A boy in a shop
Um menino numa loja. Num passado distante. Lá pela metade dos anos 80. Quando as ilusões ainda não estavam por completo perdidas. Ah! Eu que nem conhecia Balzac, não temia, pois, perdê-las, as ilusões, posto que não as tinha conscientemente.
Depois, elas chegaram e me convenceram a alimentá-las e, ao fazer isso, aumentei a carga do mundo que vive de ilusão em ilusão e morre na ilusão de achar que perdeu algo que nunca esteve lá. Doce assim, talvez amargo. Mas fato.
Antes de tudo, antes que as ilusões se fizessem e se desmanchassem, no entanto, houve momentos únicos em que tudo era possível. Que pena que tenhamos sonhado tanto para constatar que não passam disso, desejos apenas.
Dentro de alguns dias, me verei cara a cara com um pequeno pedaço desse universo que ficou lá atrás, encoberto pelo pó de ilusões destruídas. Resgatarei, momentaneamente, um pedaço de uma adolescência confusa e, ainda assim, cheia de perspectivas do que estava por vir.
O que estava por vir chegou e... e daí? Vou ver os Pet Shop Boys ao vivo, em pocket show praticamente. Viajei muito embalado pelo som dos Pet. Hoje me sinto tanto quanto um pet num shop, feito milhares de outros pets que apenas rosnam dado que os latidos já se calaram. Feito dominós que dançam e se derrubam uns aos outros em labirintos sem fim.