Blog Widget by LinkWithin
Connect with Facebook

sábado, 31 de maio de 2008

Troféu

Já recebi alguns memes e prêmios pelo blog, mas, troféu, é a primeira vez. O presente é do Maurício, do Mundo Mágico de HorseMan, que diz, sobre mim: "gosto muito de passear por lá e saber o que se passa com essa criatura". Bem, Maurício, só por isso, já valeu, nem que não houvesse troféu algum.

Obrigado, leonino do Sul. Também sou frequentador constante de sua casa, a despeito do frio de Porto Alegre.

O troféu-meme é uma criação do blog Arte y Pico, da blogueira Eseya, de Canelones, Uruguai.

São regras para se passar adiante o troféu:

1) Indicar 5 blogs que você acha merecedores desse prêmio pela criatividade, estilo, material interessante e também por contribuir com a comunidade blogueira, não importa em que língua esteja.

2) Cada prêmio deve conter o nome do autor e também o link de seu blog para que ele seja visitado por todos.

3) Cada premiado tem que mostrar o prêmio e colocar o nome e o link do blog que lhe ofertou o prêmio.

4) Tanto o premiado quanto quem deu o prêmio têm que mostrar o link do blog Arte y Pico para que todos possam saber a origem desse prêmio.

Bem, Maurício, nem preciso dizer que presentes sempre fazem a cabeça de um leonino, não é? A gente, desse universo rei da selva, pode até fingir, mas, que nos achamos os mais-mais, é um fato, né não? Bah, tchê! Que se dane a falta de modéstia!

Minhas recomendações para o troféu Pico y Arte vão para os seguintes blogs:

1. Introspective, do Introspective

2. Lost in Translation, da Amèlie

3. Man in the Box, do MIM

4. Somos Todas Umas Vacas, da AP e da DM

5. Te Dou um Dado?, do Diego (Didi), Ana Paula (Polly) e Alessandra (Lele)

Porque uns são intimistas e outros, debochados.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Rastreio de Cozinha - 62

"Só sei que nada sei" e "Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância" são, ambas, frases do filósofo grego Sócrates. Cravadas há mais de 400 a.C., são válidas mais do que nunca, quase 2,5 mil anos depois. A palavra "contemporânea" designa, principalmente, o período atual do mundo ocidental e é contada a partir da Revolução Francesa (1789), quando nasceu o iluminismo, em que predomina a razão. No iluminismo, pressupõe-se que a ciência é a base para a solução dos problemas da humanidade e que os homens progridem com os conhecimentos adquiridos, diariamente.

Então, vejamos: Sócrates afirma que o conhecimento, de fato, nunca deverá ser dado por terminado. É infinito. E a ciência, na visão iluminista, evolui a cada dia, o que nos impede de deter e aprisionar o conhecimento adquirido, no tempo e no espaço. Seremos, eternamente, ignorantes, de fato. Sempre há o porvir e o novo, os quais, obviamente, não dominamos.

No cenário internacional, estamos às voltas com uma das maiores crises mundiais: a elevação dos preços dos alimentos em níveis antes nunca vistos. E de alimentos básicos como arroz, milho, feijão, soja. Ou seja, grãos primários, cultivados há séculos pelos humanos. Estuda-se sobretaxar ingredientes comprados fora de estação. E, aqui, não se trata de produtos top da cozinha como as trufas negras ou o foie gras. Não, nada disso. Falamos dos alimentos básicos mesmo. Dada a globalização, claro que, no Brasil, estamos diretamente conectados à crise mundial. Especula-se limitar a aquisição de terras brasileiras por estrangeiros (principalmente chineses). Nos EUA, bilionários fazem ofertas pela Amazônia e declaram que a floresta não é do Brasil, e sim do mundo.

Na Áustria, existe um evento chamado "Ikarus Night". É um evento exclusivo do restaurante Ikarus que consiste em reunir, em uma noite, 250 clientes convidados (a 777 euros por cabeça) e 12 guest chefs (chefs convidados). O caçador de chefs-convidados (nos cinco continentes) é Roland Tretti. Este ano, Tretti esteve no Brasil e levou o chef Alex Atala para o evento, como chef convidado. Até aí, tudo bem, dado o talento de Atala. O mais importante é o que o especialista austríaco declarou sobre o País: "Já estive em mais de 50 países, em contato com o que há de melhor na gastronomia mundial, mas, seguramente, nenhum lugar me surprendeu tanto quanto o Brasil", disse, sobre a riqueza de ingredientes brasileiros.

Agora, o que tem a ver Sócrates, iluminismo, crise mundial de alimentos e a surpresa do especialista austríaco com a diversidade brasileira? Em uma palavra: saber. Sou jornalista e muito, mas muito mesmo do que sei, vem da leitura, mais do que da faculdade e da redação, ou seja, teoria e prática. Na gastronomia, comecei, efetivamente, no ano passado, com o primeiro ano de faculdade. De lá para cá, são 18 meses nesse ambiente, totalmente diverso do meu meio original. Mas, a mesma palavra conecta os dois universos de forma indubitável: o conhecimento, o saber por detrás das informações (no jornalismo) e das produções (na gastronomia).

É preciso estar conectado ao mundo. Entender que a fome atingirá esse planeta de formas antes nunca vistas. E isso ocorrerá muito mais cedo do que o previsto. Entender que a cara, luxuosa e gorda cozinha francesa está em baixa. Calma! Não sou eu que o digo. Está todo dia em todo lugar. O homem precisa ser mais saudável. Menos manteiga e açúcar (França), mais peixe (Espanha) e menos sal (Japão). Só não vê quem não quer. OK, Escoffier catalogou a cozinha e deu ao mundo um modelo para um mundo em que não havia padrão. Mas, evoluímos, não? Veja Adrià, na Espanha, que tem um laboratório químico para casar ciência e gastronomia. Não é o iluminismo isso? Não é Sócrates a pregar que conhecemos os limites de nossa ignorância e que, portanto, temos que ultrapassar esses limites?

Quero dizer que, em um ano e meio na gastronomia, adquiri alguma (pouquíssima) prática, técnicas (muitas) e um saber (mais de 50 livros) sobre o assunto que, há dois anos, eu sequer imaginava que me tomaria assim. Com Adrià, é preciso dominar a tabela periódica, imagine! Eu, que sou uma negação em química! De Alex Atala, que é cidadão do mundo, li em sua coluna na revista "Prazeres da Mesa": "Fiz essa coluna ... Para chamar a atenção de que nem sempre o simples é fácil de fazer. E ainda para dizer que nossa profissão é serviçal, não servil." Está aí! E, na mesma coluna, Atala ensina como fazer o aligot (mistura de purê de batata com queijos). Aligot, diga-se, feito com queijo-Minas!!!! Retorno a Sócrates: "Não sou nem ateniense, nem grego, mas sim um cidadão do mundo", afirmou o filósofo. Preciso explicar mais?

Quero fazer coro com a minha professora de Cozinha Contemporânea que, na aula desta sexta-feira, 30, falou sobre tudo isso e mais. Falou, sobretudo, da necessidade que o universitário de gastronomia tem de expandir seu conhecimento. Não ficar preso a um mundo escuro ou se danará para sempre à beira de um fogão, no eterno embate com a panela.

Ser cozinheiro (ou chef, que seja!) é mais do que travar uma batalha diária entre fogão, panela e alimentos. É ter a dimensão do que acontece à sua volta. É não perguntar: "Tem carne?", quando o prato prevê apenas vegetais (o restaurante L’Arpège, do chef Alain Passard, desde a crise da vaca louca, mantém a cotação máxima de 3 estrelas Michelin com uma culinária exclusivamente vegetariana, inclusive com o uso de legumes em sobremesas).

A alta gastronomia brasileira é novíssima: tem apenas 30 anos. Não há catalogação de ingredientes, técnicas, utensílios, equipamentos e tecnologias na culinária do Brasil. Apenas duas (!!!) produções nacionais têm Documentação de Origem Comprovada (D.O.C.): o brigadeiro e o sanduíche Bauru. Com a ascensão de Atala no ambiente mundial, as atenções voltam-se para o Brasil. E, graças à iniciativa de Atala e de outros chefs brasileiros, começa-se a prestar atenção nos ingredientes da terra (terroir).

Se o aluno de gastronomia não sabe disso, está fora: será um cozinheiro e para isso não precisa de faculdade. Que volte a descascar cebolas e batatas e fazer arroz para batalhões. Estudar gastronomia são, sim, 90% prática de cozinha. Mas, uma universidade, inclusive de gastronomia, supõe a busca pelo saber, sempre. A faculdade é apenas a ponta do iceberg. A profundidade depende de cada um de nós. Do mergulho que fazemos, raso ou profundo.

Isso tudo aqui não é um libelo ou manifesto. É uma constatação. Porque, se temos aula de Cozinha Contemporânea, suponho que ser contemporâneo na cozinha é justamente ter a dimensão do mundo em que vivo e de como relaciono a comida com esse mundo. É aqui, neste exato momento, que tento transpor o limite da minha ignorância. Se serei bem-sucedido, é outra história. Importa que eu (digo eu e me refiro ao aluno de gastronomia, em geral) tenha essa dimensão crítica. A partir daí, como Atala disse, nem sempre o simples é fácil, mas, nenhum caminho é fácil, não é?

Deixei de lado (quer dizer, abaixo, aí embaixo) as produções de hoje porque precisava abordar o tema. Debater gastronomia também é faculdade de gastronomia. Fizemos nesta sexta-feira três sobremesas. Apenas destaco as produções e posto as fotos abaixo. Bom final de semana!

Zabaione de Compota de Morango (o potinho é de massa amanteigada e, dentro do potinho, há três camadas: uma de sorvete de chocolate, outra de creme aerado e a última é de compota de morango). Tradicionalmente, o zabaione é feito de abacaxi.



Mousse de Chocolate com Calda Cítrica (abacaxi e carambola com anis estrelado decorada com cascas de limão e laranja)


Maçã Assada com Abacaxi e Calda Cítrica (laranja e limão)


(Reme: contra a corrente e busque o conhecimento. Leia, saiba, informe-se. Vivemos na era da informação, disponível por todos os meios. São acessíveis, sim. A TV é gratuita. A internet é quase barata. Em época de multimídia, assista algo sobre Sócrates no Google Vídeo; leia a revista Prazeres da Mesa; visite o Mercado Municipal; ilumine-se na biblioteca, é gratuito!)

Este post é dedicado à professora da disciplina de Cozinha Contemporânea. Pode parecer bobo, mas, prefiro não citar nomes aqui. Mas, asseguro, ela sabe e lerá!


Ordinariazinhas


quinta-feira, 29 de maio de 2008

Rastreio de Cozinha - 61

Nesta quinta-feira, 29, após três meses de aula (completados no último dia 25), tivemos a primeira aula autêntica de Geografia Aplicada à Gastronomia. Nesses três meses, é o terceiro titular a ocupar a disciplina. "Não sou professor de geografia", deixou claro, logo de saída, o professor. Bem, e nem precisa realmente. A aula foi completa. O professor é profissional da cozinha e tem o conhecimento in loco dos lugares europeus, latinoa-americanos e alguns asiáticos, o que torna a aula uma experiência de compartilhamento, e não apenas um enunciado unilateral de um amontoado de informações.


Tivemos aula sobre a geografia da França e da Itália. Não vou repassar pelas informações porque, de alguma forma, nas aulas de Cozinha Internacional Ocidental, que abrangem os países, já postei várias informações sobre ambos os países e ficará muito repetitivo. Só quero registrar que, de novo, pela primeira vez, e últimas - teremos apenas mais quatro dias de aula de geografia até o encerramento do módulo - tivemos conteúdo efetivo de Geografia Aplicada à Gastronomia.

Hoje também tivemos aula de Tentativa de Cabar Comigo (TCC). As aulas são para complementar os capítulos do TCC. Nesta quinta-feira, abordamos como será a apresentação em banca, em julho. É, teremos a nossa première ainda neste semestre. É a nossa preparação para o verdadeiro teste até o final do ano. E só vou colocar aqui um pequeno detalhe e de como o meio acadêmico, em geral, cria entraves burocráticos para tarefas que deveriam ser mais simples e atraentes. Não sei se você sabe, mas, toda Tese de Conclusão de Curso obedece, no formato, regras estabelecidas pela Associação Brasileiras de Normas Técnicas (ABNT). Isso quer dizer que há um determinado tipo de letra a ser usado, margens de texto, caixas alta e baixa etc. O TCC requer - e é avaliado também por isso - os padrões.

Olha a piada pronta: no ano passado, o tipo de letra obrigatório para os TCCs era Arial, essa, do Word, que você deve estar acostumado(a). Esse ano, porque alguns especialistas (devem ser tipógrafos, com estranhas aberrações por linotipia) decidiram, a fonte passa a ser Times New Roman. Dá para acreditar que a preocupação desses acadêmicos diz mais respeito à forma do que ao conteúdo? É por isso que o nível dos universitários cai, ano a ano. Como manter algum padrão de qualidade se sequer o tipo de fonte se mantém? Não é risível (ou chorável)?

Bom, a despeito da minha satisfação com a legítima geografia, vou, feito uma mulinha teimosa, continuar no assunto que mais gosto de abordar na quinta-feira, tradicionalmente: eu mesmo. Sorry, força do hábito: a minha geografia, vista sob a minha ótica. Tudo possessivo, o que vem a ser uma coisa só, afinal: eu.


Na cartografia, há mapas para tudo: para o mar, para o universo, pessoas e terras. São os mapas marítimos, aéreos, astrais e terrestres. Os há o bastante, não é? Pensei, então, que deveria mapear-me a mim mesmo e cheguei à seguinte conclusão: sou mapeável, sim.

De acordo com essa cartografia, o meu Norte é a minha cabeça. Contido pela cabeça, está meu cérebro. É quem determina, de forma racional, o que digo, faço e falo. Nem sempre com a devida correspondência, já que digo uma coisa e penso outra ou penso uma coisa e falo outra. Mas, o meu Norte é, sobretudo, racional, que tenho que me limitar ao dito mundo civilizado, com regras, coerções e muros invisíveis construídos por gente recalcada, em geral.

O meu Norte faz com que eu me comporte quase sempre. Que eu intua uma sociedade cheia de deveres (mais) e direitos (menos). Onde tudo é regido por leis que não inventei e por convenções que, se Maria Antonieta fosse, as quebraria todas e distribuiria feito brioches.

O meu Sul é da parte da cintura para baixo. Portanto, ao invés de afirmar que "o pecado mora ao lado", digo que "o pecado mora abaixo". É uma parte indômita, como alguns cavalos negros selvagens. O Norte comanda, mas, nem sempre o Sul obedece. O que, no mais das vezes, me coloca em situações vexatórias que não vem ao caso abrir aqui. Afinal, este blog não é um tribunal de inquisição para eu me atear fogo, não é? O Sul está sempre pronto para partir em direções contrárias às determinadas pelo Norte e funciona, no reverso de uma bússola, como o pólo desastabilizar. O magnetismo nada tem que ver com pólos no caso, e sim com outros instintos mais primitivos.

No Leste, situa-se o coração. É como o nascer do Sol: todos os dias está lá, a bater em rotações por minuto. Até que cesse, por completo. Quando isso ocorre, é como o Sol: se não aparecer um dia, você, o mais interessado, nem saberá, o que é bom, diga-se. De forma anatômica e biológica, o coração é apenas um músculo. Que bombeia sem parar para que cérebros como este que vos escreve encham linhas sem fim de divagações torpes como estas.

Figurativamente, o Leste concentra todos os bem-quereres e mal-quereres do mundo. Amamos e odiamos metaforicamente por meio desse músculo. Que tem taquicardia se sentimos algo, se usamos drogas, se nos emocionamos ou se, como no meu caso, corremos dois passos para desligar o fogão. Geograficamente, é o centro do meu mapa. Não digo que é o cérebro porque o coração melhor intui do que o cérebro melhor conduz. E, depois, no embate entre Norte e Sul, o Leste sempre leva a melhor. Está lá, em todo o espectro da minha cartografia: taquicárdico se o Sul toma conta do eu-globo e encolhido, contrito, quando o Norte fala mais alto.

Finalmente, o meu Oeste. Esse é a raiz. Como eu sei? Porque venho, fisicamente, da região Oeste do Estado de São Paulo (OK, tecnicamente, é Noroeste, mas, não vou abrir a rosa dos ventos e detalhar os pontos cardeais porque este blog não é a Wikipedia e eu não sou cartógrafo profissional). O Oeste é a raiz, pronto. É a origem, o ponto a partir do qual tudo começou. O ponto para o qual eu me volto quando há muito conflito entre Norte e Sul e o Leste dispara, sem saber se irriga tudo ou desfalece de vez.

Agora, me diga: você acha que estou bem de mapa? Creio que essa abordagem ainda não foi tentada pela verdadeira geografia. Esse escaneamento de pontos cardeais particulares. Avalie-se e, tenho certeza, você também encontrará seus próprios pontos cardeais. Somos a rosa dos ventos completa. Auto-geografize-se! Globeie suas direções. Verá, como eu, que basta um giro pelo próprio mundo para descobrir que somos pequenos planetas inteiros dentro de nós mesmos.

(Rume: direto para o Museu Cartográfico do Serviço Geográfico do Exército se você tem problemas em esboçar seu próprio mapa. O museu, que guarda raridades da evolução cartográfica brasileira e, portanto, da minha e da sua, fica na Rua Major Daemon, 81, no Morro da Conceição, centro do Rio de Janeiro. A entrada é franca e o museu pode te situar de uma vez por todas. Afinal, o Exército é disciplinado, não é?)

Festa cigana

Não sou nenhum cigano Igor, mas, que eu tenho um pezinho ali no meio dos gipsys, ah!, isso eu tenho. Para celebrar minha euforia, vou de festa cigana remixada. De repente, não é que vem um cavalo desses na minha direção?

"Gia", by Despina Vandi

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Rastreio de Cozinha - 60

Hoje, 28, faz 9 dias que não vou a faculdade (descontados o feriado e o fim de semana, a conta cai para 5 dias efetivos de aula). Mas, alegremente e descaradamente, estou feliz.

Ser bipolar é ter isso, assim, do nada: um dia, dorme escuramente, no meio da luz do dia, para fugir de tudo. No outro, sonha que a noite é dia, de tanta luz que emana. Estou feliz. Alforria!

Concluí, agora às 23 horas, mais cinco matérias. Desde o dia 21, quarta-feira passada, foram 54,5 mil caracteres, dois especiais (um de 4 matérias e outro de 3), completamente distintos um do outro e, portanto, com direito a me provocar dislexia às carreiras. Foram, no total, 11 matérias para três veículos diferentes.

Daí que a bipolaridade aflora, agora na versão positiva, prótons que viajam a velocidades esfuziantes. Sei, sei que deixei o acúmulo me embrutecer de mau-humor. Mas, você quer o quê? Olha só, neste momento, exausto, compartilho a alegria mais mundana que pode ter um jornalista: entregar as matérias.

Também hoje, às 18 horas, almocei e jantei. Fast food. Porque fast era minha pressa, se é que não exagero na redundância. No momento, quero ser over, exagerado. Posso. Agora, 23:45 horas, vou relaxar. Primeiro, uma paradinha na Paulista, no Café Creme. O de casa acabou e não estou nada animado para fazer um novo. Que é para não confundir o final de noite com o amanhecer. Cheiro de café novo tem cheiro de manhã. À noite, lembra velório. Credo!

Vou tomar um café. Fumar um cigarro. Ler. Visitar os blogs amigos. Talvez, até, me encharcar no Lemoncello que jaz, frio como deve ser, na geladeira. Mereço-me, integralmente.

Quanto à faculdade, para não deturpar ainda mais este espaço com minhas inaptidões com dea-lines e editores, volto amanhã. Beijo, de pura felicidade! Queria ir até a um parquinho, daqueles, do interior ou da praia. Sabe o quê? Ia comer maçã do amor e atirar argolas ou atirar no patinho.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Rastreio de Cozinha - 59

Dormi profundamente entre as 17:00 e 21:00 horas desta terça-feira. Estava até catatônico, de tanto sono. Hoje, de madrugada, terminei o trabalho às 4 da manhã. Finalmente, às 5, consegui relaxar um pouco e dormi. Às 6:30 horas, acordei, na certeza de que havia perdido a hora. Voltei a dormir eram 7:30 horas.

Às 8:45 horas, acordei. Me levantei. Fui a um evento - o lançamento do Wii Fit Nintendo (que adorei! é a balança doméstica mais luxuosa que uma pessoa pode ter; custa R$ 549, fala inglês, francês e espanhol e traz um personal training em avatar). Fiquei no evento até quase meio-dia.

Cheguei em casa, fiz mais alguns contatos, entrevistas - tenho mais 6 matérias para entregar até amanhã; adicionei mais uma em relação ao número de ontem. Por volta das 17:00 horas, o telefone parou, finalmente, de tocar.

Silêncio (na verdade, aqui dentro; lá fora, buzinas, construção de prédio, alarmes etc.). Friozinho. Sono. Li um pouquinho (talvez dois minutos). Desmaiei! Acordei às 21 horas, com novo telefonema.

Aula perdida (de confeitaria, creio que de pasta americana), algo do cansaço vencido, preparo-me agora para nova jornada, a de escrever e enviar as matérias até o último minuto de amanhã. Deseje-me sorte, que é tudo o que preciso.

Mais Você lá em casa

Nesta quarta-feira, 28, o programa "Mais Você" (Globo, a partir das 8:00 horas), terá reportagem sobre polvilho, feita na minha cidade natal, São Pedro do Turvo, a 360 Km da capital. A matéria feita pela equipe da Ana Maria Braga mostrará como se faz biscoito (ou bolinho, não me lembro) de polvilho. Assista e tenha um relance do que é a minha cidade de origem.


(a foto foi feita entre os anos 1960/70, eu acho)

São Pedro do Turvo foi fundada em 1889 (fará 119 anos, agora, dia 29, a anciã). São muito mais do que os 100 anos de solidão de Gabriel Garcia Marquez e talvez isso explique muito da melancolia que me rodeia. Talvez. Porque somos o lugar de onde viemos e a minha Macombo, às vezes, é angustiante. Ou não?

São Pedro tem, pelo Censo de 2007, 7.094 habitantes (7.095 quando estou lá), e a economia do município baseia-se na lavoura (que não é mais arcaica, posto que industrializada) de mandioca, cana-de-açúcar, algum café, soja e outras plantações de subsistência (arroz, milho, feijão). A cidade tem uma indústria que fabrica polvilhos doce e azedo, fécula de mandioca e álcool de cereais, a Ourominas.

A empresa produz polvilho doce e azedo (usados para a fabricação de biscoito, pão de queijo, chocolates) e também tem um braço no ramo de álcool de cereais (fomento para as indústrias farmacêutica, perfumaria e de bebidas). São produzidas diariamente 25 toneladas de polvilho e 15 mil litros de álcool neutro de cereais - mandioca, milho e arroz -, que abastecem os Estados de São Paulo, Paraná e Minas Gerais.

Quero deixar claro que não ganhei merchandising para falar da cidade - nem da prefeitura e tampouco da fábrica de polvilho. Quem me alertou para o fato da cidade aparecer na TV foi a minha irmã. Amanhã, 8:00 horas da manhã, vejo mais você lá em casa.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Rastreio de Cozinha - 58

Não rolou! Nada de aula. Terceiro dia consecutivo. Minha falta, minha grande falta ... Não vou subir no palanquinho aqui e reclamar feito um velho babão. Que isso, que aquilo blábláblá ... Não! Não rolou porque, nestes quatro dias, não fiz absolutamente nada por absoluta inépcia e inércia. Acomodei-me. Quase que atrofiei-me, de tanto encolhimento.

Por outro lado, a compensação: é quase meia-noite e concluirei um especial inteiro, um job de 26,5 mil toques. São quatro matérias entregues. Mais cinco matérias até quarta-feira. Bem-feito para mim.

Quanto mais prazo tenho, mais me comporto como brasileiro, a deixar tudo para a última hora. Pois que sou brasileiro e, ao contrário do horrível mote, desisto sempre. Tendo a deixar, deixar, deixar ...

E dá-lhe chá depois para acordar e enfrentar o horrível monstro dead-liniano que cospe fogo e quiçá em Liliput o tolerariam. Que meus editores não me leiam e tampouco me acusem. Dos sete pecados capitais (que agora são 13), o que mais pratico é a preguiça (depois, a gula). Com o que mais sonho é a luxúria. Percebe?

Eu disse sonho! O que mais? Nada, que não era para o post ser uma bula papal de contra-indicações e tampouco uma tábua da salvação. Só realidade!

Que também não vou me flagelar (mas, me deixar flagelar ... não ... mmmm ... talvez ... hhmmm, repara na foto e, me diz, o que fazer em tal condição precária?) em expiação porque não creio na ortodoxia judaico-cristã que instituiu a culpa e muito menos que vou repetir ad infinitum "mea culpa" como se fosse um jargão suficiente para me salvar da danação a que estou condenado desde a origem, qual seja, a de ser assim, talzinho como sou. Beijim! Ou melhor, beijo, que não quero, por conta de uma nota desafinada de jazz, não sincopada, soar como Beijing, que não respeita feriado, culpa, cristão, ateu e nada.

domingo, 25 de maio de 2008

Meu rugido dominical

Queria estar na festa. Com amigos. Com os amigos que tenho. Apenas uma amiga me convidou. Sabe a popularidade que se mede entre universitários norte-americanos?

Claro que não vou medir a minha (im)popularidade por critérios tão simplistas, mas, não houve, digamos um arroubo dos amigos.

Eu, já desanimado para ir a qualquer evento, sozinho é que não fui. Ouço daqui de casa o barulho, desde a concentração (meio-dia) até a descida na Consolação (são 16:30 horas) e ouço bem o som dos carros.

Tudo é uma alegoria. Inclusive o estado de espírito. O meu anda assim, capenga. E, cabisbaixo, se recolhe numa concha para passar incólume. Não levantar os olhos. Baixá-los ao nível do chão para se interiorizar.

O imã não me atraiu. Receios. Medos inconfessos, mais do que a ausência de amigos, me prenderam ao "quarto do pânico". Li outro dia que os homens tendem a ter pequenas cavernas dentro de suas casas, lugares só seus, impenetráveis por outros homens e, principalmente, pelas mulheres. Tentativa primitiva de voltar às cavernas e garantir território inviolável. Tenho minha própria caverna. Às vezes, escura como de fato o eram em priscas eras.

Sempre tendemos à caverna quando a luz é tanta que não a suportamos. Será que não suporto a alegria alheia em detrimento do que me vai dentro do peito? Será inveja? Olhar com condescendência para tudo não me faz bem. Estou cansado da condescendência para comigo mesmo e para com os outros. Ser ouvinte atento. E não ser ouvido.

Sinto que algo me escapa. Algo que não desvendo, nunca. Me entrego à eterna leitura de livros que queria ter escrito. Não ajo. Bovino, abano o rabo para espantar as moscas. E só!

Tédio, cansaço, exaustão. Corri uma maratona e não cheguei a tempo de dar a boa nova. Tampouco recebi qualquer notícia que me aquecesse o coração. Estou frio. Marmorial. Memorial é que sou. Acúmulo de poeira dos tempos. Escombro de lembranças.

Nada me chama. Se os há, os chamados, não os ouço. Ouvidos moucos para trombetas que, talvez, nem existam.

Não fui a festa alguma. "Não me convidaram para esta festa pobre que os homens armaram pra me convencer", gritou, lá atrás, um Cazuza de súbito estupefato. Não me convidaram para festa alguma. Pobre ou rica, festa é sempre festa. Queria estar na festa. Não, não em qualquer festa. Na minha festa. Aquela, da expressão "o cachorro fez festa quando o dono chegou". Queria receber festinhas, afagos. Alegria por eu ter chegado. Carência, me diz você. Nem tanto assim. Queria mais era ter festa dentro de mim, de fato.

Sinto falta de um ambiente festivo dentro de mim. Eu, tão espirituoso quando se trata dos outros, estou com falta de presença de espírito. Divago. E é tudo. Meu espírito está pobre. Soturno.

Preciso de uma festa multicolorida. De balões de arco-íris. De luzes. Ver formas. Ver o formato dos sons, numa viagem alucinógena. Ver o halo que cerca as pessoas. Dizem que os há. Você já viu? Talvez sejam apenas emanações de nossas fantasias. Mas, bem que gostaria de exalar um halo (vulgo feromônio). Talvez, sendo primitivo, consigo ser, de fato, moderno.

Preciso de passarela. De pés para caminhar na passarela. De platéia que me assista. De aplauso (ou vaia) que me consolide. Estou sem chão. E, flanar, às vezes, é só flanar, como folha de árvore em outono. Êta sensação besta.

Não fui a festa alguma porque não tenho festa dentro de mim. A luz apagou, os convidados já foram, a música acabou, a bebida findou, a comida esfriou, a noite terminou. E agora, José?

sábado, 24 de maio de 2008

12 Gay Parade Sao Paulo

Este blog também é serviço. Veja aqui links para tudo o que rola hoje e amanhã:









The book is on the table

Às vésperas da 12ª. Parada Gay de São Paulo, a cidade está cheia. De fora, são estimados 300 mil turistas que aqui estão desde quarta-feira. Os hotéis estão lotados. A 25 de Março esteve lotada, pelos compradores convencionais e pelos gays. As casas noturnas estão lotadas. O tempo ajuda. A Avenida Paulista não. A avenida, principal passarela do evento, ainda está com os tapumes, a despeito da prefeitura ter prometido que tudo estaria pronto para amanhã.

Com toda essa agitação e um sol de outono maravilhoso, tudo o que fiz, nestes dias, foi escrever matérias cujas entregas estão atrasadas. Odeio ficar em casa quando sou obrigado.

Não pude viajar, não tenho saído, não tenho feito nada, a não ser escrever matérias especializadas sobre tecnologia, internet e telefonia móvel. Não estou contente comigo mesmo, com o meu marasmo, com o meu trabalho. Com nada, enfim! Se vou à Parada? Não sei!!!

Meu único ato edificante (para mim mesmo) até agora foi comprar mais um livro, de novo na fnac. É o "Léxico Científico-Gastronômico", elaborado a partir das pesquisas feitas pela Alícia, fundação de pesquisa científica na área de gastronomia da Catalunha, na Espanha, e pelo elBullitaller, que é o laboratório culinário ligado ao restaurante elBulli, do chef catalão Ferran Adrià.

O livro (ou dicionário) foi publicado na Espanha em 2006 e a editora Senac SP acaba de lançá-lo no País. O léxico foi feito para passar ao grande público (eu diria que foi escrito para os iniciados, na verdade) a compreensão sobre os processos científicos e tecnológicos usados pela gastronomia de vanguarda atualmente, notadamente aqueles inventados por Adrià e sua equipe.

Há mais de 400 verbetes no "Léxico", com definições e, em alguns casos, indicações sobre a aplicação prática de aditivos e outros produtos na indústria alimentícia e em restaurantes.

Para saber mais: Léxico Científico-Gastronômico: as chaves para entender a cozinha de hoje - Alícia & elBullitaller - Editora Senac São Paulo - Tradução: Sandra Trabucco Valenzuela - R$ 65 (245 págs.).

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Ordinariazinhas


Meu ócio não é criativo. Tampouco vegetativo, posto que os vegetais trabalham. Meu ócio é contemplativo. Olho para o nada. Para os passos do tempo.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Fome

A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) divulgou nesta quinta-feira, 22, que os alimentos, em todo o mundo, continuarão caros, e que não deverão retornar aos níveis baixos registrados antes da atual crise. Pela primeira vez na história, o custo total global de importação de alimentos deve passar de US$ 1 trilhão. Os países pobres que importam mais alimentos do que exportam serão os mais afetados, já que deverão ter de pagar quase US$ 170 bilhões neste ano para importar esses produtos, um aumento de 40% em relação ao ano passado.

Em todo o mundo, mais de 850 milhões de pessoas passam fome, diariamente. Até hoje, 22, às 18:00 horas, a população mundial era de 6,669.340.827 pessoas, ou seja, 12,7% da população global têm fome, todos os dias. Os preços dos alimentos básicos - arroz, trigo, milho, feijão, açúcar - aumentaram, desde o ano passado, em média, 40%.

Daí que há alguns dias vi no blog Tu Casa Mi Casa um trabalho do fotógrafo britânico Carl Warner, com uma série de fotografias nas quais usa alimentos para formar o cenário. As fotos são chamadas de Foodscapes, que é a união das palavras food (comida) e landscape (paisagem) e formam cavernas, bosques, praias e outras cenas cotidianas com frutas, legumes, queijos, massas e outros tipos de alimentos.

Seria muito bom se o mundo fosse constituído desse tipo de cenário, na vida real. As pessoas comeriam, enfim. Creio que, no princípio, se não era exatamente assim, no entanto, a natureza provia muito generosamente o homem de comida. Por inapetência e apetite por destruição, porém, o próprio homem perdeu o elo com essa natureza provedora. Agora, passa fome. Abaixo, algumas fotos de Warner, com os cenários idealizados com comida.

Nesta floresta, as árvores são feitas de brócolis, os frutos são ervilhas e o chão foi construído com cominho. A grama é feita de ervas, as nuvens são couve-flores e as montanhas são de pão.


Esta é uma cena rural italiana típica na qual o carro é feito da pasta de lasanha, os campos são de macarrão, as árvores são de pimentão e, ao fundo, as casinhas foram construídas com queijo.


Na caverna, as rochas são de pão e o fundo do mar é de couve-flor. As árvores são feitas da folha do repolho, as pedras são de batata-doce, o canyon também é de pão e o céu é de repolho roxo.


Aqui, o mar foi feito com pedaços de salmão. As batatas e o pão formam as pedras. O barquinho é de ervilha.


Nesta foto, grãos e cogumelos compõem o cenário desértico.




quarta-feira, 21 de maio de 2008

Rastreio de Cozinha - 57



Mayday! Mayday! Faltei!!! Replay from yesterday!

Camafeu

Me meu vontade de morder para aplacar as mandíbulas. Vontade de adoçar. Cravar os dentes na carne branca. Como se vampiro no pescoço fosse.

O mordiscar tão-somente não resolveria. Tratava-se de fincar os caninos. De me saciar no doce.

Travar a língua e o palato com a sensação do doce na boca. Preencher os sentidos com algo comestível.

Que ando muito subjetivo e pouco objetivo. Pouco objeto. Nunca abjeto, porém.


A escolha recaiu no antigo. No passado. Inconscientemente, em uma dimensão vitoriana que me é estranha.

Têm aspecto de osso. De mandíbula. Me remeteu de novo à carne branca.

Objetivamente, são pedacinhos de lembranças. Que simbolizam mortos. Estranho ...

Simbolizam pensamentos, fantasias.

Metaforicamente, são carnes brancas. Devora-me, pedem!

Foi o que fiz, sem complexo.

A despeito da falta de nexo entre as conexões antigas e a vontade, banal, de me embalar em camafeus.

Ego!

ImageChef.com - Custom comment codes for MySpace, Hi5, Friendster and more

terça-feira, 20 de maio de 2008

Rastreio de Cozinha - 56

Faltei. Trabalho. Câmbio. Desligo.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Rastreio de Cozinha - 55

Pela lei da Física, há dois tipos de matéria: a “positiva” e a “negativa”, segundo a qual tipos iguais se repelem e tipos diferentes se atraem. Ao contrário da gravidade, onde há apenas atração. Toda matéria é uma mistura de prótons positivos e elétrons negativos que se atraem e se repelem. Esse equilíbrio é tão perfeito, no entanto, que quando você fica próximo a alguém você não sente absolutamente força alguma (negativa ou positiva), diz a lei. Se houvesse ao menos um pequeno desequilíbrio você perceberia. Se você estivesse ao lado de alguém, a um braço de distância, e cada um de vocês tivesse 1% de elétrons a mais do que prótons, a força de repulsão seria incrível.

Observe que essa é a lei, e não a outra, a "sensação" que podemos ter em relação a uma pessoa desconhecida e se "sentir bem ou mal" quando próximo desse ser estranho. No caso, a "sensação" é algo subjetivo, e não funciona como uma lei da natureza, como a descrita acima.

Neste último domingo, escrevi no Rugido sobre uma grande carga positiva, gerada pela reunião de pessoas que se gostam. Essa força motriz, comentei, me abasteceria por algum tempo.


(Moqueca de Peixe Baiana)

Bem, isso é uma utopia, logo se vê. Para toda ação, há uma reação, e essa é outra lei da Física. Depois de toda a positividade, recebi uma descarga negativa que, entre prótons e elétrons, me fez voltar ao velho lugar-comum. Qual seja, a vida real.

Hoje, segunda-feira, 19, o dia todo recebi cargas negativas das mais diversas formas - por meio de comentários, e-mails, telefonemas e até mesmo pessoalmente. Quando eu começava a aparar um golpe, outro já estava a caminho. E foi assim o dia todo. E ainda agora, à noite.

Disso resulta que todo o meu estoque de energia positiva se neutralizou e, como um nêutron, estou agora como a média: nem lá, nem cá. Apenas estou. Realizei, mais uma vez, o que já estou cansado de saber: a felicidade é atômica demais e não há tecnologia na natureza ou artificialmente desenvolvida que a faça permanente. E digo permanente de curto prazo, horas, talvez dias.

Mas, não! Isso não funciona assim. Se há uma onda positiva, outra negativa já está a caminho. E você, se não ficar esperto(a), pode naufragar. Às vezes, você consegue surfá-la. Foi o que fiz o dia todo. Levei alguns tombos, mas, como se eu houvesse antevisto essa onda negativa, estava com a minha prancha devidamente parafinada e as consequências não foram assim tão graves.

De tudo isso deduzo que a natureza, por si mesma, e a natureza das pessoas, por elas próprias, conjugam suas forças positivas e negativas nas mesmas proporções. Essas forças vêm de diferentes focos, claro. As mesmas pessoas que te passam energia positiva hoje, podem te enviar raios negativos amanhã e vice-versa. Concluo, mais uma vez, que a felicidade, o riso, a alegria, o bem-estar são utópicos. E utópico em dois sentidos: como a civilização ideal (que fantasiamos)e também como o "não-lugar" ou "lugar que não existe" (que a realidade nos impõe).


(Bobó de Camarão)

OK, estou mais para filosófico do que para cozinheiro. Mas, apenas para concluir, para fechar de vez o dia, fiz uma das produções nesta segunda-feira e, no exato momento de apresentar o prato, cadê o prato? Nós deixamos os pratos no forno, para aquecê-los. Só que há uns espertos que adoram pegar as coisas dos outros. E pegaram o meu prato, quentinho. Lá fui eu lavar outro prato. Cadê o papel? Não havia papel. Fui lá fora buscar, em outra classe. Quando voltei, a produção que eu havia feito jazia num outro prato, molhado e frio. É ou não é para ficar irritado com isso? Mal tive tempo de fotografar o prato.

Então, já que um dia é positivo e o outro, negativo, que amanhã, haja mais prótons do que elétrons. E que eu atraia mais do que repila. Queria ser só prótons!

Nesta segunda-feira, fizemos quatro produções da quente (apimentada) comida baiana, dentro da disciplina de Cozinha Brasileira: Bobó de Camarão, Farofa de Dendê, Moqueca de Peixe Baiana e Xinxin de Galinha. Compartilho a receita de Xinxin de Galinha que, na minha opinião, deve ser servida bastante apimentada.

Xinxin de Galinha

Rendimento: 2 porções

Ingredientes

- 600 gr de coxa e sobrecoxa de frango (em peças inteiras ou cortadas, conforme você quiser; pode ser com pele - o original mantém a pele -, mas, a maioria das pessoas não gosta)
- 2 limões - suco
- 2 dentes de alho picados em brunoise
- sal a gosto

Molho

- 50 gr de amendoim torrado
- 50 gr de castanha de cajú
- 100 gr de camarões secos
- 10 gr de gengibre ralado
- 1 tomate Débora
- coentro à vontade
- 1/2 pimentão vermelho picado
- 1/2 cebola picada
- 4 pimentas dedo-de-moça (você pondera quanto a isto porque alguns não gostam de tanta picância; mas, lembre-se: é comida baiana)
- azeite de dendê a gosto


(Xinxin de Galinha)

Modo de Preparo

1. Coloque o camarão em água com sal para dessalgar.

2. Limpe as coxas e sobrecoxas de frango.

3. Tempere o frango com o suco de limão, alho e sal. Reserve.

4. Prepare o molho do Xinxin com os demais ingredientes: processe, em liquidificador, o camarão seco dessalgado, o amendoim, as castanhas, o gengibre, o tomate, o coentro, o pimentão e a cebola.

5. Sele o frango no azeite de dendê (nós aproveitamos a pele e a gordura retirada das coxas e sobrecoxas e selamos o frango nessa gordura, que é mais macia e tem mais sabor do que o dendê. Você pode acrescentar a essa gordura um pouco de dendê que é para dar cor ao frango).

6. Junte todos os demais ingredientes processados ao frango já selado.

7. Adicione sal e pimenta dedo-de-moça à panela e deixe cozinhar até apurar. Calculo que o cozimento demore cerca de 1:30 hora. O frango deve ficar bem macio e o molho deve ficar com uma consistência de creme, quase um angu de milho. Não deve ter muito líquido.

8. Desligue o fogo e adicione azeite de dendê a gosto. Mexa bem.

9. Sirva com arroz branco e farofa de dendê.

(Roa: suas unhas porque no início de junho vou a Salvador, a trabalho. Quero comer no Yemanjá, onde há todas essas iguarias baianas legítimas. E ainda vou fuçar no Mercado Modelo para garimpar coisas da terra, ou melhor, terroir.)

domingo, 18 de maio de 2008

The book is on the table

São estes os novos livros que estão sobre a minha mesa neste momento:

- Porca Miséria, de Hasier Exteberria e David de Jorge, editora Senac: os autores são bascos espanhóis e são escritor e cozinheiro, respectivamente. O livro devassa as cozinhas européias e faz referência aos grandes chefs da atualidade, tanto dos imensos egos quanto das pretensões. O subtítulo do livro, no entanto, já revela, logo de início, que a pretensão dos autores é apenas serem divertidos: "Recordações Gastronômicas de Um Par de Suínos". Comprei pela capa, pelo nome e pelo assunto, claro.

- Cozinha Confidencial, Anthony Bourdain, Cia. das Letras: Bourdain é mais badalado como polemista do que como chef. É o chef do "Les Halles", de Nova York. No ano passado, esteve em São Paulo e disse, sobre a cidade: "São Paulo é feia. Ou melhor, é feia à beça". Bem, antes tarde do que nunca, Bourdain, feia é a sua avó! "Alguém já disse que (São Paulo) é como se Los Angeles vomitasse em Nova York", adicionou. E ainda tem brasileiro que baba diante dele. Tenho vontade de ir ao "Les Halles" e vomitar no chão. E dizer, candidamente: "Sou de São Paulo".

Enfim, mas, creio que esse tipo de provocação barata não tem nada a ver. O livro, segundo a orelha, escrita por Nina Horta, conta as aventuras de Bourdain: "Com muita sinceridade, alguma crueldade e bastante graça, Bourdain narra sua vertiginosa vida entre panelas. Didático, envolvente, é um Jack Kerouac com o Larrouse Gastronomique na mão. Em meio a nuvens de fumaça de maconha, quantidades importantes de cocaína, outras várias drogas e uma animada atividade sexual, mistura lembranças e comentários, com direito a mafiosos e Frank Sinatra, muito derramamento de sangue, bebedeiras gigantescas, pitadas de suspense e uma alegria atordoante no ar."


- As Revelações Picantes dos Grandes Chefs, Irvine Welsh, editora Rocco: esse é um romance. O autor é conhecido. Escreveu "Trainspotting" e "Pornô". Assisti ao filme do primeiro e li ambos os livros. E gostei de ambos. Em "Revelações", Welsh faz uma parábola gótica das grandes obsessões da contemporaneidade: o sexo, a comida e as semi-celebridades. O autor explora o lado sórdido da cultura dos restaurantes e faz um exame da busca de uma identidade, da rivalidade masculina e da necessidade de pertencer ao mundo.

Meu rugido dominical

Desde a década de 60, a ciência estuda o riso como fonte de cura para várias doenças. O riso libera endorfina (substância responsável pelas sensações de prazer) no sangue; diminui a sensação de dor; estimula o coração; aumenta o fluxo sanguíneo; e relaxa os músculos das artérias. O riso movimenta 17 músculos do corpo. Rir ajuda a emagrecer, aciona 28 músculos da face e queima de 10 a 11 calorias a cada explosão.

O cardiologista Michael Miller, da Universidade de Maryland, EUA, liderou uma pesquisa sobre os benefícios do riso para a saúde do coração. Chegou a resultados surpreendentes. Comparou as atitudes de 150 pessoas com histórico de enfarte com o mesmo número de pessoas sadias e descobriu que aquelas que nunca tinham sofrido com problemas no coração eram as que demonstravam bom-humor constante. Para evitar problemas cardíacos, Miller recomenda combinar exercícios físicos regulares e dieta balanceada com algumas gargalhadas durante o dia.

Veja alguns efeitos do riso sobre o organismo:

- Os hormônios do estresse, que é produzido pelas glândulas suprarenais, são reduzidos.

- As lágrimas passam a ter mais imunoglobulinas, um anticorpo que é a primeira linha de defesa contra algumas infecções oculares provocadas por vírus e bactérias.

- A boca também passa a ter mais imunoglobunina, com melhor função imunológica.

- O riso acelera a recuperação de doentes e é eficaz no combate a dor.

- O poder do riso de ativar a produção de endorfinas é tão eficiente quanto a acupuntura, o relaxamento, a meditação, os exercícios físicos e a hipnose.

- O nível de cortisol aumenta de forma nociva durante o estresse e diminui significativamente com o riso.

- A pressão sanguínea aumenta durante o riso e cai abaixo dos níveis de repouso depois.

- Há uma redução da tensão muscular depois do riso. Um dos principais fatores que contribui para as doenças ocupacionais, como a Dort – Distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho, é o excesso de tensão muscular.

- O ar é expelido em grande velocidade dos pulmões e do corpo quando você dá uma boa gargalhada. Seu corpo todo é oxigenado – inclusive o cérebro. Este fenômeno contribui tanto para que você pense com clareza quanto para uma boa forma aeróbica.

- O riso tem um efeito antiinflamatório nas juntas e ossos que contribui para reduzir a inflamação e aliviar a dor em condições artríticas.

- Durante o estresse, a glândula suprarenal libera corticosteróides que são convertidos em cortisol na corrente sanguínea. Níveis elevados de cortisol têm um efeito imunossupressivo – o riso reduz os níveis de cortisol e protege o sistema imunológico – e o estresse é o elo entre a pressão alta, a tensão muscular, o sistema imunológico enfraquecido, enfarto, diabetes e muitas outras doenças.

São tantos os benefícios do riso, da risada, da gargalhada ou do sorriso que não dá para acreditar que há dias inteiros que ficamos sem colocar o menor traço ou esboço de um sorriso nos lábios.

O motivo de tanto riso neste post é que ontem, em jantar com amigas, rimos tanto que acho que teremos um estoque de risadas por um bom tempo.

Não, não houve consumo de substâncias ilícitas. OK, um pouco de vinho. Mas, nada que nos deixasse dionisíacos a ponto de cometer atos impróprios. Rimos pelo prazer de estar juntos. Pelo fato de tentar montar uma foto de nós mesmos e sermos os eternos patéticos que se conhecem desde sempre.

Acho que fizemos umas trinta tentativas. A cada momento, era um que não gostava da pose, do cabelo, do sapato, dos "pés de cobra" (!!!!), da cara "rachada" (!!!), da bota nova que não apareceu na foto, da bunda enorme que apareceu demais, das bochechas imensas, da boca pequena, do cabelo que é uma touceira, do braço gordinho, da saia levantada.

"Como estamos bem", declarou uma das amigas. Mas, sempre estamos bem quando estamos juntos. Eu ouço essa frase dessa amiga há alguns anos. Ouço cada uma delas (eram cinco amigas) com detalhes que me são completamente familiares.

Uma que nunca gosta de ser fotografada. Sempre está "mal" na foto. A outra, que não quer foto de corpo inteiro, apenas da parte que pode ser "publicada". A outra que, elegante, finge que não está nem aí. A outra que enxerga pedaços de bicho em si que só existem na sua cabeça. Eu, sempre a encolher a barriga e quase morrer de tanto prender a respiração.

Celebramos ontem a reunião. Uma reunião que ocorre nos últimos 15 anos. Somos os mesmos e completamente diferentes. Um determinado momento, a "pés de cobra" reuniu todos num abraço coletivo. Parecíamos um bando de hippies num estranho ritual de confraternização, bastante "paz e amor". Sem sexo, por favor, que somos fraternos.

Antes de bebermos qualquer coisa, já estávamos às gargalhadas. Uma das amigas comprou apartamento. A concretização da casa-própria. O motivo é que a proprietária separou-se do marido. Daí que brindamos à compra, à separação da mulher, ao ex-marido que a chifrou, à vagabunda que foi o pivô da separação, ao Lula, à CEF, ao Brasil, a nós mesmos. Sabe quando você faz uma pirâmide desconexa de relações?

Rimos de nós, de nossas reclamações, de nossas marcas, tão nossas, conhecidas coletivamente. Dos mesmos furos, dos mesmos gestos, esperados. Somos familiares no riso, na dor, na união. Como não celebrar? Uma das amigas está de passagem pelo Brasil e vai embora neste domingo. Em um dado momento, ela afirmou que apenas aqui, no Brasil, entre nós, é capaz de rir desse jeito. Somos umas hienas.

Quando nos reunimos, há uma dislexia absurda, em que A fala com B que fala com C que responde para A. É um entrecruzamento de conversas em que há os maiores absurdos porque nada bate. Surpresas interrogativas porque as conversas são pegas pelo meio. É sempre muito engraçado. Rir é a única coisa que nos salva de nós mesmos. Sempre defendi que devemos rir de nós mesmos, não nos levarmos tão a sério. Ontem, mais uma vez, constatei a certeza dessa afirmação. A seriedade nos engessa. Rir nos destrava. Hoje, estou sereno, sereno.

sábado, 17 de maio de 2008

You will be my bitch

Não sei quanto a você, mas, para muitas pessoas eu tenho vontade de dizer: "You will be my bitch"! (Você será minha puta!).

OK, só isso!

Agora, o vídeo abaixo é uma das fusões mais improváveis. Eu adoro.

Smack My Bitch Up, by Prodigy vs Enya

Rastreio de Cozinha - 54

Mais um ontem hoje. É só eu quebrar um pouquinho a rotina para que tudo saia do lugar. Fui me encontrar com umas amigas que há muito não via, exceção de Patty Diphusa, e me comprometi a postar via celular, para que o post entrasse no horário habitual. Quando me lembrei, não era mais ontem, e sim hoje.

É a segunda vez que faço isso no blog. Já falei aqui e repito: tenho um compromisso comigo mesmo de fazer as postagens das aulas de gastronomia no mesmo dia em que acontecem. E, quando isso não ocorre, admito, fico chateado. Posso parecer rigoroso, mas, se eu perder a auto-disciplina a que me impus, deixo de postar com a frequência devida.

Porque, na verdade, quando chego da faculdade, estou bastante cansado e tudo o que queria era esquecer de computadores, faculdade e dormir. Mas, se eu fizer isso, o dia seguinte se agiganta de coisas para fazer e, de post em post, creio que tudo desanda. Portanto, posto hoje o ontem, com um pequeno atraso de 23 minutos.

Nesta sexta-feira, 16, tivemos mais uma aula de criação dentro da disciplina de Cozinha Contemporânea. Como já disse antes, trata-se de criar pratos a partir de determinados ingredientes. De preferência, essas produções devem ser inovadoras, diferentes. E o foram. Eu, particularmente, estava meio off. Sabe aqueles dias que você está num lugar e, simultaneamente, não está lá? Você está lá com o corpo, mas, todo o resto - seja alma, espírito, pensamento, vontade, energia - está em outra dimensão, bem longe. Estava assim hoje.O resultado foi realmente catastrófico: fiz uma única coisa - que não revelarei aqui - e fiz errado.

Ou você está lá ou não está! Se não está, aja como se não estivesse, efetivamente. Foi o que aprendi.

Enfim, de qualquer forma, a eficiente bancada da qual eu faço parte é criativa o bastante para inventar pratos maravilhosos e foi isso que fizeram, com competência. Tínhamos os seguintes ingredientes: abacaxi, robalo, tomates, pimentões vermelhos, cebola, alho, hortelã, farinha de trigo, cheiro verde, azeite, sal, pimenta-do-reino preta, vinho, shoyu (molho de soja) e agar-agar (substância gelatinosa feita de algas marinhas usada para dar firmeza aos pratos - já escrevi sobre o agar-agar neste blog).

Com esses ingredientes, foram feitas quatro maravilhosas (e gostosas) produções, cujas fotos estampo a seguir. Hoje, não tem receita. Como a aula é de criação e não há ficha técnica (e ainda não registramos a nossa própria ficha técnica, o que deveríamos fazer), não vou passar a receita porque eu, particularmente, não participei integralmente de nenhuma produção e seria anti-ético dar aqui uma receita que eu não pensei ou desenvolvi. Assim, compartilho apenas as fotos desses lindos pratos:


(Goiabada de Tomate e Pimentão Vermelho com Redução de Shoyu e Vinho)


(Guioza de Robalo - tipo de pastelzinho que é cozido ao invés de frito, o guioza, a despeito de estar relacionado intimamente com a gastronomia nipônica, foi inventado na China, onde era servido cozido a vapor para a nobreza. Depois, os restos eram distribuídos aos soldados, que os comiam já frios. Foram os próprios chineses que exportaram o guioza para Japão. Mas, somente após a Segunda Guerra Mundial, o pastelzinho chinês se popularizou)


(Petit Gateau de Pimentão com Carpaccio de Abacaxi)


(Robalo com Suflê de Abacaxi e Molho Pesto)

(Rejeite: o motivo de eu ter me atrasado com a postagem do Rastreio de hoje, como expliquei, se deve ao fato de eu ter ido me encontrar com umas amigas. As amigas, foi tudo de bom, principalmente as que eu não via há muito tempo. Quanto ao local, foi péssimo. Serviço ruim, caro, fila imensa para pagar - há apenas um caixa. Cigarro quase pelo dobro do preço. E o proprietário ainda discutiu com uma das minhas amigas. Não vá. Sabe aquela expressão "salvo pelo gongo"? Pois é! O local se chama Gongo e, no próprio site, está lá: "Ser salvo pelo gongo: livrar-se de aborrecimentos ...". Foi tudo que não conseguimos.)

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Rastreio de Cozinha - 53

Juro que não fui eu! Não falei nada, não abri minha boca. Tudo o que vocês sabem está neste blog que, duvido, alguém da faculdade leia. Pois não é que nesta quinta-feira a professora de Geografia Aplicada à Gastronomia foi desligada da faculdade? A pobre chegou na sala, falou que não estaria mais entre nós a partir desta quinta e que faria a chamada, passaria a nota e que estávamos dispensados, porque não havia mais sentido em dar aula.

Até agora, não sei o que aconteceu. Tenho a impressão de que houve um movimento da classe (do qual eu não participei) para que ela saísse. Mesmo porque, como eu sempre digo aqui, temos tudo na aula, exceto geografia aplicada à gastronomia.

Na próxima quinta-feira, 22, é feriado. Daqui até o final do semestre, teremos, então, apenas mais 5 aulas de Geografia. Será o terceiro professor de geografia em apenas 4 meses de aula! Tem algo podre no reino da Geografia na minha faculdade. E não sou eu (ao menos, não desta vez!).

E, por falar em podre, o tema da minha aula de geografia aqui é "De noite, eu rondo a cidade, a me procurar, sem me encontrar ...". Vou dar aula da geografia da minha balada, eterna enquanto dura. Saio, efetivamente, na balada paulistana há tanto tempo que nem ouso colocar aqui. Digamos que são muitos e muitos meses, com pequenos intervalos, que eu chamo de "vácuos". Esses vácuos acontecem por diversos motivos, dos quais o menor deles é a falta de opção. Porque, desde que me lembro, São Paulo tem opções para sair de domingo a domingo, sem exceção.

Adoro música eletrônica e desde que o techno se desmembrou em 78 vertentes, esta é a minha música. Gosto mesmo! Agora, jamais, never, nunca, me chame para pagode, samba, forró, sertaneja, caipira ou outras variações sobre o mesmo tema. Estou, em definitivo, fora desse tipo de música, a despeito do meu ecletismo.

Uma das primeiras incursões que fiz no universo eletrônico foi na Hell´s. Saudade!!! Era tudo de bom a Hell´s. Havia a Hell´s, a Nation, o Massivo. Depois, teve a U-Turn. A Mad Queen. A B.A.S.E. (depois, Base/Diesel). A Disco Fever. Sra. Krawitz. Havia uma casa especificamente que eu adorava: o Latino, da Babete Indarte. Adorava o corredor de luz negra ou roxa, não me lembro bem. Era um dos clubes de que eu mais gostava.

As festas eram outras. Fui em raves no Embu das Artes, antes que começassem a morrer pessoas nas raves. Imagine! As raves tinham 200, 300 pessoas. Hoje, massificaram-se e chegam a reunir 5 mil pessoas. As festas eram, definitivamente, mais íntimas.

O Mercado Mundo Mix era na Avenida Paulista, no casarão. No começo, era tudo mais divertido. Depois, foi para o Morumbi, para a Barra Funda e para o espaço!!!

Os bares Allegro, Gourmet (resistente), Torre do Dr. Zero, Egotrip. Aliás, o que aconteceu com a rua da Consolação? Está vazia, desde que o pessoal do bairro fez aquela gigantesca campanha para acabar com a Ultralounge. A Ultra, na época da Gi(sele Bündchen), era do outro lado da Consolação. Depois, mudou de endereço e a implicância continuou. Até que fechou. Tenho a impressão que muito da Consolação acabou por conta dos tristes episódios de violência de punks. Não vou nem lembrar os detalhes aqui. Mas, que ficou a marca, ficou.

Alguém se lembra do bar Pittomba (que eu chamava de Stonewall), que lotava a esquina da Consolação e a Lorena? E o Papparazzi e o Garden? E o Ampgalaxy, tão diferente?

A cidade está mais espalhada, é fato. Barra Funda, centro, Itaim, alguma coisa nos Jardins. E a Lov.e, que acabou de fechar? E o que tem de atual? A The Week, o Pix, o Inferno, Vegas, Glória! E mais um monte de lugar.

O fato é que não há um período de 2 ou 3 anos em que as mesmas casas ficam abertas simultaneamente. Há uma grande exceção e que, para mim, é muito familiar: a decana A Lôca. Uns restaurantes, ainda: o Ritz, o Spot, o Mestiço.

Mas, tudo são fases, não é? Um dia a cidade bomba, cheia de lugares criativos. Outros, está meio deslocada. Ou sou eu mesmo que estou deslocado?

Não importa. Do que eu gosto é das possibilidades. De ter conhecido um templo chamado Xingu. De ter conhecido até mesmo um forró estranho, o Bailão (aka UTI, pé na cova e outros adjetivos nada agradáveis). Mas, isso é São Paulo. É o espírito da cidade. Mudanças, mudanças. Sempre, a cada semana. Um prédio novo. Um bar que fecha. Uma danceteria que abre. Uma festa. Um restaurante queridinho da hora. Outro que perde o tom.

Se não fosse assim, creio que não seria São Paulo. Este post é uma homenagem à 12ª. Parada Gay de São Paulo que acontece no dia 25. O evento é considerado o maior do mundo, com 3,5 milhões de participantes no ano passado. É a tomada da cidade e de seu símbolo maior (Avenida Paulista) pelo arco-íris que se estende na imensa bandeira. Se ainda somos uma cidade e um País provincianos, ao menos a Parada mostra que é possível mudar esse cenário. Em 1996, quando ocorreu a primeira edição, foram apenas 300 pessoas que se reuniram na praça Roosevelt. Agora, 12 anos depois, pode chegar a quase 4 milhões. É uma mudança e tanto, não? E, em sintonia com essa cidade, que gosta tanto de mudar tão rápido.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Rastreio de Cozinha - 52

"Quero ser o teu amigo. Nem demais e nem de menos. Nem tão longe e nem tão perto. Na medida mais precisa que eu puder. Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida, da maneira mais discreta que eu souber. Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar. Sem forçar tua vontade. Sem falar, quando for hora de calar. E sem calar, quando for hora de falar. Nem ausente, nem presente por demais. Simplesmente, calmamente, ser-te paz. É bonito ser amigo, mas confesso é tão difícil aprender! E por isso eu te suplico paciência. Vou encher este teu rosto de lembranças, dá-me tempo, de acertar nossas distâncias..."

"O poeta é um fingidor. Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente. E os que lêem o que escreve, Na dor lida sentem bem, Não as duas que ele teve, Mas só a que eles não têm. E assim nas calhas da roda Gira, a entreter a razão, Esse comboio de corda Que se chama o coração."


(Estufado de Lulas à Moda de Nazaré)

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas ... Que já têm a forma do nosso corpo ... E esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares ... É o tempo da travessia ... E se não ousarmos fazê-la ... Teremos ficado ... para sempre ... À margem de nós mesmos..."

"... Procure os seus caminhos, mas não magoe ninguém nessa procura. Arrependa-se, volte atrás, peça perdão! Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário. Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas. Se achar que precisa voltar, volte! Se perceber que precisa seguir, siga! Se estiver tudo errado, comece novamente. Se estiver tudo certo, continue. Se sentir saudades, mate-a. Se perder um amor, não se perca! Se o achar, segure-o!"

"Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu."


(Arroz de Pato à Moda de Braga)

Espero, para o seu próprio bem, que você tenha identificado o autor de todas essas precisas e expressivas palavras. É, é Fernando Pessoa. Não sei de pessoa mais adequada para ilustrar um post da cozinha portuguesa. E é bom dar uma variada porque, também na cozinha, é possível fazer poesia. Não, louco(a)! Não é com a comida, e sim com as pessoas que habitam a cozinha, como eu.


(Ensopado de Borrego - Ensopado de Cordeiro)

Fizemos nesta quarta-feira quatro produções portuguesas, dentro da disciplina de Cozinha Internacional Ocidental. Foram produzidos o Ensopado de Borrego - Ensopado de Cordeiro, Arroz de Pato à Moda de Braga, Bacalhoada e Estufado de Lulas à Moda de Nazaré. Não vou me estender sobre Portugal porque Fê (olha a intimidade!) faz isso melhor do que qualquer outro. Quer dizer, só tem como concorrentes o Ricardo Reis, o Alberto Caieiro e o Álvaro de Campos. A receita que estendo para você é a da Bacalhoada, porque é quase impossível dissociar Portugal do bacalhau, do pão e do vinho.

Bacalhoada

Rendimento: 2 porções

Ingredientes

- 200 gr de bacalhau
- 1 batata Asterix
- 1 tomate Débora
- 1/2 pimentão verde
- 1/2 pimentão vermelho
- 1 cebola
- 2 dentes de alho
- 40 gr de azeitonas pretas
- 80 ml de azeite extravirgem (de preferência, português)
- salsinha picada a gosto


(Bacalhoada)

Modo de Fazer

1. Dessalgue o bacalhau. O modo correto de dessalgar é ferver água com sal e colocar o bacalhau. Troque a água umas três ou quatro vezes. Experimente para ver se saiu todo o sal.

2. Corte a batata à portuguesa (fatias grandes, com cerca de meio centímetro de espessura).

3. Corte o tomate em rodelas.

4. Corte o pimentão verde e o vermelho em tiras finas.

5. Fatie a cebola.

6. Pique, em brunoise, os dentes de alho.

7. Fatie as azeitonas em lâminas. Descarte os caroços, fazendo o favor!

8. Branqueie o bacalhau em água fervente e cozinhe por cerca de 15 minutos.

9. Remova as espinhas e a pele do bacalhau. É isso mesmo. A vida não é justa e tampouco fácil.

10. Refogue o alho, a cebola e os pimentões em azeite.

11. Branqueie a batata em água e sal por cerca de 15 minutos.

Montagem (mas, você pode variar a seu gosto; em Portugal, há 365 tipos diferentes de se fazer e apresentar bacalhau; crie o seu!)

12. Repita, after me, se você quiser o modo convencional de montagem.

13. Despeje azeite em uma travessa de cerâmica refratária e coloque uma camada de batata, as postas de bacalhau e uma camada de tomate.

14. Forre essas camadas com cebola, pimentão verde e vermelho e alho, que já foram refogados.

15. Regue com azeite e repita as camadas, na sequência.

16. Salpique com salsinha, decore com azeitonas, cubra com papel alumínio e leve ao forno entre 25 e 30 minutos.

17. Sirva com um bom vinho português.

(Releia: os Fernandos. Se você disser que nunca leu, vou fingir que não ouvi!)

terça-feira, 13 de maio de 2008

Habemos ET!

O Vaticano admite que pode haver vida fora da Terra. Habemos Extra-Terrestres!, afirma o diretor do observatório astronômico do Vaticano, padre José Gabriel Funes. Segundo o religioso, Deus pode ter criado seres inteligentes em outros planetas da mesma forma como criou a nós outros. "Para citar São Francisco, se consideramos as criaturas terrestres como irmão e irmã, por que não poderemos falar tambem de um irmão extra-terrestre?", questiona o padre.

Na perspectiva do astrônomo do Vaticano, podem haver seres semelhantes a nós ou até mais evoluídos em outros planetas, ainda que não haja provas da existência deles. "É possível que existam. O universo é formado por 100 bilhões de galáxias, cada uma composta de 100 bilhões de estrelas e muitas delas ou quase todas poderiam ter planetas", afirma Funes.

"É uma lenda achar que a astronomia favoreça uma visão atéia do mundo", disse o padre. "Nosso trabalho demonstra que é possível fazer ciência seriamente e acreditar em Deus. A Igreja deixou sua marca na história da astronomia." Diretor da Specola Vaticana desde 2006, o padre Funes diz que astrônomos do Vaticano fizeram importantes descobertas como o "raio verde", o rebaixamento de Plutão e trabalhos em parceria com a Nasa, por meio do centro astronômico do Vaticano em Tucson, nos EUA. A sede do observatório do Vaticano se localiza em Castelgandolfo, cidade próxima de Roma, onde fica situado o palácio de verão do papa, desde 1935.

Primeiro que eu nem sabia que o Vaticano dava suas espiadinhas para o céu! Faz sentido, já que eles todos, padres, querem ver Deus, mais cedo ou mais tarde, para reafirmar suas convicções (houve um que viu Deus mais depressa, recentemente).

Agora, quando os índios brasileiros acreditavam em deus-sol e deus-lua, isso não podia. É, o padre astrônomo é da mesma ordem - jesuístas - daqueles que, no Brasil, converteram os índios brasileiros e os fizeram abandonar suas crenças nativas.

Particularmente, sempre defendi a interatividade com marcianos, jupiterianos, plutônicos, lunáticos, solísticos, mercurianos, venusianos e saturnianos. Acho por demais limitadora a convivência apenas entre nós mesmos, terráqueos. Por que não nos expandirmos e às nossas relações para outros sistemas?

Sou muito social e creio num universo em expansão. Claro, sempre haverá as forças de atração e repulsa. Mas, creio que, matematicamente, a proporção é de 50% e, portanto, ganharei, a partir da constatação de que estou com 0%.

Desde que assisti ET, quero ter um irmãozinho-ET. Não, não quero andar de bicicletinha e ter a lua como cenário. Não é isso. Também não quero ser abduzido e virar um experimento científico, com um monte de tubos, agulhas e fios enfiados no meu corpo.

Quero viajar pelas galáxias, ter experiências com gente do mundinho fashion que, acredito, anda pelas galáxias, com todos aqueles corpos e roupas diferentes. Acho que pode haver festinhas maravilhosas à nossa volta e, simplesmente, por completo desconhecimento, perdemos um monte de eventos galáticos.

Sempre que o Vaticano decide alguma coisa é porque isso já está mais do que comprovado. No caso, há uma exceção: só não me tornei um santo em vida porque alguns frades capuchinhos insistem em não me reconhecer como tal.

Por ora, habemos ET!

P.S. Por que estou aqui e não lá, na faculdade? Porque hoje, terça-feira, haveria aula de Confeitaria. Como eu disse há duas semanas, neste blog, a aula de hoje seria sobre croquembouches, espécies de carolinas que compõem uma sobremesa maior. Infelizmente, parece que, como não há professor (está doente), nossa aula será remetida para julho, depois das provas. Por enquanto, faremos apenas um trabalho teórico sobre o assunto. Daí que sobra tempo para ter divagações etéreas, entendeu?

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Rastreio de Cozinha - 51

Me lembrei neste momento em que escrevo que a cidade brasileira mais próxima do continente africano é Natal, capital do Rio Grande do Norte. É aceito cientificamente que a menor distância entre a América do Sul e da África se dá entre o Senegal e Natal, no Brasil. Talvez o fato me veio à mente porque, no último mês, a África passou a fazer parte da minha vida cotidiana, especificamente na figura da cidade de Luanda, capital da Angola, onde uma amiga está a trabalho.


(Arroz de Cuxá)

Esta não é uma aula de geografia. Mas, já que Natal me veio, não vou deixá-la de mão. A capital do Rio Grande do Norte é conhecida como a "Cidade do Sol" por ser uma das localidades com o maior número de dias de sol no Brasil (são quase 300 dos 365).


(Frigideira de Siri)

Olha as curiosidades a respeito de Natal:

- Foi a primeira cidade do Brasil a conhecer a Coca-Cola.
- É a cidade do Nordeste com a maior quantidade de veículos importados em relação à frota local (31% em 2006) e a segunda do Brasil.
- Tem a maior ponte estaiada (mesma tecnologia da Ponte Octavio Frias de Oliveira que acaba de virar o novo ponto turístico de São Paulo) do Brasil, a Ponte Newton Navarro.
- É a capital do Nordeste que melhor paga as pessoas com emprego formal no Nordeste e com o quinto maior poder de compra por parte da população no Brasil.
- O Rio Grande do Norte foi o primeiro estado a abolir a escravidão, dez anos antes do restante do Brasil.
- Natal foi a primeira cidade brasileira a conhecer o chiclete.


(Escondidinho de Carne-Seca)

Aposto que você não sabia nada disso. Nem eu. Tudo bem que a Coca-Cola e o chiclete são muiiiitttooooo importantes, mas, os demais dados mostram uma cidade, no mínimo, bastante diversa daquilo que pensamos a respeito das capitais nordestinas. E, para fechar o bloco, ainda que seja Natal, a cidade foi classificada em 14º. lugar entre as 20 cidades mais seguras do Brasil em 2006.


(Queijo Coalho com Melaço de Cana)

A abordagem de uma capital nordestina neste post se deve ao fato de que tivemos nesta segunda-feira, 12 de maio, a segunda aula do Nordeste na disciplina de Cozinha Brasileira. Fizemos cinco produções: Escondidinho de Carne-Seca, Caldinho de Sururu, Frigideira de Siri, Arroz de Cuxá e Queijo Coalho com Melaço de Cana. Passo a receita do Caldinho de Sururu, que foi a produção feita por mim.

Caldinho de Sururu

Ingredientes

- 250 gr de sururu sem casca
- 1 tomate em concassé
- sal a gosto
- 2 dentes de alho picados em cubinhos
- pimenta-do-reino preta a gosto
- 1 cebola picada em cubinhos
- 1/3 maço de cheiro verde picado
- azeite a gosto
- caldo de peixe
- 100 ml de leite de coco


(Caldinho de Sururu)

Modo de Preparo

1. Escalde o sururu em água fervente por 1 minuto.

2. Separe uma parte (cerca de 1/5) e processe (em liquidificador) com o caldo de peixe. Essa mistura será usada para tornar espesso o sururu.

3. Refogue em azeite o alho, a cebola e o tomate.

4. Processe (em liquidificador ou processador) o alho, a cebola e o tomate.

5. Retorne o molho (cebola, alho e tomate) à panela, com um pouco de azeite.

6. Junte o sururu processado com o caldo de peixe.

7. Adicione o leite de coco.

8. Tempere e ajuste o tempero com sal e pimenta-do-reino.

9. Cozinhe em fogo baixo até que o molho fique espesso.

10. Adicione o cheiro verde.

11. Adicione o restante do sururu. Cozinhe por cerca de 3 a 5 minutos. Experimente o sururu durante o preparo. Se cozinhar demais, fica borrachudo e não estamos na floresta amazônica, com seringueiras por todo o lado. Se cozinhar de menos, fica cru e não estamos em Tókyo para comer sushi de sururu.

12. Sirva em cumbuca específica com farinha de água torrada.

(Reme: a história da gastronomia, como sempre digo por aqui, é um termômetro, sem trocadilho, da cultura de um povo. Metade do Brasil usa farinha de milho na maior parte das suas produções e a outra metade usa a farinha de mandioca. Isso tem a ver com as tribos indígenas. Da região Centro-Oeste para baixo, usamos farinha de milho, que era o alimento principal dos índios tupi-guaranis. Do Centro-Oeste para cima, levou a melhor a farinha de mandioca, cuja cultura era apreciada por tribos como potiguaras, pataxós e botocudos. Isso fez com que, até hoje, haja praticamente dois países feitos de farinha: um , de milho, e o outro, de mandioca. Não é à toa que todos, ou pelo menos a maioria de nós, não passa sem uma farofa ou farinha de qualquer espécie como guarnição durante as refeições cotidianas.)

Autor e redes sociais | About author & social media

Autor | Author

Minha foto
Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

De onde você vem? | From where are you?

Aniversário do blog | Blogoversary

Get your own free Blogoversary button!

Faça do ócio um ofício | Leisure craft

Está no seu momento de descanso né? Entao clique aqui!

NetworkedBlogs | NetworkedBlogs

Siga-me no Twitter | Twitter me

Quem passou hoje? | Who visited today?

O mundo não é o bastante | World is not enough

Chegadas e partidas | Arrivals and departures

Por uma Second Life menos ordinária © 2008 Template by Dicas Blogger Supplied by Best Blogger Templates

TOPO