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terça-feira, 30 de junho de 2009

Pina agora dança coreografias etéreas e eternas

Ao que parece, o mês de junho chega ao fim com o mundo menos elegante, menos musical e menos estético. Como se as tivéssemos, a elegância, a música e a estética de sobra, opulentas. A contrário. Estamos mais pobres. Der tanz ist ein bisschen tot. Und ich auch. (A dança está um pouco mais morta. E eu também). Escrevi em alemão porque a dureza da língua germânica me pareceu bastante apropriada para externar meus sentimentos neste momento e porque Pina era de origem alemã. Com isso, presto uma pequena homenagem a quem, sem o saber, me fez muito bem em alguns momentos da vida.


Depois de Michael Jackson, Farrah Fawcett e David Carradine, hoje nos deixou, e ao universo da dança moderna, em particular, a maravilhosa coreógrafa Pina Bausch. A bailarina ficou conhecida, sobretudo, por unir dança moderna a interpretações teatralizadas. Como ambos, dança e teatro, me fazem feliz, fiquei, portanto, um pouco mais infeliz neste dia.



segunda-feira, 29 de junho de 2009

O pão nosso de cada dia, e o circo, o vinho, o banho, a geladeira, o vaso sanitário...

O governo federal anunciou nesta segunda-feira a prorrogação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para, pelo menos, uns oito setores diferentes da indústria, os chamados bens de capital. Com isso, fica garantido um imposto menor, entre os principais, sobre o pãozinho do café do manhã (e, por extensão, sobre a farinha de trigo), veículos, geladeiras, fogões, vasos sanitários, pias, chuveiros etc. etc.

Teremos alimento, transporte e higiene patrocinados. Afagados assim por bens materiais, talvez que não queiramos mais nada, porque ao espírito, esqueceram de lhe dizer, não sobra nem tempo para calcular o quanto nos vendemos baratos agora para, no futuro, estimar o quão caro isso nos custará.

Porque não tenhamos dúvida: não somos um oásis com mananciais eternos que sobreviverão impunemente em meio a avalanche mundial a que assistimos todos os dias.

Da lista de produtos isentos, saquei alguns itens que parecem mais pitorescos que palhaços tristes em picadeiros de miseráveis circos. Parece que estou a viver de listas, tal a quantidade a que tenho me dedicado, ultimamente, a descrever, laboriosamente. Entretanto, não sou fã dessas relações. É que me surgiram, de repente, em diferentes contextos. Vamos ao listão de isenções:


- Motocicletas de 1 mil a 2 mil cilindradas: depois de apear dos cavalos, que eram nossos principais meios de transporte, tomamos gosto pelos veículos de rodas: primeiro, as carroças, depois, em menor escala, bicicletas. Mais à frente, ainda com pouca abrangência, a classe média começou a motorizar-se. De uns 2 ou 3 anos para cá, a indústria automobilística nunca vendeu tanto e nem tantos andaram tão pouco com carros novos nas cidades congestionadas de artérias movidas a fósseis, sem saber que somos, também, precoces fósseis. As motocicletas, que existem em profusão na China e na Índia, e já são hype no Brasil há muito tempo, deverão cerrar fileiras quais os cavalos de antanho, com a diferença que os coices são mais violentos e o bafio é mais impertinente.


- Banheiras, boxes, pias e lavatórios (de plástico, de porcelana e de cerâmica, que é para nenhuma classe ficar de fora): devemos, os brasileiros, tornarmo-nos o povo mais asseado do mundo, depois desse exaustivo esforço em direção à higiene pessoal individual. Nós, que tomávamos banho de canequinha, de rio ou sob a mangueira d'água dependurada ao ar livre, evoluímos para, afinal, os poderosos banhos de imersão. Pois que se desde os romanos os melhores banhos são assim, por que deveríamos prescindir da banheira, do boxe rigorosamente vedado e de pias e vasos sanitários de porcelana? Pois que se nossos avós e bisavós usavam a 'casinha', problema deles, que não tinham os confortos da 'mudernidade' mundana de hoje, não é? Faltou liberar a isenção para o setor de cosméticos, que quero os meus sais, óleos e emulsões para as 3 horas de banheira que pretendo usar para meu prazer hedonista.


- Portas cadeadas, grades e redes de aço, fechaduras, ferrolhos, dobradiças, gonzos, charneiras e outras ferragens do tipo: eis que depois da Idade da Pedra, do Bronze, do Papel, da Tesoura, do Cimento, do Petróleo, chegamos, enfim, à Idade do Ferro. O ferro, como se sabe da tabela periódica, é um elemento químico que ingerimos por meio de alguns alimentos e, se consumido sem excesso, dizem que faz bem. Creio que a equipe econômica associou esse elemento às minas de ferro, bauxita, manganês, caulim e níquel para se contrapor à crescente incorporação de ferro (metal, não do elemento químico) pelos chineses. É tanto ferro que passaremos a próxima geração inteira com gosto de ferrugem na boca. As construções devem, segundo minha intuição, ganhar peso sobressalente e espero, pelo bem dos potenciais proprietários, que os arquitetos e engenheiros levem em conta esse sobrepeso para que as estruturas (as quais, imagino, serão de ferro) sustentem tudo sem que aquilo que é sólido desmanche no ar.


- Chuveiros elétricos e disjuntores: a eletricidade é, literalmente, o motocontínuo da sociedade e não vejo porque esse ramo deveria ficar de fora. Pois que, de apagão em apagão, ficaremos, quem sabe, apagados de uma vez por todas. Enquanto isso não acontece, é bom que os disjuntores sejam consumidos aos milhares - e o são, dada a má qualidade da transmissão de energia elétrica, com sobrecargas que nos parecem piscadelas e são verdadeiras ameaças a médio prazo - e que os chuveiros elétricos estejam relativamente de prontidão caso as banheiras lá de cima provem-se, por fim, inviáveis, tanto pelos tamanhos diminutos de nossas moradas quanto pela total ausência de praticidade e de tempo para usufruir de um banho de leite de cabra como Cleópatra. Que, na confusão entre disjuntores e chuveiros, se chegue a um bom termo para que um - o disjuntor - não derreta, e faça com que o outro - o chuveiro - derreta a um de nós, por etapa, porque tudo nessa vida não passa de um gigantesco jogo de dominó no qual as pedras pequenas são reduzidas a migalhas pelas grandes e as grandes viram pó sob o peso da própria inconstância inerente a quem se dá mais valor do que o tem realmente.


E sem falar no pãozinho, na geladeira, fogão, máquina de lavar roupas, carros e caminhões. Que somos industrializados, dependentes de máquina (os meus eletrodomésticos os quero em aço inoxidável que, olha só, também receberam seu quinhão de isenção).

Não me estranhe, caro(a) leitor(a), e ao imenso desabafo. É que estou a ver a casa a cair, ainda que a liga (cimento), a estrutura (o ferro) e o acabamento (louça sanitária), aparentemente, estejam garantidos por decreto federal. Um sopro e os castelos, reais e imaginários, penderão feito pequenos arbutos nas encostas dos morros de ventos e chuvas uivantes.

Pois que, jornalista e gastrônomo, vejo que a primeira profissão afunda, em concurso de colegas para entender quem vai à lona primeiro, e que a segunda, sim, tem sobrevida porque, ao que me consta, o alimento do corpo sempre leva a melhor sobre o alimento do espírito.

Não se trata de um lamento particular. Apenas, como jornalista, minha incredulidade tende a crescer feito minha intolerância com esse tipo de aceno paternalista que, de fato, substitui os agrados de políticos de ontem a quem, para ganhar votos, bastavam-lhe arcar com o pão do dia da eleição. Com o eleitorado mais profuso, hoje, há que se lidar massivamente com a massa e nem só de pão vive a massa, pois não? É que estava tudo engasgado na garganta e saiu aos borbotões. Só isso. #Prontofalei!

domingo, 28 de junho de 2009

Meu rugido dominical


"O veneziano Gozzi, Goethe e Schiller afirmavam que não devem existir senão 36 emoções dramáticas", diz o escritor argentino Leopoldo Lugones no conto "A Metamúsica". Gozzi era Carlo Gozzi, poeta, dramaturgo e teórico literário italiano, que viveu entre 1720 e 1806. Goethe é o alemão Johann Wolfgang von Goethe, cuja obra-prima é o livro "Fausto", que viveu entre 1749 e 1832. E, finalmente, Schiller é Johann Christoph Friedrich von Schiller, poeta, dramaturgo, historiador e filósofo, também alemão, que viveu entre 1759 e 1805.

Schiller escreveu, com Goethe, de quem era amigo, a poesia "Xênias", em 1797. Mas Schiller é mais conhecido por obras dramáticas como "Maria Stuart", "A Noiva de Messina" e "Wilhelm Tell". E por ser autor do poema "Ode à Alegria", que inspirou Beethoven a compor o quarto movimento da "Nona Sinfonia", em 1823.

Bem, esse conjunto de diferentes nacionalidades - italiano, alemães e argentino - faz parte da arte poética, musical e literária. O argentino Leopoldo Lugones talvez destoe do quarteto dos alemães e veneziano oitocentistas. Mas apenas por uma questão de época, na minha opinião. Estou em plena leitura do livro "Contos Fatais/As Forças Estranhas", de Lugones (editora Globo, 305 páginas), que reúne uma prosa extremamente fantástica.

Lugones é posterior aos demais homens citados acima: nasceu em 1874 e cometeu suicídio em 1938, vitimado por uma das emoções humanas, a depressão. O livro a que eu me refiro une os contos de "As Forças Estranhas", de 1906, e "Contos Fatais", de 1926. Sobre Lugones, disse Jorge Luis Borges: "Suas páginas se contam entre as mais perfeitas das literaturas em língua hispânica".

O autor argentino era membro da Sociedade Teosófica de Buenos Aires. A teosofia é a doutrina que une filosofia, religião e ciência e tem grande influência nas estruturas do pensamento moderno ocidental. Lugones era erudito em termos científicos, esotéricos, lendários e bíblicos e sua literatura retrata as distensões entre as ciências positivas (uma das correntes do pensamento moderno ocidental) e o ocultismo (corrente secular do pensamento humano, em geral).

Retomo a primeira frase deste post: "O veneziano Gozzi, Goethe e Schiller afirmavam que não devem existir senão 36 emoções dramáticas", redigida por Lugones. Pesquisei e não encontrei, na medida em que a minha busca me permitiu, uma referência de fato para essa afirmação.

Não sei se somos, os humanos, limitados a apenas 36 emoções dramáticas. Também não sei se devo colocar a palavra 'drama' (que, em grego, significa 'ação') na categoria da qual provém, ou seja, da arte poética, em oposição aos gêneros lírico e épico, que dividem, atualmente, toda a produção literária, teatral, fílmica e televisiva. Para mim, particularmente, drama é, em contraponto à comédia, a outra face do ânima (alma, vida) humano.

Somos, creio, tragicômicos, em definição que tomo de empréstimo do teatro, que mescla tragédia (drama) e comédia (cômica) para representar o humano em suas platitudes ou plenitudes, conforme o desejar o(a) leitor(a).

De sorte que, possuído pela curiosidade, me deparei com algumas emoções humanas que listo a seguir. Não quero, com isso, esgotar o assunto. Vasto, por si só, como podem ser vastas ou baratas as emoções e os pensamentos. Da relação abaixo, consegui chegar a 85 emoções. Que não podem ser classificadas como 'dramáticas', apenas. E sim, de forma mais abrangente, identificadas apenas como 'emoções', ligadas aos cinco sentidos humanos a interferir em cada uma. Ou não.

1 - Agressividade
2 - Afetividade
3 - Aflição
4 - Alegria
5 - Altruísmo
6 - Ambivalência
7 - Amizade
8 - Amor
9 - Angústia
10 - Ansiedade
11 - Antipatia
12 - Apatia
13 - Arrependimento
14 - Auto-piedade
15 - Bondade
16 - Carinho
17 - Compaixão
18 - Confusão
19 - Ciúme
20 - Constrangimento
21 - Coragem
22 - Culpa
23 - Curiosidade
24 - Contentamento
25 - Depressão
26 - Desapontamento
27 - Deslumbramento
28 - Dó
29 - Decepção
30 - Dúvida
31 - Egoísmo
32 - Empatia
33 - Esperança
34 - Euforia
35 - Entusiasmo
36 - Epifania
37 - Fanatismo
38 - Felicidade
39 - Frieza
40 - Frustração
41 - Gratificação
42 - Gratidão
43 - Histeria
44 - Hostilidade
45 - Humor
46 - Humildade
47 - Humilhação
48 - Inspiração
49 - Interesse
50 - Indecisão
51 - Inveja
52 - Ira
53 - Isolamento
54 - Luxúria
55 - Mágoa
56 - Mau-humor
57 - Medo
58 - Melancolia
59 - Nojo
60 - Nostalgia
61 - Ódio
62 - Orgulho
63 - Paixão
64 - Paciência
65 - Pânico
66 - Pena
67 - Piedade
68 - Prazer
69 - Preguiça
70 - Preocupação
71 - Raiva
72 - Remorso
73 - Repugnância
74 - Resignação
75 - Saudade
76 - Simpatia
77 - Soberba
78 - Sofrimento
79 - Solidão
80 - Surpresa
81 - Susto
82 - Tédio
83 - Timidez
84 - Tristeza
85 - Vergonha

Constatei, ao dar por encerrada a busca pelas emoções humanas, pelo menos por ora, que é bastante difícil ser um ser humano. E gerenciar - sim, o termo certo é gerenciar - tantas emoções que pululam simultaneamente, com o predomínio de umas sobre as outras ou o domínio de apenas uma, sem prejuízo das faculdades mentais que dizem a uma pessoa se ela é ou não saudável do ponto de vista social.

Com tanto em jogo, me dei conta de que essas emoções podem acontecer, se não todas ao mesmo tempo, ao menos algumas dezenas, numa simples conversação telefônica. Ou, pior, em estado solitário mesmo. De você para você mesmo.

Um turbilhão, um vergalhão a bater constantemente nas encostas de cada um de nós. Realmente, somos teatros vivos, em encenações pífias ou magistrais, com ou sem plateia. E os deuses deveriam estar loucos quando nos deram, sem mais nem menos, tanta carga emocional para tão pouco lombo. Cansei apenas de escrever sobre o assunto e senti, neste exato momento, apenas 12, 30, 40, 44, 53, 65, 74, 79 e 84, das emoções acima descritas.

sábado, 27 de junho de 2009

Ordinariazinhas

Michael Jackson derrubou o Twitter e o Google. A montagem abaixo presta-se, pois, como homenagem.


sexta-feira, 26 de junho de 2009

Holiday (and workday) on ice

Contínuo: não há interrupção, é constante e sucessivo.

Intermitente: que apresenta interrupções de intervalos em intervalos.

Telefonia: inventada em 1860 pelo italiano Meucci, e não por Alexander Graham Bell, conforme reconhecido pelo governo norte-americano em 2002.

Banda larga: surgiu entre 1997 e 1998, com o cable modem (da TV a cabo) e, depois, em 1999, com o DSL (das operadoras de telefonia fixa). Até então, o acesso à internet era discado (ou dial up), no que se convenciona chamar de banda estreita (até 56 Kbps), feito a partir da linha comum do telefone fixo.

Banda larga da NET, nome-fantasia Vírtua: sistema híbrido de acesso rápido à internet que une duas tecnologias: cable modem ou cabos coaxiais e fibra óptica.

Agora que expliquei os termos técnicos, vou discorrer sobre o conteúdo que extrapola os significados desses conceitos.

Embora a NET seja, originalmente, uma operadora de TV por assinatura, passou a oferecer, por conta da evolução tecnológica, mais dois serviços adicionais: a telefonia fixa (Net Fone), em conjunto com a rede da Embratel (no padrão IP, ou internet protocol) e a banda larga sobre a rede de cabos da NET, cabo esse pelo qual vem o mesmo sinal da TV por assinatura.

A NET é uma autorizatária, ou seja, está autorizada a prestar serviços de telefonia e de acesso de alta velocidade à internet. Ao contrário de concorrentes como Oi, Telefônica e Embratel, que são concessionárias e estão sujeitas a metas de qualidade contratuais, garantidas quando da assunção das respectivas concessões, em 1998, na privatização do Sistema Telebrás.

Nem por isso, porém, deve deixar de oferecer ao assinante a qualidade de um serviço que se contrata para ser contínuo, e não intermitente. Mas, por incrível que pareça, o serviço de banda larga Vírtua, digital na teoria, funciona mais ou menos da mesma forma que os antigos aparelhos celulares. Explico: você se lembra que todos os celulares tinham luzinhas (LED) que piscavam intermitentemente? Pois é! Mas a rede, bem ou mal, funcionava. Intermitência, no caso, era apenas o sinal da frequência, que conectava (e conecta) o aparelho à estação radiobase.


Pois, atualmente, o Vírtua funciona assim: há um modem, com 6 LEDs que devem, exceto um, ficarem acesos continuamente. O único intermitente é o sinal do link (da internet). Pois de 2 em 2 minutos, se não menos, todos os LEDs apagam-se abruptamente. Isso tem ocorrido com bastante frequência, sem trocadilhos com a rede móvel, e, de ontem para hoje, a intermitência durou mais de 13 horas.

Ao longo do dia de hoje, por exemplo, essa intermitência é contínua, o que prova que as palavras, embora queiram significar coisas bastante distintas, acabam por agregar um só significado a um serviço que, a priori, deveria ser contínuo, e nunca intermitente.

No site da NET, há uma descrição da tecnologia de banda larga que diz o seguinte: "os cable modems escolhidos pela NET para utilização do Vírtua são da Terayon, empresa americana que desenvolveu a tecnologia S-CDMA (Synchronous Code Division Multiple Access). Um dos principais diferenciais dessa tecnologia é sua grande imunidade a ruído, o que confere confiança, robustez e performance de campo comprovada em diversas operações de cabo em todo o mundo". Está lá, ipsis literis, dessa forma.

O que me confere o direito de retrucar: quisera eu que houvessem ruídos, gemidos, gritos ensurdecedores no cabo para que os bits convertessem-se em: 1. sinal da TV paga; 2. sinal contínuo de telefone; 3. sinal de acesso à internet, sem o qual eu sucumbo (se não por adicto que sou, que seja por conta do trabalho, pois que dependo de telefone e de acesso à internet para trabalhar).

É que, aparentemente, por banal que seja a propalada era digital na qual, teoricamente, todos estamos, me parece que equipamentos e sistemas agem como se analógicos fossem porque: 1. a TV desliga sozinha quando perde o sinal; 2. o telefone ficou mudo por tanto tempo que emigrei de um mundo para o outro; e 3. voltei a 1996, quando ainda havia BBS e o acesso era apenas discado.


As 13 agônicas horas que permaneci sem conexão, com um ligeiro intervalo de acesso de 40 minutos, transformaram-se, nesta sexta-feira, em um rosário feito de contas - minuto sim, minuto não, minuto não de novo, a internet sofreu pequenos colapsos. Ou apenas intermitência, e não continuidade.

Hoje, depois de me exasperar com a falta de acesso, liguei para a central de atendimento da NET. Reproduzo a mensagem inicial, antes mesmo de ter a oportunidade de teclar qualquer número: "Eu vejo que você está ligando de um número de telefone cadastrado e também identifico aqui que temos alguns problemas técnicos na sua região, (que está) afetada, sem sinal de internet e telefone. Enfim, estamos fazendo de tudo para resolver os problemas o mais rápido possível, mas a previsão mais recente é que o serviço deve estar normalizado até às 13:30 horas. Isso é tudo o que se sabe no momento, até mesmo na nossa central de atendimento."

Para não incorrer em interpretações equivocadas, ouvi a mensagem algumas vezes e anotei as palavras. O texto foi exatamente esse. A internet realmente voltou, antes da previsão, por volta das 11:30 horas. Mas, durante o resto do dia, permaneceu intermitente, com idas e vindas feito o vento que balança levemente a minha janela.

Um pouco depois disso, recebi uma ligação da NET que, imagino, é de alguma área de controle de qualidade (o prefixo é 51, ou seja, de Porto Alegre e algumas cidades da Grande Porto Alegre). O atendente queria saber se estava tudo bem conforme as minhas solicitações anteriores para a central, feitas por e-mail ou telefone (celular) e me questionava sobre a linha de telefone. Oras, faz mais de 10 dias que eu portei o NET Fone para a Telefônica!

A conclusão a que chego é que a NET não tem controle sobre as linhas. Imagino que se tudo está controlado por um sistema, a operadora tem que saber quem está conectado, quem se desligou e foi para outra operadora e quem não paga as contas. Deixe de pagar a conta e receberá, em poucos dias, um telegrama, tal a rapidez com que fiscalizam o billing (ou faturamento).

Hoje ainda, há pouco, no início da noite, recebo outra ligação da NET. Dessa vez, para saber se o Vírtua está em funcionamento. Isso decorreu, imagino, da minha reclamação com o atendente anterior, para o qual relatei a intermitência do serviço de banda larga.

A Telefônica, operadora para a qual retornei (por enquanto, apenas para o serviço de voz), está proibida de vender acessos de internet Speedy até que apresente uma solução para os contínuos (esses sim, são sempre contínuos) problemas que tem apresentado na banda larga. Sugiro que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), cujo papel é o de fiscalizar e exigir o cumprimento de qualidade no serviço, exerça o mesmo papel junto à NET no que tange à telefonia de voz e de acesso à internet.

Ou estaremos pior do que no passado recente, quando não havia nem telefones fixos no mercado. Pois é assim que eu tenho me sentido na relação com a operadora da qual era cliente de três serviços: holiday and workday on ice (a patinar no gelo, tanto nos feriados quanto nos dias úteis). E digo no gelo justamente porque a campanha da NET incita o assinante a sair da Sibéria, gelada, e ir para a NET. Bem, até o momento, quem está na Sibéria somos eu e a própria NET. Ou apenas eu, porque o mundo não é dos nerds.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Adeus, Michael Jackson!

Michael Jackson, 1958-2009. Adeus!




quarta-feira, 24 de junho de 2009

As brumas puritanas devassadas por Brüno

O nome Brüno (ou apenas Bruno) significa 'polido', que tem 'lustro', ou origem, nobreza. Em palavras caninas, pedigree. Nem uma coisa nem outra.


O filme "Brüno", cujo personagem central é vivido pelo ator Sacha Baron Cohen, nem estreou de fato e tem provocado toda sorte de polêmica graças ao empenho do próprio ator na divulgação de Brüno, repórter gay afetado e exibicionista (explicação de rodapé = alguns repórteres brasileiros são iguais), especializado em moda, que alfineta, metafórica e literalmente, o universo fashion dos EUA.


No Brasil, Brüno tem estreia prevista para o dia 31 de julho. Cohen, que fez o também irreverente "Borat" (no qual vivia o segundo melhor jornalista do Cazaquistão que viaja pela Inglaterra e EUA e comete atitudes e declarações ofensivas de cunho machista, homofóbico, anti-semita e ainda faz apologia à pedofilia e ao incesto), vem a público para causar barulho e provocar, de novo.


A última ação transgressora de 'Brüno' nos EUA se deu por um ensaio ousado para a revista 'GQ' (cujas fotos estampam este post), com Sacha 'Brüno' Baron Cohen nu na capa e que acaba de ser censurada nas bancas de Chicago. Nos EUA, o filme estreia no dia 10 de julho.


Durante o MTV Movie Awards, 'Brüno' já havia provocado ruídos quando planou sobre a plateia suspenso por cabos de aço e aterrissou no palco com as nádegas sobre o rosto de Eminem, conhecido pelas declarações homofóbicas e preconceituosas, nas músicas e no discurso. A revista "GQ" disse que a atitude de alguns comerciantes de Chicago é isolada e evitou alimentar a polêmica.


Ocorre que os EUA originam-se a partir de colonização britânica, cujo cerne moral é de forte influência calvinista. Precisamente, uma cultura que se denomina de 'puritanismo anglo-saxão'. Os ingleses são conhecidos por serem um povo vestuto, circunspecto, que, sobretudo, mantêm circunstância e pompa entrelaçadas, nos bons e maus momentos. Isso provem exatamente da moral rígida imposta, a princípio, pela formação calvinista (de Calvino) e depois acentuada com as eras vitoriana e elizabetana. Não por acaso, quando das colonizações africanas, não raro viam-se ingleses em trajes pomposos nas savanas da África.


O puritanismo (cuja definição vem de puro, bons costumes, moral correta etc.) nasce para refutar o comportamento amoral do rei Henrique VIII (1509-1547), mais envolvido com escândalos sexuais do que com a política do Império Britânico. E é acentuado por João Calvino (1509-1564) que, embora formado por ideais iluministas, acaba por converter os puritanos nos primeiros protestantes ingleses que se tornariam um grupo bastante conservador em relação aos costumes.


Calvino tornou-se a 'cabeça da Igreja da Inglaterra" e conseguiu expandir a Reforma Protestante pela Inglaterra. Mais tarde, seria perseguido, juntamente com seus seguidores, pela rainha Maria Tudor, rigorosa católica romana, que restauraria a religião católica na Inglaterra e, com isso, daria início a uma perseguição implacável aos protestantes, com consequências que se estenderam até os dias atuais entre os católicos e protestantes da Irlanda.


Entre confrontos da nova fé professada por Calvino e a antiga igreja católica de Roma, a Inglaterra (e o Reino Unido) passou por diferentes escalas de crises, sempre com a mão dos soberanos ingleses a conduzirem a relação Estado-Igreja e nem sempre com as melhores consequências.


Os EUA foram colonizados pelos britânicos a partir do século XVI e, em 1629,um grupo de colonos oriundos da Inglaterra estabeleceu-se em Massachusetts. Era o primeiro grupo de puritanos que chegava ao Novo Mundo com a intenção clara e objetiva de criar uma nova e pura igreja anglicana na colônia. Esse primeiro grupo contava 400 puritanos e, nos dois anos seguintes, chegaram mais 2 mil puritanos. Os puritanos não acreditavam em liberdade religiosa, e sim em dominação pela religião, que se estendia à moral e aos bons costumes (segundo seus próprios e rígidos cânones).


A partir de Massachusetts, os puritanos estenderam seus laços por toda a Nova Inglaterra (região nordeste dos EUA), que abrange cidades como Boston e estados como Connecticut, Maine, New Hampshire, Rhode Island e Vermont.


Chicago, cidade em que as bancas cobriram a nudez de Brüno, não fica nessa região. Capital de Illinois, estado quase central dos EUA, no entanto, a cidade, assim como outras regiões do país, notadamente os estados do centro e do nordeste do território norte-americano, é, tipicamente, baseada na cultura anglo-saxã, da qual é descendente.


E daí porque o puritanismo assola o solo norte-americano. Com exceção talvez de Nova York e uma ou outra cidade com visão cosmopolita, as cidades norte-americanas guardam, na memória coletiva, a rígida e conservadora moral puritanista anglo-saxônica que, por ora, recai sobre a nudez de Brüno.


Quando o ator Sacha Cohen incorpora o personagem Brüno, busca, antes de tudo, transgredir (como o fez com 'Borat') e justamente incitar a sociedade que, puritana e capitalista, se debate entre as brumas da devassidão pelas quais anseia e rejeita, simultaneamente. Tal qual os nada cândidos ingleses que enrustem comportamentos nada ortodoxos quando se trata de travar as batalhas de alcova, como o fazia o sensual rei Henrique VIII, porém, sem reservas.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Que sejamos eternos enquanto durarem... os servidores!

Eu sempre comentei com uma amiga o que faria com cerca de 30 ou 40 sites nos quais estou cadastrado (de redes sociais a e-mails, de bancos a serviços de governo, e aglutinadores de conteúdo e outros, muitos outros) quando estivesse morto. Não fiz a conta, mas acho que já me cadastrei e mantenho contato regular em pelo menos uns 40 sites diferentes.

Tal pensamento, que pode parecer mórbido à primeira vista, mostra-se pertinente quando você passa a alimentar um blog e ser, sozinho, responsável por postagens que, aos conhecidos, servem de referência para o que você pensa, onde está, como está. Para estranhos, talvez reste, ao final, um vazio, uma falta de explicação, um súbito desaparecimento que será seguido de alguma perseverança (na visitação), certa frustração (espero) e, finalmente, a desistência, dado que tudo o que é contemporâneo, o é, também, descartável.

Ontem, me deparei com um artigo no G1 justamente sobre o que fazer com os perfis, principalmente em redes sociais como Orkut, Facebook, MySpace, Twitter e Flickr (estou nas cinco redes) caso a vida lhe seja negada. Nunca passei senhas para ninguém - nem família ou amigos. Eu, como 99% da humanidade, creio, não quero lidar assim, de repente, com o meu próprio desaparecimento e muito menos por meio de senhas de serviços virtuais.

Deixo para os que ficam a ingrata tarefa de lidar com a eternidade digital. A qual, acredito, durará até que o último servidor de uma empresa como a Google (que hospeda este blog, o Gmail, o Orkut, o YouTube) ou outras, como Yahoo! (proprietária do Flickr e do Meme), Technorati, Stumble, Facebook, Twitter, WordPress, Ning, Digg, Slide, FriendFeed e tantas mais que já não as recordo, seja desligado, pela mão bruta do homem que decreta as falências, pela ação da natureza, na eventual extinção da energia elétrica ou porque os dados foram, todos, corrompidos.

Por qualquer que seja o motivo, acredito e, acho, você também, que nossos dados (fotos, textos, páginas na internet, e-mails) podem ser guardados em algum disco rígido virtual imenso, sobre o qual nada sabemos (onde está, qual é o tamanho, o exato limite que podemos ocupar nesse latifúndio de alumínio que, tecnicamente, pode ser um servidor, um data warehouse, storage, fita, disco). Seja lá o que for, nossos dados circulam por aí, em algum espaço compartimentado com outras milhões de informações estranhas, num bacanal orgiástico sem controle.

Não sei onde geograficamente e nem me ocorre fazer uma investigação para seguir meu rastreio digital e saber que, de repente, meu blog está hospedado num servidor da Eslovênia porque lá existe mais espaço e é mais barato. Sei lá!

Bem, voltemos ao mundo dos mortos, ou melhor, dos que serão (mortos) sem nunca ter sido, ou seja, cada um de nós que lê estas linhas, pelo menos. O referido artigo do G1 apresenta algumas soluções de sites que seriam como testamenteiros: guardiões de informações sigilosas que serão liberadas na hora da nossa morte, amém! Pois que, se não confiamos em uma pessoa para fazer dela nossos backups ou contingências em vida, que nos entreguemos e a nossos segredos, confissões e pecados virtuais a quem é do ramo: um outro site.

Ninguém explica, porém, que tais sites não estão, como os padres da religião católica, fadados ao segredo dessas confissões, num dos dogmas mais rígidos da Igreja Católica, o que garante, a princípio, que são, os padres, inexpugnáveis. Não sei se os sites, sob ameaças judiciais, teriam algum tipo de pudor para não se dobrar. Ou ainda que os servidores desses sites, assim como os acima citados, não sofram reveses, ataques de hackers curiosos ou mortandade anterior à minha própria morte e acabem por espalhar informações restritas na imensa rede que tudo conspurca. OK! Meio apostólico o discurso, mas nunca se sabe, quando se fala sobre morte, todo cuidado é pouco.

Vamos aos sites que se arvoram, pois, de guardiões de nossas vidas pós-morte, se me é possível fazer tal injunção sem maiores consequências. Claro, são todos pagos, porque nem a morte é gratuita. Muito menos a virtual que, se gratuita em vida, ainda assim pode, a qualquer momento, cobrar seu preço, o que não ocorre na morte física (as fotos que ilustram o post são dos respectivos sites):


- Legacy Locker (algo como cadeado da herança): permite que o usuário cadastre todos os logins (codinomes, nicknames, nomes, e-mails) e senhas para que sejam entregues a familiares e conhecidos após a sua (e minha) morte. Tudo - e-mail, foto, rede social e qualquer outro serviço que exige cadastramento - pode ser colocado nesse site. Para cada conta, inclusive, o usuário pode escolher um (in)feliz beneficiário da herança digital. O respectivo herdeiro terá que apenas comprovar a morte de quem lhe afiançou como beneficiário e comunicar ao site com provas evidenciais do falecido (certidão de óbito) e de si próprio (documento de identidade). A taxa cobrada pelo site é única, de US$ 300 (até a morte do interessado), ou anual, a US$ 30 a cada ano.


- YouDeparted (você partiu; gostei!): nesse site, além de poder guardar logins e senhas, o usuário pode armazenar cópias de documentos importantes, escrever mensagens de despedida para os entes queridos, a serem disparadas ao primeiro sinal de morte, determinar as preferências para o funeral (quero caixão estofado, com flores brancas, mas não amarelas, sem véus, com poucas e finíssimas velas) e descrever os locais onde poderão ser encontrados documentos e objetos importantes (lá, sob aquela árvore, enterrei uma caixinha de madeira com todos os meus soldadinhos de chumbo em 1943). E olha a amplidão do serviço, alinhada justamente com a extensão da eternidade que se avizinha assim que você morre: podem ser cadastradas de 1 a 99 pessoas, que terão acesso a informações específicas determinadas pelo usuário (eu usaria a cota inteira só de birra). Cada herdeiro deve ser avisado pelo usuário que está a lhe transmitir a sôfrega missão e, de novo, assim que a morte do contratante é dada como certa, e um determinado número de herdeiros comunica o site sobre o ocorrido, já o site começa a liberar a caixa de Pandora do falecido. Os preços são anuais e variam entre US$ 10 (20 tipos de informação e 20 MB de memória - no Gmail, 20 MB é o limite de envio de anexos) a US$ 80 (informações ilimitadas e 5 GB de memória - o Hotmail oferece capacidade equivalente para arquivo de informações).


- Slightly Morbid (meio mórbido, é a tradução; meio???): não arquiva logins e senhas, e sim avisa os contatos - todos, reais e virtuais - de que você morreu. Dessa forma, o Dom Corleone do Mafia Wars do Facebook, a Ciganinha do Twitter e o TesudoJá do Messenger (que você imaginava completamente anônimo) vão saber da mesma forma do fato, assim como seus tios, primos, cunhados e parentes que aparecem somente por ocasião dos enterros. Nesse caso, o usuário deve criar uma conta com todos os e-mails dos seus contatos (uma espécie de mortal mailing) e passar um certificado com instruções para alguém de confiança. Quando da aparada da foice, negra e soturna, a fiel depositária do certificado e da confiança deve disparar (rápido, feito um tiro) mensagens que o falecido havia deixado por escrito. O legal é que esse serviço serve também para avisar que você ainda não passou desta para aquela, considerada equivocadamente, na minha opinião, melhor, em caso de escapar ileso de terremotos e tsunamis. Os preços , únicos, variam entre US$ 10 a US$ 50, conforme você é mais ou menos popular, tanto na vida real quanta na second life, ops!, na virtual.


- Orkut (Oh! turco! O Orkut foi inventado pelo turco Orkut Büyükkokten, que era engenheiro do Google): se você morre, de repente, como sói acontecer nesse caso, sem que você tenha dado por isso, e não se precaveu ordeiramente ao contratar um dos três serviços acima, o todo-poderoso Google cuida de você no além: ensina aos herdeiros da sua miséria virtual como te excluir da face virtual terrena. Basta que um parente ou conhecido, com acesso a dados pessoais seus, faça uma série de cliques e... glup! Você já era, assim na terra como na internet.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Alice no País das Maravilhas

A Walt Disney divulgou nesta segunda-feira, 22, as primeiras fotos em arte conceitual de "Alice in Wonderland" (Alice no País das Maravilhas), filme que foi adaptado da obra de Lewis Carroll e dirigido por Tim Burton.

Os protagonistas são Johnny Depp (Chapeleiro Maluco), Anne Hathaway (Rainha Branca), Mia Wasikowska (Alice) e Helena Bonham Carter (Rainha de Copas). Ainda há outros personagens secundários como Michael Sheen (Coelho Branco), Matt Lucas (que faz os gêmeos Tweedledee e Tweedledum) e Crispin Glover (Valete de Copas).











As filmagens foram concluídas em dezembro do ano passado e a estreia do filme, em formato tridimensional, está prevista apenas para março do ano que vem, nos EUA.


Tenho uma edição primorosa de "Alice no País das Maravilhas" (juntamente com "Alice Através do Espelho"), da editora Jorge Zahar, que ganhei de um amigo. Essa obra tem ilustrações originais (como essa aí de cima) de John Tenniel, que as fez diretamente sob encomenda de Lewis Carroll.

domingo, 21 de junho de 2009

Meu rugido dominical


Incitado mais pelas gôndolas do supermercado do que pelas tradições brasileiras que pedem que se celebrem as festas juninas, estou em pleno processo de produção da canjica. É, isso mesmo. Eu cozinho com vontade quando me proponho a fazê-lo. Quero fazer dessa canjica a minha particular festa junina para resgatar outras juninas festas que se foram e ficaram apenas na lembrança.


As festas juninas brasileiras originaram-se das tradições equivalentes de Portugal, de cunho religioso, e são datas comemorativas de santos populares lá, além-mar, e aqui, no Brasil: Santo Antônio, São João e São Pedro são os protagonistas dessas festas.

Eu me recordo que todo mês de junho, quando cursava o ginásio (ai que antigo!) - da 5ª. à 8ª. série segundo o ensino médio de então - passávamos, os estudantes, cerca de 15 dias nos preparos para a festa junina escolar: arrecadação dos recursos (prendas, que incluíam até, por vezes, reses), construção do cenário (pau de sebo, capelinha, cadeia, arraial, tudo feito com bambu e coberto de sapé) e figurino (roupas ao estilo caipira, com chapéus de palha, camisas de algodão e botinas para os homens e vestidos de chita, marias-chiquinhas e sapatinhos baixos para as mulheres).

E, finalmente, chegava o dia da festa: tudo iluminado, todos paramentados e dançava-se a quadrilha, principal atração da noite. Era uma festa: a cidade envolvia-se completamente com o evento e alunos e pais participavam.

Depois, em fase posterior, cheguei a participar de festas juninas menos ingênuas, mais movidas a combustíveis como o quentão (mistura de aguardente, açúcar, gengibre e especiarias) e cuja conotação já destoava das singelas festas escolares. Era mais um motivo para beber do que propriamente para se celebrar gratuitamente da forma como se fazia no ambiente juvenil ginasial.

Atualmente, não sei mais o que é das festas juninas, seja no interior ou nas cidades como São Paulo. A única - e pobre - referência que me veio este mês, por exemplo, foi exatamente dos supermercados, que enchem prateleiras com ofertas típicas: canjica, amendoim, paçoca, milho para pipoca, pé-de-moleque e outros ingredientes que estão associados às juninas.

Mas o que importa mesmo é aquele ambiente interiorano. Era algo ingênuo. Simples e de compartilhamento. Comemorava-se uma realização (da escola) e uma sociabilização (pais, professores e alunos) que não existe mais.

Soa a saudosismo e é assim mesmo. Que mal há nisso? É que não vejo mais a ingenuidade e simplicidade daqueles tempos e daí a recorrência à vaga memória que me traz comemorações desse tipo. Me lembro de percorrer estradas vicinais de terra em busca de doações voluntárias, de me divertir com os colegas que estavam juntos, de trabalhar artesanalmente na construção dos cercados de bambu, de me vestir de 'caipira', com toda a mise-en-scène do ato.

No Brasil, a festa junina (antes era joanina, de São João), veio de Portugal e de outros países europeus, por meio dos imigrantes italianos, alemães e outros, chegados já em meados do século XIX. Mas, como tudo no País, a festa tem elementos miscigenados que se plasmaram nas culturas africana e indígena.

No Nordeste, a principal festa é a de São João (a de Campina Grande, na Paraíba, é considerada a maior do mundo, e tem também a de Caruaru, em Pernambuco). E é aqui que eu digo que se acabou a singeleza dessas festas, assim como ocorreu com outros eventos (Carnaval, Parintins, na Amazônia). Hoje, essas celebrações são feitas em escala industrial, com marcas multinacionais a patrociná-las.

Tenho um amigo que diz que a cada vez que se estabelece um perímetro e regras para as manifestações festeiras populares, esgota-se a capacidade criativa de modo que essas festas perdem o tom da originalidade que as caracterizava. Concordo: basta ver o Carnaval do Rio de Janeiro e de São Paulo e o Festival de Parintins, no meio da floresta amazônica, para entender que essas festas são apenas réplicas organizadas da criatividade original que lhes deu forma.

E volto à canjica (acaijic, em tupi-guarani), que começa a levantar fervura na panela de ferro, cujas raízes, por serem procedentes do terreiroir brasileiro, presta-se, de forma efusiva, ao meu pequeno protesto (ainda que gastronômico) contra o desenraizamento cultural brasileiro em geral, em que se converteu o caldeirão (mas não a panela na qual cozinho neste momento) da criação popular.

Daí que faço, de forma metafórica, um ato de antropofagia: comerei a canjica para sanar em mim a fome de um universo em extinção, cozido por demais tempo em tachos modernos que transformaram tudo - festas e pessoas - num pastiche sem sabor e inidentificável. Apenas um caldo insosso.

sábado, 20 de junho de 2009

O mito do bebê crescido e a necessidade de ser embalado

Diz o mito que nós, homens, não passamos de bebês crescidos, prontos para procurar colo e esconder eventuais birras, chororôs e ranger de dentes em caso de extremos (ou por bem menos do que isso). Será que é assim mesmo?

Isso me traz imediatamente "O Curioso Caso de Benjamin Button". Não o filme, ao qual não assisti, e sim o conto que deu origem ao que foi para as telas de cinema. O conto foi publicado no livro "Tales of de Jazz Age" ("6 Contos da Era do Jazz", no Brasil), de F. Scott Fitzgerald, em 1922, e narra a história de Benjamim Button, que nasce velho e, conforme vive, retrocede cada vez mais a ponto de terminar onde todos começamos e para onde todos nós nos dirigimos: ao nada.

Não sei se somos, os homens adultos, eternas crianças crescidas, a buscar o conforto em colos maternos ou meta-maternos. Por acaso, ao circular pelo Facebook, dei de cara com uma dica de site do colega Renato Cruz, jornalista do Estadão. O site é Man Babies (Homem-Bebês), que subverte o mito de alguma forma e coloca os bebês como guardiões dos pais. É um dos sites mais hilários que eu já vi e me leva, simbolicamente, a querer que, de vez em quando, um bebê me pegue no colo sim e me embale e me proteja das agruras do dia-a-dia. Reproduzo abaixo algumas fotos do site. São divertidas e ternas, ao mesmo tempo.
















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