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segunda-feira, 27 de junho de 2011

O primeiro beijo gay da Rede Globo

A maior emissora de TV do Brasil, a Rede Globo, acaba de derrubar um mito e um tabu: exibiu, numa reportagem na última quarta-feira, 22, no Jornal Nacional, em cadeia também nacional, o primeiro beijo gay e, ainda, o primeiro beijo lésbico. Para a Globo, é um avanço e significa, finalmente, que a emissora admite, sem rodeios, que os gays estamos todos aí, na sociedade, exatamente como parte dessa mesma sociedade.


O beijo passou desapercebido para mim e, acredito, para a maior parte das pessoas. A importância do fato, como lembrou o portal de comunicação Comunique-se, está na abordagem da emissora sobre o assunto. O site questionou a Globo sobre a existência de alguma regra para telejornais e outra para as novelas da emissora, as quais sempre tiveram as cenas gays - e de beijos gays - reprimidas.




Casal do Estado de Goiás, abordado pela reportagem, que teve o casamento
cancelado por um juiz preconceituoso e, depois, pode formalizar a união


Em fevereiro deste ano, o diretor da Globo, Luis Erlanger, segundo o portal, afirmou que as cenas não eram exibidas nas novelas apenas para respeitar a classificação etária, e não por proibição explícita. Em resposta ao Comunique-se, a Central Globo de Comunicação respondeu: "Não cabe comparação entre realidade e ficção. É papel do nosso jornalismo noticiar os fatos com qualidade e isenção. E não existem temas proibidos na nossa teledramaturgia. Ao mesmo tempo que a crítica ao preconceito é uma constante, nossa preocupação é preservar a liberdade de expressão artística mas sem levantar bandeiras de comportamento no campo da sexualidade, que é baseada na individualidade. Aqui nosso desafio está em respeitar uma audiência não-segmentada, múltipla em suas expectativas e preferências".


Repito que é um avanço porque a Rede Globo é a emissora que detém o maior share de audiência do Brasil e transmitir as cenas (conforme a foto acima, reproduzida do portal Comunique-se, e a matéria completa, no vídeo abaixo) em cadeia nacional, em programa jornalístico respeitado, é um passo grande para este País que, basicamente, se educa, ainda, pela TV, sobretudo pela própria Globo.





Em tempo: a assimilação dos gays pela Globo, e do beijo gay, se deve, na minha opinião, mais à concorrência do que a uma súbita mudança de comportamento dos executivos globais: uma outra emissora concorrente, o SBT, exibiu, pela primeira vez na história da TV aberta brasileira, o primeiro beijo gay (lésbico) da ficção, na novela Amor e Revolução", no dia 12 de maio deste ano, conforme o vídeo abaixo:





De qualquer forma, parabéns pela iniciativa de ambas as emissoras. Na ficção, pelas novelas, e, o mais importante, na vida real, pelos programas jornalísticos.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O cliente sempre tem razão

No domingo, defendi que as redes sociais exercem papel limitado no levante árabe que começou na Tunísia, passa pelo Egito e deve fazer estragos em mais uma dúzia de nações entre o Oriente Médio e a África.


E creio mesmo nisso. Facebooks e Twitters da vida agem, nessas sociedades dominadas por governos déspotas, apenas como ferramentas iniciais. Depois, é como se o povo pegasse a própria revolução pelas mãos e a conduzisse. Sem redes sociais. E sem redes de proteção também.


Mas, se existe um caso - limitado, claro, a sociedades nas quais é possível se manifestar livremente - em que a internet - e redes sociais - definitivamente consegue colocar o cidadão consumidor com a boca no trombone, e que trombone!, é quando a pessoa, qualquer que seja e desde que tenha um mínimo de informação e acesso, se posiciona publicamente por meio das redes - que pode ser um vídeo no YouTube, uma postagem no Facebook ou no Twitter ou até mesmo o estabelecimento de um blog - e consegue se fazer notar pelas marcas.


Dois casos - um brasileiro e outro norte-americano, com os respectivos vídeos postados abaixo, ilustram isso. No caso do Brasil, o consumidor adquiriu uma geladeira Brastemp e depois de três meses de problemas, sem a respectiva solução, resolveu postar um vídeo e alardear todo o tratamento que a marca lhe deu (e não deu, principalmente). O resultado é que o barulho repercutiu tanto que a Brastemp teve que tomar providências. Algo tardias, registre-se. O vídeo, postado no final de janeiro deste ano, tem mais de 420 mil visualizações. Mas, esse caso abre um excelente precedente para o consumidor e também é um alerta para as marcas - todas, de todos os segmentos - que continuam a tratar consumidores como se fossem lixo.


No caso norte-americano, um músico gravou e postou no YouTube um engraçado vídeo no qual relata como foi maltratado pela United Airlines. Lá, a repercussão foi ainda maior e fez com que algumas normas dentro da companhia aérea fosse alteradas. Postado em julho de 2009, o vídeo já contabiliza mais de 9,9 milhões de visualizações. Obviamente, a imagem da United Airlines nunca mais foi a mesma depois disso.


Ao ler o jornal, descobri que existe um termo que designa esse tipo de comportamento pelo qual o consumidor usa os meios sociais para se fazer ouvir, quando os canais convencionais - atendimento, lojas físicas, e-mails ou qualquer outro - já não são suficientes para lhe dar respostas. O conceito é denominado "consumer generated media - CGM" (mídia criada pelo consumidor) e foi cunhado pelo marquerteiro Pete Blackshaw, autor do livro "O Cliente É Quem Manda". Trata-se de como, no mundo da internet e das redes, as empresas devem interagir com esse usuário midiático que tem a ferramenta (redes sociais) nas suas mãos para produzir conteúdo próprio (seja uma reclamação ou qualquer outro conteúdo).


Creio que estamos longe ainda de um mundo ideal em que seremos respeitados pelas marcas e empresas das quais consumimos a produção. Para finalizar, eu mesmo fui vítima de como uma empresa (ou marca) deixa a desejar quando se trata de qualidade. A marca em si, American Airlines, atrasou, no conjunto de voos, quase quatro horas e não foi capaz de se explicar e nem ao menos oferecer água ou qualquer outro conforto para os passageiros. Eu bem poderia ter tido a ideia, durante o tempo em que fiquei confinado na minúscula poltrona da classe econômica, de registrar com o meu telefone e postar depois no YouTube. Seria mais um CGM a ilustrar o desrespeito generalizado das marcas com seus consumidores.







quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

No Natal eu venho me buscar

Ainda que eu não seja uma ave de arribação, tenho uma tendência migratória: faço, anualmente, o caminho de regresso para casa. Convenciona-se chamar de casa, ou pelo menos eu mantenho essa convenção, àquela a partir da qual fomos gerados para o mundo. De fato, casa é onde se está. Mais: casa sou eu mesmo, ao modo das tartarugas que carregam o próprio lar nas costas.


Mas empreendo todo ano uma espécie de romaria ou, para situar no período, uma via sacra. E é praticamente um hábito religioso que repito todos os anos, com raríssimas quebras. Assim, aponto meu bico de ave que não é ave para a região Oeste do Estado e vou. Sim, embora ave não seja, meio que voo. Depois, as multas voam atrás de mim.


E, mais uma vez, chega a hora da migração periódica. Todo ano prometo me fazer mais presente lá na casa da minha mãe. É lá que está a maior parte da minha família. Todo ano não cumpro a promessa. Este ano estive lá no começo de janeiro, na beira dos estertores de 2008, e depois em julho. E foi tudo. São quase 400 quilômetros de distância mas não é a distância física uma barreira, e sim a forma como levo a vida. De julho para cá, trabalhei todos os dias, de domingo a domingo, e apenas na semana passada houve um alívio.





Estou bastante cansado e estressado. Andei a reclamar por aqui vez ou outra desse esforço e sempre li de volta palavras que dão alento. Embora eu pareça refratário, afirmo que não sou e, para fazer ainda a analogia com as aves, mais vale uma palavra de incentivo aqui escrita por um(a) leitor(a) do que atitudes que não chegam a se concretizar e pairam feito penas ao vento, sem direção, a flutuar no espaço cada vez mais rarefeito da vida cotidiana.


Nesses cinco meses, entre julho e agora, passei, das 24 horas do dia, ao menos 16 horas colado à tela do computador. Por tudo: por trabalho, pelo blog, pelas redes sociais e, por fim, para me dedicar aos social games, os jogos atrelados às redes sociais que, como a milhões de outras pessoas no mundo, me fizeram um viciado diário.





Tenho uma relação mal resolvida com o mundo virtual: amo e odeio e isso pode ocorrer nas mesmas proporções. Amo porque se me abriu não apenas janelas, mas um portal inteiro, um imenso mar de pessoas, um universo pelo qual transitam seres deste planeta - quiçá de outros, nunca se sabe - e que estão, numa ilusão de ótica, simultaneamente tão perto e tão longe. Amo porque todo o ambiente da internet me fez conhecer pessoas novas. Que eu amaria ainda mais conhecê-las pessoalmente. Pois que me acompanham por aqui de uma forma que nem as pessoas reais, que me estão próximas, por vezes conseguem me acompanhar.


Odeio exatamente pelo mesmo motivo: por não poder trespassar a tela, atravessá-la como se um portal fosse e conhecer e me dar a conhecer às pessoas (OK, me dar é mais exato, admito). Que tudo que tenho desses seres que se encontram nessa massa esfera binária que, em combinações 011011001100110110, nos transformam, a todos, em pessoas de carne e osso, para além de nossos avatares, nicknames, fotografias e metáforas de todas as formas, são, por enquanto, relâmpagos de vidas que riscam essa estratosfera virtual.


Portanto, eu coloco de lado a virtual life, que acho, sim, uma second life tão rica quanto a first life pode ser, e vou para a real life. Vida real. Volto, uma vez mais, filho pródigo, para os meus.


Deixo a FarmVille em que planto e realizo colheitas virtuais para a terra que me viu nascer.


Deixo a famiglia do Mafia Wars e vou para a família a qual eu pertenço.


Deixo o Café World para tomar café de casa, feito na hora.


Deixo o Happy Aquarium para alimentar os peixes reais do açude do sítio em que nasci.





Assim, este blog e blogueiro pedem arrego e entram ambos em recesso. Que o gene recessivo do ano foi completamente coberto pelo gene dominante. E que, embora eu tenha tido excelentes resultados em muitas coisas, noutras predominou um certo desalento que, por fim, me abateu mais do que eu previa. Mas é para isso que voo em sentido contrário. Para me recompor. Para trocar as penas. Para sentir a vida real mais do que a virtual.





Formo fileira com aquelas pessoas que não têm muito apreço ao Natal. Nunca gostei da data, mesmo antes de identificá-la com o significado comercial que tem atualmente. Não sei nem explicar porque. Talvez seja porque não fui formado com um espírito natalino, de um papai noel que trouxesse presentes e me encantasse. Talvez porque nunca houve neve. E talvez porque no fundo eu era um incrédulo desde sempre.


Mas eu gosto do período em si que antecede e precede o Natal. Do fato de podermos, na minha casa, finalmente nos juntarmos a todos. É a única ocasião que acontece isso por mais que nos prometamos uns aos outros o contrário. O tal do espírito natalino ao menos tem o mérito de nos por em torno de uma mesa, uma casa e fazer daqueles instantes um mundo particular.


Gosto também da passagem de ano. Já passei sujo, no sentido estrito de não me banhar horas antes, descalço, sem camisa. Tive o maior prazer porque passei, um ano, a altas gargalhadas. Por tudo e por nada. Livre de qualquer outro pensamento. Acho que somente pelo prazer de estar onde estava com as pessoas que importavam. Antigamente, lembro que eu costumava me preparar cerimoniosamente para a passagem do ano: roupa branca, nova, um banho de purificação, um preparo para o que viria. Isso acabou. E não faz falta. São besteiras. Agora, o que importa são outras cerimônias, mais intangíveis porém mais importantes.


Se tenho algum sonho para 2010? Sonhos os tenho todos os dias. Sonho acordado inclusive. Sonho muito para mim mas não sou do tipo que acorda e acredita que a vida é pesadelo. Embora eu creia que a vida não é sonho, também não é pesadelo, certamente. Prefiro dizer que alimento perspectivas. Porque os sonhos pertencem ao universo dos sonhos e é lá que ficam, no reino do inconsciente. As minhas perspectivas para 2010 são muitas. Mas tem uma, particularmente, que a mim me daria muito prazer efetivá-la: gostaria de ir para Portugal e conhecer uma porção de pessoas que me visitaram o ano inteiro e que dialogaram comigo neste espaço. Não vou nominá-las porque sempre que se procede assim ou se peca por falta ou por excesso. Essas queridas pessoas, ao me lerem, se saberão citadas.


Durante este ano de 2009, alimentei, para o regozijo dos amigos, uma ideia fantasiosa: a de que iria me casar. O detalhe é que existe apenas uma pessoa nessa história: eu. A não ser que eu me casasse com um poste ou um boneco inflável, nunca existiu essa possibilidade. Durante o ano inteiro, esvaziado que foi pelo término da faculdade de gastronomia que fiz entre 2007 e 2008, não conheci praticamente ninguém (na vida real, quero dizer). Dos conhecidos, são todos amigos e, a não ser por um desatino, não me vejo casado com ninguém que conheça atualmente. Portanto, a ideia de casamento foi, essa sim, uma fantasia - não cultivada, devo frisar - que pertence ao tal universo dos sonhos. O ano termina e eu não estou casado. Se estou infeliz? Não. Mas não estou feliz também. Estou a meio caminho entre perspectivas e sonhos. E que ambos se realizem, a despeito de eu acabar de desmerecer os sonhos. Sei lá. Vai que...


Desejo a você, amado(a) leitor(a), muita coisa. Mas não vou repisar os cumprimentos habituais que se fazem nessa época. Não gosto disso. Só quero dizer que desejo mentalmente que cada um de vocês, amigos(as), conhecidos(as) e anônimos(as), realize suas perspectivas e, porventura, eventuais sonhos, na medida em que acreditam nas primeiras ou nos segundos.


Este é, assim, o último post do ano. Porque no Natal eu mesmo venho me buscar e me levarei para a outra dimensão, a real. Nos vemos - modo de dizer, né! - no ano que vem. Abraço, beijo e o que mais você quiser. Que tudo o que quiser lhe será concedido (eu repito isso para mim mesmo até acreditar). Até logo!

sábado, 31 de outubro de 2009

De como se processa a degradação do jornalismo brasileiro

Nas últimas três semanas, fiz trabalhos para cinco diferentes veículos. Quiçá eu tivesse 48 horas no meu dia para abarcar tudo. Entre poucas horas de sono e muito trabalho, dei conta de todos. Sou freelancer há quase quatro anos. As redações - da grande à segmentada mídia - estão cada vez mais enxutas ou tomadas por profissionais que começam com um salário-piso.


Não é de hoje que vejo redações inteiras serem desmanteladas e ressurgirem com menos qualidade. Os donos dos veículos de mídia não investem: fazem financiamentos, alegam custos inexistentes e jamais se preocupam em fazer revisões periódicas de faixas salariais. O sindicato não tem força. Para nós, profissionais da imprensa, somente nos é dada uma alternativa: trabalhar mais para cobrir vagas que nunca serão preenchidas e ganhar o mesmo.


Aliás, ganhar o mesmo seria até razoável, no contexto. O problema é que a maior parte de nós fomos submetidos a regimes de exceção que, ou muito me engano, ou viraram regra: na última década, para fugir dos impostos, os empregadores fizeram com que nós, pessoas físicas, migrássemos em massa para pessoas jurídicas. Eu tenho uma empresa, meus amigos têm e o fato de ter a própria empresa e emitir nota fiscal passou a ser um critério na seleção - para a redação e para jobs pontuais.





Esse cenário tem, na minha opinião, se agravado cada vez mais: em eventuais contratações da meia dúzia de veículos que ainda o faz, as propostas salariais são ridículas. Ninguém mais leva em conta o conhecimento, o trabalho que você faz e o grau de especialização ou de generalização (o jornalista tem que ser especializado em generalidades, dizem) de que você é capaz.


Sempre que saímos de uma redação, parece que, junto com a empresa, fica o nosso histórico profissional. Para o mercado, somos apenas mais um na multidão. Em que pese a cobrança por dados curriculares que atinjam os mais diversos níveis - conhecimento de inglês, espanhol e, preferencialmente, de uma quarta e até uma quinta línguas; domínio do ambiente digital - redes sociais, programação básica em HTML!; completo controle sobre os concorrentes; metas para dar 'furos' de reportagem'; metas para se entrevistar e manter contato com fontes que, cada vez mais, são tão instáveis quanto nós mesmos; necessidade de ser um jornalista multitarefa - fazer pauta, entrevistar, cuidar da produção das fotos, saber alimentar as diversas entradas - sites, mobile site, veículo impresso; e, ao final, ainda ser um jornalista bom de texto e completamente investigativo, daqueles que são odiados pelas fontes por lhes 'roubarem' informações preciosas.


Como se fossemos espiões. Como se não houvessem outros profissionais de comunicação (assessores de imprensa, gerentes de comunicação, áreas de comunicação corporativas inteiras) a nos bloquear eventuais acessos paralelos e a filtrar, o tempo todo, o que pode e o que não pode ser dito. Alguns dirigentes dos veículos - e qualquer tipo de veículo - ainda não se deram conta de que o hábito antigo de cultivar a fonte acabou. Ninguém é de ninguém e somos, como me disse uma professora do primeiro ano da faculdade de jornalismo, apenas escadas para elevar outras pessoas. No caso, as fontes das empresas.





Nessa escalada que mais se equipara à escalada técnica com que os jornais televisivos abrem suas edições, alguns de nós (eu, inclusive) aceitamos os trabalhos conforme nos chegam. Porque ser freela, nesse campo (e imagino que em outros também) depende somente de você: ou você aceita as condições ou não será procurado uma segunda vez.


Assim, entre os cinco veículos para os quais eu trabalhei, como disse acima, aceitei fazer um artigo. Demorei oito dias úteis, falei com seis fontes bastante conceituadas e produzi o texto. Tenho noção do meu trabalho e sei que sou bom no que faço. Além de eu mesmo ter essa consciência, vezes sem conta me disseram isso. Portanto, sei que sou bom jornalista. Entreguei o texto no prazo (e respeitar o prazo é fundamental nessa profissão) e, pronto!, dei o trabalho por encerrado.


A empresa que me pediu esse job é conhecida. Não é uma empresa de fundo de quintal sobre a qual ninguém ouviu falar. Tenho amigos que lá trabalham. Na próxima segunda-feira, dia 2, fará um mês que entreguei o artigo que, inclusive, já foi publicado há três semanas. Ontem, dia 30, liguei para a empresa para saber quando seria pago. E foi triste: me disseram que a empresa está sem fluxo de caixa (um artifício para nos enrolar) e que me pagarão apenas no dia 17 de novembro. Ou seja, serão 45 dias depois do dia em que entreguei o artigo.


Não sei vocês, mas minhas contas insistem em vencer mensalmente. De forma que, de 30 em 30 dias, tenho que pagar ou serei multado ou sofrerei as sanções por não honrar meus compromissos. Não são 25 dias ou 45 dias. São 30 dias. Depois que falei com a pessoa responsável que, obviamente, não abriu nenhuma hipótese de negociação, se me abateu um sentimento de profunda tristeza com o jornalismo brasileiro. Um pouco mais, já que não é de hoje que reclamo da profissão.





Tive um professor de inglês, nativo do Texas, EUA, que me dizia não entender como nós, da imprensa brasileira, nos sujeitávamos às péssimas condições de trabalho. Esse professor relatava casos de jornalistas norte-americanos, seus amigos, bastante diversos dos nossos próprios casos. Eu sempre refutava e dizia que nós não tínhamos como exigir. Além de não termos um sindicato forte, não se tratava de escolher. Éramos nós os escolhidos e prontos.


Falei duas vezes da fragilidade do sindicato e explico: há um piso para a profissão, assim como para trabalhos feitos por freelancers como eu. Os valores variam conforme o número de caracteres (pode ser páginas, palavras ou toques) e a quantidade de fontes entrevistadas, bem como informações acessórias como fotografias, por exemplo.


Até onde eu sei, nunca fui pago pelos valores que o sindicato apresenta como 'pisos'. A mim me parecem mais 'tetos' do que 'pisos'. Se eu argumentar com as empresas de mídia com os valores previstos pelo sindicato, certamente me mandarão plantar batatas.


Não vou plantar batatas. Vou descascar batatas. Um dos motivos que me levou a fazer a faculdade de gastronomia foi, justamente, esse descrédito com o jornalismo. E também porque quero trabalhar com as mãos, e não mais com o cérebro. Na cozinha, importa o manejo da mão. Não é preciso pensar, elaborar fluxos de pensamento, encadear as entrevistas e fazer de 10, 15, 20 entrevistas artigos lógicos e claros.


Esse último episódio em que me humilharam com os 45 dias somente serve para ratificar minha crescente decisão de emigrar do jornalismo. Por ora, dependo dessa profissão. Eu disse um pouco antes 'descrédito'. E o disse bem: nunca fui iludido pelo jornalismo ou estaria, agora, a chorar 'pelas ilusões perdidas' feito Balzac (livro que eu li antes da faculdade de jornalismo e que me clareou as ideias antes que eu pudesse alegar desconhecimento).


Vivemos, os jornalistas, em um processo de deterioração. Somos, lentamente, desconstruídos. Relegados a uma superfície rasa. É um processo de degradação que atinge vários, senão todos, níveis do jornalismo brasileiro. Antes de ser jornalista, fui bancário. Por meu próprio esforço, saí do mercado financeiro e vim ao jornalismo. Foi uma ruptura radical. Sinto que não terei escrúpulos em fazer de novo a transição e ir da cozinha da redação para a cozinha de fogões. Ou serei eu mesmo cozinhado à exaustão até ser reduzido à condição de confit de pato. Quak! Quak!

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A passos de tartaruga

Prevê-se que, no ano que vem, o mundo todo produzirá um volume de dados equivalente a 1 Zetabyte (dado IBM). Em 2011, a população mundial deverá gerar 1,8 Zetabyte (dado IDC). Zetabytes são unidades que correspondem, em dados, a 1 trilhão de Gigabytes. Um iPhone 3G, por exemplo, tem capacidade de armazenar 16 Gigabytes e os HDs - hard disks - de um computador como este no qual escrevo têm capacidades de armazenamento que variam entre 120 GB, 250 GB, 500 GB e até 1 Terabyte (o meu primeiro PC, por exemplo, tinha capacidade total de 1 GB).


Em quatro anos, ou até 2013, estima-se que circularão pela internet mundial dados em volume mensal equivalentes a 10 bilhões de DVDs. Cada DVD pode guardar entre 4,7 GB (single layer ou camada simples) a 8,5 GB (dual layer ou camada dupla). Todos esses números indicam a largura de banda ocupada pelos dados - textos, vídeos, aplicativos, troca de arquivos, de e-mails e toda e qualquer transação que passe pela internet - no ambiente da internet mundial.

Para suportar esse tráfego intenso, surgiu, em 1989, nos EUA, a banda larga, em contraposição ao acesso discado (ou banda estreita), que suporta taxas de velocidade de transmissão de dados de até 56 Kbps. Antes disso, a conexão à internet era feita pela linha de telefone comum, pela qual a linha permanecia ocupada enquanto se estava conectado à internet. Com a banda larga, um modem é agregado à linha de telefone comum para converter o sinal padrão do telefone em uma conexão de dados, com a consequente liberação do canal de voz: pode-se falar e se conectar à internet simultaneamente.



O órgão mundial da Organização das Nações Unidas (ONU) que regulamenta e orienta as telecomunicações mundiais é a União Internacional das Telecomunicações (UIT ou ITU). Oficialmente, a UIT estabelece que a velocidade-padrão da banda larga começa em 256 Kilobits por segundo (Kbps) e pode chegar a 1 Megabit por segundo (Mbps), 2 Mbps, 8 Mbps, 30 Mbps, 60 Mbps e até a 100 Mbps. E essa taxa de velocidade com que os dados são trocados entre um computador e outro é o que determina a velocidade de conexão (para envio e recepção de dados ou upload e donwload).

Ou seja, a largura de banda é o volume de dados que transita na internet e a banda larga é, a grosso modo, a velocidade com que esses dados são trafegados.

No Brasil, a maior parte das conexões chamadas de banda larga está na faixa de velocidade entre 512 Kbps e 2 Mbps. Essa é a taxa nominal (contratada) pois, na verdade, a taxa real (que vemos na velocidade com que as páginas são carregadas nas nossas telas), na maior parte das vezes, é um pouco superior a 100 Kbps. As conexões brasileiras, em estudo recente, são classificadas em 45º. lugar num ranking entre 66 países. Estamos, portanto, segundo esse levantamento, 'abaixo das necessidades atuais'. 

Em países nos quais a banda larga atende aos requisitos mínimos, essa taxa (nominal e real) está, em média, em 4,75 Mbps. Bastante superior, portanto, às taxas brasileiras de 100 Kbps. No Brasil, estima-se que haja um pouco mais de 15 milhões de acessos de alta velocidade (nas tecnologias fixa, móvel, de TV por assinatura, rádio, satélite e IP). Até o final deste ano, estima-se que o País chegue a 17,7 milhões de acessos em banda larga. Isso significa que pouco mais de 9% da população brasileira (191,9 milhões até hoje) terão conexões mais rápidas. Até 2014, as projeções (otimistas) indicam que o Brasil terá 90 milhões de conexões de alta velocidade.



Na semana passada, o governo do Estado de São Paulo lançou o programa de banda popular para toda a população do Estado pelo qual potenciais 2,5 milhões de residências (das quais 1,810 milhão têm acesso discado e 690 mil não têm nenhum tipo de acesso) terão direito a banda larga por R$ 29,80 para bandas que variam entre 200 Kbps e 1 Mbps. Como parceira, o programa governamental tem na Telefônica a operadora que faz a conexão. Numa aparente desconexão entre o discurso do governo e da operadora, o anúncio formal da Telefônica fala de taxas a partir de 250 Kbps. Em ambos os casos - mínimo de 200 Kbps ou 250 Kbps -, no entanto, a taxa de velocidade não atende aos requisitos da denominação de 'banda larga' dada pela UIT. Posteriormente, a NET divulgou que oferecerá o mesmo serviço, nas mesmas condições.

Para fazer o contraponto político, o governo federal, por meio do Ministério das Comunicações, divulgou esta semana que pretende lançar um programa mais abrangente, o plano nacional de banda larga. A meta é levar a internet rápida (com taxas de transmissão entre 256 Kbps a 1 Mbps) para 29 milhões de residências brasileiras - de baixa renda e para áreas onde a oferta de banda larga é quase inexistente - em cinco anos a R$ 9,90 mensais (o valor máximo seria estabelecido em R$ 30). O anúncio formal deve ser feito em novembro (a banda larga popular do Estado de São Paulo começa a ser comercializada a partir do dia 9 de novembro).

Estudos do Banco Mundial sugerem que a cada 10% de expansão na banda larga dos países correspondem a um aumento no Produto Interno Bruto (PIB) de 1,38 ponto percentual. Ou seja, o acesso rápido é uma das formas de se desenvolver um país. Casos fartamente comprovados por países como a Coreia do Sul, por exemplo.

Distante da batalha política brasileira entre governo federal e estadual, a notícia que chega do frio deveria congelar essas pequenas pretensões nacionais: também na semana passada, o governo da Finlândia anunciou que, a partir de 2010, todos os cidadãos finlandeses terão direito, garantido por lei, de ter acessos à internet a partir de 1 Mbps. Em 2015, essa conexão deverá ser de, no mínimo, 100 Mbps (rede de altíssima velocidade, baseada em conexões por fibra óptica). A Finlândia tem 5,5 milhões de habitantes e 79% desse total já têm acesso à banda larga. Enquanto o mundo promove o arranque a velocidades de coelho, somos uma tartaruga gigante que perde o tiro de largada.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

A rotina que conforta

Está na moda a comfort food - a comida caseira, simples, feita pelas nossas mães e avós e que, em geral, é bastante trivial, sem grandes inovações, técnicas e ingredientes exóticos ou alternativos. É uma comida de rotina e, por isso, relacionada ao conforto: nos aconchega por meio de sabores, cheiros e texturas familiares e nos proporciona segurança. Mas isso é rotina. Ou não?





Esta semana teve quatro dias úteis (a última segunda-feira foi feriado no Brasil). Mas a minha semana foi tudo exceto rotineira:


- Dormi, entre terça e hoje, apenas 10 horas ao todo.
- Trabalhei das 9 da manhã às 3 da manhã nos últimos quatro dias.
- Falei pelo menos três línguas: português, espanhol e inglês.
- Consumi aproximadamente 10 horas no deslocamento entre a minha casa e o local do evento que cobri.
- Fui pago pelo meu trabalho em duas moedas: reais e dólares.
- Vi e tive contato bastante próximo com duas pessoas cujas ideias me são bastante distantes do meu universo: o prefeito da cidade de São Paulo, Gilberto Kassab, e o governador do Estado de São Paulo, José Serra.
- Entreguei, de segunda-feira até hoje, aproximadamente, 100 mil caracteres de textos que fiz para quatro veículos diferentes de conteúdos completamente diversos entre si.





Por tudo isso, releguei ao esquecimento uma série rotineira que sigo e da qual sempre reclamo:


- Ritual de preparar o café, ler o jornal, fumar um cigarro, abrir o computador e começar o dia.
- Comfort food: a comida caseira que eu mesmo preparo.
- Caminhar às noites.
- Ir, gratuitamente, dar uma espiada na livraria perto de casa e tomar um café expresso na esquina.
- Gastar tempo em atividades como ler, cuidar do blog e simplesmente não fazer nada durante alguns momentos do dia.





A rotina massacra, dizemos, em bordão contra o ato de se repetir os dias, semanas e meses. Mas senti imensamente falta da rotina. Até porque não acredito, verdadeiramente, que os dias são iguais. Ainda que se conserve os mesmos atos e atitudes no dia-a-dia, há pequenas alterações quase que impercetíveis que, embora minúsculas ou desprezíveis, mudam o cenário, o contexto e a ideia de que todos os dias são iguais: um barulho diferente, um sol inesperado, um telefonema surpreendente, uma notícia agradável.





Ontem, postei uma poesia que traduzia o meu despeito à exaustão e à necessidade que o jornalista brasileiro tem de se desdobrar e se dobrar em tantas e tão diversas personas profissionais que acaba, por fim, num emaranhado de prazos, números e total falta de qualidade de vida. Era um lamento ao que nós, profissionais de mídia, nos transformamos: autômatos de um processo que não cessa nunca, com produção de conteúdo que vai de um país ao outro em segundos, obrigados a compormos com a demanda da globalização (num dos casos, prestei serviços para uma pessoa de Barcelona, Espanha, que me contratou via e-mail para uma empresa cuja sede fica em Buenos Aires, Argentina, para trabalhar em São Paulo, Brasil).





Esse desenraizamento de rotina e de referência geográfica me coloca na roda incessante e febril que muda, pouco a pouco, a face de um profissional de comunicação. Já não sou um jornalista no sentido estrito do termo e, embora não tenha deixado de sê-lo por completo, caminho rumo a um novo patamar que ainda não consigo visualizar com clareza.


E, para retomar a simplicidade da comida caseira, creio que o sentimento que carrego, de me sentir desplugado sob vários aspectos, é uma tendência coletiva, senão em larga escala para todas as pessoas, mas que atinge cada vez mais as sociedades. Se, por um lado, provoca esses deslocamentos virtuais de tempo, espaço e geografia, por outro, creio, pode criar oportunidades antes improváveis que eu nem imaginava existir dentro de uma concepção restrita de rotina.





Ainda não sei quais serão os resultados disso tudo. Mas, admito, senti falta da familiaridade com a qual me cerco todos os dias e creio que esses dias me acrescentaram mais do que cansaço: me trouxeram, até aqui, mais desalento, isso sim. Porque é como se eu fosse uma engrenagem dessa roda gigante que para apenas para permitir o acesso de novos passageiros e despejar aqueles que já não têm funções úteis. Ou seja, o meu próprio caso, talvez.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

O saber que permanece apenas na ponta do iceberg

"É apenas a ponta do iceberg", dizemos, quando queremos indicar que, se formos a fundo, existe muito mais do que aquilo que é aparente. Do iceberg, apenas 10% da massa total (ou volume) emergem. É a chamada 'ponta do iceberg'. Os 90% restantes dos blocos de gelo permanecem submersos. Em outra proporção, significa dizer que 1/7 do iceberg aflora e os demais 6/7 ficam ocultos sob a água.



Popularmente, usa-se a expressão 'ponta do iceberg' para fazer referência a algo que aparentemente é simples mas que, de fato, se for investigado ou confrontado com profundidade, a complexidade do assunto, obstáculo ou problema tende a ser muito mais árdua do que, a princípio, pensaríamos que fosse.





(Apenas 10% de um iceberg permanecem expostos na superfície; os 90% restantes estão imersos em mares profundos, penetráveis apenas por aqueles que têm persistência)


Faço uso desse mote para me referir a um artigo do escritor italiano Umberto Eco (crítico literário, professor de semiótica e autor de livros com "O Nome da Rosa" e "O Pêndulo de Foucault"), publicado no jornal "The New York Times".


O artigo de Eco aponta para a superficialidade do conhecimento que vaga, feito um iceberg, nas caudalosas águas da internet. O escritor aponta para uma dessas pontas de iceberg bastante visível: a enciclopédia online Wikipedia ( e observe que a versão disponível para o Brasil é a mesma de Portugal; não existe uma versão da Wikipedia brasileira) me fio na informação única e exclusiva da Wikipedia. Até mesmo porque não faz três ou quatro anos, as minhas fontes de consulta eram outras. Em adição à Wikipedia citada por Eco, acrescento o buscador mais famoso da internet, o Google.





(O globo enciclopédico cujo objetivo é aglutinar o saber humano num só local)


Recorremos ao Google para saber tudo: informações, endereço de determinado restaurante, site da companhia aérea, clima no norte ou no sul, cotação da moeda, preço do iPhone, condições das rodovias, situação no Irã. Não há assunto ou tema que não esteja contido no Google. Mas até que ponto essa dependência pode nos levar a um empobrecimento? Quais são as ferramentas que nos permitem entender a ponta do iceberg e mergulhar até profundas águas para lhe conhecer a base?


Se Eco reprime o uso da Wikipedia, o mesmo valor que o escritor atribui à enciclopédia eu atribuo ao buscador. Claro que ambos facilitam o acesso à informação. Mas trata-se de ter, principalmente, massa crítica (e sonares e radares eficientes) para pescar da rede/web/teia sob a superfície. Ou então estaremos em um processo irrevogável de formação de conhecimento de ponta. De ponta do iceberg, e não de ponta em termos de avanço tecnológico ou científico.





(Esse é o volume em papel que teria a Wikipedia se impressa fosse)


Reproduzo a seguir o artigo de Eco que serve como parâmetro para questionar o quão importante ferramentas como Wikipedia e Google podem ser. Na minha opinião, isso depende de cada um de nós. O meu saber particular eu o absorvo de inúmeras fontes - jornais impressos, revistas, livros, sites noticiosos etc. Para o meu trabalho, o Google é uma excelente ferramenta de localização de dados, fontes e links que me fornecem elementos para eu escrever artigos. E, eventualmente, uso dados da Wikipedia até mesmo para escrever posts neste blog. Mas, lhe asseguro, não me submeto inteiramente a essas ferramentas jamais.


Pode me chamar de antigo, mas prefiro recorrer ao velho dicionário impresso e, sim, aos volumes clássicos da minha própria enciclopédia Larrouse. O papel me dá uma segurança que nunca a tive no cristal líquido da tela do meu computador. E os dados, como se sabe, podem omitir, mentir ou deixar de existir de repente. Ao menos o papel tem uma vida útil equivalente à minha própria e por ora isso me basta. Ao artigo:





(O escritor Umberto Eco, cujos dados na Wikipedia sempre estão incorretos, ainda que ele mesmo os atualize)


"Hoje em dia, as pessoas que precisam checar um nome ou uma data tendem a recorrer à Wikipedia. Para a minoria que ainda não sabe do que se trata, a Wikipedia é uma enciclopédia online constantemente escrita e reescrita por seus usuários. Em outras palavras, se você buscar um verbete como "Napoleão" e perceber que há alguma informação incompleta ou incorreta, você pode se registrar no site, editar o texto e salvar a versão correta na base de dados.


Naturalmente, isso permite que algumas pessoas irresponsáveis e mal intencionadas disseminem informações falsas, mas os milhões de usuários também podem atuar e checar uns aos outros. Se alguém alterou o texto sobre Napoleão Bonaparte, e mudou o lugar de sua morte para Santo Domingo em vez de Santa Helena, outros iriam imediatamente corrigi-lo (e eu acredito que depois que várias pessoas entraram com processos de calúnia contra a Wikipedia, um tipo de conselho editorial foi estabelecido para exercer controle sobre as mudanças que são difamatórias). Nesse sentido, a Wikipedia confirma as teorias do filósofo norte-americano Charles Sanders Peirce, de uma comunidade (científica) que através de um tipo de homeostase elimina os erros e legitima novas descobertas, e continua, assim, a carregar o que ele chamou de tocha da verdade.


Mas, embora esse controle coletivo mantenha a acuidade do texto sobre Napoleão, será que fará o mesmo para um João da Silva? Para dar um exemplo, vamos observar o texto sobre uma pessoa que é um pouco mais conhecida do que João da Silva, porém menos famosa do que Napoleão - em outras palavras, eu mesmo. Há algum tempo eu corrigi o texto sobre "Umberto Eco" porque ele continha informações falsas. Entre outras invenções, estava escrito que eu sou o mais velho de treze filhos. Isso é verdade no caso do meu pai, não no meu. Todas as vezes que a curiosidade me levou a checar o texto sobre mim, encontrei mais nonsense, então desisti.


Recentemente, alguns amigos informaram-me que o texto da Wikipedia dizia que eu havia me casado com a filha do meu ex-chefe, o editor italiano Valentino Bompiani. Isso não é nem um pouco difamatório, mas no caso de suas filhas - minhas queridas amigas Ginevra e Emanuela - pensarem assim, eu eliminei a informação. Nesse caso não é possível argumentar que isso foi um erro compreensível - como a história dos trezes filhos - ou que simplesmente perpetuou um rumor corrente: ninguém nunca nem mesmo pensou que eu poderia me casar com qualquer uma delas. O editor anônimo da Wikipedia havia modificado o texto para disseminar sua fantasia particular, sem checar a informação com nenhuma fonte.


Então, o quão confiável é a informação encontrada na Wikipedia? Quando eu a uso, emprego as ténicas utlizadas pelos acadêmicos profissionais: leio sobre um determinado tópico na Wikipedia e depois comparo com a informação com material encontrado em três ou quatro outros sites. Se o fato for confirmado por três fontes diferentes, então há uma boa possibilidade de que seja verdade - mas fique atento para os sites que são parasitas da Wikipedia, porque eles simplesmente repetem os erros.


Outro método é ler sobre o mesmo tópico na Wikipedia, mas em outra língua - se o seu Urdu estiver meio enferrujado, você pode experimentar as versões italiana ou francesa. Se elas forem diferentes, você poderá encontrar a contradição. Isso, por sua vez, fará com que você se levante da escrivaninha e consulte uma enciclopédia impressa, apesar de sua fé convicta no virtual.


Esses são métodos de um acadêmico que aprendeu como descobrir os fatos ao comparar as fontes. E os outros? Os crentes? As crianças que usam a Wikipedia para suas tarefas escolares? Tenham em mente que o que eu escrevi aqui sobre a Wikipedia é verdadeiro para qualquer outro site. Tanto assim que já faz um certo tempo que defendo o estabelecimento de um centro de monitoramento da internet no qual um comitê de especialistas conceituados revisaria e avaliaria os sites por sua confiabilidade e precisão.


Mas vamos considerar outro exemplo, um que não envolva um nome histórico como Napoleão (com dois milhões de entradas no Google), mas o de um jovem escritor que trabalhou na obscuridade até um ano atrás, quando ganhou o Prêmio Strega, de grande prestígio literário na Itália. Falo de Paolo Giordano, autor de "The Solitude of Prime Numbers" ("A Solidão dos Números Primos"). Uma busca por seu nome no Google resulta em 242 mil entradas. Como podemos monitorar todos esses sites?


Pensei em monitorar apenas sites dedicados um único autor sobre quem estudantes possam buscar informações com frequência. Mas se alguém fizer uma busca pelo nome de Peirce (o filósofo que mencionei no início), a busca resulta em quase um milhão de entradas.


Então, temos um sério problema que, por enquanto, não tem solução."

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

O papel do meme na teoria da evolução

"... A psicóloga Susan Blackmore, em seu ousado livro 'The Meme Machine', apresenta uma teoria mais radical sobre a seleção sexual da mente humana. Essa autora recorre ao que batizamos de 'memes', unidades de herança cultural. Memes não são genes e não têm nenhuma relação com o DNA, exceto por analogia. Enquanto os genes são transmitidos por óvulos fertilizados (ou por vírus), os memes transmitem-se por imitação. Se eu ensinar você a fazer um modelo em origami de um junco chinês, um meme passa do meu cérebro para o seu. Você então pode ensinar a duas pessoas essa mesma habilidade, e cada uma delas ensinar a outras duas e assim por diante. O meme propaga-se exponencialmente como um vírus. Supondo que todos nós cumprimos de forma adequada nossa tarefa de ensinar, as 'gerações' posteriores do meme não serão perceptivelmente diferentes das primeiras gerações. Todas produzirão o mesmo 'fenótipo' do origami. Alguns juncos podem ser mais perfeitos do que outros se, digamos, alguns dobradores de papel forem mais cuidadosos. Mas a qualidade não se deteriorará de modo gradual e progressivo ao longo das 'gerações'. O meme é transmitido, inteiro e intacto como um gene, mesmo se sua expressão fenotípica detalhada variar. Esse exemplo específico de um meme é um bom análogo para um gene, especificamente um gene de vírus. Um modo de falar ou uma técnica de marcenaria podem ser candidatos mais dúbios a memes porque é provável - estou supondo - que, progressivamente, 'gerações' posteriores em uma linhagem de imitação se diferenciem mais da geração original.

"Blackmore, assim como o filósofo Daniel Dennet, acredita que os memes tiveram um papel decisivo no processo que nos tornou humanos. Nas palavras de Dennett:

O porto a que todos os memes esperam chegar é a mente humana, mas a própria mente humana é um artefato criado quando memes reestruturam um cérebro humano para torná-lo um melhor habitat para memes. As rotas de entrada e saída são modificadas para adequar-se às condições locais e reforçadas para vários recursos artificiais que intensificam a fidelidade e prolixidade da replicação: mentes de chineses nativos diferem drasticamente de mentes de franceses nativos, e mentes de literatos diferem de mentes de iletrados.

"Dennett pensaria que a principal diferença entre os cérebros anatomicamente modernos antes e depois do Grande Salto para a Frente na cultura é que os cérebros posteriores ao Grande Salto fervilham de memes. Blackmore vai além.
"Invoca os memes para explicar a evolução do avantajado cérebro humano. Isso não poderia ser obra só de memes, evidentemente, pois estamos falando aqui de uma mudança anatômica fundamental. Os memes podem manifestar-se no fenótipo do pênis circuncidado (que às vezes passa, de um modo quase genético, de pai para filho) e até em uma forma corporal (pense em uma moda transmitida de emagrecer ou alongar o pescoço com colares). Só que a duplicação de tamanho do cérebro é outra coisa. Ela tem de ocorrer por meio de mudanças no reservatório gênico. Mas então, que papel Blackmore vê para os memes na expansão evolutiva do cérebro humano? É aqui, mais uma vez, que entra a seleção sexual.
"As pessoas tendem mais a copiar seus memes de modelos admirados. Esse é um fato no qual os anunciantes apostam seu dinheiro: pagam a jogadores de futebol, astros de cinema e supermodelos para recomendar produtos - pessoas que não têm um conhecimento especializado para avaliá-los. Indivíduos atraentes, admirados, talentosos ou por algum outro motivo renomados são poderosos doadores de memes. Essas mesmas pessoas tendem a ser sexualmente atraentes e, portanto, ao menos no tipo de sociedade polígama na qual é provável que tenham vivido nossos ancestrais, ser poderosos doadores de genes. Em cada geração, os indivíduos atraentes contribuem proporcionalmente mais tanto com genes como com memes para a geração seguinte. Blackmore supõe que parte do que torna uma pessoa atraente é sua mente geradora de memes: uma mente criativa, artística, loquaz, eloquente. E os genes ajudam a produzir o tipo de cérebro eficiente para gerar memes atraentes. Assim, a seleção quase darwiniana de memes no reservatório 'mêmico' anda de mãos dadas com a seleção sexual genuinamente darwiniana de genes no reservatório gênico. Eis mais uma receita para a evolução desenfreada.
"Qual é exatamente, nessa visão, o papel dos memes no aumento evolutivo do cérebro humano? Eis, a meu ver, o modo mais proveitoso de examinar essa questão. Existem variações genéticas nos cérebros que permaneceriam despercebidas sem memes que as trouxessem à luz. Por exemplo, há bons indícios de que existe um componente genético na variação da habilidade musical. O talento musical dos membros da família Back provavelmente deveu muito aos seus genes. Em um mundo repleto de memes musicais, as diferenças genéticas em habilidade musical salientam-se e estão potencialmente disponíveis para a seleção sexual. Em um mundo anterior à entrada de memes musicais nos cérebros humanos, as diferenças genéticas na habilidade musical também estariam presentes mas não se manifestariam, ou pelo menos não do mesmo modo. Elas não estariam disponíveis para a seleção sexual ou natural. A seleção memética não pode mudar o tamanho do cérebro sozinha, mas pode trazer à luz variações genéticas que, de outro modo, permaneceriam ocultas..."

Esse é um excerto do livro "A Grande História da Evolução" - Richard Dawkins - Companhia das Letras - 759 páginas -, que estou a ler atualmente. Faço, agora, uma analogia entre o texto de Dawkins e a teoria de Susan Blackmore com o Meme, do Yahoo!, e com as redes sociais, de forma geral. É apenas uma brincadeira e uma coincidência de nomes, claro, porque o livro de Dawkins é sério e dirigido especificamente à linha darwniana da teoria da evolução humana.

Mas, por outro lado, tudo é evolução e as redes sociais são extensões, portanto, da evolução humana. Abaixo, trechos do texto acima e (na minha opinião) os pontos de contato com o Meme e outras redes sociais:

- "... os memes transmitem-se por imitação" - uma mente criativa desencadeia o processo e as demais repostam, copiam, replicam e reproduzem. Isso ocorre no Meme, YouTube, blogs e outras redes.
-"... Você então pode ensinar a duas pessoas essa mesma habilidade, e cada uma delas ensinar a outras duas e assim por diante. O meme propaga-se exponencialmente como um vírus..." - no Meme, quem tem convite pode repassar para três pessoas e, assim como outros virais, propaga-se exponencialmente, a priori, sem limites. Caso de vídeos do YouTube como o de Susan Boyle.
-"... O porto a que todos os memes esperam chegar é a mente humana..." - em qualquer rede social, o objetivo sempre é fazer com que o conteúdo postado chegue a outra(s) pessoa(s), assim como ocorre no processo evolutivo cujo leitmotiv é se transmitir e se perpetuar.
-"... modernos antes e depois do Grande Salto para a Frente na cultura é que os cérebros posteriores ao Grande Salto fervilham de memes..." - O Grande Salto para a Frente, na sociedade da informação, pode ser interpretado como a disseminação da internet que eliminou as fronteiras e nos colocou, a todos, em potencial contato uns com os outros, pelos mais diversos meios - ou pontes -, sejam blogs ou redes sociais. O caldeirão de 'memes' origina-se dessa combustão cultural.
-"... As pessoas tendem mais a copiar seus memes de modelos admirados. Esse é um fato no qual os anunciantes apostam seu dinheiro: pagam a jogadores de futebol, astros de cinema e supermodelos para recomendar produtos..." - isso é um princípio do marketing e é válido para o mundo do Meme, Youtube, blogs e outras redes sociais. Assim que uma pessoa, referência em qualquer meio, liga-se a qualquer uma das redes sociais e divulga essa conexão, tende a arrastar atrás de si uma multidão. Caso de Ashton Kutcher no Twitter.
-"... Em um mundo repleto de memes musicais, as diferenças genéticas em habilidade musical salientam-se e estão potencialmente disponíveis para a seleção sexual. Em um mundo anterior à entrada de memes musicais nos cérebros humanos, as diferenças genéticas na habilidade musical também estariam presentes mas não se manifestariam, ou pelo menos não do mesmo modo..." - aqui, a meu ver, os memes musicais bem podem ser as bandas que se divulgam pelo MySpace e mesmo o usuário (nós) que reproduz música via Blip, YouTube, Last.fm e outras ferramentas do tipo.

Como se observa - com um pequeno esforço - a evolução está em todos os níveis, sim. Inclusive nessa cadeia gigantesca que é a internet com suas próprias forças que agem e nos empurram à frente, para um futuro completamente desconhecido e fascinante.

sábado, 25 de abril de 2009

Twitter: tudo ao mesmo tempo agora já

Tenho alguns problemas para dormir e, não raro, atravesso a noite e faço do dia a minha noite e da noite o meu dia. Só que o mundo não funciona assim, evidentemente. Pelo menos era o que eu pensava antes do universo do Twitter.



O Twitter é como a cidade de São Paulo: sempre haverá alguém, em cada uma das 24 horas do dia, interessante o suficiente para atrair a sua atenção e te manter acordado(a). Se as grandes metrópoles nos oferecem dezenas de alternativas, também o Twitter acena com (falsas) pérolas ou (verdadeiros) achados, numa espécie de cruzamento global que, por enquanto, envolve muito mais os norte-americanos e, em menor grau, europeus e australianos, do que os asiáticos, por exemplo, ou os povos do Oriente Médio, assim como ocorre com outras redes sociais.


O Brasil não se furta a nenhuma novidade na internet, dado que somos o povo que mais tempo passa conectado na rede em todo o mundo. Assim, toda e qualquer novidade é devidamente assimilada pelo usuário brasileiro e, de repente, os criadores dessas redes se voltam, surpresos, para nós. Foi assim com o Orkut. Tem sido, em alguma medida, com o Facebook e é, certamente, com o Twitter.


Alguém no Twitter comentou que era incrível o tamanho de informações que se obtém na rede de microblogging. Eu disse que parecia o Google vivo e agora complemento: parece o Google News ao vivo. Limitadas a 140 caracteres, as postagens no Twitter vão desde: "estou com fome" até redirecionamentos para todo e qualquer tema (Susan Boyle, os filhos ilegítimos do presidente Lugo, do Paraguai, e qualquer outro assunto que seja de domínio mundial). Rapidamente, todos têm algo a dizer.


Assim, é possível acompanhar o ator inglês Stephen Fry e saber que fizeram (seus seguidores) comentários sobre um eventual comportamento "assustadiço e nervoso por conta de uma febre do feno causada por pulgas, que me causa sofrimento", conforme postou o ator, ao desmentir o fato. "Sheesh", exclama e aproveita para dizer para todos que vai assistir ao musical de "Priscila, a rainha do deserto", em Londres. Ver aqui o link das fotos do ator com o pessoal da peça no backstage, postadas pelo próprio via serviço de fotos do Twitter.

Também participo ao vivo da 5ª. edição do Newscamp, coberto pela amiga Ceila, que faz relatos do que se debate na internet e de como a infraestrutura de conexão nunca funciona nesses eventos, enquanto se discute multimídia, blogueiros, jornalistas e, claro, redes como o Twitter.


A atriz Marisa Orth me diz que as postagens replicadas são de responsabilidade de sua produção, que é a mesma da atriz Lúcia Veríssimo e de outro perfil. Em geral, para quem está no Twitter e segue esses perfis, é possível verificar que os três perfis fazem os mesmos redirecionamentos simultaneamente. Ao contrário de Ashton Kutcher (o primeiro a atingir 1 milhão de seguidores), as celebridades pagam para que alguém faça suas postagens no Twitter. Vejo também as fotos do cachorro de Lúcia Veríssimo. Vejo gente que se canta (principalmente os gays), com troca de links que, em geral, têm fotos ou filmes de sacanagem. Gente que, aparentemente, fala sozinha. Que coloca uns pontos de interrogação (????), uns tracinhos (----) ou que fica em silêncio total.


O ambiente do Twitter é bastante aberto e, a cada dia, novos eventos surgem e dominam o cenário da rede. Ontem, sexta-feira, foi dia de #followfriday (maneira esperta e inteligente de indicar algum perfil que você goste para que outros usuários o sigam). Foi dia também de #twoonday ou #toonday (que consistia em trocar a foto do avatar/perfil por um personagem de cartoon ou desenho que você mais gosta).


O Twitter tem uma linguagem própria: para fazer referência a um assunto que é abordado a todo momento, usa-se o jogo da velha (#). E, portanto, para falar que determinado serviço falhou, pressupõe-se que se coloque o termo #fail (falha) para indicar o problema. Também tem uma linguagem que prima pela grafia incorreta: #comofas (como faz), #ficadica (fica a dica), #soporhoje (só por hoje), #rindoalto (rindo alto), #bjometwitta (beijo, me twitta) e por aí vai.


No aparente caos do Twitter, há regras que são autorregulamentadas: ou todos aceitam ou quem não segue é imediatamente isolado. OK, há muito usuário que tenta determinar o que é certo ou não no Twitter (#umporre): "o Twitter não é chat", "o Twitter não foi feito para isso", "quem quer falar muito, monta um blog" e assim por diante. Eu acho que é exatamente a flexbilidade dessas redes e o uso que se faz delas como se deseja é que as torna tão atraentes. Por que mesmo que alguns se arrolam ao direito de tentar impor regras quando nem mesmo os criadores as fizeram?


Tem algumas coisas básicas que um estreante deve saber sobre o Twitter (#ficadica): o símbolo @ (at ou arroba) precede o nome do usuário, sempre. Por exemplo, o meu perfil é @redneck_brazil (aproveita e follow me). Quando eu quero twittar (postar no Twitter), eu twitto; para replicar um tweet alheio (postagem) eu dou RT (retweet) e quando quero escrever uma mensagem direta para um usuário específico, eu uso DM (direct message ou mensagem direta). RT, DM e @.... podem ser digitados ou os próprios programas o fazem para você, conforme o tipo de aplicativo de Twitter que você tem.


Ainda não sei a utilidade do Twitter, admito. Os norte-americanos tomam a rede como se fosse a segunda onda das pontocom e fervilham com os serviços de marketing e #savemoney (ganhe dinheiro). É tudo balela, com milhares de perfis fantasmas. A todo momento, por exemplo, sou seguido por perfis que, evidentemente, não querem me dizer nada. Unfollow (parar de seguir) neles, que congestionam tudo.


Mas, uma coisa é certa nisso tudo (#ficadica). Para um profissional do jornalismo, o Twitter significa uma nova linguagem e o poder de sintetizar o lead (parágrafo principal da matéria que une o que, quando, onde, como e porque) em apenas 140 toques. Se eu aprender a fazer isso e aplicar para o dia-a-dia no jornalismo, posso garantir que está de bom tamanho.

E, claro, há os momentos de descontração total na rede como brincar com os nomes dos perfis como o do @OCriador, @capeta, @god, @deus, @suaconsciencia, @iphoneJesus etc. É engraçado ler - @suaconsciencia está seguindo você. E sem falar nas 'polêmicas' de alguns usuários que, efetivamente, não tem nada a ver, como a discussão entre o Marcelo Tas e o Diogo Mainardi que acabaram, literalmente, com a saída de cena do Mainardi do Twitter (#tonemai - não estou nem aí). Ou da Rosana Hermann para reivindicar a popularização do Buytter (compra e venda de perfis entre os twitters) na twittesfera nacional. #besteira!



O que eu quero dizer é que o Twitter, como outros eventos da internet, é uma linha do tipo que traça o antes e o depois. E é, no mínimo, interessante estar no meio desse torvelinho quando isso acontece.

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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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