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terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Os membros amputados das ausências

Em conversa com uma conhecida sobre uma recente cirurgia da coluna a que ela se submeteu, falávamos sobre a dor. Sobre o processo lento de cicatrização e as dores reais e não-reais que acompanham pelo resto da vida as pessoas que, por acidente, doença ou qualquer outro motivo, têm que amputar partes do corpo.


Essa senhora fez a cirurgia há algum tempo e, segundo exames e procedimentos médicos, ela está, na teoria, curada. Portanto, a dor que sentia pré-cirurgia deveria ter sido extinta. Mas não foi. Não, não se trata de erro médico. Ela me disse que o médico lhe explicou que a despeito do corpo ser regenerado via intervenção cirúrgica, o cérebro demora muito mais tempo para registrar o fato e, numa espécie de memória da dor, conserva aquele registro específico e inclusive envia os comandos para o corpo como se a dor ausente ainda estivesse presente.





Claro que isso me deu ensejo para digressões outras sobre as dores. As doloridas cicatrizes físicas e de alma. Me recordei imediatamente da boneca Emília, personagem famosa da série "Sítio do Picapau Amarelo", de Monteiro Lobato. Em algum livro, Emília começa a recortar as sombras das pessoas. Por pura pirraça. E as pessoas começam a ficar com buracos nas sombras. Como se estivessem retalhadas. Esburacadas em suas sombras, revoltam-se até descobrir que Emília é autora de tais roubos de sombras. Somente agora me dou conta da metáfora eloquente do roubo de sombras.


Com quê então as pessoas podem ficar sem sombra? Como assim? A sombra é o reflexo e a consciência de nós mesmos, tal qual um espelho. Um negativo de nossos corpos. Se não projetamos sombras, logo, não existimos?


Vou mais longe com a dor do membro. Se no caso da senhora a cirurgia foi reparadora para o corpo, o cérebro, atrasado, ainda faz com que ela se lembre vivamente da dor pregressa. Engraçado que, conscientemente, ela compreende todo o processo, da cirurgia à reparação (se é que existe conserto para o corpo, coisa de que eu duvido, enfim). Segundo me disse, o cérebro preparou-se para a dor e a fixou. Portanto, interiorizou aquela dor em algum lugar. E, num processo de exteriorização, agora tem que ser educado para expelir esse registro fotográfico de uma dor que não está mais ali.


A ausência de sombra provocada pela boneca Emília e a extinção da dor da senhora por meio da cirurgia equivalem-se: em comum, ambas, apontam para o que não existe, para o ausente. As pessoas sem sombras e a senhora sem dor, no entanto, são enganadas. As primeiras porque sentem-se amputadas verdadeiramente de sua natureza essencial, que consiste em emitir sombra. A segunda porque, tendo tido a dor amputada, de fato ainda a conserva como se real fosse.


Donde presumo que as ausências das pessoas são como sombras recortadas e como membros consertados: nos doem como se reais fossem, por mais que o corpo, o coração e a mente registrem o contrário.


É como se, ao pegar o exemplo do roubo das sombras, as pessoas que se nos subtraem de nossas vidas nos amputassem daquela parte. Daquele específico registro espacial que a pessoa ocupava e que, ao proceder o corte cirúrgico da separação, se vai, como a coluna defeituosa da senhora, mas não vai, de alguma forma. Pior: não se vai nunca. Nem o cérebro, com a espantosa capacidade de adaptação de que é fornido consegue expulsar o registro da ausência.


Fica-se, assim, como uma pessoa que teve uma perna ou braço amputados e que é capaz de sentir, anos a fio, a unha nas pontas dos dedos, a coceira indelével que faz formigar os dedos dos pés. Também a ausência física das pessoas, portanto, cria zonas de sombras, essas sim sombras não-reais, sombras de pedaços amputados da vida.


Como conviver com aquele pedaço que foi deslocado? Que, se pelas leis da física, não ocupava o mesmo espaço, mas pela lei da intimidade, ocupava o mesmíssimo espaço? E que, mesmo ausente, deixa ali do lado a marca da sua presença? Como lidar com as amputações a que somos submetidos (e que submetemos, por certo) e fazer com que cérebro e coração as registrem? Que não tenham dores por algo que, teoricamente, não existe?


Queria ser como a boneca Emília e cortar e recortar esses espaços-crateras. Extirpar de uma vez esses membros virtuais que coçam e formigam uma vida inteira, sem possibilidade de regeneração. Pois que essa dor, o cérebro, tão ágil para reabilitar o corpo conforme as circunstâncias, não aprendeu ainda a curar.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Dados, perdas e danos

Dados


- 5 dias
- 120 horas
- 93 mil toques ou caracteres entre textos, tabelas, gráficos e números
- Mais de 50 contatos por telefone
- Mais de 100 contatos por e-mail





Perdas


- Entre 50 mil a 500 mil neurônios (estimativas dizem que perdemos de 10 mil a 100 mil neurônios por dia)
- Sono
- Calma
- Lucidez
- Paciência
- Financeiras (não quero falar mais do que isso)


Danos


- Estou mais triste
- Mais cansado
- Menos crédulo
- Ainda mais arrasado com os caminhos jornalísticos
- Desconfiado (assumi ares paranóicos desde o apagão)

sábado, 7 de novembro de 2009

Angústia


quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

A história se repete (infelizmente, não) como farsa

Karl Marx afirmou: "A história se repete como farsa". E De Gaulle disse: "O Brasil não é um país sério." Marx tem razão, exceto para o Brasil, onde a história se repete todo ano da forma mais autêntica (mas nunca legítima) possível. Já De Gaulle, não preciso nem comentar. Todo ano é a mesma coisa: no primeiro dia útil, lá vem o governo, cheio de novidades. Este ano, tudo começou ontem, dia 2, com um mini-pacote que visa assegurar os estimados R$ 40 bilhões "perdidos" com o fim da famigerada CPMF (provisória desde 1996). O governo decidiu elevar o IOF e taxar os bancos para extrair cerca de R$ 10 bilhões daí. Outros R$ 20 bilhões devem vir de "cortes" e mais R$ 10 bilhões virão sabe-se lá de onde. O governo não pode perder nenhum centavo, a despeito de nos arrancar as roupas com os malditos impostos. Eu não sei você, mas, eu já recebi o meu IPVA deste ano. Estou feliz! Agora, faltam o novo IPTU, eventuais multas porque eu corri demais e atravessei sinais vermelhos, taxas de pessoa jurídica, imposto de renda etc. etc. Na pequena (e benéfica) pausa entre 2007 e 2008 que fiz no interior, descobri que, na minha cidade (e não deve ser prerrogativa apenas de lá), o mundialmente festejado programa Bolsa Família é usado não para necessidades essenciais (sobretudo comida), mas, pasmem, para adquirir créditos para o celular e até mesmo para comprar roupas. Tem loja que mantém até um controle sobre o cartão do Bolsa Família para descontar os créditos na conta mensal. E tem mães que se regozijam porque assim que recebem os créditos, podem comprar cerveja. É isso aí, Lula! Financia o povão. Eu odeio o paternalismo à la Fidel! Daí que eu estava em Ourinhos, no interior de São Paulo, um pouco antes do Natal, e vi um desses bonecos infláveis (chamados tecnicamente de bonecos de ar dançantes) que são bastante comuns em postos de gasolina. Sabe aqueles bonecos que se inflam e se agitam feito uns bobos? É desse tipo. Me senti, de repente, próximo daquele boneco. Patético. Ele se agitava, erguia os braços e depois caía, num abandono de dar pena. É claro que atraía as crianças na rua. Mas, houve uma forte identificação da minha parte e um estranho magnetismo me levou ao boneco. E, a despeito da minha irmã me avisar do mico, esse eu paguei. Me aproximei do boneco e peguei nos seus braços. O que se passou? Foi apenas um gesto de solidariedade. De identificação do quão patético podemos ser, o boneco e eu. O primeiro porque está lá, numa dança sem sentido, num eterno dobrar e redobrar de cintura, braços e cabeça. O segundo (eu) porque, apesar de não ter um dispositivo de ar que me move, sinto-me como um marionete num teatro de absurdos quando volto a mim no ano novo. E isso tudo porque prometi para mim mesmo leveza. A promessa está mantida. Note que o tema central é o boneco dançante. Leve e cheio de ar. E que plana feito um bobo, feito eu.

sábado, 3 de novembro de 2007

La mala educación

Acabei de ter uma longa conversa com uma amiga e vou listar aqui o meu cansaço:

- Estou cansado da má educação das pessoas
- Estou cansado porque, nas calçadas, as pessoas me espetam guarda-chuvas nos olhos
- Estou cansado porque as pessoas não cedem espaço para ninguém passar na escada rolante
- Estou cansado de pessoas que furam filas
- Estou cansado das pequenas, grandes e gigantes corrupções
- Estou cansado de pagar R$ 15 no estacionamento e R$ 5 para deixar o carro na rua
- Estou cansado de ficar na fila do banco por 20, 30 minutos e pagar R$ 45 de mensalidade
- Estou cansado de ficar na fila do supermercado e pagar cada vez mais caro
- Estou cansado do meu elevador que está parado há mais de um mês
- Estou cansado das pessoas que aplaudem quando chega um trem vazio na plataforma
- Estou cansado da competição entre tudo e todos, por tudo e por nada
- Estou cansado do cachorro da vizinha que todo dia bate na minha porta
- Estou cansado de vizinhos que batem as portas com estrondo
- Estou cansado de alarmes de carros que disparam incessantemente
- Estou cansado das buzinas de motoristas impacientes que sobem a minha rua todos os dias
- Estou cansado das mulheres que passam à frente nas filas do metrô
- Estou cansado de pessoas que tomam o espaço público por privado
- Estou cansado de que pensem que ruas são mictórios e fossas
Estou farto de não haver cidadania, de não se viver a cidade, de ter a cidade mas tê-la com medo, de ser abordado por estranhos que não têm nada a dizer, de falar que estou cansado, de ainda me cansar com as pessoas, de ser também uma pessoa que deve cansar outras pessoas, de me sentir assim, de não estar bem aqui, mas estar pior ali, de querer, querer, querer e não ter, não ter, não ter. E nem pense em me relacionar ao "Cansei", por favor. É um desabafo pessoal, da dura constatação de que somos todos provisórios e, por isso, a urgência estampada nos nossos passos e atitudes não nos levará tão longe assim. Há um limite, um fim. Pena que os meios tenham que ser usurpados e corrompidos de forma tão gritante para que se chegue a um único fim. Não quero fórmulas, mas, quero saber por onde começar, por onde ir, com que meios, com que pressa ou lentidão. Como nos dissemos, minha amiga e eu, para nos sabermos, sabermos o ponto que nos faz bem, aquilo que nos convém, a mais ninguém. Porque, ao fim e ao cabo, somos ilhas perdidas nesse mar insano, à deriva, feito a jangada de pedra do Saramago. Bússola? Não, não preciso de direções. O meu norte, o meu sul, meu nascente e poente, minha rosa dos ventos, estão todos aqui mesmo, dentro de mim. Preciso encontrar minha latitude e altitude, minha melhor condição de temperatura e pressão, meu equador, meu equinócio. Quando o sol que me aquece não gerar uma sombra de mim mesmo, é nesse ponto que estarei, equilíbrio enfim.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Uma brasileira em Portugal

Este post atende a um pedido de uma amiga e leitora que viu a informação no Idelber, no dia 8 deste mês, e pediu para eu publicar também. Faço um copy and past rapidinho do Idelber: "Ana Virgínia, presa desde o dia 5 de julho em Portugal e vítima de uma sucessão de horrores. ... Ana Virgínia Moraes Sardinha, brasileira, de classe média/alta, administradora de empresas, começa a namorar com um português de nome Nuno Guilherme de Almeida Sampaio. Depois de firme o namoro, marcam uma visita de Ana a Portugal, junto com seu filho de 6 anos, Leonardo Brittes Sardinha. Nuno acaba não se dando bem com o garoto e Ana se muda para um hotel. Leonardo sofre de epilepsia. Ana, precavida, havia trazido do Brasil a medicação." Leia a continuação em O Biscoito Fino e a Massa. É de arrepiar. E é notável como o horror pode assumir faces de forma tão cruel.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Duas caras

Domingo publiquei no Meu Rugido Dominical um post sobre as diversas faces que temos que assumir para sobreviver no dia-a-dia, motivado pela estréia da novela "Duas Caras", da Globo. Nesta terça-feira, 2, ao navegar pela internet, dei de cara (!) com a fotomontagem de Jean Charles de Menezes (face direita), morto por engano pela Scotland Yard em Londres, e do terrorista Hussain Osman (face esquerda), que seria o terrorista suspeito, alvo da polícia. Jean Charles, 27 anos, foi morto a tiros em 22 de julho de 2005 na estação de metrô de Stockwell (sul de Londres) por policiais que o confundiram com Osman (qualquer semelhança com Osama não é mera coincidência). Osman é um dos envolvidos nos atentados fracassados de 21 de julho de 2005 contra a rede de transportes da capital britânica. A segunda audiência do julgamento dos policiais que assassinaram Jean aconteceu nesta terça-feira em Londres. O julgamento deverá durar mais de quatro semanas. No ano passado, a promotoria britânica decidiu exonerar os agentes envolvidos no incidente e processar a Scotland Yard por crimes contra a Lei de Segurança e Higiene no Trabalho. Jean talvez tivesse duas faces, a do cara que queria trabalhar em Londres e a outra, de imigrante ilegal, que fugiu da polícia por medo de deportação. A Scotland Yard sim, tem duas caras, conforme se provou com o amontoado de mentiras no caso. Que a justiça britânica, ao menos, tenha apenas uma face e condene os criminosos.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Ordinariazinhas

OK, já estou até meio ignorantão com esta história. Mas, com este post, encerro o travo de banana verde na boca. Prometo. Direto do Pilândia, a explicação do esquema, esquematizado de forma a mostrar como você, ilustre leitor, paga a conta. Ihhh!!! Fod....!!!! E chega disso porque ninguém, nem eu, nem você, nem os outros, aguentamos mais. Descansemos.

sábado, 11 de agosto de 2007

Relaxa porque a suavidade é restrita

Que o mundo é um ralador, todos sabemos. Rala-se para tudo: para viver, para comer, para sobreviver, para rir, chorar, viajar, dar, receber, fazer e não fazer. Sangra-se o tempo todo para tirar o suco e no fim, às vezes, o que resta são apenas bagaços. O segredo de ralar sem perder os dedos e outras partes pudendas é ter fé de que a ralação te levará para algum lugar. Depois, se o nível de stress está no vermelho, basta trocar o lado do ralador. Sempre há a possibilidade de enxergar novas perspectivas. Agora, quando tudo já está a escorrer pelo ralo, aí, meu amigo, relaxa. Eu diria para gozar também, mas, guardadas as proporções do fetiche, enjoy or not!

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Ação e reação

Está na edição da Folha de S.Paulo de hoje. Só porque postei uma charge com o dito cujo, a resposta veio feito um raio: o novo visual de Marcos Valério. Segundo a matéria (www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc1008200718.htm), a nova estética do publicitário acusado de pagar "mensalão" a deputados da base aliada foi construída em duas etapas. "Em 2006, deixou crescer os cabelos nas laterais e na parte posterior da cabeça. Agora, apresenta implante de cabelo na parte superior. Ontem, na hora do almoço, andava pelas ruas da Savassi, zona sul da capital mineira, e quase não era reconhecido."

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Fuja dos furinhos

Há alguns medos irracionais e patológicos que nem mesmo vistos à luz do dia deixam de ser menos assustadores. O medo é uma defesa nata nos animais e, nessa condição, nós, humanos, somos os seres mais estranhos. Arrepios nos pêlos, friozinho na espinha, cabelos eriçados. Tudo isso soa algo primitivo e é isso mesmo: somos dotados de percepções para fugir do perigo, real ou imaginário. Na categoria dos medos bizarros, há um, de uma amiga, que se destaca pela originalidade e simetria: ela tem medo de furinhos ou de tudo que tem furinhos: ossos, queijos suíços, raladores de cozinha e por aí vai. Perguntei para ela por que. Me disse que não sabe, que os furinhos lhe assustam e lhe deixam com mal-estar. Tenho para mim que os furinhos significam para ela um exército coordenado, pronto para atacar, e que são millhares de olhinhos que, nas piores noites, a seguem cheios de furor!

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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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