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sábado, 31 de janeiro de 2009

Casa de Maria Joana

Atraído pela notícia de que a polícia da Suíça apreendeu 1,2 tonelada de marijuana (maria joana, na minha tradução livre, ou, ainda, maconha, beck, fumo, weeds etc. etc.) com o auxílio do Google Earth, fiz uma pesquisa sobre as apreensões em território brasileiro apenas nesta semana.



É espantosa a quantidade do material apreendido. Apenas do que foi divulgado pela mídia, no Brasil, entre os dias 24 e hoje - uma semana - foram presos 4.233 quilos de maconha pronta para ser consumida.

Os estados recordistas de apreensões foram, segundo os dados que pude coletar, os seguintes:


 1. Paraná: 1.109 Kg
 2. Mato Grosso do Sul: 967 Kg
 3. Alagoas: 776 Kg
 4. Santa Catarina: 440 Kg
 5. Distrito Federal: 277 Kg
 6. Bahia: 240 Kg
 7. São Paulo: 204 Kg
 8. Pernambuco: 70 Kg
 9. Piauí: 20 Kg
10. Rio Grande do Norte: 20 Kg
11. Rio de Janeiro: 12 Kg 

Do exterior, além da apreensão inédita na Suíça, com a aplicação do software do Google, o meio-irmão do recém-eleito presidente dos EUA, George Obama, foi preso em Nairóbi, capital do Quênia, por porte de maconha. George foi um dos poucos membros da família paterna de Obama que não compareceu à posse de Barack Obama, para a qual não foi convidado.

Esta semana, no Brasil e fora do país, o mundo foi uma verdadeira casa de Maria Joana.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Ma vie en blanc

Você conhece a aplicação prática do prisma em relação às cores? Em ótica, o prisma é um elemento transparente com superfícies retas e polidas que refratam a luz. Assim, um prisma pode ser usado para separar a luz em suas cores do espectro (que são as sete cores do arco-íris).



Acabei de realizar que meu prisma está quebrado. Como não entendo lhufas de física e muito menos de ótica, devo admitir que, em tese, ao menos, falta um prisma para que eu veja novamente a vida colorida. OK! Prismas convertem luz (sem cor, aparentemente) em sete cores. Mas, as cores básicas são o vermelho, o azul e o verde e é a soma dessas cores, com ou sem prisma, que gerará uma cartela quase infinita de cores. O que sei é que apenas um monitor de 1680 X 1050 pixels (como o do meu iMac) tem mais de 16 milhões de cores possíveis.


As cores são percepções visuais da retina, provocadas pela ação de um feixe de fótons sobre células. Essas células transmitem as informações captadas pela retina para o sistema nervoso que, por sua vez, traduz o dado recebido em cor. Esse é o processo que ocorre, conforme as leis da física.

Mas, e quanto às leis abstratas que regem as percepções de cor? Por que, às vezes, nos sentimos descoloridos? Ou temos a impressão de que o mundo está cinza? Que deu um branco? Que se está vermelho de vergonha? Que se amarelou? Isso não é explicado pela física.


Ainda no campo da física, um objeto tem determinada cor se, justamente, não absorve os raios correspondentes à frequência dessa cor especificamente. Por exemplo: um objeto é lilás se absorve outras frequências que não a da cor lilás. Parece complicado, a princípio. E é mesmo. O conceito da cor está relacionado aos diferentes comprimentos de onda do espectro eletromagnético.

Sim, é isso mesmo. As mesmas ondas que permitem que você e eu falemos por meio do celular. Na tradução para a prática, essas ondas são por nós percebidas por meio da visão como se fossem uma sensação. O objetivo dessa percepção é diferenciar os objetos do espaço que os cercam com maior precisão. Bonito isso, não é?


E por que eu afirmo que minha vida é branca, atualmente? Porque a cor branca é resultado da sobreposição de todas as cores (descartei o preto, que é a ausência de luz, e luz, thanks, eu a tenho o suficiente). 

Mas, se ando a ver o mundo em branco, devo estar com alguma célula desajustada, você pode afirmar. Não exatamente. É indiscutível que, a não ser que sejamos daltônicos, todos vemos e entendemos as cores. Mas a cor não existe fisicamente. E, sim, apenas em representação do cérebro. Os objetos não têm cor, efetivamente. A cor, de fato, corresponde a uma sensação interna provocada por estímulos físicos que, ao final, dão origem à percepção dessa cor para o ser humano.


Ao compreender isso, eliminei as categorias de cor da mente e passei a ver o mundo em branco. Isso corresponde, na prática, a uma mudança visceral: é como se eu estivesse no Polo Norte, cercado por neve, com roupa branca, sem espelhos, com cachorros totalmente brancos a me guiar e o céu, por uma conjunção de fenômenos naturais, estivesse, também, totalmente esbranquiçado. Nem uma outra cor. Apenas o branco. Um branco aterrador. Onipotente.

Culturalmente, as cores, como todas as coisas, têm significados. Sim, atribuídos por nós mesmos, seres humanos, para conciliar o inexistente com nossas próprias sensações. Veja:

- Cinza: remete à elegância, humildade, respeito, reverência, sutileza.

- Vermelho: sabidamente, é a cor da paixão; é também força, energia, amor, liderança, masculinidade, alegria, perigo, fogo, raiva e revolução. Mas, simbolicamente, significa quase que universalmente "pare", stop!


- Azul: passa a ideia de harmonia, confidência, conservadorismo, austeridade, monotonia, dependência, tecnologia (Bluetooth, Blu Ray), liberdade.

- Ciano: é um azul esverdeado (ninguém nunca sabe a cor do ciano, mas, por analogia, sugiro que você se lembre de "ociano") que transmite tranquilidade, paz, sossego, limpeza e frescor.

- Verde: indica natureza, primavera, fertilidade, juventude (verdes anos), desenvolvimento, riqueza, dinheiro (dólar), boa sorte, ciúmes, ganância e esperança.

- Amarelo: é velocidade, concentração, otimismo, alegria, felicidade, idealismo, riqueza, fraqueza (amarelou!).

- Magenta: nojenta, essa cor. Tem esse nome somente para não assumir que é pink, rosa-choque. Significa luxúria, sofisticação, sensualidade, feminilidade, desejo.

- Violeta: cor sóbria, pode representar espiritualidade, criatividade, realeza, resplandecência e também dor (cor popular no luto).


- Laranja: é uma das cores de que eu mais gosto. Remete a energia, criatividade, equilíbrio, entusiasmo e ao lúdico. Tudo de que eu careço na minha vida em branco.

- Preto: dá ideia de poder, modernidade, sofisticação, formalidade, morte, medo, anonimato, raiva, mistério, azar (gato preto). É uma das cores mais fortes da história da pigmentação e dos pixels.

- Castanho: significa sólido, seguro, calmo, natureza, rústico, estabilidade, estagnação, peso (odeio ter olhos e cabelos castanhos e, finalmente, encontrei a relação cor-peso), aspereza.

- Branco: finalmente, o branco que anda a tomar conta da minha vida. Se diz do branco que é a cor da pureza (passo), inocência (passo), reverência (passo), paz (OK), simplicidade (passo), rendição (passo) e esterilidade (!!!).

Encontro, aqui no branco, o resumo do post: esterilidade. Sem as demais cores, tomado pelo branco, sou apenas estéril. De ideias, de desejos, de energia. Ma vie en blanc é asséptica feito o chão de um hospital-modelo.


Recupero a explicação da ausência de cores na minha vida na longínqua infância: ao contrário de uma determinada amiga, eu e outra amiga, menos favorecidos, costumávamos ganhar canetinhas e lápis de cor nas respectivas embalagens básicas, isto é, aquelas que tinham somente quatro canetinhas (cores básicas) ou meia dúzia de lápis. Nossa amiga poderosa tinha acesso a embalagens com 12 canetinhas (!) e 24 lápis de cor (!!). Quando não àquela maravilhosa caixa com 36 lápis (!!!!). Quanto trauma isso nos causou, a mim e à amiga desfavorecida!

Também nunca entendi porque vinha, sempre, um lápis de cor branca. Hoje compreendo que era um sinal de que as cores me escapariam e aquele enorme e sempre novo (porque nunca usado) lápis branco reluzia, pontudo - e apontado -, como um monumento erigido em homenagem a uma perfeita vida em branco.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Um caso de amor babão

Os EUA são pródigos em lançamentos de livros momentâneos, do tipo rabo de foguete: são livros que pegam carona no assunto do momento e aproveitam toda a publicidade em torno de determinado tema para vender.


A bola da vez é, claro, Barack Obama. Dois livros acabam de chegar ao mercado. Um - "Como Obama Venceu", de Greg Mitchell, analisa a campanha bem-sucedida do recém-eleito presidente dos EUA e descreve a ação dos "netroots" (mobilização democrata de raiz, baseada na internet) e o impacto dos programas de humor na vida dos políticos (vide a atuação de Tina Fey, da série "30 Rock", como a candidata a vice do Partido Republicano, Sarah Palin, que rendeu à humorista o Globo de Ouro de melhor atriz de comédia).


O outro livro ataca Obama frontalmente: "Um Caso de Amor Babão", de Bernard Goldberg (comentarista da Fox News e conservador), afirma que a grande mídia mantém um "tórrido romance" com Obama. E culpa esse romance pela eleição do presidente dos EUA. Claro que vai, aqui, uma grande dose de ressentimento por parte do autor que viu Obama ser incensado pela grande mídia norte-americana e, simultaneamente, viu essa mesma mídia atacar a vice dos republicanos, Sarah Palin, por todos os lados.

Ambos os livros são representantes do pensamento norte-americano: o primeiro tem um viés de vanguarda e busca explicar novos fenômenos que influenciam a política dos EUA e, consequentemente, do mundo. O segundo livro é um grito contra um amor que, longe de ser de alcova, levou ambos os lados - grande mídia e Obama - à superexposição.


Como todo grande amor, eu duvido que essa relação superexposta sobreviverá antes do término do inverno norte-americano. Mas, não se pode negar: foi essa paixão da mídia por Obama uma das grandes responsáveis pela sua condução ao cargo. Além, claro, do carisma do agora presidente.

Casos de amor babão os há aos montes. Posso até mesmo listar, de pronto, alguns que são bastante populares:

1. No Brasil, temos um caso gritante de amor babão entre Lula e o brasileiro: a despeito de, ao contrário da mídia norte-americana, o presidente Lula ser constantemente criticado pela grande mídia brasileira, o tórrido romance de Lula com a população não arrefece nunca; antes, só faz crescer.


2. Outro amor babão: futebol e Brasil. Não verás país nenhum com tanto amor passional pelo futebol quanto o Brasil. E é do pior tipo esse relacionamento. Doentio, transita do amor ao ódio em segundos para, no instante seguinte, fazer juras de amor eterno e acabar na cama, cheio de amor (babão) para dar. A FIFA, que está em visita ao Brasil para conhecer as cidades-sedes da Copa do Mundo de 2014, afirmou, por meio de seus representantes, que o Museu do Futebol em São Paulo é único no mundo e ficou extasiada diante de tanta paixão. Tanto que promete adotar elementos do museu para seu uso próprio.

3. Kelly Key foi porta-voz do amor babão durante uma temporada inteira quando nos pedia, de forma insinuante e nada discreta, que babássemos, todos nós. Como se precisássemos de incentivo. O resultado é que babies novos e velhos foram legitimados na babação. Eu, inclusive, durante uma das execuções de "Baba, baby, baba", usei em benefício próprio a música e babei, confesso, sem remorso.


Esses são alguns dos exemplos de que o amor babão, caipira, brega e pegajoso, é sempre um amor de multidões. É o tipo de amor que não deixa margens para a dúvida. É incondicional. Ama-se coletivamente até que a morte (súbita, sempre) separe público do objeto (ou pessoa) amado. E, brasileiros, a princípio, somos adeptos do amor babão. Ouso nos comparar ao estereótipo da mulher de malandro: apanhamos e amamos ainda mais.

O único problema do amor babão é que um lado sempre ama mais do que o outro e quando o outro, que ama menos, deixa de corresponder, o um, que é o apaixonado, sofre feito cão sem dono. E aí, meu irmão, a paixão transforma-se de babação em execração e o pau come solto. Mas, um tapinha (de amor babão) não dói, não é mesmo?

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Ordinariazinhas

Fazia tempo que a seção não dava o ar da graça. Pois eis que retorna, cheia de graça.



Níquel Náusea, by Fernando Gonsales

Sexo, agora, é vegetal, e não mais animal

Aparentemente, a definição "sexo animal" está com os dias contados. O sexo vegetal também pode ser bastante quente, segundo o comercial feito para a People for the Ethical Treatment of Animals - Peta, associação norte-americana de defesa dos animais.

O novo comercial da Peta mostra mulheres que protagonizam cenas eróticas com vegetais singelos como o brócolis, o aspargo e a abóbora e afirma que, quem come vegetais, faz sexo melhor.

Este blogueiro está longe de ser vegetariano. Ao contrário, carnívoro por natureza, é capaz de sair à caça em desespero de causa (e sem qualquer desespero também, admito), nem que for para enfrentar as frias gôndolas de supermercado atrás de carne fresca. No caso, tanto carne viva quanto morta.

Mas, voltemos ao comercial. Feito para ser exibido durante o Super Bowl (final do campeonato norte-americano de futebol), o anúncio foi rejeitado pelo canal de TV NBC que reagiu às cenas excitantes de mulheres e vegetais e afirmou, por meio de uma executiva: "(O comercial) descreve um nível de sexualidade que excede nossos padrões".

Devo crer que o canal NBC e todos os que o formam são amantes à moda antiga, do velho e bom "sexo animal". O canal de TV solicitou à Peta que cortasse algumas cenas mais fortes. No entanto, a Peta não aceitou e ainda atiçou: "Aparentemente, a NBC tem algo contra garotas que amam seus vegetais", escreveu uma blogueira no site da Peta.

Nessa batalha entre sexo animal e vegetal, por enquanto, quem perde sou eu que, à essa altura, estou mais para mineral: frio, duro e inanimado. Ó céus, ó vida!

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Te vejo no ano 3.000

As temperaturas elevadas em todo o planeta continuarão altas até o ano 3.000, com consequências graves para a Região Nordeste do Brasil, sul da África, alguns lugares da Bacia do Mediterrâneo e na Austrália. A conclusão é de estudo publicado por cientistas do Painel do Clima das Nações Unidas (IPCC) na revista "PNAS".


E nem adianta se lamentar a essa altura: mesmo que todas as emissões de gás-estufa fossem zeradas hoje, o aquecimento global continuará sua marcha inconteste. Um aquecimento médio de 2 ºC da superfície terrestre significará a redução das chuvas durante o inverno das regiões acima citadas.

Na década de 30, os EUA foram, em parte, arrasados pelo "dust bowl" - grande seca que arrasou a agricultura norte-americana e agravou a Grande Depressão. Durante 20 anos, o dust bowl reduziu as médias de chuva em 10% naquela região.


(Um 'dust bowl' em ação nos EUA)

De forma que, a se confirmarem as previsões dos cientistas, a mudança climática - sentida por todos nós tanto no inverno quanto no verão - é irreversível, no mínimo, pelos próximos mil anos. Isso decorre do fato de que, a despeito das consequências do gás carbônico (causador do efeito estufa) persistir no ar durante 100 anos, o oceano, independentemente disso, reemitirá calor por séculos e séculos, amém.

Antes desse aterrador estudo, imaginava-se que, ao se cessarem as emissões de dióxido de carbono (CO2), o clima voltaria ao normal em 100 ou 200 anos. Além de fazer essas previsões catastróficas, o estudo estimou, ainda, o que ocorrerá com o nível do mar até o final deste século: para uma concentração de CO2 na atmosfera de 600 partes por milhão (atualmente, essa proporção é de 385 partes por milhão), os oceanos subiriam de 40 cm a 1 metro até 2100. E, mesmo sem que se acrescente uma mínima grama de CO2 na atmosfera, o nível do mar continuará a se elevar. E, pior: o estudo prevê apenas a expansão térmica, e não inclui o degelo polar, cujas consequências ainda não são conhecidas.

Por enquanto, a sugestão dos cientistas é apenas uma: cortar ainda mais as emissões de CO2. De resto, todos sabemos a duras penas o que ocorre. E não é pouco: a partir das tsunamis da Ásia, qualquer fenômeno natural é possível. Veja as recentes ocorrências pluviométricas de Santa Catarina, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Testemunhos dos tufões que agitaram o litoral do Estado de São Paulo (Guarujá e Caraguatatuba) dão conta de que nada parecido havia sido visto nesses locais.

E, não sei se você concorda comigo, mas em São Paulo (capital e interior), há um vento constante que parece não acabar nunca. Vento que, antes, limitava-se, sobretudo, ao mês de agosto. E o verão? O verão começou em dezembro aqui no Brasil e há dias que se equivalem aos meses de junho e julho.

O universo conspira a favor de quem, cara pálida? E não adianta se safar com uma saída à francesa do tipo "Não viverei até 3.000". Não, provavelmente, menos de meia dúzia de nós mal conseguirá chegar ao ano de 2100. Contudo, parece que a Terra não tem mais tempo para esperar. E nós todos, muito menos!

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Garoto-propaganda

O que uma empresa mais deseja? Vender, claro. E como vender? Com marketing, claro. E como superar os concorrentes com estratégias de marketing? Essa é a chave de todo negócio e, se eu soubesse, não ia publicar aqui. Venderia.


No entanto, uma empresa, em particular, ganhou, gratuitamente, a melhor divulgação do seu produto: o presidente recém-eleito dos EUA, Barack Obama, simplesmente decidiu que não pode viver sem seu celular BlackBerry (era um modelo 8700c e agora será um outro, especialmente projetado) e conquistou o direito de usá-lo.


(O modelo favorito de Obama - BlackBerry 8700c)

Mas, por conta das funcionalidades envolvidas, o novo celular, especula-se, deve ser o Sectéra Edge, da empresa C4 Systems, subsidiária do grupo norte-americano General Dynamics. O antigo BlackBerry não atenderia às normas da Agência Nacional de Segurança dos EUA. Para mim, trata-se de valorizar o produto local: o BlackBerry é da RIM, que é canadense. Ou seja, nada de finlandeses, coreanos ou japoneses. O negócio é ficar em casa mesmo.

A despeito da troca, a RIM obteve a um só tempo ampla divulgação do aparelho e propaganda gratuita durante toda a campanha de Obama que nunca escondeu o uso frequente do BlackBerry. No entanto, como presidente, Obama terá uma série de condições para usar o smartphone e, claro, o e-mail do presidente dos EUA certamente não é mais o e-mail pessoal anteriormente usado (barry.obama1961@gmail.com).

Durante os últimos dois meses, Obama brigou com os assessores para manter o BlackBerry. Como primeiro presidente que envia e recebe e-mails, Obama terá que lidar com regras específicas. Começa que o uso será limitado e a segurança na transmissão e recepção de dados será reforçada para que nenhum hacker acesse o e-mail privativo do presidente (então tá!).

As regras do novo aparelho e e-mail de Obama são as seguintes:


(O novo smartphone que, provavelmente, será usado por Obama - Sectéra Edge)

1. Apenas um círculo seleto de pessoas terá o e-mail, com uma rígida hierarquia sobre quem integra a lista.

2. Os eleitos para o acesso ao e-mail de Obama receberão, antes de tudo, um comunicado do escritório de advocacia da Casa Branca.

3. As mensagens de Obama serão projetadas para não serem encaminhadas, ou seja, o presidente apenas recebe e, a princípio, não responde nada.

A obsessão com os e-mails do presidente dos EUA se explica: os e-mails, assim como qualquer tipo de correspondência, estão sujeitos à Lei dos Registros Presidenciais e que, como tal, podem transformar-se em domínio público.

De qualquer jeito, Obama garantiu seu novo celular. Tenho comigo que o uso será mais banal do que supõe toda a formalidade do cargo: o presidente dos EUA, reconhecidamente, gosta de saber online os resultados do seu time de beisebol, o Chicago White Sox. De preferência, pela telinha do celular.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Meu rugido dominical


(Essa escultura de leão é baseada na obra "Leão", do francês Prosper Lecourtier, e está instalada no Parque Ibirapuera)

Hoje este é um Rugido de comemoração: São Paulo celebra, neste domingo, 455 anos de existência. Fundada em 1554, no Pátio do Colégio, região central onde é possível ver uma parede da primeira construção, preservada, de taipa e de barro, São Paulo é a maior cidade do Brasil, da América Latina e uma das cinco mais populosas do mundo.

Segundo dados oficiais, o município de São Paulo tinha 11.091 milhões de habitantes em 2007. A região metropolitana (formada por 39 municípios, inclusive São Paulo) tem 19,2 milhões de habitantes. Dos mais de 11 milhões de habitantes de São Paulo, a proporção é de 91,1 homens para 100 mulheres. Número mais do que ratificado por todas as mulheres que conheço, que atestam a falta de homens na cidade.

À primeira vista, São Paulo é um caos: trânsito, contínua sensação de insegurança (por vezes confirmada na prática), hipermovimentada, com milhares de pedestres a tomarem calçadas, ruas e lojas - somente pelas calçadas da Avenida Paulista passam mais de 1,5 milhão de pessoas por dia -, a cidade é um organismo vivo, em constante mutação e pode assustar.

De fato, aterroriza, no primeiro contato. Sinuosas ruas nas quais se perde e se encontra, seja nas regiões centrais ou periféricas, São Paulo sempre é um corpo em evolução. As alterações de paisagem são visíveis e os prédios nascem prematuros: num mês estão cobertos por tapumes, no mês seguinte estão prontos, totalmente ocupados pelas pessoas.

Não sei afirmar se a cidade acolhe. Antes, recolhe. Chega-se aqui e se fica à força, seja por necessidade, falta de alternativa ou força de vontade. Ouso afirmar que a cidade é intocável. Não se conquista São Paulo, nunca. Se é conquistado pela cidade. Que te traga, engole e arrebata, para o bem e para o mal.

A relação do paulistano com São Paulo é instável e equilibra-se precariamente entre um amor eterno e ódio imediato: deixa-se a cidade aos milhões nos feriados. Quando se viaja para longe, se tem a sensação de liberdade. Por instantes, sonhamos em viver nas paradisíacas praias nordestinas, voltar a morar no campo, levar uma vida romantizada no litoral, se embrenhar de vez nas matas amazônicas e matogrossenses. Para, no momento seguinte, correr ao aeroporto, tomar o avião, esperar pelo táxi e encontrar São Paulo à espera.

Não há feriado que não se viaje aliviado por deixar essas ruas e do qual se retorne mais aliviado ainda ao chegar à familiar rua, ruídos e rotina que, mesmo em mutação, reconhece-se como parte de si. A cidade não é um apêndice a ser extirpado. É veia, circula nas entranhas.

Se fico doente de São Paulo, simultaneamente sou dependente da cidade. Aprende-se a ser São Paulo. Ao contrário do que afirmaram sobre o Brasil, São Paulo é para iniciantes, sim. Os iniciados a tratamos com algum cinismo porque, cínica, a cidade é cíclica: hoje, dilúvio, amanhã, sol inclemente. Hoje, feia. Amanhã, linda.

E, também ao contrário do que se imagina, o anonimato em São Paulo é mais mito do que verdade. Conhecemo-nos a todos: nos reconhecemos no aperto diário do metrô, no medo coletivo ao atravessar o sinal fechado, ante o diário acidente na rua, diante de pequenas e grandes catástrofes. É uma aldeia estendida, não mais do que isso. Intercambiamos as relações entre zona norte, sul, leste, oeste e centro. Sim, a cidade pode ser bem democrática. Também é bastante elitista.

Os contornos tanto são definidos quanto podem vir abaixo. Há momentos de confluência e divergência. Há pontes que nos ligam e túneis que nos separam. Mas, é fácil se reconhecer no outro, na compreensão do coletivo. Há familiaridades e estranhezas. Porém, onde não as há?

Se as proporções gigantes afastam o convívio próximo, aquele no qual todos se conhecem, ao mesmo tempo abafam o sentimento de posse e de opressão que, em geral, tende a circular nas pequenas cidades.

É aqui que preconceitos caem. No entanto, a cidade pode ser tão provinciana quanto qualquer cidade brasileira. Olhar feio e desaprovar. Moderna? Nem tanto! Talvez em pequenos guetos. Porque, à luz do dia, São Paulo é, sim, uma metrópole. Contudo, sujeita às mesmíssimas chuvas e trovoadas de qualquer outra cidade. Também há limites em São Paulo. Também há controle. O descontrole tem hora e lugar.

São Paulo chega aos 455 anos indefinida. É uma cidade à qual não questionaram o que seria quando crescesse. Por isso, dança conforme a música. Rebola, faz a dança da garrafa, dança jazz, rumba, tango. Contemporânea, se joga no tecno. Retrô, busca o passado no forró. Bêbada de tanta mistura, São Paulo vaga. Vive apenas o presente. Não retrocede. Ao contrário, enterra o passado rapidamente, derruba, destrói. Se reconstrói diariamente. Incessante. Sempre. São Paulo, por definição, é uma indefinição. Mas, somos todos instáveis. Ou não? Portanto, parabéns São Paulo. Parabéns por tudo o que é, o que poderia ser ou o que virá a ser. Se ser ou não ser é a questão, prefiro sê-lo ou não sê-lo exatamente aqui, nesta cidade.
 

sábado, 24 de janeiro de 2009

Cheio de mim mesmo

Estou cheio de mim mesmo! Não, não é que eu esteja irritado com o ser que sou. Gosto-me assim, desse jeito. O que quero dizer é que estou rotundo, com os espaços preenchidos por demais. E que andam a transbordar pelas abas do corpo, se é que as há.


Desde o último semestre do ano passado, voltei a beber cerveja e chopp como há muito eu não fazia. Contagiado pelo ambiente da faculdade, tornei-me ébrio em noites de sextas-feiras e, mais para o final do ano, reduziram-se os períodos entre um gole e outro.

De forma que, conjugado com a comida absorvida durante o final do ano passado e o início deste ano, houve uma fermentação excessiva e, em repouso, descobri que meu tamanho praticamente dobrou sob a ação fomentadora tanto do fermento quanto do ato de repouso em si. OK! Pode haver algum exagero nisso, mas, entre tanta comida e bebida ingerida, creio que havia mais fermento do que anunciavam as embalagens.

Sinto que estou pronto para uma competição de sumô. As últimas fotos me mostram quadros de Botero, e não mais aquele que eu acreditava ser. Sinto que me expandi feito o universo, sem que houvesse contração correspondente, conforme ditam as leis da física.


De certa forma, as leis da natureza se mostram algo refratárias: aonde deveria haver um corpo para ocupar lugar no espaço, existem quase dois. A leveza, que prezo como ninguém, somente existe no abstrato; na prática, tudo ficou mais pesado: os passos, o caminhar, a desenvoltura. Aliás, desenvoltura não rima com fofura. Quisera eu ser modelo de pintor da Renascença: quanto mais abundância, mais substância haveria no quadro. Contudo, em época de Kate Moss, Nicole Kidman e Gisele Bundchen, é uma blasfêmia pregar a estética da vastidão.

Disseram-se que eu deveria tornar-me um adepto daquela coisa chata, como é mesmo o nome? Ah! A ginástica, academia, levantar peso, correr. OK! Primeiro, não sou rato de laboratório para correr dentro da roda. Sim, estou à procura de alguma coisa. Mas, ao contrário do ratinho, sei que quando a roda parar não haverá prêmio.


Depois, estou mais para a filosofia de Neusinha Brizola: quando me dá vontade de correr, eu deito e espero passar. Tá bom! Eu sei que essa filosofia me levará, quando muito, para a redescoberta da roda. Explico: tornarei-me tão roliço que será mais fácil rolar de um lado para o outro do que caminhar. De qualquer modo, com isso criarei, ao menos, uma nova modalidade esportiva: rolimã humano.

Já recorri a diversas alternativas para deter essa represa que me preenche incessantemente: fiz academia e desisti, algumas vezes; fiz natação outras tantas e, pelo menos em três diferentes academias, tentaram me colocar para competir (com quem? por quê?); adotei dietas estranhas que me transformaram naquele boneco de borracha da Michelin: uma parte fina, outra grossa, uma parte fina, outra grossa.


Claro que eu queria dormir com 700 Kg e acordar com 48 Kg. É o meu sonho (não deveria nem usar essa palavra que me remete a sonhos recheados e a Sonho de Valsa). Dizem que a receita para um corpo saudável é comer seis vezes por dia. No meu caso, ninguém me disse quais os horários exatos. Eu a sigo, essa prescrição, religiosamente. Mas consumo alimentos nas mais variadas horas e isso inclui aquelas madrugadas à frente da TV num momento e diante da geladeira no outro.

Dado que, neste momento, não sei o que faço. Quando penso no assunto, sinto preguiça. Daí que levanto de um lugar e sento no outro que é para o pensamento se dissipar. E assim os dias correm, acrescidos de gramas, gramados e pastos inteiros. Já não sou humano. Bovinamente, confinado em pasto esplêndido, cultivo a derrière, as partes traseiras, dianteiras, altas e baixas. Devo admitir que, do ponto de vista vacum, estou pronto para o abate. E ai que vontade comer uma picanha, agora, já!

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

O ataque do veado

Para aqueles que acreditam que os veados são passivos, eis a reação: durante uma caçada, o norte-americano Randy Goodman foi atacado por um veado e levou uma surra. Segundo Randy, "o bicho parecia estar morto e fui puxá-lo para a caçamba da caminhonete". Quando o caçador se aproximou, o veado, de 110 Kg, se levantou, derrubou Randy e o atacou com todas as patas que tinha.


Após o ataque, Randy precisou levar pontos na cabeça para suturar os cortes provocados pelo animal. Abaixo, o vídeo do ataque, que virou hit no YouTube, com mais de 3 milhões de acessos. Mexe com quem tá quieto!



The book is on the table

Mais um post temático. Desta vez, de gastronomia. Sim, o livro está e é sobre a mesa. Não é porque acabei a faculdade que meu interesse arrefeceu. Não! Longe disso! Não estive tão perto da cozinha quanto me apeteceria, mas, tampouco passei ao largo, como poderia ocorrer.


Cozinhei, sim. Mas, sobretudo, cozinhei nas letras, devo dizer. De certa forma, me dei férias de cozinha, depois de dois anos na prática laboratorial. E, por outro lado, a cozinha doméstica está bem distante do que se aprende na faculdade.

Claro, haverá os que acham que sou pedante ao afirmar isso. Mas, o feijão com arroz que eu pratico não chega nem perto do feijão com arroz de casa. Então, claro que me furtei à faina da cozinha caseira para melhor desfrutar da comida de mãe, que nada a substitui, não é?

Também devo dizer que a destreza do meu irmão com a carne e derivados me deixa inquieto, cônscio do meu pouco saber quando se trata de manejar e preparar as carnes.

De forma que entrei na cozinha tardiamente, somente na praia. Fiz coisas simples, sem sofisticação. Porque eu também estava de férias.

Para mim, as melhores férias se fazem acompanhar, sempre, de bons livros. E foi o que aconteceu. Nos quase 25 dias de férias, li sete livros. Entre os quais, os três abaixo, de gastronomia. Bem, um deles não é exatamente de gastronomia, mas faz uma adorável intersecção entre gastronomia e filosofia.


- Escoffianas Brasileiras - Alex Atala, com Carolina Chagas - Larousse - 526 páginas: é uma verdadeira bíblia que percorre toda a extensão da cozinha. Uma obra primorosa em edição que conjuga a história do próprio Atala com a cozinha regional brasileira. Claro que é bastante egocêntrico, ao sabor de livros correspondentes de chefs como Adrià, Jamie Oliver, Gordon Ramsay e companhia. Mas, e sobretudo, é um livro que ensina técnicas e dá receitas de maravilhosos pratos cujos ingredientes primam pela preferência nacional. Os capítulos são divididos segundo a evolução de um chef na cozinha: aprendizado, sonho e realidade. Recomendo como referência, com certeza. Para os que tratam os livros como obras de arte, como eu, um cuidado adicional da edição: na contracapa, há um livro-apêndice para ser usado no dia-a-dia na cozinha e preservar o livro principal.


- Em Defesa da Comida - Um Manifesto - Michael Pollan - Editora Intrínseca - 271 páginas: um verdadeiro tratado sobre a evolução da cadeia alimentar moderna e as inefáveis consequências sobre o corpo humano. A título de exemplo, veja só os nomes dos capítulos: A Era do Nutricionismo; A Dieta Ocidental e as Doenças da Civilização; e Para Superar o Nutricionismo. Pollan ataca a indústria alimentícia mundial e os lobbies que, de tempos em tempos, elegem o que é bom e o que não é bom: ora prevalecem as proteínas, ora os lipídios, ora os carboidratos. Ora a manteiga é boa, ora é fatal. A receita de Pollan para combater o poder da indústria da alimentação está na comida da avó (dele e nossas): Coma comida. Não muita. Principalmente vegetais. Livro bom para entender de que forma as prateleiras dos supermercados transformaram-se nos últimos 40 anos em verdadeiras exposições de armas letais.


- A Cozinha do Pensamento - Josep Muñoz Redón - Editora Senac - 223 páginas: de fato, este livro está mais para filosofia do que para gastronomia, mas, assim como o autor diz: "a gastronomia é a arte de condimentar os alimentos para produzir felicidade", eu digo que a filosofia permite, inclusive, tergiversar sobre aquilo de ser o que comemos ou de comermos aquilo que somos. Bacon, Sartre, Kant, Voltaire, Sócrates e outros passeiam por este delicioso livro que classifica os filósofos em doce, salgado, ácido e amargo. Um dos pontos interessantes são as receitas de acordo com a filosofia que se discute. Aproveite e interprete os enigmas sugeridos pelo autor. Alimento para o corpo e para o espírito.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

George, um veterano

No segundo dia de existência desse blog, publiquei um post sobre as lagostas pelo qual sou excomungado até hoje. Segundo o post, quando cozidas, as lagostas machos fazem formação de pirâmide dentro da panela na expectativa de que ao menos um dos machos consiga se salvar da água fervente. As lagostas fêmeas, ao contrário, não se unem: agarram-se umas às outras sem dar sequer a uma delas a possibilidade de escapar da panela.

À época, expliquei que isso é um fato comprovado, não uma teoria minha. Posto que, como falei na ocasião, não sou misógino e, portanto, não haveria motivo para eu demonstrar preconceito pura e simplesmente.


(George, 140 anos, sobrevivente)

Foi apenas uma notícia que li e publiquei. Mas, a cada vez que lanço o olhar sobre os comportamentos masculino e feminino, mais me convenço que essa experiência se aplica aos humanos: é mais fácil se desencadear o desentendimento entre amigas do que entre amigos. As mulheres se unem e entram em conflitos em questão de segundos: num minuto, são amigas eternas; no seguinte, inimigas de uma vida inteira.

Claro que toda generalização é burra. Mas, a maior parte das confusões que eu presencio parte de grupos femininos formados, e não de estranhos. E mesmo mulheres estranhas entre si podem se estranhar ainda mais, do nada, apenas com o olhar.

Uma das coisas de que mais gosto nas teorias é a sua elaboração. A outra coisa de que mais gosto é quando caem por terra, depois de anos de reinado. Continuo a acreditar na teoria descrita acima, da briga pela sobrevivência entre lagostas machos e fêmeas.

Eis que George, 140 anos e 9 Kg, lagosta macho de origem canadense, conseguiu (não sei se com ou sem formação de pirâmide) sobreviver e, depois de atuar como mascote de um restaurante em Nova York, retornará ao mar. A idade da lagosta é calculada conforme o peso - cada 450 gramas equivale entre 7 e 10 anos de vida.

Lagostas centenárias são raras e mais rara ainda é a sua pesca, por rede. George conquistou a liberdade graças à intervenção do Grupo para Tratamento Ético dos Animais (PETA). O que não quer dizer que o crustáceo teve regalias. Ao contrário, creio que os 140 anos de George comprovam que a luta pela subsistência é substancialmente solitária.

Ou seja, nem machos, nem fêmeas. O mundo é dos eremitas. Assim como não se encontra solidariedade entre lagostas fêmeas, não é todo dia que se encontram lagostas com mais de 100 anos. George foi salvo da panela fervente, virou atração circense em restaurante badalado de NY e agora retorna ao fundo do mar. Para uma existência profunda e de circunspecção. E me calo ante eventuais pedradas (ou panelas ferventes).

P.S. Mas, antes de me calar, acabo de ler uma notícia que, agora sim, me dá um certo tom misógino: "o cérebro do homem tem mais força de vontade do que o da mulher para controlar o desejo de comida, indica estudo - publicado na revista PNAS norte-americana. O levantamento foi feito com voluntários que ficaram 17 horas em jejum e depois foram estimulados com imagens de seus alimentos preferidos."

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Levanta, sacode a poeira, dá a volta por cima!

Barack Obama, o novo presidente dos EUA, disse, em algum momento do discurso de posse: "A partir de hoje, devemos nos reerguer, sacudir a poeira e começar novamente o trabalho de refazer a América".

Pois aqui, no Brasil, foi isso que pediram, em 1962, o compositor Paulo Vanzolini e o cantor Noite Ilustrada, na música "Volta por Cima".

De onde concluo que Obama tem um pé no samba. O que vem a ser auspicioso, concorda?

Abaixo, o vídeo de "Volta por Cima" com Noite Ilustrada e Jair Rodrigues.


E a letra da música:

Volta por Cima

Chorei
Não procurei entender
Todos viram, fingiram
Pena de mim não precisava
Ali onde eu chorei
Qualquer um chorava
Dar a volta por cima que eu dei
Quero ver quem dava
Um homem de moral
Não fica no chão
Nem quer que mulher
Lhe venha dar a mão
Reconhece a queda
E não desanima
Levanta, sacode a poeira
E dá a volta por cima
Chorei
Não procurei entender
Todos viram, fingiram
Pena de mim não precisava
Ali onde eu chorei
Qualquer um chorava
Dar a volta por cima que eu dei
Quero ver quem dava
Um homem de moral
Não fica no chão
Nem quer que mulher
Lhe venha dar a mão
Reconhece a queda
E não desanima
Levanta, sacode a poeira
E dá volta por cima
Reconhece a queda
E não desanima
Levanta, sacode a poeira
E dá a volta por cima

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Nós também podemos? (Can we too?)

Hoje é um dia histórico: o 44º. presidente dos EUA, Barack Hussein Obama, assume a presidência da maior potência ocidental do planeta. Isto é, ainda a maior potência, desde que a crise mundial que já consumiu bilhões de dólares não faça naufragar o titânico cargueiro que representa Obama - em tese - para os EUA e para o mundo.


Segundo o relato de uma amiga que vive em NY, quando Obama foi eleito, houve um sentimento popular, segundo sua descrição, muito semelhante àquele por nós experimentado em 1º. de janeiro de 2003, quando Lula assumiu o poder pela primeira vez em Brasília. Acho que o ato da posse é um dos raros momentos que (alguns) políticos equivalem-se, em popularidade, a celebridades.


A uma grande expectativa segue-se, muitas vezes, frustração de iguais ou maiores proporções. Os EUA estão em plena "Obamania" e, de forma muito semelhante a nós, recorrem até aos céus para que esses não caiam sobre suas (e nossas) cabeças.


Eu também acredito em renovações, a princípio. Também torço para que Obama faça um excelente governo. Porque, se eles podem ("yes, we can" foi o mote da campanha), nós também queremos poder, não é?


Desejo que Obama realmente aja como um estadista que, até agora, indicou ser. Não sou profeta, mas, com tanta esperança sobre esse governo, prevejo que os EUA ou optem realmente por mudanças profundas ou a decadência do império americano efetivamente começa agora.

Para acompanhar em tempo real a posse, pompa, circunstância e continuidade, sugiro dois dos blogs mais influentes na política norte-americana atual: The Huffington Post e Politico

The book is on the table (この本は、テーブルの上にいる)

Há muito que eu não alimentava esta seção. Isso não significa que deixei de ler. Ao contrário. Li ainda mais. É que, no final do ano passado, muitas atividades se acumularam - trabalho, faculdade, compromissos - e não pude fazer muito do que gostaria.


Mas, não houve semana que deixei de passar na tríade - fnac, Cultura e Martins Fontes - e tampouco sair de uma das três sem ao menos um livro.

Foram os mais diversos, os livros. De gastronomia, mais um pouco. Recentes, lançamentos fresquinhos, com cheiro de novo e de novidade.

E, para atualizar a minha estante, vou de post temático. O título deste post em parênteses está escrito em japonês porque, de uma cartada (ou carteirada) só, comprei quatro livros japoneses, entre clássicos e contemporâneos. Gostei de todos. Cada um com um estilo. Poesias, os livros dos escritores japoneses. Atuais. Gostei de todos, mas, claro, os houve os que se destacaram.

Portanto, por ordem de preferência, listo os livros nipônicos lidos um após o outro:

- Jovens de Um Novo Tempo, Despertai! - Kenzaburo Oe - Companhia das Letras - 302 páginas: o autor foi Nobel da Literatura em 1994 e este livro é espetacular. São sete episódios - Canções da inocência, canções da experiência; Um frio menino de pé no ar em tumulto; Desce, desce, cortando a imensidão com gritos de aflição; O espectro de uma pulga; A alma desce como estrela cadente até o osso do meu calcanhar; Que a alma acorrentada se erga e olhe em volta; e Jovens de um novo tempo, despertai! -, todos baseados em poemas do poeta inglês William Blake. O personagem principal tem um filho excepcional para o qual quer deixar um livro com as definições de todas as coisas do mundo. No entanto, o pai compreende que é o filho deficiente que tem coisas para lhe ensinar. Sublime!


- Cobras e Piercings - Hitomi Kanochara - Geração Editorial/Ediouro - 124 páginas: a autora tinha apenas 19 anos quando esse livro foi lançado e recebeu o prêmio Akutagawa, o mais importante do Japão. Os três personagens principais formam um triângulo amoroso e testam todos os limites do corpo e da identidade. O destino dos três será marcado pela mudança radical ao viver dessa forma. Estranho e assustador.


- O País das Neves - Yasunari Kawabata - Estação Liberdade - 156 páginas: mais um Nobel de Literatura, de 1968. Aos 73 anos, o autor, doente e deprimido, cometeu suicídio. O livro é considerado a obra-prima do autor. O protagonista deixa para trás casa e família para tentar se reencontrar com sua juventude. O País das Neves é uma região mágica do Japão em que os embates têm contornos irreais, ocultados pela neve. O livro é tão delicado quanto podem ser as bonecas de louça japonesas.


- Há Quem Prefira Urtigas - Junchiro Tanizaki - Companhia das Letras - 191 páginas: o casal que protagoniza o livro vive na década de 20 no Japão, período em que as gerações e costumes chocam-se culturalmente. O casal move-se como no teatro de bonecos bunraku: parecem ser guiados por uma vontade alheia aos seus sentimentos. O casal quer se separar mas nem o marido e tampouco a esposa têm coragem de dar o primeiro passo. Mais uma vez, trata-se da dicotomia entre a tradição e o novo. Para mim, corresponde ao romance "Na Praia", do inglês Ian McEwan. A diferença é o estilo e a elegância japonesa, até mesmo em contar uma história de desamor.


A literatura japonesa, na minha opinião, é tão oculta e delicada quanto o são os japoneses, com suas belas residências, maneirismos e delicadeza gestual. E sempre me dá um enorme prazer descerrar as paredes de papel de arroz para ver o interior de tão diferente - e, ao mesmo tempo, semelhante - universo.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

True Blood

Há dois anos, o mundo convive com os vampiros, finalmente (quase) aceitos pelos humanos. Os japoneses desenvolveram um sangue sintético (Tru Blood) que os mantêm sem que tenham que recorrer ao sangue humano.


Ao contrário, alguns humanos gostam de drenar o sangue dos vampiros (que torna os humanos mais saudáveis e mais viris no sexo). A despeito do sangue sintético, os vampiros continuam famintos e alguns chegam a pagar US$ 1 mil para dar uma mordidinha em humanos.


(Bill, o vampiro-mocinho)

Nesse universo se desenvolve a série True Blood que a HBO estreou neste domingo. Criada por Alan Ball (mesmo criador de Six Feet Under - A Sete Palmos), o seriado já tem a segunda temporada programada nos EUA, tamanha a audiência obtida a partir do segundo episódio.


(Sookie, a humana que gosta de vampiros-mocinhos)

O roteiro é simples: Sookie (a ganhadora do Globo de Ouro Anna Paquin exatamente pelo papel no seriado) é uma garçonete que ouve os pensamentos das pessoas. Os moradores da cidade de Bon Temps, no entanto, são desconfiados em relação aos vampiros porque o sangue sintético (aliás, nada que é sintético pode ser bom) não impede que alguns vampiros lancem olhos (e caninos) gulosos para os pescoços humanos.


(O irmão tarado da mocinha)

O vampiro Bill (Stephen Moyer) é exceção. É o vampiro-mocinho (olha a carinha dele na foto).


(O cozinheiro gay)

Sookie e Bill terão um relacionamento, não obstante o preconceito da cidade. Os mais interessantes, no entanto, são os personagens secundários: a bocuda Tara ("negra com nome de fazenda", diz ela no primeiro episódio), Jack (o irmão tarado da mocinha) e Lafayette, o cozinheiro gay.


(A loura má da história, imagino! Ainda não sei de quem se trata)

Assisti ao primeiro episódio e gostei. De qualquer forma, sou suspeito a respeito de vampiros. Gosto deles desde que li "Entrevista com o Vampiro", de Anne Rice, em 1991. Certamente, se os vampiros fossem reais, eu tentaria um contato, digamos, íntimo. Slept! Slept! (som de lambidas).

domingo, 18 de janeiro de 2009

Meu rugido dominical


No último post de 2008, desejei, sobretudo, que houvesse reencontros e convivência, que se colocasse as pessoas acima de tudo - de datas, de presentes, do comércio, da comida. Passo o ano inteiro praticamente sozinho: trabalho em casa e vivo só. Grande parte do meu dia de 24 horas o passo em existência comigo mesmo.


Afora esporádicos contatos virtuais - telefone, email etc. - é comigo mesmo que convivo e, a despeito de nunca ter feito estatísticas, creio que dos 365 dias do ano, uns 70% são consumidos de forma bastante egocêntrica.

Isso explica a minha fome de gente e, em simultâneo, a surpresa de ter, por dias a fio, tanta gente ao meu redor. Em geral, quando chega o final do ano, estou sempre ansioso para reencontrar as pessoas da minha casa. Em média, vou ao interior entre três e quatro vezes ao ano e fico apenas uns 4, 5 dias. Insuficientes, sempre.

Por isso, quando me dei folga de mim mesmo este ano, planejei ficar mais tempo com outras pessoas e consegui. Sei que o fato de viver só nos deixa com manias, com (maus) humores, cheios de uma lógica própria. Estou mais acostumado com o silêncio do que com o ruído. Tenho meu próprio tempo: durmo tarde, acordo tarde, leio muito, escrevo mais ainda, fico conectado a maior parte do tempo.

Então, quando passo mais de 20 dias com outras pessoas, muitas, é natural que isso simbolize uma quebra dos meus padrões. O meu cotidiano deixa de sê-lo para se encaixar numa outra lógica. À qual eu tenho que me moldar.

E assim foi (espero, para o bem dos que me rodearam durante esse tempo). Fui atrás do convívio e o tive, em diferentes momentos: na roça, na praia e na cidade. Mudaram as paisagens, mas, as pessoas, também diferentes, estiveram presentes. Às vezes, me preocupa o fato de eu ter comportamento de ermitão. Quando se vive só, a intolerância atinge alguns níveis inimagináveis e tende-se ao egoísmo.

Ao analisar os dias passados, posso ter tido algumas recaídas - tendo a ficar casmurro em algumas situações em que me contrariam -, mas, no geral, aproveitei muito todos. Gostei de cada momento, de cada lugar. Tudo o que desejei no final de 2008 eu tive. Não sei se isso foi suficiente para me mudar. Mas, mais uma vez, confirmei o valor de estar junto, de partilhar, de celebrar, de ver as faces, olhos nos olhos.

Não registro nenhum grande acontecimento desses dias todos e é aqui que está o encanto: o fato de me emular na rotina dos outros de forma natural. Sou de longos silêncios, por vezes. No entanto, não me passam desapercebidos os que ao redor falam, circulam, movem-se. Somente o fato de os ter próximos já me basta.

Claro, não sou nenhum santo que por vezes não tenho vontade de gritar e brigar. Você sabe como são os irmãos: leva-se, para sempre, todo um histórico de vida que, por um simples "me dá cá aquela palha", redunda em conflitos baseados em coisinhas, minúsculos gestos e aí a fantasia, de repente, degringola. Contudo, não provoquei (espero, de novo) nenhum conflito. Passei incólume, malgrada a minha impaciência, travestida de boa vontade.

De forma que desejo tudo de novo para este e os próximos anos. Somos imperfeitos, variáveis, instáveis. Disso resultamos alegres, divertidos, raivosos, rancorosos, selvagens ou civilizados. Cada um tem seu momento de bicho e, de vez, em quando, de luz que transcende. Somos assim, as pessoas.

Claro que tenho um caminhão de perspectivas para 2009. Mas, a mais constante é passar por eventuais tempestades (das grandes ou não) sem que se percam a tripulação e passageiros. É o bastante. A carga pode até se perder. O rumo, nunca!

sábado, 17 de janeiro de 2009

Beijinho doce para você

Sim, eu vi o final de "A Favorita". Sim, eu torci para que a Flora se safasse. Sim, eu gostei quando, na cadeia, ela disse o nome: "Donatela". Sim, eu quero que a Flora se dê bem. Na companhia agradável de amigos queridos, assisti ao final de "A Favorita", vi "Beijnho Doce" (versão preferida abaixo) e assisti ainda BBB e o último capítulo da "Maysa Deprê Vagaba".



Também deu para curtir o tango final.


Agora, a minha onda é me preparar para dançar feito a Juliana Paes e percorrer o "Caminho das Índias."

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