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domingo, 3 de outubro de 2010

Meu rugido dominical (*)



São 23:55 de domingo, 3 de outubro de 2010 e, depois de pouco mais de 7 horas, está encerrada a apuração dos 136.004.825 votos de cidadãos brasileiros neste primeiro turno das eleições 2010, na qual votamos para presidente, governador, senador, deputado federal e deputado estadual entre as 8 da manhã e 17 horas deste dia frio e chuvoso que, durante a manhã e parte da tarde, houve por bem manter-se estável, tanto no clima metereológico quanto no clima emocional. Ao menos na cidade de São Paulo. Demorei 25 minutos para votar: foi o tempo de espera na fila. Voto na 9ª. seção da zona 001 da cidade de São Paulo. Tradicional, essa seção nunca tem filas. Hoje, 15 pessoas estavam à minha frente. Conforme o processo eleitoral se sofistica, com a digitalização do sistema, as pessoas mais idosas se atrapalham. E foi o que aconteceu: os eleitores acima da faixa dos 70 anos perguntavam aos mesários - o que é proibido - o que deveriam fazer. O engraçado é que eleitores acima dos 70 anos estão completamente dispensados do voto obrigatório. Ou seja, lhes é facultado o direito de votar ou não. E eles votam. Gosto disso.


Teremos o segundo turno para a escolha do próximo presidente, dentro de 28 dias, entre a candidata Dilma Rousseff, do PT, e o candidato José Serra, do PSDB. Dilma teve 46,87% do total dos votos válidos (exceto as abstenções, brancos e nulos), com 47.532.695 votos ante os 32,63% de votos de Serra, que teve 33.086.757 dos votos válidos. A terceira candidata, Marina Silva, do PV, teve 19,35% dos votos válidos, com 19.624.124 votos. Os demais votos foram para outros seis candidatos. 


Do total de votos, a abstenção foi alta: 18,16% do total, o que significa 24.657.476 votos. Outros 6.110.297 milhões de votos foram anulados pelos eleitores. E mais 3.478.614 foram votados em branco. De forma que os votos válidos foram 101.505.337. Isso significa que 31 milhões de eleitores lavaram as mãos e abstiveram-se de tomar qualquer decisão quanto ao futuro chefe do Estado deste País. É um percentual alto, de quase 25% sobre o total dos votos - 136.004.825.


Como já é histórico no Brasil, o fato de um presidente ser querido pelas massas - como é Lula, que tem mais de 80% de aprovação popular - não significa uma transferência automática de votos para a candidata por ele indicada, Dilma. Desse percentual de aprovação de Lula, ao menos 30% não foram nem um pouco influenciados pelo atual presidente. De forma que Dilma e Serra disputam o segundo turno. Como se sabe, é quase como partir do zero. Os dois candidatos terão 28 dias para provar ao eleitor que podem governar o Brasil. Como antes, fico com Dilma Rousseff.


No Estado de São Paulo, o mais alto cargo executivo será exercido por Geraldo Alckmin, do PSDB. Alckmin teve 50,64% dos votos válidos. Foram 11.512.745 eleitores que o escolheram. Há ainda alguns resmungos por conta dos candidatos anões que tentam levar o pleito para o segundo turno e, portanto, veremos os desdobramentos durante esta semana. De qualquer forma, votei no candidato Fábio Feldmann, do PV, que ficou em 5º. lugar na disputa, com 939.727 votos válidos, ou 4,13% do total. 


Portanto, não elegi o governador de São Paulo. Tenho verdadeira ojeriza ao PSDB - partido de José Serra, Alckmin e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Esse partido, surgido a partir de cisão do PMDB, nunca foi oposição ao PT de Lula e tem uma postura muito conhecida aqui no Brasil que é ficar em cima do muro. O símbolo do PSDB é um pássaro, tucano, e costuma-se usar o neologismo "tucanar" para dizer que se está a ficar sobre o muro, sem se decidir a ir à esquerda ou à direita e, sendo assim, sem sair do lugar. De Serra, FHC e companhia tenho paúra pela forma como lidam com o poder público e, principalmente, sou totalmente contrário aos modos totalitaristas de José Serra, um ex-exilado político que se esqueceu do passado. FHC, por sua vez, esqueceu-se de textos que publicou enquanto sociólogo. Que fiquem nos ricos escritórios que mantêm em SP e permaneçam em aveludados muros.


Quanto ao Senado Federal, votei na Marta Suplicy, do PT, e em Ricardo Young, do PV. Marta foi eleita para senadora pelo Estado de São Paulo e vai para o Congresso Federal. A agora senadora teve 8.301.713 votos, ou 22,60% da totalidade. Young ficou em 4º. lugar, com 11,22% dos votos válidos, ou 4.114.479 votos. Como são apenas dois senadores no Estado, Young perdeu a vaga.


Para deputado federal, a palhaçada se confirmou: Tiririca, um analfabeto ou um alfabetizado funcional, foi o recordista de votação no Estado de São Paulo: foram 1.352.726 votos, o que o deixa distante na liderança pelo cargo, com 6,35% do total dos votos, longe do segundo colocado, com apenas 2,63% do total. O Estado de São Paulo tem direito a eleger 70 deputados federais. No Congresso Nacional, são 513 deputados federais e mais 81 senadores. O meu próprio candidato, Sargento Fernando, infelizmente, ficou na longínqua 356ª. posição, entre 1.169 candidatos, com apenas 0,02% dos votos válidos, ou minguados 3.356 votos. Para um Estado que tem uma base de 30.289.723 eleitores, dos quais, se 2% fossem gays, equivaleriam a 600 mil votos, me pergunto: onde estão os gays desse que é o maior colégio eleitoral do País? O gay power serve para reunir quase 2 milhões de pessoas na Parada Gay de São Paulo e não tem power para colocar um gay no Congresso Nacional! Gays do Estado de São Paulo: política é chata, mas, a continuar assim, os direitos de gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros continuarão no limbo. Adeus direitos civis! É hora de fazer valer o pink power!


Por fim, a propósito de gays, a minha candidata a deputada estadual, a Salete Campari, ficou na minguada 409ª. posição, num ranking de 1.787 candidatos. Com 0,03% dos votos válidos (os mais de 30 milhões do Estado), teve apenas 5.402 votos. Ainda assim, foi um desempenho melhor do que o candidato a deputado federal, Sargento Fernando, mas não o suficiente para conduzi-la à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, que comporta 94 deputados estaduais. Note que apenas o eleitorado da cidade de São Paulo passa dos 8,3 milhões de eleitores. E a candidata teve apenas 5,4 mil votos! Incrível! Uma danceteria grande da cidade, em dia de festa, junta mais gente que a quantidade de votos. Ah, os gays só querem saber de balada mesmo. Uó!


De forma que, da totalidade dos meus seis votos, apenas um se converteu, definitivamente, em voto válido: a única candidata que posso afirmar, com certeza, que elegi, foi a senadora Marta Suplicy. De resto, de Dilma a Salete, não elegi mais ninguém nessas eleições. Isso não quer dizer que me arrependo, de forma alguma. Escolhi conscientemente meus votos e acredito que fiz o certo. Não acredito em voto útil, aquele pelo qual uso o meu voto para prestigiar candidatos que têm chances de serem eleitos. Votei conforme os meus princípios e, de novo, ainda que o voto seja obrigatório, ainda assim é um exercício de cidadania democrático. Com a informatização do sistema eleitoral brasileiro, o certo é que as fraudes são praticamente inexistentes e somos, o Brasil, no mundo, o único caso que consegue apurar mais de 136 milhões de votos em pouco mais de 7 horas. Parabéns a todos e vamos ao segundo turno! Eu vou com Dilma.


P.S. Houve um uso intensivo das redes sociais pelos candidatos nessas eleições. E o Facebook colocou um gadget para que cada usuário assinalasse que havia votado. Até as 23:55 deste domingo, haviam confirmado o voto (no Brasil e no exterior) 450.664 facers.


(*) Este post foi editado às 23:55, quando estavam apurados 99,83% dos votos e, portanto, os números diferirão com pequenas variações. Nada que mude nada.

sábado, 2 de outubro de 2010

Boca de urna

Faltam apenas algumas horas para as eleições 2010 nas quais elegeremos o novo presidente, os novos governadores dos estados, novos senadores e novos deputados federais e estaduais. A previsão é que cada eleitor(a) gaste, em média, três minutos para concluir a votação nos seis candidatos.


Eu preparei uma cola, conforme instruções da Justiça Eleitoral.


Aproveito e faço a minha própria boca de urna, conforme a cédula abaixo.




Tem uma série de aplicativos na internet para quem quiser levar a cola para a seção eleitoral. Eu, que sou chique, também tenho aplicativos no iPhone para a cola, para acompanhamento das eleições e, finalmente, para a apuração, quase em tempo real.




Boa eleição para você! A despeito da obrigatoriedade, é um processo democrático.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Voto aberto

Há cinco dias do primeiro turno das eleições, que acontecem neste domingo, dia 3, abro aqui por completo o meu voto. Não tenho com isso a menor pretensão de fazer boca de urna, e sim recordar, mais à frente, as razões pelas quais escolhi os seis candidatos e porque os escolhi e, ainda, se foi uma escolha acertada ou frustrada.


Os seis candidatos - presidente, governador, dois senadores, um deputado federal e um deputado estadual - foram por mim escolhidos por eu identificar, ou tentar encontrar, em suas propostas, alguma ressonância com o que eu penso.


Não sou filiado a nenhum partido. Não tenho uma ideologia política propriamente dita. Creio que não me situo à esquerda, ao centro ou à direita. No Brasil, ao contrário da posição dogmática que estabelece que esquerda é esquerda e direita é direita, tudo parece ser mais flexível, de forma que tanto faz estar de um lado ou de outro ou, ainda, ao centro. Isso não significa absolutamente nada.


Portanto, repito: as minhas escolhas eu as faço conforme me parecem, sim, me parecem, porque não confio absolutamente em nenhum candidato a ponto de queimar um fio de cabelo, que estão mais alinhados conforme as minhas próprias ideias do que significa gerir a coisa pública.


Desejo, apenas, que o meu candidato não roube, não corrompa, não seja corrompido, não use o erário público em obras privadas, não privilegie os amigos em detrimento da população, não seja pequeno a ponto de usar o cargo que lhe é concedido para fazer do gabinete um trono, não tripudie sobre um povo que, bem ou mal esclarecido, confia nas suas palavras e, muito mais, nos gestos.


Por fim, repito ainda que, já que não me é dado o direito de não votar, e, ao deixar de ser obrigado a fazê-lo, criar condições de que os candidatos tenham que me provar de forma ainda mais detalhada porque eu deveria elegê-lo e não ao seu adversário, declaro o meu voto nos seguintes candidatos. E deixo registrado o meu último desejo: que o voto seja facultativo porque, se o fosse, eu nem às urnas iria, tal o meu descrédito com essa classe política a que somos submetidos:


- Presidente: voto na Dilma Rousseff, pelas razões neste post alegadas, e por não encontrar nenhum reflexo nos demais candidatos. Mais, por ter ojeriza ao insosso José Serra e ter uma série de restrições à Marina Silva. Aos demais candidatos, os chamados nanicos, nanicos ficam que nem me lembro os nomes.




- Governador (do Estado de São Paulo): Fábio Feldmann, do Partido Verde, porque não acredito na política do PSDB, de Geraldo Alckmin, e tampouco no candidato do PT, Aloisio Mercadante que, assim como alguns outros senhores do PT, cometeu mais deslizes do que cabem nesta página. Os demais, simplesmente, não me dizem nada. Veja que o meu voto é por eliminação, e não propriamente por opção. Melhor, é por falta de opção.




- Senador(a): voto na Marta Suplicy pelos motivos expostos neste post e porque acredito no programa da candidata e em suas ideias. O meu segundo voto para senador vai para o candidato Ricardo Young, por identificação mesmo. Os demais candidatos estão longe do que eu esperaria de um senador. Não quero pagode no Senado Federal e tampouco velhas raposas que clamam por Deus e Jesus quando, na surdina, são aqueles mesmíssimos que saqueiam os templos. E, afora expurgados por doenças graves, aqui estão a implorar os votos para depois, no primeiro dia de trabalho, esquecer o motivo pelo qual foram eleitos.






- Deputado federal: é uma vergonha ter na lista de candidatos uma mulher que pensa que está no pomar e acha que o corpo, a la Cicciolina, é suficiente para bancar a banca que pretende instalar nos gabinetes de Brasília. Uma vergonha, uma titica de galinha, e me deixa tiririca da vida, ter um palhaço candidato, primeiro lugar nas pesquisas, um analfabeto que promete ir para a Câmara dos Deputados para lá aprender o que se faz e, talvez, levar a família junto. Uma vergonha é o povo rir-se disso e ajudá-lo nessa empreitada. Uma vergonha é que a Justiça Eleitoral deixe que se inscrevam essas caricaturas, esses arremedos de políticos. Pior ainda é sejam votados como se fossem sérios. Tem até um Ivan Terrível, que é a mais perfeita tradução de quão ruça pode ser a política brasileira. Sem contar no Obama. O meu voto para deputado federal, em post mais do que justificado, vai para Fernando Alcântara de Figueiredo.




- Deputada estadual: Salete Campari. Que é Francisco Sales, paraibano. E Paraíba é mulher-macho sim senhor. E, ainda, Salete está alinhada com o meu candidato a deputado federal. É isso aí.




A despeito de todas essas escolhas, escolho, uma vez mais, o direito de não ter que votar. Essa é a minha política: do livre-arbítrio.

domingo, 19 de setembro de 2010

Meu rugido dominical



"O homem é um animal político, por natureza", afirmou o filósofo grego Aristóteles, pai intelectual de toda a humanidade que veio depois de si. Por homem, entenda-se o ser humano. No entanto, faço um recorte para contextualizar o post e pergunto: também a mulher é um animal político, por natureza?


Em 15 dias, incluso este domingo, acontece o primeiro turno das eleições deste ano que levarão aos respectivos executivos um(a) novo(a) presidente, um(a) novo(a) governador(a), novos(as) senadores(as), deputados(as) federais e estaduais, numa quase completa renovação dos quadros políticos do País.


Muitos(as) dos(as) candidatos(as) devem ser eleitos(as) no primeiro turno, o que nos poupa, a nós, eleitores compulsórios, do evento de votar duas vezes neste ano. Considerado isso, vou ao ponto central deste blog.


Todas as principais pesquisas indicam que teremos uma mulher na presidência: Dilma Rousseff, eleita em primeiro turno. E por isso a questão do primeiro parágrafo. De experiência do poder feminino na política, posso falar da cidade de São Paulo, que foi comandada por Luiza Erundina, entre 1989 e 1993, e por Marta Suplicy, entre 2001 e 2005. Administrações bastante diversas entre si, na minha opinião, nenhuma das duas deixou uma marca apenas por ser mulher. Ao contrário, foram administrações até bastante semelhantes aos antecessores e predecessores, todos homens. Talvez Erundina tenha tido uma atuação mais social, voltada para a periferia e, por esse motivo, foi prontamente descartada pelas elites que dominam essa cidade, o Estado e o País, de maneira geral. Marta, dada a bravatas, nem foi tanto ao subúrbio e nem tampouco ficou com os aristocratas paulistanos, meio do qual faz parte e pelo qual transita com facilidade.


Portanto, apenas o fato isolado de serem mulheres não fez com que a política pelas duas exercida tivesse uma marca, digamos, feminina. Comandaram como políticas, com as consequentes flexibilizações a que são submetidos os políticos que estão no poder. Claro, por interesses de um lado (da oposição) e de outro (da situação).


Agora, no próximo dia 3 de outubro, muito provavelmente teremos a primeira mulher a ocupar a Presidência do Brasil. Dilma Rousseff, com mais de 50% dos votos nas pesquisas, deve comandar o País a partir de 1º. de janeiro de 2011.


Voto na Dilma e em Marta, que é candidata a senadora pelo Estado de São Paulo. Não sou petista. Nunca me filiei a partido algum e também não comungo de ideologias ou quaisquer outros vieses do Partido dos Trabalhadores (PT) ou de qualquer outra agremiação política. Ao contrário do que diz Aristóteles, temo que o animal político que está em mim deve ser uma marmota, daquele tipo que hiberna no inverno. No caso, o meu inverno político é longo, bem longo, e a marmota-política tem dormido suavemente, sem solavancos.


Voto na candidata porque tenho ojeriza ao outro candidato, José Serra. E porque a terceira candidata, Marina Silva, que poderia ser uma alternativa, é por demais submissa a questões religiosas. O que, para mim, que me considero completamente agnóstico, é um comportamento perverso. Voto em Dilma por absoluta falta de opção. Não por convicção. Li que os candidatos, esses três principais candidatos a presidente aqui citados, interpretam papéis, os três. Claro que sim. São atores e a política é um palco.


Mas, alguém sabe efetivamente o que se passa nos bastidores? Seja na política, em Brasília, ou em quaisquer outros panos de fundo, seja na vida pública ou privada? Não. Ninguém sabe de nada.


Voto na Dilma, sobretudo, porque, já que não me é dado o direito de não votar e, sendo o voto obrigatório, considero um desperdício votar em branco ou anular simplesmente o voto e lavar as minhas mãos desse processo, por mais que eu não concorde com a maneira como são feitas as eleições neste País.


Não sei se a mulher é um animal político. Tampouco tenho certeza se o homem é um animal político. O que sei é que homens e mulheres podem ser animais. Ah! Isso sim. E animais, em geral, são irracionais, primitivos, agem por reação, intuição e sobrevivem assim, sob o risco de, se não o fizerem, serem abatidos na extensa cadeia animal. Mas, por outro lado, não tenho certeza de nada ao depositar (melhor dizer, digitar ou, quem sabe, tocar com minha impressão digital na urna) meu voto nessa urna eletrônica em que se converteu aquele velho saco de lona de votos do passado.


O que vejo, historicamente, é que, assim que assumem o poder, homens e mulheres mostram suas verdadeiras faces. Sim, o pano cai e o bastidor fica despojado. Talvez não completamente. Mas, com certeza, alguns pedaços costumam emergir do fosso que separa o palco das coxias. É neste momento que pegamos os atores desnudos, a trocar de figurino, sem maquiagem, sem máscaras, nus, desgraçadamente nus. Por vezes, pode ser bom. Na maior parte do tempo, no entanto, a nudez é feia e mostra corpos decompostos apenas.


Aristóteles disse mais: "O verdadeiro discípulo é aquele que supera o mestre". Dilma não é exatamente discípula de Luiz Inácio Lula da Silva. É uma criatura do atual presidente. Foi forjada nos bastidores (de novo, os bastidores) do poder em Brasília. Foi moldada. Pedaço a pedaço, foi decomposta e composta por uma ostensiva campanha de marketing que a modificou por fora e por dentro.


Mas, e estou cheio das citações hoje, "por fora, bela viola, por dentro, pão bolorento". Tenho algumas certezas (também estou cheio delas hoje). E uma dessas me diz que a criatura volta-se contra o criador em breve, muito em breve. Basta que chegue ao poder.


Dilma assim, me parece, é sim um animal político. De porte avantajado. E rugirá, inclusive contra seu criador. Ninguém me tira essa convicção. Dilma não é doce. Ao contrário, soa-me amarga. Não é carismática. Teve a sorte de ter um padrinho político que é capaz de plasmar sua própria popularidade nela. Ela não terá a conversa popular, a identificação com a massa, o fácil trânsito entre os morros da Rocinha no Rio de Janeiro e as colinas do Morumbi em São Paulo. Não. Não mesmo. Creio que, depois dos seis primeiros meses de governo, se não antes, conheceremos a verdadeira face dessa que será  a primeira presidente do Brasil. Um animal. Em vários sentidos. Em todos os sentidos.

sábado, 4 de setembro de 2010

O importante não é ser diferente...

...é ter coragem para fazer a diferença. Daqui a menos de um mês, acontece o primeiro turno das eleições 2010 que elegerão: o próximo presidente do Brasil, os futuros governadores dos Estados, os senadores para o Senado Federal e os deputados federais e estaduais para a Câmara dos Deputados. Mudaremos, de uma só vez, quase todos os representantes na Presidência, no Congresso Nacional e nos executivos de cada Estado. Ficam de fora, apenas, os prefeitos e vereadores.


Tenho uma birra particular com política e sou incrédulo quanto às propostas de qualquer político. Em geral, as plataformas são chochas, carentes de propostas efetivamente atraentes. E, para sedimentar a birra contra os políticos, quando eleitos, quase sempre, os mandatários mudam de rumo e agem da mesmíssima forma que seus adversários.


Portanto, não creio em políticos, não acredito um minuto sequer nas propostas, promessas, intenções (a não ser nas ocultas) e qualquer outro tipo de informação que esses profissionais caçadores de votos vendem como aqueles antigos fariseus vendiam mercadorias naquele respectivo templo.


Mas, por outro lado, eu não vejo o menor sentido em votar em branco ou anular o meu voto. Já que a nós, eleitores, não nos é facultado votar ou não, já que somos obrigados a fazê-lo, votarei, portanto, em algumas dessas pessoas. Não que eu acredite nelas, repito. Contudo, o meu critério passa por um viés de identificação. Ou mesmo por afinidade, feito os participantes de reality shows que enviam os demais para os paredões de eliminação e usam o decantado critério de "afinidade".


Acho que é uma alternativa válida, de qualquer forma. Porque é mais ou menos assim que nos relacionamos em sociedade, presumo. Por afinidade. Por gostar de algumas pessoas e de outras não. Por termos convergências ou divergências, tendemos a nos unir ou nos afastar.


Assim, será esse o requisito que definirá os meus votos: os cinco votos, afinal, e não apenas um. Ajudarei a definir a composição política desse País, de uma forma ou de outra. E o farei.


Começo por declarar o meu voto a deputado federal. Não, ninguém me pediu votos e, se me pedir, eu me negarei. Uma pessoa, para ser eleita, até mesmo para síndico do prédio, precisa conquistar o eleitorado. O voto deve ser espontâneo. E se o candidato em questão faz algum ponto de contato comigo, não vejo porque não votar justamente nesse candidato.


Odeio o paternalismo, aquela vocação da massa desassistida que enxerga no político, ainda, infelizmente, o papel de um Estado-provedor. Isso não existe. Portanto, essas políticas de bolsa disso e daquilo, para mim, passam ao largo. São esmolas. Precisamos de muito mais do que isso.


Em que pese as bolsas federais terem tirado da pobreza absoluta uma grande parcela da população, não acredito que essa seja a solução a longo prazo. Mesmo porque o custeio dessas bolsas, mais cedo ou mais tarde, cobrará a geração de caixa para provê-las todas, originalmente tecidas com sacos sem fundos.




O meu candidato a deputado federal é Fernando Alcântara de Figueiredo. Recifense de 37 anos, é para ele que vai meu voto. E desejo, de verdade, que o Sargento Fernando consiga ser eleito. Para saber da história dele e entender (ou não) a minha opção por ele, basta acessar o site do candidato (neste link).
Fernando está entre os amigos virtuais no meu Facebook (veja o perfil de Fernando no Facebook) e eu torço para que a frase que compõe o título e o início deste post faça, literal e politicamente, a diferença.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Cidade limpa

Eu não gosto nem um pouco do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Arrogante, eleito pela maioria, costuma falar mais do que a boca lhe permite e fazer o que lhe dá na veneta sem pensar que há mais de 10 milhões de cidadãos aos quais deve o mínimo de respeito.


OK! Acabei de secar o veneno e, recomposto, reconheço o mérito do prefeito ao implantar com sucesso a Lei Cidade Limpa, a que tirou do espaço visual todo tipo de publicidade que atravancava a paisagem já confinada dessa cidade.




(Mudança da paisagem depois da aprovação da Lei Cidade Limpa, que vigora desde janeiro de 2007)

Hoje, segunda-feira, 24, mais um passo foi dado para que tenhamos uma cidade mais limpa. Não temos uma cidade exemplar, nos níveis alemães, mas com muita paciência e dedicação, poderemos, futuramente, cuidar com um pouco mais de carinho dessa imensa metrópole que é, afinal, a casa de cada um de nós, dos mais de 10 milhões de habitantes que aqui vivemos.




(Mais um exemplo da calma visual que a Lei Cidade Limpa criou com a extinção da publicidade excessiva)

A Câmara Municipal aprovou o projeto de lei que fixa em R$ 12 mil o valor da multa a quem for pego no ato de atirar entulho e lixo nas vias públicas. Antes, essa multa era de apenas R$ 500. O próximo passo é a segunda votação e, se passar pelos vereadores, vai para a sanção do prefeito Gilberto Kassab. O prefeito tem centenas de defeitos mas defende uma série de iniciativas, como essa, para tornar a cidade um pouco mais aprazível aos nossos olhos e corpos. Pelo menos esse crédito, por enquanto, eu lhe dou.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Duas presidenciáveis numa cajadada só

Tive uma rara oportunidade, como eleitor e como cidadão brasileiro, de contrapor duas eventuais candidatas à presidência do Brasil de uma só vez, com um espaço de poucas horas entre uma e outra. As candidatas são Dilma Rousseff, atual ministra da Casa Civil do governo Lula e, portanto, candidata do governo, e a ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, candidata pelo Partido Verde (PV), ex-governista e, portanto, oposição.


Ambas estiveram nesta sexta-feira, 29, na Campus Party, um dos principais eventos de internet do mundo e que tem uma ramificação brasileira. Ambas, embora neguem estar em plena campanha (são pré-candidatas), não têm feito outra coisa que fazer campanha eleitoral. O terceiro candidato também não se furta a fazer campanha mas, dessa vez, ao menos, não deu as caras. Os três - Dilma Roussef, Marina Silva e José Serra (atual governador do Estado de São Paulo) - são, desde já, os principais candidatos à presidência do Brasil, cuja eleição começa no primeiro turno, no dia 3 de outubro deste ano, e cujo(a) vencedor(a) governará o Brasil entre 2011 e 2014, a princípio.




Das candidatas, vi, pela primeira vez ao vivo e in loco, algumas facetas que a propaganda televisiva e o filtro da mídia obliteram, talvez, com ou sem intenção. De qualquer forma, a imagem que se começa a formar a partir do momento em que você pode ver as pessoas e olhar nos seus olhos é bem diferente daquela personagem que vemos de forma difusa na tela da TV.


Nesse confronto entre as duas presidenciáveis, pude observar algumas coisas e ficar ainda com mais dúvidas sobre em qual candidato(a) votar ao cargo executivo máximo do País. Por princípio e por falta absoluta de opções, havia declarado meu voto para Marina Silva. Dilma estava fora do meu espectro de escolhas porque tenho a impressão que a imagem que a ministra tem construído elaboradamente tenderá a ruir aos primeiros sinais mais fortes de confronto. Ainda não tenho muita certeza sobre o perfil político de Dilma. Quanto a José Serra, nunca foi uma opção viável na minha concepção por vários motivos, dentro os quais posso destacar este e este outro.


Do que vi hoje, posso comentar. Marina Silva está na defesa. É natural, dado que a candidata, nas pesquisas de preferência de votos, está na lanterna. E quem está lá embaixo sempre vai morder os que estão acima. Marina criticou Dilma e Serra por anteciparem suas campanhas. Questionada sobre sua aparição num evento em que política chega a ser um ET (exceto pelo Partido Pirata, devidamente representado na Campus Party), Marina defendeu sua ida ao evento porque disse que usará a internet: "Não estou aqui de forma artificial. Usarei a internet durante a campanha e nada melhor do que vir aqui para reconhecer que é uma ferramenta importante", disse. A propósito, um dos palestrantes mais ilustres nesta Campus Party foi Scott Goodstein, o estrategista das redes sociais da campanha bem-sucedida do presidente dos EUA, Barack Obama.




Na minha opinião, Marina passeou pelos temas e não se mostrou ousada. Para uma candidata a presidente, achei que Marina tem uma postura um tanto quanto 'mansa'. Depois, conversei com um taxista sobre ambas e ele foi taxativo: "A Marina só fala em meio ambiente". Quer dizer, a imagem da candidata está totalmente atrelada a uma plataforma da qual ela nem faz mais parte. Não que tenha deixado a questão ambiental de lado, mas um programa presidencial deve abordar inúmeros temas e, sobretudo, fazer o eleitor perceber isso.


Postura completamente oposta tem a outra candidata, Dilma Rousseff. Claro que o fato de Dilma estar amparada pela pesada máquina do governo federal ajuda e muito na construção da sua própria candidatura. Mas as posições de Dilma são vigorosas: "a internet é a ágora de Atenas da modernidade", afirmou, ao ser perguntada sobre a importância da rede para a campanha eleitoral. E desfilou uma série de afirmações sobre democracia, internet, acesso aos meios, banda larga (Plano Nacional de Banda Larga), direitos (marco civil regulatório da internet), direitos autorais, direito de acesso (e se posicionou contra qualquer tipo de restrição ou censura). E emendou com direitos à mulher, ao negro, à cultura etc. etc.


Quer dizer, é uma candidata que já tem uma plataforma eleitoral bem articulada. Do que eu vi, achei que Dilma está muito bem posicionada para debater questões que ora estão na pauta do governo federal e também do mundo.


Medidos os dois cajados - o de Marina é predominantemente verde e curto e o de Dilma é longo e espinhento -, no debate mental que fiz ao comparar as duas, pelo menos no ambiente da Campus Party Dilma ganhou disparado. E houve quem protestasse pela atenção da mídia à candidata Dilma! Oras! Basta acompanhar uma e outra para ver que as diferenças passam longe do grau de atenção que exercem sobre a mídia e eleitores em geral.


Tenho, porém uma reclamação dirigida a Dilma que não divulgou a conta do Twitter: esperamos pela ministra mais de duas horas. Creio que a ministra mobilizou mais de 100 pessoas entre motoristas, seguranças, jornalistas, blogueiros, assessores e produção. Todo mundo na expectativa da chegada da ministra ao evento. Ministra, poder público não é se fazer esperar.


Por outro lado, Dilma afagou os blogueiros (entre os quais me incluo) ao fazer referência várias vezes ao papel de blogs e blogueiros em todo e qualquer processo de informação, inclusive o eleitoral.


Saí das duas entrevistas - de Marina Silva e de Dilma Rousseff - com muita informação para analisar. Mas está OK porque tenho, pelo menos, oito meses para me decidir entre os candidatos que substituirão Lula.


quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Nude do dia

Raras vezes temos a chance de ver um político desnudo. Política e nudez são antagônicas na medida em que, na política, quanto mais cobertos estiverem os atos, tanto melhor, e, na nudez, no mínimo, há que se despir de roupas e de outras caretices para se mostrar sem maiores pudores. Como a política, no entanto, não tem pudor algum, seria natural que os políticos se mostrassem como vieram ao mundo.





Isso aconteceu mas não por iniciativa de uma política de transparência, e sim porque o mundo atual é outro e o(a) pelado(a) de ontem pode muito bem ser o(a) representante político(a) de amanhã (ou melhor, de hoje) em qualquer lugar do mundo. Dessa vez, o destaque é Scott Brown, primeiro republicano dos EUA, desde 1972, a conquistar uma cadeira no senado do estado de Massachusetts, tradicionalmente democrata.





Seria apenas mais um confronto entre o governo democrata de Barack Obama e os republicanos em torno das reformas do sistema de saúde norte-americano - Brown destaca-se por mobilizar eleitores contra as reformas - não fosse pelo fato do senador, que ocupa a vaga de Teddy Kennedy, ter sido modelo e ter posado nu em 1982 para a revista "Cosmopolitan". Na ocasião, Brown conquistou o título de "homem mais sexy do mundo". Em tempo: o senador, que, segundo dizem os porta-vozes, posou nu porque precisava de dinheiro para custear a faculdade de direito, é bem casado com a apresentadora Gail Huff, da TV local de Boston, afiliada da rede ABC. Em tempo 2: a filha, Ayla, cantou no programa "American Idol". Em tempo 3: os tempos são mesmo outros.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Portugal e o casamento gay

Depois do Brasil, os mais frequentes visitantes deste blog são leitores(as) de Portugal. Isso ocorre desde ao início da operação do blog e, desde a criação deste espaço, não foram poucas as vezes em que tive excelentes trocas de ideias com portugueses. A nenhum, ainda, conheci pessoalmente. Mas, assim como sou acompanhado por estas pessoas que estão do lado de lá do Atlântico, eu também sou visitante frequente de blogs portugueses. Acredito, inclusive, que tenho amigos do lado de lá, sem sombra de dúvida e, assim como eventualmente seria acolhido em terras portuguesas, também os acolheria por aqui, em terra brasilis.





Portanto, não posso deixar de me congratular com muitos desses amigos pela aprovação do projeto de lei que permite o casamento entre gays em Portugal. É um avanço do qual ainda estamos, no Brasil, bastante distantes. Portugal, com isso, tornou-se apenas o sexto país da Europa a permitir o matrimônio entre pessoas do mesmo sexo. E por isso eu digo que ainda há muito o que se fazer. Na América Latina, na Ásia, África e países do Oriente Médio. Se a Europa, com todo o avanço civilizatório que reúne, tem apenas seis países que ultrapassam as barreiras do preconceito, o que dizer de outros continentes inteiros que preferem condenar a questão e, inclusive, condenar à morte pessoas que ousam dizer o nome daquele amor o qual, segundo Oscar Wilde, era o amor que não ousava dizer o seu nome.


Como eu disse, é um avanço. Pequeno, mas um avanço. Não foi aprovada, por exemplo, a adoção de crianças por casais homossexuais. O projeto de lei de Portugal ainda depende de sanção do presidente português Aníbal Cavaco Silva, conservador. Mas, pelo que tenho lido - e me digam os meus caros leitores portugueses -, Cavaco Silva não deve vetar o projeto. Se aprovado, o primeiro matrimônio deve ocorrer em abril.





Em maio, o papa Bento 16 visita Portugal. Muita da herança católica brasileira deve-se, sobretudo, a Portugal e, assim como cá, lá em Portugal a igreja é um dos setores que mais pressiona para que o projeto não saia do papel. Mas acredito, mesmo, que papa e igreja católica estão cada vez mais desacreditados e que a eventual força da igreja católica seja obliterada pela sua própria fraqueza em não reconhecer que o mundo atual não é o mundo medieval. No mais, para mim tanto faz a opinião emitida pelo Vaticano: escondem seus crimes e pecados sob os pesados mantos vermelhos cardinalícios e pagam para abafar seus escândalos (leia-se pedofilia no mundo todo, perpetrada por padres de todos os cantos do planeta).


O premiê de Portugal, o socialista José Sócrates, disse uma frase que a mim me encantou: "Essa lei corrige um erro e repara décadas de injustiças. Acaba com um sofrimento que não tem sentido. Pertenço a uma geração que não possui orgulho da maneira como tem tratado os homossexuais". Até 1982, a homossexualidade era considerada um crime em Portugal.





A união civil - que tem sido relegada ano após ano no Congresso brasileiro - existe em Portugal desde 2001. Na Europa, o casamento gay é permitido na Bélgica, Holanda, Espanha, Noruega e na Suécia. Na América do Norte, o Canadá e seis estados dos EUA permitem o casamento gay. A África do Sul é o único país do continente africano que permite o matrimônio entre pessoas do mesmo sexo e, na América Latina, o México também é o único país que legalizou o casamento gay. Está na hora do Brasil acordar para essa questão ao invés de debater censuras na imprensa e outras questões bastante ridículas no Programa Nacional de Direitos Humanos, em discussão atualmente no País, ao qual dedicarei post específico.


No mais, quero, uma vez mais, celebrar com Portugal e com todas as pessoas que lutam pela queda de muros de Berlim que nos tornam, a todos os humanos, diferentes uns perante os outros ante a lei. Sim, somos diferentes. Mas também somos iguais. E que a lei nos veja como iguais é, no mínimo, justo. Parabéns, Portugal!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Nude do dia

O Nude do Dia é de uma nudez exemplar. Melhor, tem a nudez mais desenxabida, aquela que prova que somente o próprio rei não percebe a própria nudez. Embora a técnica não seja a mais apropriada - e os politicamente corretos de plantão estão atentos -, o fato é que a agressão ao premiê italiano Silvio Berlusconi encontra grande repercussão no mundo inteiro porque as pessoas, de forma geral, estão mais do que cansadas das atitudes dos políticos.





Na Itália, no Brasil, na Argentina (Cristina Kirchner, a presidente, acaba de ser alvo de ameaças de morte em transmissão de rádio durante voo de helicóptero) e em qualquer outro lugar onde a politicagem encobre, sempre, a falta de vergonha na cara e serve a objetivos pessoais.






Berlusconi virou alvo fácil no mundo real ao levar a pancada em Milão mas também aqui, neste mundo virtual: o vídeo do ataque já está entre os mais vistos no YouTube, o primeiro-ministro italiano chegou ao trend topics do Twitter e, para fechar o cerco, já transformou-se em game no qual você mesmo(a) pode atacá-lo com monumentos italianos como a Torre de Pisa e o Duomo, de Milão: Berlusconi: the game.





O recado é claro: ninguém aguenta mais tanta safadeza na política.


terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Uma cidade, um Estado, um País

Tenho comigo algumas opiniões que não são demolidas nem por decreto. Quando moldo, com esses pensamentos, uma massa, sinto que fabriquei um bloco de concreto. E daí que me saltam aos olhos a arbitrariedade dos diferentes níveis governamentais - município, Estado e União.


E que me provam, cada vez mais, o quão longe estão os governantes de nós, os 'consumidores finais', que somos a última milha desse encanamento que começa nas torneiras de águas transparentes do Palácio do Planalto em Brasília e se encerra nos esgotos do rio Tietê, em São Paulo. Somos avacalhados com tanto culeiforme fecal (para não dizer merda) que transborda e faz transbordar uma cidade inteira.





Somente para constatar:


Em uma cidade


O que se vende:


- Prefeitura de São Paulo: deverá gastar R$ 90 milhões em publicidade este ano (ante um orçamento inicial previsto de R$ 31 milhões). No ano que vem, a conta está orçada em R$ 126 milhões.


O que se compra:


- Cidade de São Paulo: em um dia de chuva, seis mortos. O prefeito, Gilberto Kassab, disse que foram investidos R$ 129 milhões contra as enchentes no município.





Em um Estado


O que se vende:


- Governo do Estado de São Paulo: pretende gastar R$ 120 milhões em publicidade em 2010, ano eleitoral no qual o governador José Serra desponta como um dos eventuais candidatos à presidência da República. O gasto corresponde a 158% mais do que o feito este ano, estimado em cerca de R$ 45 milhões. Esse gasto será de 0,1% do orçamento do Estado, de R$ 125,5 bilhões.


O que se compra:


- Em oito dias, 20 pessoas morreram no Estado em função das chuvas, 18 pessoas foram vítimas de deslizamentos de terra, três foram atingidas por raios e uma pessoa foi levada pela enxurrada. O governador, José Serra, se calou completamente e, twiteiro assíduo, não deu um pio.






Em um País


O que se vende:



- Até junho deste ano, o governo federal gastou R$ 616,2 milhões com publicidade. No ano passado, foi R$ 1.125,5 bilhão.


O que se compra:


- O Brasil está entre os cinco maiores emissores de gases na atmosfera e uma das principais causas dessa emissão de gás carbônico (CO2) é o desmatamento da Amazônia. Calcula-se que, para zerar o desmatamento da Amazônia até 2020 (em dez anos, portanto), sejam necessários aportes estimados entre US$ 7 bilhões e US$ 18 bilhões. Em abril desse ano, noticiou-se que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) tinha em caixa US$ 110 milhões para investir contra o desmatamento. Para criar uma esperança (hope, em inglês), vã, na minha opinião, um pouco antes de ter início a Conferência de Copenhague-Cop15, que pretende convencer o mundo de que Hopenhagen é possível, o presidente Lula anunciou que o Brasil se compromete a reduzir, voluntariamente, as emissões de gases causadores do efeito-estufa entre 36,1% a 38,9% até 2020 (em dez anos, portanto). Presume-se que o Brasil emita algo entre 2 bilhões a 2,3 bilhões de toneladas de gases-estufa ao ano. Em 2020, a previsão é de 2,7 bilhões de toneladas. Com a redução, poderia baixar a 1,6 bilhão de toneladas. Somente não se explicou com que recursos isso será viabilizado.





Sabe-se que o desmatamento é uma das principais causas dessas mudanças climáticas. Portanto, a causa se dá por conta:


- De um País e suas emissões e desmatamentos
- De um Estado que não se previne contra as catástrofes anuais amplamente previsíveis
- De uma cidade que, sendo a maior do País, ainda não se deu conta de que "piscinões" são soluções arcaicas e que, sem a manutenção permanente da malha de esgotos e escoamento pluvial, estamos, na cidade de São Paulo, fadados a nos transformarmos em uma Veneza futurística e caótica aos moldes da Los Angeles decadente de "Blade Runner".




    quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

    São Pedro do Turvo no mapa

    Da minha cidade natal, São Pedro do Turvo (390 Km de São Paulo, entre Bauru e Marília), sempre se questionou sua existência a cada vez que se lhe citava: "está no mapa?", "tem TV?". Essas piadinhas típicas das gentes das grandes cidades ocultam, na minha opinião, um desconhecimento de um Brasil interior que, não sei se por conta da velocidade dos tempos entre grandes e pequenas cidades ser bastante diferente, cria um abismo entre o interior e as capitais.





    A despeito do fato de São Pedro do Turvo ter 120 anos de fundação (uma quase tataravó, portanto), com IDH de 0,756 (considerado médio) e uma população de 7,439 pessoas (IBGE deste ano), a expansão comercial e industrial nunca foi um fator relevante para o município. Acho que São Pedro do Turvo, 81º. município em extensão territorial do Estado de São Paulo (entre 645 municípios), sempre teve uma vocação agropecuária, até mesmo por conta do espaço dedicado ao plantio e à criação de rebanhos animais.


    Ontem, terça-feira, 1º. de dezembro, constatei, com grande surpresa, que o aparente verde que toma conta da paisagem de São Pedro do Turvo é uma ilusão. Claro que nesses longos anos da minha migração de São Pedro para São Paulo, muito verde se foi: árvores, capões de mato, mata nativa e de nascente deram lugar a pastagens e, sobretudo, para o plantio de cana-de-açúcar, mandioca e soja. Mas eu não tinha dimensão de quanto estrago havia sido feito em detrimento da preservação: entre os 20 municípios com a pior pontuação ambiental, São Pedro do Turvo está em 5º. lugar no ranking negativo (num universo de 570 municípios).


    A classificação negativa foi publicada pela Secretaria do Estado de São Paulo do Meio Ambiente que entregou o prêmio ambiental exatamente ontem, terça-feira, para o município de Santa Fé do Sul, que recebeu 94,40 pontos. Pelo segundo ano consecutivo, Santa Fé do Sul recebeu a classificação de "município mais verde (preservação ambiental) e azul (águas não-poluídas)". São Pedro do Turvo, com a desagradável colocação entre os piores do Estado, ficou com 11,12 pontos (veja a lista dos 20 piores abaixo).





    Isso coloca o município no mapa, finalmente, a que tanto (os moradores) almejamos. Mas nos coloca em projeção negativa. Com o Google Earth, é possível, no entanto, entender o que acontece. Basta um voo satelital por toda a extensão municipal para entender porque a pontuação nos garantiu tão baixa classificação: há imensos vazios, sinais de queimadas (todo ano, a cidade convive com a execrável fumaça da queima das plantações de cana-de-açúcar) e o Rio Turvo, que nomeia a cidade, que era turvo por natureza, agora é turvo por poluição.


    O fato de eu não estar no dia-a-dia na comunidade são pedrense não impede que eu chame a atenção para isso. Eu não vivo em São Pedro, mas a maior parte da minha família sim. E são essas pessoas e todos os demais habitantes da região que, de forma direta ou indireta, sofrem as consequências: calor, fenômenos ambientais cada vez mais presentes (trombas d'água, ventos fortes), moscas etc.


    Quando eu morava em São Pedro, eu já não gostava da degradação que via: derrubada de matas para transformar fazendas inteiras em roças ou pastagens. Nunca fui (e nem sou tampouco agora) um 'verde', um ecologista. Mas entendo perfeitamente que a contínua degradação do ambiente nos levará (a São Pedro do Turvo, ao Brasil e ao mundo) a um estado crítico, catastrófico mesmo, de falta de água e outros males os quais nem somos capazes de prever.





    O "Prêmio Município Verde" foi criado em 2007 com o objetivo de ressaltar a preocupação dos municípios com os recursos hídricos. Dos 570 municípios participantes na edição deste ano, apenas 156 receberam o certificado "verde e azul". Para se chegar à pontuação, a nota abrange dez diretrizes ambientais: esgoto tratado, lixo mínimo, recuperação de mata ciliar (vegetação nativa das margens de rios e mananciais), arborização urbana, educação ambiental, habitação sustentável, uso da água, poluição do ar, estrutura ambiental e conselho ambiental.


    A conquista do prêmio vai além da vaidade: significa, para os ganhadores, prioridade na captação de recursos do governo estadual para projetos de melhoria ambiental. Em 2010, serão destinados R$ 50 milhões para esse segmento. Claro, apenas para as cidades que receberam o certificado. Mas o que está em jogo não é o dinheiro, e sim a herança que se deixará para os habitantes de São Pedro do Turvo e dos demais 5.563 municípios de todo o Brasil. Abaixo, a lista dos 20 municípios com a pior pontuação do Estado de São Paulo:


    1º. Itararé - 3,22 pontos
    2º. Aparecida - 6,62 pontos
    3º. Cananéia - 10,17 pontos
    4º. Santa Branca - 10,87 pontos
    5º. São Pedro do Turvo - 11,12 pontos
    6º. Itaí - 12,13 pontos
    7º. Catiguá - 12,83 pontos
    8º. Potim - 13,52 pontos
    9º. Guareí - 13,52 pontos
    10º. Pirajuí - 13,98 pontos
    11º. Duartina - 14,63 pontos
    12º. Cafelândia - 14,70 pontos
    13º. Analândia - 15,03 pontos
    14º. Itobi - 15,62 pontos
    15º. Mairinque - 17,96 pontos
    16º. Ferraz de Vasconcelos - 18,37 pontos
    17º. Cardoso - 18,62 pontos
    18º. Arapeí - 18,74 pontos
    19º. Holambra - 19,45 pontos
    20º. Orindiúva - 19,59 pontos

    sábado, 28 de novembro de 2009

    Um estado de espírito nada pacífico

    A Segunda Guerra Mundial terminou, oficialmente, no dia 2 de setembro de 1945, quando o Japão assinou o ato formal de rendição. Acabava um dos conflitos mais sangrentos da história da humanidade: estima-se que morreram mais de 50 milhões de pessoas e outras 28 milhões ficaram mutiladas. Em valores atualizados, a Segunda Guerra teve um custo calculado em US$ 1,5 trilhão, quantia que seria suficiente para acabar com a miséria na Terra ainda hoje.





    Envolveram-se na Segunda Guerra 55 países de todos os continentes. O Brasil entraria na guerra no dia 22 de agosto de 1942. Atualmente, os conflitos são pontuais e as maiores guerras em curso acontecem no Afeganistão (invadido pelos EUA em 2001), Iraque (invadido pelos EUA em 2003), Paquistão (entre paquistaneses e militantes islâmicos talibãs) e entre a Somália e Etiópia. Claro que há centenas de conflitos menores em várias partes do globo. Mas nenhum desses eventos reproduz a catástrofe que foi a Segunda Guerra Mundial.





    No ano que vem, portanto, serão 65 anos do final daquele que foi o período mais conturbado da história mundial. Mas o estado de espírito do homem, ao que parece, está longe de ser pacífico. Ao contrário, tenho para mim que somos, em primeira instância, criaturas bélicas, prontas a deflagar-se em discussões, conflitos, brigas e, finalmente, guerras. Porque o entendimento é pequeno ante tanta diferença. E se as divergências ocorrem entre famílias, vizinhos, bairros, cidades, imagine quando as proporções crescem e se multiplicam.





    A Terceira Guerra Mundial sempre pairou no ar, como uma ameaça velada, pronta para desabar na forma de mísseis de alto alcance, de bombas muito mais poderosas do que as de Hiroshima e Nagasaki e de ataques por terra, ar e mar que não poupariam nem os mais recônditos cantos de qualquer nação. Com a derrocada da Cortina de Ferro, afastou-se o fantasma. Mas não em definitivo.





    Em curso, há uma corrida armamentista que nunca deixou de acontecer. Ora é a Coreia do Norte, ora a China, ora o Brasil, ora os EUA, ora a Venezuela, ora a Rússia. Oras! Todos sabemos que, na eventualidade de conflitos de grandes proporções, ninguém será totalmente pego despreparado. Caças, submarinos e tanques nunca deixaram de ser fabricados e comercializados. Se a Segunda Guerra Mundial foi orçada em US$ 1,5 trilhão, nos dias atuais, calcula-se que valor equivalente seja gasto por todos os países, anualmente, para se equipar. Ou seja, a indústria bélica mundial gasta, por ano, quase US$ 2 trilhões.






    Parece fora de propósito esse tema. Mas a guerra (e a paz) nunca são fora de propósito, não é? O tema me veio ontem, quando assisti uma chamada para a futura série da HBO, "The Pacific" (em referência ao oceano Pacífico). A série, ficcional, é produzida por Steven Spielberg e Tom Hanks e deve estrear na HBO no ano que vem, quando se celebram os referidos 65 anos do final da Segunda Guerra. "The Pacific" soma-se a outra série, exibida em 2001, em que Steven Spielberg e Tom Hanks também foram co-produtores: "Band of Brothers". A diferença entre ambas as séries é que o foco de "Band" era o teatro de operações de guerra europeu, enquanto que "Pacific" passa-se na região asiática.






    Nas poucas cenas que vi, pensei, naquele momento: o cinema, a TV e outras mídias nunca deixarão de abordar a guerra, seja em produções futurísticas que preveem a guerra dos mundos, batalhas estelares e invasões alienígenas, seja em revisitas aos nossos próprios e terrenos conflitos.





    Me recordei, também de um comentário feito pelo querido Pinguim, do blog Why Not Now?, de que a Segunda Guerra era muito pouco abordada na blogosfera, em geral. Concordo. A guerra, ao Brasil, nos parece distante. Nós, que nunca tivemos conflitos bélicos pesados no nosso próprio território - exceto por revoluções regionais e a ocupação do território da Bolívia que resultou na anexação do atual Estado do Acre -, o País nunca foi palco de operações de guerra em alta escala. E estamos bem assim. Pelo menos é no que acredito.





    Mas, na minha própria casa, restam fragmentos da Segunda Guerra Mundial. Dois tios-avós foram convocados para a guerra pelo governo e, pela Força Expedicionária Brasileira, desembarcaram na Itália no dia 16 de julho de 1944. Um dia antes, os pracinhas brasileiros haviam avistado o monte Vesúvio e a baía de Nápoles. E, somente nesse instante, souberam que lutariam em território italiano.





    Eu não os conheci. Mas a referência que tenho de ambos é que, depois que voltaram, nunca mais se ajustaram à pacata vida rural que tinham antes de partir. E que ambos foram afetados psicologicamente pelos horrores que presenciaram - e dos quais participaram - na Itália. Morreram, os dois, em meio a tormentosas lembranças da guerra, perturbados mentalmente. Esse é o meu contato mais próximo com a Segunda Guerra Mundial e assim deve permanecer: no passado, como uma lembrança que nem minha é, e sim de outras pessoas da família.


    quarta-feira, 11 de novembro de 2009

    Nude do dia

    Fizeram o que tinha que ser feito: cerca de dez alunos da Universidade de Brasília (UnB) ficaram completamente nus no campus em protesto contra o episódio dos colegas que talvez usem burcas e tapa-olhos e que humilharam publicamente a colega da Unibann. Outros 150 alunos da UnB se juntaram ao protesto seminus. Os alunos da UnB tiveram o discernimento que os da Unibann não têm. A nudez, de vez em quando, tem de ser escancarada para que outros vejam quais são os reis, exatamente, que estão nus. 



    quarta-feira, 21 de outubro de 2009

    A passos de tartaruga

    Prevê-se que, no ano que vem, o mundo todo produzirá um volume de dados equivalente a 1 Zetabyte (dado IBM). Em 2011, a população mundial deverá gerar 1,8 Zetabyte (dado IDC). Zetabytes são unidades que correspondem, em dados, a 1 trilhão de Gigabytes. Um iPhone 3G, por exemplo, tem capacidade de armazenar 16 Gigabytes e os HDs - hard disks - de um computador como este no qual escrevo têm capacidades de armazenamento que variam entre 120 GB, 250 GB, 500 GB e até 1 Terabyte (o meu primeiro PC, por exemplo, tinha capacidade total de 1 GB).


    Em quatro anos, ou até 2013, estima-se que circularão pela internet mundial dados em volume mensal equivalentes a 10 bilhões de DVDs. Cada DVD pode guardar entre 4,7 GB (single layer ou camada simples) a 8,5 GB (dual layer ou camada dupla). Todos esses números indicam a largura de banda ocupada pelos dados - textos, vídeos, aplicativos, troca de arquivos, de e-mails e toda e qualquer transação que passe pela internet - no ambiente da internet mundial.

    Para suportar esse tráfego intenso, surgiu, em 1989, nos EUA, a banda larga, em contraposição ao acesso discado (ou banda estreita), que suporta taxas de velocidade de transmissão de dados de até 56 Kbps. Antes disso, a conexão à internet era feita pela linha de telefone comum, pela qual a linha permanecia ocupada enquanto se estava conectado à internet. Com a banda larga, um modem é agregado à linha de telefone comum para converter o sinal padrão do telefone em uma conexão de dados, com a consequente liberação do canal de voz: pode-se falar e se conectar à internet simultaneamente.



    O órgão mundial da Organização das Nações Unidas (ONU) que regulamenta e orienta as telecomunicações mundiais é a União Internacional das Telecomunicações (UIT ou ITU). Oficialmente, a UIT estabelece que a velocidade-padrão da banda larga começa em 256 Kilobits por segundo (Kbps) e pode chegar a 1 Megabit por segundo (Mbps), 2 Mbps, 8 Mbps, 30 Mbps, 60 Mbps e até a 100 Mbps. E essa taxa de velocidade com que os dados são trocados entre um computador e outro é o que determina a velocidade de conexão (para envio e recepção de dados ou upload e donwload).

    Ou seja, a largura de banda é o volume de dados que transita na internet e a banda larga é, a grosso modo, a velocidade com que esses dados são trafegados.

    No Brasil, a maior parte das conexões chamadas de banda larga está na faixa de velocidade entre 512 Kbps e 2 Mbps. Essa é a taxa nominal (contratada) pois, na verdade, a taxa real (que vemos na velocidade com que as páginas são carregadas nas nossas telas), na maior parte das vezes, é um pouco superior a 100 Kbps. As conexões brasileiras, em estudo recente, são classificadas em 45º. lugar num ranking entre 66 países. Estamos, portanto, segundo esse levantamento, 'abaixo das necessidades atuais'. 

    Em países nos quais a banda larga atende aos requisitos mínimos, essa taxa (nominal e real) está, em média, em 4,75 Mbps. Bastante superior, portanto, às taxas brasileiras de 100 Kbps. No Brasil, estima-se que haja um pouco mais de 15 milhões de acessos de alta velocidade (nas tecnologias fixa, móvel, de TV por assinatura, rádio, satélite e IP). Até o final deste ano, estima-se que o País chegue a 17,7 milhões de acessos em banda larga. Isso significa que pouco mais de 9% da população brasileira (191,9 milhões até hoje) terão conexões mais rápidas. Até 2014, as projeções (otimistas) indicam que o Brasil terá 90 milhões de conexões de alta velocidade.



    Na semana passada, o governo do Estado de São Paulo lançou o programa de banda popular para toda a população do Estado pelo qual potenciais 2,5 milhões de residências (das quais 1,810 milhão têm acesso discado e 690 mil não têm nenhum tipo de acesso) terão direito a banda larga por R$ 29,80 para bandas que variam entre 200 Kbps e 1 Mbps. Como parceira, o programa governamental tem na Telefônica a operadora que faz a conexão. Numa aparente desconexão entre o discurso do governo e da operadora, o anúncio formal da Telefônica fala de taxas a partir de 250 Kbps. Em ambos os casos - mínimo de 200 Kbps ou 250 Kbps -, no entanto, a taxa de velocidade não atende aos requisitos da denominação de 'banda larga' dada pela UIT. Posteriormente, a NET divulgou que oferecerá o mesmo serviço, nas mesmas condições.

    Para fazer o contraponto político, o governo federal, por meio do Ministério das Comunicações, divulgou esta semana que pretende lançar um programa mais abrangente, o plano nacional de banda larga. A meta é levar a internet rápida (com taxas de transmissão entre 256 Kbps a 1 Mbps) para 29 milhões de residências brasileiras - de baixa renda e para áreas onde a oferta de banda larga é quase inexistente - em cinco anos a R$ 9,90 mensais (o valor máximo seria estabelecido em R$ 30). O anúncio formal deve ser feito em novembro (a banda larga popular do Estado de São Paulo começa a ser comercializada a partir do dia 9 de novembro).

    Estudos do Banco Mundial sugerem que a cada 10% de expansão na banda larga dos países correspondem a um aumento no Produto Interno Bruto (PIB) de 1,38 ponto percentual. Ou seja, o acesso rápido é uma das formas de se desenvolver um país. Casos fartamente comprovados por países como a Coreia do Sul, por exemplo.

    Distante da batalha política brasileira entre governo federal e estadual, a notícia que chega do frio deveria congelar essas pequenas pretensões nacionais: também na semana passada, o governo da Finlândia anunciou que, a partir de 2010, todos os cidadãos finlandeses terão direito, garantido por lei, de ter acessos à internet a partir de 1 Mbps. Em 2015, essa conexão deverá ser de, no mínimo, 100 Mbps (rede de altíssima velocidade, baseada em conexões por fibra óptica). A Finlândia tem 5,5 milhões de habitantes e 79% desse total já têm acesso à banda larga. Enquanto o mundo promove o arranque a velocidades de coelho, somos uma tartaruga gigante que perde o tiro de largada.

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