Blog Widget by LinkWithin
Connect with Facebook
Mostrando postagens com marcador EUA. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador EUA. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Gente diferenciada

De New York - São Paulo protagonizou, há umas três semanas, um caso que é bem típico de uma cidade que deveria ser democrática e é pequena, bem pequena, quase que uma província quando se trata de comportamento entre pessoas que pensam que compartilham o mesmo espaço. Pensam porque, quando se dão conta, percebem que se obrigam a esse compartilhamento, o que não vem a ser, portanto, nada democrático. O que é imposto não é espontâneo e, logo, deixa de ser uma reunião civilizada em aglomeração humana e passa a ser um ajuntamento forçado.


O motivo foi funesto: uma associação de bairro, elitista, tornou público o desejo de parte dos moradores desse bairro, considerado elitista (e já por isso não-democrático), de bloquear a construção de uma futura estação de metrô em determinado lugar. Essas pessoas querem mover a estação para alguns metros adiante sob a premissa de que "gente diferenciada" tenderá a ocupar o entorno da estação e, consequentemente, poluirá, com sua diferenciação, a rua, as adjacências e o bairro.


Causou, claro, a maior polêmica e envolveu várias esferas, da pública à privada, e, creio, é na privada que acabará o perverso debate. O governo, anteriormente, cedeu a pressões bairristas e foi capaz de determinar a construção de uma estação de metrô bem distante do local originalmente previsto. Também envolvia outro bairro elitista e as pessoas diferenciadas não eram bem vistas.


A gente diferenciada foi um termo cunhado por uma moradora do bairro citado primeiro neste post e remete a pessoas como as faxineiras, os vendedores ambulantes, trabalhadores de quarto e quinto escalão que, eventualmente, achem por bem escolher o metrô como um meio de transporte alternativo entre tanto outro de que dispomos na província. São gentes diferenciadas justamente que trabalham para as pessoas não-diferenciadas daquele mesmíssimo bairro.


Já trabalhei no bairro em questão. É um dos bairros paulistanos conhecido por abrigar pessoas que têm algo em comum. No caso, os judeus. Que foram, eles sim, tratados como gente diferenciada há pouco mais de meio século atrás. Por muita gente considerada não-diferenciada.


Estou em New York desde segunda-feira e o que mais eu vi, até o momento, foi a verdadeira gente diferenciada. Gente de todos os lugares, culturas, cores. De todas as vestimentas. De chinelo. De bota. Sem camisa. Cobertos até o pescoço. Com cabelos à moda punk ou sem cabelo algum. Gente do mundo inteiro que vive uma democracia de fato. Gente diferenciada sim. Mas, pela diferença de saber conviver num espaço, e não por se achar diferente de outros apenas pelo que cada um tem ou não posses.


Abaixo, slide de fotos que fiz na Times Square e que representam justamente essa diversidade que São Paulo está a anos-luz de ter e praticar:






segunda-feira, 2 de maio de 2011

Obama versus Osama Bin Laden: fim de uma era?

2 de maio de 2011. Guarde esta data. No Brasil, aproximadamente 1 hora da manhã, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou que Obama Bin Laden, considerado o principal mentor dos ataques aos americanos que culminaram com a queda das Torres Gêmeas em 11 de setembro de 2001, está morto e que o país tem o corpo do terrorista mais procurado de todos os tempos.


Abaixo, o vídeo oficial no qual Obama se pronunciou aos Estados Unidos e ao mundo. Agora, esperemos pelos desdobramentos por todo o planeta.



terça-feira, 29 de março de 2011

A cidade dos homens?

De Redmond, Seattle, EUA - As cidades pertencem aos homens. Não? Pois supõe-se que a urbe o é porque compõe-se do coletivo, do ajuntamento de seres. Ayuntamientos, em espanhol, significam as pequenas microrregiões que derivam as cidades. Na França, se diz ayuntamientos, também, salvo engano, ou qualquer coisa parecida, que quer dizer o mesmo: pessoas ao redor de si mesmas que se juntam para, teoricamente, definir algo em comum.




As cidades modernas também se definem como metropolitanas. Temos, no Brasil, a Grande São Paulo, que extrapola o município de São Paulo e engloba nada menos do que 39 municípios/cidades que gravitam em torno do astro de todas, a própria cidade de São Paulo.


Estou agora mesmo, neste momento, numa região metropolitana. A cidade é Redmond. Mas, pertence à Grande Seattle. Aqui na fronteira com o Canadá, nessa pequena e gelada Redmond, dá para, em 15 minutos, chegar a Seattle, que é a grande fronteira que separa o Norte dos Estados Unidos do Sul do Canadá.


Assim que cheguei, tentei caminhar nas ruas circunvizinhas ao hotel. Digo que tentei porque não passou disso o meu ato: tentativas. Foram duas. Na primeira, desanimei com o tempo úmido e frio e voltei, depois de circular em três quadras. Na segunda, fui mais longe e andei umas cinco quadras.


Nessas duas tentativas, encontrei apenas dois pedestres e um ciclista. Os demais homens da cidade eram motorizados. As calçadas me comprovaram que poucos são os que se dão ao trabalho de palmilhar aqueles chãos. Musgos crescem à vontade, sinal nítido de que não se caminha nesta cidade.




No final de janeiro deste ano, estive em Orlando, também nos Estados Unidos, e fiquei estarrecido com o fato de que, para atravessar uma longa quadra e ir para o outro lado, eu não podia fazê-lo a pé: para surpresa do taxista, disse que não entendia porque, com tanto espaço (exceto pelas calçadas, que não as havia), as pessoas preferem caminhar uma ou duas quadras dentro de seus confortáveis automóveis.




Aqui, hoje, nessa pequena (mas não pacata) cidade-satélite de Seattle, que abriga uma das maiores companhias de tecnologia do mundo, as pessoas com as quais cruzei em seus carros se estranharam de me ver. Digo que as estranhei mais porque perderam o hábito de caminhar pelas ruas. Os sinais de pedestres, obedientemente, não são capazes de ficar acesos por 20 segundos: as ruas foram feitas para os carros, não para pedestres desavisados que teimam em atravessar largas avenidas.




Temi que por detrás de mim apitassem e me mandassem parar. Que eu estava a desviar a atenção do trânsito a andar como se fosse uma coisa natural. Temi que me tirassem das ruas e me obrigassem ao abrigo de um motor. Por fim, desanimado com as distâncias (uma quadra é uma grande quadra, e não uma quadra razoável como as de São Paulo), voltei ao hotel e me quedei, órfão de ruas.


Uma cidade, que, teoricamente, é dos homens, se conhece pelas ruas, calçadas, pequenas vielas e passagens. Mas, não nos Estados Unidos. As ruas pertencem aos carros e somente a eles. Os motores são os verdadeiros reis da rua. A cidade é do veículo. Os homens? São apenas condutores.




As imagens e o filme deste post foram feitos através da janela do meu apartamento em tarde fria, chuvosa e, claro, absolutamente motorizada. Porque os Estados Unidos se movem por motores. Acho que, finalmente, entendi no que veio dar a Revolução Industrial da Inglaterra. Se era para chegar a isso, melhor seria ficarmos a fiar os fios na roca mesmo.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

American beauty

Foi a minha primeira vez. Antes, houve, pelo menos, uma meia dúzia de tentativas. Mal-sucedidas todas. Nem sei direito porque. Até acho que sei. Mas, melhor guardar comigo mesmo. Entrei pela porta mais escancarada. Que descortina todo o resto que vem depois de si. Sem expectativa alguma. Juro!


O arco da entrada foi a meca latino-americana. Miami. Em português, dá para fazer jogo de palavras com me ame. Prefiro não. Porque não foi assim, um amor à primeira vista. Não mesmo. Em quatro dias de Estados Unidos, lhe asseguro que nada me conquistou. O decantado american way, na minha talvez embaçada visão, vá lá, não passa de uma moldura plástica bem feita para vender o produto.


Cheguei por Miami, fiquei quase quatro horas dentro do aeroporto. Pode chamá-lo de portal latino-americano. Ouvi 90% espanhol, 5% português, 3% de outras línguas e uns 2% de inglês. Dos EUA. Voei de American Airlines e a companhia faz jus aos comentários no Facebook e Twitter de ser péssima. De Miami, fui para Orlando. Antes, porém, direito a duas horas de espera dentro do avião porque alguma porta de algum compartimento não fechava. Disseram que era a porta das refeições. Não nos serviram nem água. Como se fossemos todos imigrantes clandestinos a atravessar a aridez com a fronteira EUA-México. Talvez, aos olhos da AA e aos dos norte-americanos, não passemos mesmo disso. Um bando de clandestinos regularizados pela força do visto que querem (segundo a ótica deles) viver no país.


Fui para a terra da fantasia e, sem dúvida, fosse eu a escolher o meu destino, teria ido para Nova York ou para Boston. Jamais para Orlando e para a Disney. Mas, eu fui a trabalho. Em Orlando, cheguei atrasado - eram seis horas a mais já em relação ao roteiro original. Esperei mais um pouco e fui de micro-ônibus para aquela terra absurda concebida por Walt Disney.


Fiquei no Dolphin Hotel, sobre o qual, encimado no topo da entrada, um gigantesco golfinho goza de posição privilegiada. Na outra extremidade da edificação, há o Swan Hotel, sobre cujo topo igualmente repousa um enorme cisne. A visão não me animou nada. Antes, me assustou a cafonice.


Foram quatro dias, de domingo a quarta. Foram dois dias intensos de evento, no qual os norte-americanos corresponderam à minha expectativa plenamente: uivavam nas falas dos grandes executivos, sorriam, conversavam, planavam feito cisnes e jorravam alegria feito golfinhos.




(O ator Kevin Spacey na abertura do evento o qual eu cobri; Spacey é o protagonista do filme 'American Beauty' ou, no Brasil, 'Beleza Americana')

Terminado o evento, voltei a Orlando na quarta-feira. Na Disney, não tive tempo para nada absolutamente. Apenas antevi da minha janela a imensa bola que caracteriza o Epicot Center. Nada mais.


Em Orlando, fui ao Florida Mall, templo do consumo norte-americano exatamente como se vê nos filmes e como se imagina. Sim, estão lá todas as grandes marcas americanas. GAP, M.A.C., Mac/Apple, J.C.Penney, Macy's, MM, Dillard's, CSV e outras, tantas que se perde o fio da meada e a própria meada.


Não, não fiquei extasiado. Apenas constatei que, se há um mercado consumidor, ele existe e fica nos EUA. Uma surpresa: não há calçadas. Questionei o taxista e ele me disse: porque não há pedestres. E não há mesmo. Todos andam de carro. Todos os carros, de novo uma infinidade de marcas. Algumas as quais eu jamais sonhei existirem. Precisei tomar um táxi para chegar do lado oposto do Florida Mall, na Best Buy.


Queria um livro e, entre tantas mercadorias, foi a única coisa que não encontrei. Me disseram, os taxistas, que em Orlando fecharam duas grandes livrarias recentemente. Uma dentro do Florida Mall e outra ali perto. Sobrou apenas a Barnes & Noble. Na qual também não achei o livro. Me disseram também que é porque os americanos andam a consumir apenas e-books, os livros digitais, lidos em e-readers e tablets como o iPad. Duvido.


A comida americana me causou, desculpe, asco. Do começo ao fim. O café, intragável, me fez ter dores de estômago. Come-se qualquer coisa e me parece que nada tem gosto efetivo de comida. Sabe do que gostei? Os americanos não dão um passo sem dizer excuse-me (com licença) ou sorry (desculpe). E thanks for everyone! São educados. A diferença é visível no voo: de Miami a Orlando, na ida, havia mais americanos. Na volta, havia mais brasileiros do que assentos. Claro que o voo com americanos foi muito mais ameno.


Na viagem de volta para o Brasil, a American Airlines provou que é mesmo de uma falta absoluta de qualidade: mais duas horas dentro do avião por um outro problema não-identificado (para nós, passageiros). As comissárias não serviram água de novo. Deve ser uma espécie de rito: deixe que morramos de sede porque assim morre também um eventual desejo de voltar ao nosso país (devem pensar, não sei).


Em relação ao Brasil: tudo funciona, exceto a American Airlines. As estradas são bem pavimentadas e há quase um ônibus para cada dez passageiros dentro da Disney, para levar as pessoas de um parque para o outro. As ruas são limpas e o tráfego flui. Tudo é bem sinalizado.


Existe um profissionalismo em tudo que não vejo no Brasil de forma alguma. Mas, quando desembarquei em Cumbica, Guarulhos e vim para São Paulo pela Ayrton Senna e marginais, vi todas as diferenças gritantes. Mas, lhe juro, respirei o poluído ar da cidade com a satisfação de estar aqui. O american beauty, por mais bonito que seja, me pareceu extremamente artifical e fake, desde o golfinho e cisne do hotel até a pasteurizada alimentação. Fico com o Brasil e, para contrapor ao jogo de palavras com Miami, com relação à antiga exortação dos governos militares brasileiros "Brasil: ame-o ou deixe-o", digo ao povo que fico, e o amo.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

We Are The World, ontem e hoje

Depois de 25 anos da primeira edição do projeto "We Are The World", feito para o continente africano, numa criação conjunta de Michael Jackson, Lionel Richie e do produtor Quincey Jones e que reuniu 44 cantores dos EUA, agora 80 artistas se reuniram para projeto similar em prol das vítimas do terremoto do Haiti.


Nessa nova edição - chamada "We Are The World - 25 for Haiti" -, capitaneada pelo rapper haitiano Wyclef Jean, estão juntos nomes como Lil Wayne, Josh Groban, Usher, Enrique Iglesias, Celine Dion, Miley Cyrus, Jonas Brothers, Barbra Streisand, Carlos Santana, Natalie Cole, Brian Wilson e Al Jardine (do Beach Boys). Esses artistas abriram as gravações do novo álbum e DVD nesta terça-feira, 2. Estão previstas, ainda, a participação de outros nomes da música pop dos EUA como Lady GaGa, Beyoncé, Taylor Swift, Jay-Z e Justin Timberlake. Esse projeto será lançado durante os Jogos de Inverno de Vancouver, Canadá, no próximo dia 12.


A edição Haiti





A edição de 25 anos atrás, feita para a África






quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Nude do dia

Raras vezes temos a chance de ver um político desnudo. Política e nudez são antagônicas na medida em que, na política, quanto mais cobertos estiverem os atos, tanto melhor, e, na nudez, no mínimo, há que se despir de roupas e de outras caretices para se mostrar sem maiores pudores. Como a política, no entanto, não tem pudor algum, seria natural que os políticos se mostrassem como vieram ao mundo.





Isso aconteceu mas não por iniciativa de uma política de transparência, e sim porque o mundo atual é outro e o(a) pelado(a) de ontem pode muito bem ser o(a) representante político(a) de amanhã (ou melhor, de hoje) em qualquer lugar do mundo. Dessa vez, o destaque é Scott Brown, primeiro republicano dos EUA, desde 1972, a conquistar uma cadeira no senado do estado de Massachusetts, tradicionalmente democrata.





Seria apenas mais um confronto entre o governo democrata de Barack Obama e os republicanos em torno das reformas do sistema de saúde norte-americano - Brown destaca-se por mobilizar eleitores contra as reformas - não fosse pelo fato do senador, que ocupa a vaga de Teddy Kennedy, ter sido modelo e ter posado nu em 1982 para a revista "Cosmopolitan". Na ocasião, Brown conquistou o título de "homem mais sexy do mundo". Em tempo: o senador, que, segundo dizem os porta-vozes, posou nu porque precisava de dinheiro para custear a faculdade de direito, é bem casado com a apresentadora Gail Huff, da TV local de Boston, afiliada da rede ABC. Em tempo 2: a filha, Ayla, cantou no programa "American Idol". Em tempo 3: os tempos são mesmo outros.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Guerra e paz: assim caminha a humanidade!


Acho que o grande fato desta sexta-feira, 9 de outubro de 2009, foi o anúncio de Barack Obama, presidente dos EUA, como o escolhido para receber o Prêmio Nobel da Paz. Sobre a notícia, considerada uma surpresa em todo o mundo, inclusive pela própria Casa Branca, o laureado disse: "Não vejo isso como um reconhecimento de minhas próprias realizações, mas sim como uma afirmação da liderança norte-americana em prol das aspirações dos povos de todas as nações. Para ser honesto, não acho que mereça estar na companhia de tantas figuras que transformaram o mundo" disse Obama, que prometeu dar para obras de caridade o valor integral do prêmio, de US$ 1, 4 milhão.





Pois, permita-me, caro Obama, discordar do seu discurso - 'não acho que mereça estar na companhia de tantas figuras...'. Ao contrário. Em retrocesso, ganharam o Prêmio Nobel da Paz as seguintes figuras:


- 2008 - Martti Ahtisaari (Finlândia): foi presidente da Finlândia entre 1994 e 2000 e ganhou o prêmio pelo trabalho de mediador em conflitos internacionais.







- 2007 - Al Gore (EUA): vice-presidente de Bill Clinton, ganhou o Nobel pelos esforços na disseminação de informações sobre as mudanças climáticas e respectivos efeitos para os seres humanos.





- 2006 - Muhammad Yunus e Grammen Bank (Bangladesh): Muhammad é criador do Grammen Bank, que oferece microcrédito para pessoas pobres.





- 2005 - Mohamed ElBaradei (Egito) e Agência Internacional de Energia Atômica (Áustria): diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica, Mohamed e a agência foram premiados pelos esforços em assegurar o uso da energia atômica para fins pacíficos.





- 2004 - Wangari Maathai (Quênia): ambientalista e ativista dos direitos humanos quenianos.





- 2003 - Shirin Ebadi (Irã): ativista dos direitos humanos e da democracia iraniana.





- 2002 - Jimmy Carter (EUA): ex-presidente dos EUA, premiado pela diplomacia usada na solução de conflitos internacionais.





- 2001 - Kofi Annan (Gana) e Organização das Nações Unidas - ONU (EUA): presidente da ONU à época, Kofi foi premiado pelo papel que exerceu à frente da entidade.





- 2000 - Kim Dae-Jung (Coreia do Sul): ex-presidente da Coreia do Sul, foi premiado pelas tentativas de reconciliação e reunificação com a Coreia do Norte.






- 1999 - Médicos Sem Fronteiras (França): a ONG foi reconhecida pelo trabalho humanitário que presta em todos os continentes.





Relacionei a última década de Prêmios Nobel da Paz para dar a dimensão do que quero afirmar: as premiações, historicamente, dedicam-se à politização da paz, e não exatamente à paz em si. Exceto por Muhammad Yunus e seu banco para pobres de Bangladesh, premiado em 2006, e pela organização não-governamental Médicos sem Fronteiras, premiada em 1999, os demais, inclusive Barack Obama, são políticos. Até mesmo os ativistas identificados com os direitos humanos e com questões do meio ambiente - de Jimmy Carter a Al Gore, de Wangari Maathai (Quênia) a Shirin Ebadi (Irã) - são, todos, seres políticos que usam exatamente arsenal político - retórica, projeção, ressonância - para defender seus pontos de vista.


E, pode ser uma avaliação precoce minha, mas o ex-presidente dos EUA, Bill Clinton, está plenamente em processo de construção para uma plataforma que lhe dê, futuramente, o cobiçado Prêmio Nobel da Paz (recorde-se o episódio de resgate das jornalistas norte-americanas da Coreia do Norte, que haviam sido condenadas a 12 anos de trabalhos forçados antes da intervenção de Clinton).


De forma que o laureamento de Barack Obama somente surpreende por ter sido feito tão cedo, no primeiro ano do mandato do presidente norte-americano. Quanto aos laureados anteriores, portanto, Obama não tem do que se constranger ao ficar, agora, ladeado pela 'companhia de tantas figuras...'. São figuras que se refletem, feito espelhos, mais ou menos embaçadas, mas, de alguma forma, bastante semelhantes em perfil. Ah! E não interessa a ninguém, nesse momento, apontar que o atual detentor do prêmio seja o líder de um país que mantém duas guerras em andamento: no Afeganistão e no Iraque. Isso é um mero detalhe.


Até porque o Prêmio Nobel (que tem seis categorias - Física, Química, Fisiologia/Medicina, Literatura, Economia e da Paz) foi criado justamente pelo sueco Alfred Novel, ele mesmo inventor da dinamite, usada sempre e constantemente para fins nada pacíficos. Portanto, não há nada de novo no front. E antes que me apontem como bélico por usar expressão de guerra em post sobre a paz, quero apenas reafirmar que, afora os dois mencionados Nobel que para mim são exceções na última década, os demais estão (ou seus respectivos países) envolvidos com conflitos, militares ou paramilitares. E o Nobel afigura-se-me mais a uma guerrilha de marketing do que a um prêmio de conteúdo exclusivamente íntegro. É guerra e paz, sempre, my brothers & sisters!

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Nude do dia: o escândalo da embaixada dos EUA no Afeganistão

Você pensou que esta seção era apenas para expor a nudez alheia e tirar uma casquinha dos pelados e peladas do mundo? Não é mesmo! Aqui vai, em segunda edição do dia da seção, mais uma bomba disparada por soldados norte-americanos, equivalente ao episódio iraquiano da prisão de Abu Graib.

Os EUA, auto-proclamados reis do mundo e guardiões do universo, dão um contra-exemplo numa das regiões atuais mais conflituosas: o Afeganistão. Ao todo, dez guardas (oito foram demitidos pela embaixada dos EUA no Afeganistão e dois pediram demissão) fotografaram-se e filmaram-se (fotos e vídeo abaixo - se você tiver estômago fraco ou nojo desse comportamento, melhor não ver) em festa de nudismo, álcool e na companhia de prostitutas nas dependências da embaixada norte-americana em território afegão.

A festinha foi denunciada à secretaria de Estado dos EUA, Hillary Clinton, pelo Project on Government Oversight (POGO), uma ONG. Os guardas envolvidos pertencem à empresa privada ArmorGroup North America que emprega 450 pessoas no Afeganistão e tem um contrato com a embaixada norte-americana no valor de US$ 189 milhões, por cinco anos.

Como se sabe, o Afeganistão é um país predominantemente muçulmano em cujo território o álcool é expressamente proibido. As fotos e o vídeo mostram guardas nus ou seminus (mais neste link) em festivo consumo de vodca e outras cenas que beiram a selvageria e mais se aproximam de um tosco filme pornográfico do que a pessoas que, eventualmente, fazem parte do corpo diplomático de um país como os EUA.












quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Eu tenho um amor em Nova York!

Eu tenho um amor em Nova York. Eu tenho um amor em Edinburgh. Eu tenho um amor em Montreal. Não te contei? Pois tenho, sim! Tenho três amores. Se fossem dois, daria nome de filme. Entre dois amores. Pois quis o destino que fossem três. Entre três amores divide-se o meu mapa continental.


Eu nunca te falei? É verdade! Tenho três amores. Uma, em NY. O outro, em Edinburgh. A outra, em Montreal. Se sou infiel? Sou nada que eu bem que pegava os três. Não se assombre! Eles sabem que sim. E vejo até risinho feliz de uma, do outro e da outra, se porventura lerem esta declaração. Safados! Eu ao menos confesso minhas perversões!

Tenho três amores que fazem escala no Canadá, nos EUA e na Escócia. No Canadá, só por escolta da polícia montada porque, com o frio que faz lá, preciso de proteção extra. Em NY, que não conheço a Big Apple mas com a qual tenho intimidade como se já minha fosse, vejo a outra, maybe she and her little bag. Maybe! Que não sei se costumes daqui se reproduzem lá. O outro, sob as kilts escocesas, tenho visto quase que diariamente a celebrar um amor de verdade. Bonito de ver. Mas não vi nada por debaixo das kilts. Só tarjetas repressoras!


Pois que tenho amores que, numa escala, recolho aos três num só dia. Pipocarei de aeroporto em aeroporto para quicar feito uma bola de um penâlti arrasador e, de uma só feita, sobrevoarei dois continentes e pousarei em cada um dos amores expatriados.

Quem pode dizer que tem três amores assim, de pronto, sem temer que um do outro saiba? Pois que de amores legítimos o mundo anda falto e eu aqui, farto de três. Não um, não dois, e sim três.


Por que? Porque eu posso. Porque eu sei que sim. Porque não contabilizei os locais. Porque amor não se conta. Se proclama e se declama. E resolvi declarar publicamente a essas três pessoas que, longe do torrão natal mas bem perto do meu firmamento que, de forma alguma, o sentimento se esvai, a despeito da distância nos afastar feito sol e lua.

Me veio assim a declaração, em psicografia tirada da rua, do nada. Só deu vontade. E saiu de pronto, de um jorro só. Que essas coisas, às vezes, não cabem e precisam vazar, inundar. Amo vocês três! Beijo, me liga! (um de cada vez, sem pressa).

quarta-feira, 24 de junho de 2009

As brumas puritanas devassadas por Brüno

O nome Brüno (ou apenas Bruno) significa 'polido', que tem 'lustro', ou origem, nobreza. Em palavras caninas, pedigree. Nem uma coisa nem outra.


O filme "Brüno", cujo personagem central é vivido pelo ator Sacha Baron Cohen, nem estreou de fato e tem provocado toda sorte de polêmica graças ao empenho do próprio ator na divulgação de Brüno, repórter gay afetado e exibicionista (explicação de rodapé = alguns repórteres brasileiros são iguais), especializado em moda, que alfineta, metafórica e literalmente, o universo fashion dos EUA.


No Brasil, Brüno tem estreia prevista para o dia 31 de julho. Cohen, que fez o também irreverente "Borat" (no qual vivia o segundo melhor jornalista do Cazaquistão que viaja pela Inglaterra e EUA e comete atitudes e declarações ofensivas de cunho machista, homofóbico, anti-semita e ainda faz apologia à pedofilia e ao incesto), vem a público para causar barulho e provocar, de novo.


A última ação transgressora de 'Brüno' nos EUA se deu por um ensaio ousado para a revista 'GQ' (cujas fotos estampam este post), com Sacha 'Brüno' Baron Cohen nu na capa e que acaba de ser censurada nas bancas de Chicago. Nos EUA, o filme estreia no dia 10 de julho.


Durante o MTV Movie Awards, 'Brüno' já havia provocado ruídos quando planou sobre a plateia suspenso por cabos de aço e aterrissou no palco com as nádegas sobre o rosto de Eminem, conhecido pelas declarações homofóbicas e preconceituosas, nas músicas e no discurso. A revista "GQ" disse que a atitude de alguns comerciantes de Chicago é isolada e evitou alimentar a polêmica.


Ocorre que os EUA originam-se a partir de colonização britânica, cujo cerne moral é de forte influência calvinista. Precisamente, uma cultura que se denomina de 'puritanismo anglo-saxão'. Os ingleses são conhecidos por serem um povo vestuto, circunspecto, que, sobretudo, mantêm circunstância e pompa entrelaçadas, nos bons e maus momentos. Isso provem exatamente da moral rígida imposta, a princípio, pela formação calvinista (de Calvino) e depois acentuada com as eras vitoriana e elizabetana. Não por acaso, quando das colonizações africanas, não raro viam-se ingleses em trajes pomposos nas savanas da África.


O puritanismo (cuja definição vem de puro, bons costumes, moral correta etc.) nasce para refutar o comportamento amoral do rei Henrique VIII (1509-1547), mais envolvido com escândalos sexuais do que com a política do Império Britânico. E é acentuado por João Calvino (1509-1564) que, embora formado por ideais iluministas, acaba por converter os puritanos nos primeiros protestantes ingleses que se tornariam um grupo bastante conservador em relação aos costumes.


Calvino tornou-se a 'cabeça da Igreja da Inglaterra" e conseguiu expandir a Reforma Protestante pela Inglaterra. Mais tarde, seria perseguido, juntamente com seus seguidores, pela rainha Maria Tudor, rigorosa católica romana, que restauraria a religião católica na Inglaterra e, com isso, daria início a uma perseguição implacável aos protestantes, com consequências que se estenderam até os dias atuais entre os católicos e protestantes da Irlanda.


Entre confrontos da nova fé professada por Calvino e a antiga igreja católica de Roma, a Inglaterra (e o Reino Unido) passou por diferentes escalas de crises, sempre com a mão dos soberanos ingleses a conduzirem a relação Estado-Igreja e nem sempre com as melhores consequências.


Os EUA foram colonizados pelos britânicos a partir do século XVI e, em 1629,um grupo de colonos oriundos da Inglaterra estabeleceu-se em Massachusetts. Era o primeiro grupo de puritanos que chegava ao Novo Mundo com a intenção clara e objetiva de criar uma nova e pura igreja anglicana na colônia. Esse primeiro grupo contava 400 puritanos e, nos dois anos seguintes, chegaram mais 2 mil puritanos. Os puritanos não acreditavam em liberdade religiosa, e sim em dominação pela religião, que se estendia à moral e aos bons costumes (segundo seus próprios e rígidos cânones).


A partir de Massachusetts, os puritanos estenderam seus laços por toda a Nova Inglaterra (região nordeste dos EUA), que abrange cidades como Boston e estados como Connecticut, Maine, New Hampshire, Rhode Island e Vermont.


Chicago, cidade em que as bancas cobriram a nudez de Brüno, não fica nessa região. Capital de Illinois, estado quase central dos EUA, no entanto, a cidade, assim como outras regiões do país, notadamente os estados do centro e do nordeste do território norte-americano, é, tipicamente, baseada na cultura anglo-saxã, da qual é descendente.


E daí porque o puritanismo assola o solo norte-americano. Com exceção talvez de Nova York e uma ou outra cidade com visão cosmopolita, as cidades norte-americanas guardam, na memória coletiva, a rígida e conservadora moral puritanista anglo-saxônica que, por ora, recai sobre a nudez de Brüno.


Quando o ator Sacha Cohen incorpora o personagem Brüno, busca, antes de tudo, transgredir (como o fez com 'Borat') e justamente incitar a sociedade que, puritana e capitalista, se debate entre as brumas da devassidão pelas quais anseia e rejeita, simultaneamente. Tal qual os nada cândidos ingleses que enrustem comportamentos nada ortodoxos quando se trata de travar as batalhas de alcova, como o fazia o sensual rei Henrique VIII, porém, sem reservas.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

A subversão do sonho norte-americano

Todd Schorr começou a pintar em óleo quando tinha apenas 9 anos. "Minha primeira grande influência foi o clássico 'King Kong', de 1933, que eu assisti quando tinha 5 anos", afirmou o pintor à revista norte-americana Dazed.


A pintura de Todd, que retrata uma arte underground baseada em cenas psicóticas e fantásticas, subverte a iconografia do sonho americano há, pelo menos, um quarto de século. Parte da obra do artista estará em mostra retrospectiva no Museu de Arte Moderna de San Jose, Califórnia.


A influência de Todd vem também dos desenhos animados de Walt Disney e de Max Fleischer e de revistas como Mad. Depois, voltou-se para o homem pré-histórico e culturas primitivas, por meio das páginas da revista National Geographic. Na faculdade, foi profundamente influenciado pelos pôsters de rock psicodélicos e quadrinhos underground do final dos anos 60. Velhos mestres como Salvador Dali contribuíram para o desenvolvimento do "vocabulário visual", diz o pintor.


A figura mitológica favorita de Todd é o Abominável Homem das Neves. Para ele, os mitos e histórias sobre monstros são contados e divertem as pessoas há séculos. Em geral, diz, os monstros atuais dos EUA são baseados em criaturas similares originárias da Europa e da Ásia.


"Há alguma coisa em nosso DNA que se deleita e se sente aterrorizada face a uma anomalia da natureza. É o reflexo da repulsa e da fascinação, profundamente enraizado em todos nós", explica.


Questionado se as criações assombram seus próprios sonhos, Todd filosofa: "Creio que, pelo fato dos meus mais distorcidos pensamentos encontrarem vazão por meio do meu mundo consciente (pintura), meu subconsciente tende a ser calmo e tranquilo. Para o bem ou para o mal, meus sonhos são bastante aprazíveis", diverte-se o artista.

Autor e redes sociais | About author & social media

Autor | Author

Minha foto
Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

De onde você vem? | From where are you?

Aniversário do blog | Blogoversary

Get your own free Blogoversary button!

Faça do ócio um ofício | Leisure craft

Está no seu momento de descanso né? Entao clique aqui!

NetworkedBlogs | NetworkedBlogs

Siga-me no Twitter | Twitter me

Quem passou hoje? | Who visited today?

O mundo não é o bastante | World is not enough

Chegadas e partidas | Arrivals and departures

Por uma Second Life menos ordinária © 2008 Template by Dicas Blogger Supplied by Best Blogger Templates

TOPO