Comidinhas com carinhas
Gente! Hoje é sexta-feira, 13. E, para destravar esse dia de mau agouro, vou descontar em uma coisa nada a ver. Eu, particularmente, odeio comida com carinha.
Você pede um prato e, ao recebê-lo, dá de cara com uma carinha feliz, faceira, zombeteira. Você:
1. Come feliz.
2. Faz um esgar de nojo.
3. Lança um olhar de compaixão e assume ares de canibal.
4. Envia de volta para a cozinha.
5. Pensa que antes ela (a comida) do que eu.
Por que eu não gosto? Acho feio, antiestético, um manifesto grotesco na minha própria cara. Esses pratos, longe de me convidar à degustação, me inspiram ataques irados. Claro que, a princípio, por definição, comidas com pequenas reconstituições do cotidiano humano foram feitas para atrair as crianças.
Mas, quem disse que as famigeradas sopas de letrinhas e as batatas sorriso têm algo que ver com afeto ou com sensação de segurança? Ou, mais, com educação alimentar? Acredito mais no fato de que, ao comer uma batata sorriso, você pode, dissimuladamente, rir com o canto dos olhos e mastigar, satisfeito(a), aquele pequeno sorriso convidativo.
O pior é que eu gosto de batata sorriso. No entanto, toda vez que eu vou comer uma, vejo aquele sorrisinho idiota a rir para mim e perco a fome. Por que essas batatinhas têm que sorrir despudoradamente? Quem fica feliz de ir ao caldeirão na aldeia do canibal?
O fato é que eu não gosto dessas comidas que riem. Parecem hienas, prontas para aniquilar com o apetite e a dignidade que um bom prato de comida deve ter. Se eu fosse fazer uma análise antropológica, começaria com os estranhos indícios de antropofagia que esse tipo de comida revela.
Você imagina que ao servir esse tipo de prato para o rebento contribui para o crescimento feliz e saudável do pimpolho. Agora, alguém já te explicou qual é o fundamento desse tipo de coisa? Por que estou tão irado com isso? Porque hoje é sexta-feira, 13, dia básico para liberar alguns esqueletos do armário. No meu inconsciente, essas comidinhas de carinhas explicam muita coisa. Medo total delas, a despeito desses sorrisinhos bobos.
3 Comentários:
Red,
Nao fale assim vai! Eu gosto tanto dessas batatinhas sorridentes. Nao somente pelo sabor, mas confesso que ficava feliz (especialmente quando ia num restaurante por quilo) quando, ao passar meu prato, dava de cara com essas coisinhas sorridentes.
Eu sei, eh ridiculo, mas eu ficava feliz tambem. Eh quase como se me falassem: ola, bom apetite e fique tranquila, voce vai comer algo nutritivo e bom para sua saude. Ai, eu enchia o prato. Talvez seja essa a logica das batatinhas sorridentes, ou seja, fazer vc come-las ate explodir.
La Voyageuse, você se encontra numa categoria antropológica difícil de ser estudada: além de não permitir que se use a palavra "tundra" sob o risco de excomunhão, talvez esteja iludida pela lógica das batatas sorriso que de nutritivas não têm nada e muito menos são saudáveis. Espero que aí essas batatinhas não proliferem tanto quanto aqui porque parece que virou uma sina desses turbérculos: "batatinha quando nasce ..." Mas, não se preocupe, dias melhores virão, sem as irritantes batatinhas. Beijo!
Red,
Red,
Eu permito que se use a palavra tundra. O que eu nao em permito eh que me coloquem na tundra. Afinal, eu estou na cidade,o que eh bem diferente. E, numa boa, esse negocio de tundra nao tem nada a ver comigo.
Quanto as batatinhas sorridentes, elas infelizmente nao se proliferaram por aqui. Come-se muita batata, mas sem sorriso. Acho que eh por causa do frio, as pessoas aqui nao tem tanto humor assim.
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