Parabéns, Noosferatus!
O que é um blogueiro? É um ativista, um exibicionista, diarista, agregador, disseminador ou é apenas um leitor que, cansado da unilateralidade da informação, resolveu emitir a sua própria em espaço público e aberto em âmbito mundial? Quem somos e o que representamos dentro do mundo virtual e, no contexto de formação de opinião, também no mundo real?
A blogosfera e o blogueiro são novos. Somos uma nova plataforma de comunicação. Dos poderosos blogs políticos que tiveram mais peso nas eleições dos EUA do que a grande mídia tradicional àqueles blogs que, como este, apenas postam os mais aleatórios assuntos sem que se tenha uma pauta definida, quem somos, afinal? Que força representamos na sociedade da informação?
Não tenho ferramentas para dimensionar a força do blogueiro. E tampouco sou estudioso do assunto. Mas, inequivocadamente, abrimos, com nossos blogs, janelas para outras abordagens. De todos os tipos, estilos, ideologias, tendências, influências talvez.
Os blogs e microblogs são, em paralelo às redes sociais, o mais próximo que chegamos, até hoje, às bordas da democratização da informação. Blogueiros, podemos abordar qualquer assunto que nos interesse e reinterpretá-lo à luz de nosso (des)conhecimento. Isso é ser livre, praticar a liberdade da informação.
Hoje, 20 de março, é o início do outono no Brasil. É também o Dia do Blogueiro. Parabenizo todos os blogueiros aos quais me juntei há quase dois anos. Blogar requer criatividade e perseverança. Blogar pode ser tanto pessoal quanto profissional. Pode ser uma brincadeira. Um jogo. Não importa. Mesmo!
O fato de expor a opinião, por si só, é libertador. A audiência? Creio que a audiência não é o mais importante. O que realmente interessa é ter a possibilidade de escrever e publicar. E, ao publicar uma postagem, nos libertamos da ideia e a colocamos em circulação. Damos asas aos pensamentos. E que vaguem por aí, na imensidão desmedida da internet.
Para todos os efeitos do que afirmei acima, registro aqui um neologismo: somos Noosferatus modernos. Não, não é uma referência ao conde Nosferatu, o temível vampiro da Transilvânia que vivia nas trevas. Ao contrário, somos criaturas que saem do escuro para o claro das ideias. Ouso dizer iluministas. Se Nosferatu, derivado do eslavo antigo Nosufur-atu, significa "portador de pragas", afirmo que somos portadores de palavras. Todas. Bonitas, feias, ridículas, acintosas, violentas, virulentas, doces. Talvez a praga do contemporâneo seja isso mesmo, a manipulação infinita da palavra.
Noosferatus, na minha concepção, somos todos nós, os blogueiros, advindos da noosfera (esfera do pensamento humano). Segundo teoria do geoquímico russo Vladimir Vernadsky, a noosfera seria a terceira etapa do desenvolvimento humano, depois da geosfera (matéria inanimada) e da biosfera (vida biológica). A vida, ao surgir na Terra, transformou a geosfera, que evoluiu para biosfera. Por sua vez, ao evoluirmos, humanos pensantes, elevamos a biosfera à noosfera, que é a esfera do conhecimento humano que, aplicado à natureza, altera significativamente a biosfera.
Também o filósofo francês Teilhard de Chardin trabalhou esse conceito e definiu a noosfera como o mundo ou a esfera das ideias. Esse mundo, conforme o filósofo, é formado por produtos culturais, pelo espírito humano, pelas linguagens, teorias e conhecimentos. A partir desse princípio, alimentamos a noosfera quando pensamos e nos comunicamos. Portanto, daí a minha derivação para Noosferatus. Ainda que alguns defendam que estamos em transição de esferas. Para estudiosos, a nossa era é a "tecnosfera", que é temporária. Ouso dizer que a tecnosfera é apenas um meio, e não uma esfera de fato, assim como a blogosfera é apenas o ambiente, e não a noosfera de fato.
De onde concluo que somos, blogueiros, Noosferatus modernos que, com dentes e garras afiados, avançamos nos pescoços alheios diariamente para que não sejamos sepultados pelos escombros de uma esfera dominante que nos submeta a todos, bloggers ou não, a uma única e irresoluta vontade. Somos, portanto, livres, neste contexto. Então, parabéns, Noosferatus!
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