa, pesava cinco toneladas. Com ela, morreu também o motorista do ônibus que a atropelou, na estrada das Pirâmides, na Cidade do México. Adeus, Hilda!

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Rastreio de Cozinha - 117


Ao menos em quatro aulas por semana - duas às segundas-feiras e mais duas às terças-feiras - somos envolvidos completamente pelo álcool: respiramos, acariciamos, sentimos, vemos e, finalmente, bebemos drinks (segunda) e vinhos (terça). Na semana passada, fomos (pelo menos, eu me senti assim) privados do álcool.Hoje, ao contrário, o que prometia ser uma segunda-feira convencional, revelou-se mais um dia no qual todos ficamos relativamente afogueados (uns são mais translúcidos e ficam feito pimenta malagueta), sociáveis, animados e de um rumor contagiante, a ponto de não nos ouvirmos mais ou, melhor, pensarmos que estávamos, todos, numa balada.

Pois que esta segunda-feira começou desprezível e encerrou-se gloriosa. Mesmo aqueles (alunos) que refutam os (doces) efeitos do álcool, ao final, se comprazem. O álcool é terrível. Libera sei lá que endorfinas, mas, que todos ficam mais leves e saltitantes, não tenho a menor dúvida.Para mim, a segunda foi bastante improdutiva em termos de trabalho. Já estou às voltas, novamente, com prazos de entrega de matérias e pouca coisa aconteceu para desanuviar o meu cenário. Por outro lado, fiz um monte de tarefas escolares (eu escrevi dessa forma para passar a imagem de um colegial mesmo, tá!).

Ao final do dia, entre chamadas que se atropelaram umas às outras (todas as fontes excitam-se em me ligar quando já, na teoria, estou indisponível), consegui sair de casa e corri para a faculdade.

As duas primeiras aulas foram bastante teóricas (e maçantes), com explicações sobre como se colocam talheres, pratos e copos à mesa, conforme cada tipo de refeição. Claro que tem uma etiqueta prevista por tipo de prato (massa, peixe ou carne), com pão ou sem, com queijo ou sem, com água e vinho (tinto ou branco ou ambos). E sobremesa. E licores. E café. É um sem-número de detalhes que variam conforme os pratos são servidos. Que fique claro porque, segundo o professor, Glória Kalil ensinou errado no "Fantástico": a faca deve ser colocada à mesa com a serra para dentro, e não para fora, como disse Glorinha. A única faca que fica com a serra para a parte externa é a faquinha de pão, cuja serra mal dá para para cortar a manteiga ao meio.


São detalhes chatos, mas, que se prendem a uma longa tradição. As mudanças nesse pequeno cenário que vem a ser a mise-en-place de uma mesa são tão mínimas que quase dá para regredir ao tempo de Escoffier e se sentir em casa. Basicamente, na mesa vão o prato, a faca e o garfo, o saleiro, o pimenteiro, o copo d'água e o guardanapo. (Quase) Tudo o mais são excessos.

Mas, vamos ao que verdadeiramente interessa, que são os coquetéis dessa segunda-feira. Alguns são clássicos. Uns, são definidos como aperitivos; outros, como afrodisíacos; e, ainda, há os nutritivos. Escolha o seu. Para mim, os que contêm álcool sempre estarão numa categoria superior. Por que? Sei lá, mil coisas ...

Olha a relação de coquetéis que fizemos e tomamos:

1. Alecrim Forte: mistura de Martini Rosso, Malibu, cachaça (fomos de Velho Barreiro, eca!), alecrim em pó, alecrim fresco (em folha) e gelo. Esse drink é considerado afrodisíaco e o copo em que é servido é o modelo on the rocks (ou double old fashion, ou melhor, é o típico copo onde se serve wisky).


2. Bali: sorvete de morango, vodka, licor de frutas silvestres, groselha e gelo. Também afrodisíaco, é servido em copo escandinavo (o bojo tem uma "cinturinha", ou seja, o copo é mais fino na base e maior nas bordas).


3. Amor Bandido: só pelo nome, esse coquetel já diz a que veio. Feito de Bitter MezzAmaro - bitter, em inglês, significa amargo, e é a designação genérica para bebidas quase sempre amargas, produzidas a partir de raízes de plantas, cascas de árvores e frutas. O bitter é conhecido por outros nomes como Campari (Itália), Angostura (Trinidad e Tobago), Underberg (Alemanha) e Fernet (França) -, licor de curuçau Red Stock, clara de ovo e mel. Afrodisíaco, recomenda-se tomar em copo do tipo short (curto).


4. Garibaldi: é um drink do tipo aperitivo, servido em copo old fashion pequeno. O Garibaldi é feito de suco de laranja, Bitter Campari e gelo picado.


5. Batida de Frutas: essa me soou estranha porque parecia a vitamina de Neston feita pelas nossas mães. Olha a composição: leite integral frio, banana, maçã, mamão papaya e morango. Sirva em copo long drink, antes de dormir. Depois, é direto para a cama, feito um(a) menininho(a) bonzinho(boazinha)!


6. Kir Royale: clássico, esse coquetel é feito com creme de cassis e espumante brut. Digestivo, deve ser servido em taça flûte.


7. Cuba libre: outro clássico, é feito de Coca-Cola, rum ouro, limão e gelo. É do tipo refrescante, para ser servido em copo long drink.


8. Margarita: por fim, mais um clássico. Classificado como um drink refrescante e aperitivo, é feito de tequila prata, licor Cointreau e suco de limão. Há um copo específico para margarita e, inclusive, alguns modelos têm a haste em forma de cacto (porque a bebida resulta da fermentação da agave, planta que, vista de longe, parece um cacto, mas não é, e que cresce nas planícies mexicanas).


Para finalizar, o professor repetiu as doses do Bali e elaborou outro coquetel no qual creio que também ia creme de cassis e continha hortelã. Não sei ao certo, mas, estávamos em cerca de 20 pessoas na classe. Foram feitos, em média, 3 copos (alguns, 2; outros, 4), de cada coquetel. Em conta simples, cada copo equivale a cerca de 350 ml. Logo, três copos são 750 ml. Exceto a vitamina de frutas, foram ao todo 7 drinks. Assim, conforme meus cálculos, foram 5.250 ml, ou quase 5,5 litros de bebida. Esse total, dividido por 20 pessoas, deu cerca de 260 ml para cada um de nós. Mas, alguns não tomam bebida alcóolica e os houve quem, como eu, que certamente extrapolou os 500 ml per capita. Houve um momento, do qual perdi o timing, em que eu estava com três copos diferentes nas mãos. É que ando a treinar para o caso de vir a ser garçom, nada mais!

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