A caminho da roça, tudo o que as pessoas desejam é fazer uma colheita feliz

Este ano, a Organização das Nações Unidas (ONU) prevê que, da população mundial total - pouco mais de 6,8 bilhões de pessoas - cerca de 51,3% - ou 3,488 bilhões de habitantes - passem a viver nas cidades. Até o ano passado, a proporção da população urbana e da rural era de 50/50. Com isso, a migração da humanidade do campo para a cidade, iniciada na década de 60, atinge um novo patamar em que o mundo estará mais urbano do que rural.


No Brasil, o processo de urbanização aconteceu de forma relativamente rápida: na década de 50, éramos 36,2% do total da população na cidade. Em 2000, já chegávamos a 81,2% da população que vive nas cidades. Em 2005, saltamos para 84,5% do Brasil que vive nos meios urbanos, o que significa, praticamente, que de cada 10 brasileiros, quase 9 vivem nas cidades. Até 2050, a projeção do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) é que sejamos 93,6% urbanos.


Esses dados confirmam que a migração do campo para a cidade é uma realidade mundial. Eu, particularmente, faço parte dessa massa migratória quando, com a minha família, deixei a roça para morar na cidade. Assim como, praticamente, todos os meus vizinhos rurais. Atualmente, uns poucos resistentes, aos quais chamamos entre nós, em casa, de "sertanejos", permanecem assentados no campo.

Essa migração não acontece sem traumas. Leva-se tempo para se adaptar à cidade e para que a cidade, finalmente, te acolha. Estamos em 2010 e esse processo de ir da roça para a cidade acontece há, pelo menos, uns 70 anos em todo o mundo. Nesse contexto, há pelo menos duas gerações que se desenvolveram nas cidades e o campo passa a ser uma tênue lembrança. Por vezes, nem isso.


Mas a internet, com sua poderosa presença, tem feito o caminho inverso. Ainda que virtualmente, há um enorme contingente de pessoas - estima-se que sejam mais de 250 milhões em todo o mundo - que passam algum tempo totalmente ocupadas em seus afazeres em suas fazendinhas virtuais. Em geral, as fazendas ou roças virtuais estão atreladas a alguma rede social como o Facebook. No Brasil, destaque para a presença do Orkut. Apenas o Facebook tem 350 milhões de usuários e, desses, mais de 100 milhões são fazendeiros.


As fazendinhas virtuais representam, de alguma forma, o retorno ao campo. Já que não podemos mais cultivar nossos roçados, tratar das galinhas, escovar os cavalos, ordenhar as vacas e preparar a terra, plantar e colher in natura, o mundo virtual acabou por nos carregar para um universo em que não há intempéries: não chove, não há devastações e basta ficar atento ao prazo das colheitas e aos vizinhos para enriquecer. Dessa forma, urbanos, nos deslocamos, na segurança e conforto de nossos computadores, para a terra. Tornamo-nos lavradores online. Onde as lavouras, longe de serem arcaicas, são mecanizadas e, sobretudo, assépticas: não nos sujamos e somos, quase sempre, excelentes vizinhos.


Abaixo, os jogos das fazendas virtuais mais famosos com os respectivos links:


- FarmVille: talvez seja a fazenda virtual mais bem-sucedida. São mais de 100 milhões de usuários ativos. O aplicativo pode ser acessado tanto no site da Zynga, proprietária do jogo, quanto por meio do Facebook.

- Colheita Feliz: é a onda do momento do Orkut e estima-se que pelo menos 14 milhões de usuários já ativaram suas atividades de agricultura e pecuária.

- FarmTown: com mais de 20 milhões de usuários, essa é a fazenda virtual da empresa Slashkey's. Foi a primeira fazenda virtual do Facebook, suplantada (ou plantada?) pelo FarmVille.

- FarmLife: é da poderosa desenvolvedora de games Ubisoft e pode ser acessada de forma independente no site próprio ou também pelo Facebook.

- HappyFarm: tem quase 20 milhões de adeptos, dos quais Taiwan se destaca com 3 milhões de jogadores.  Em Taiwan, chegou a provocar polêmica quando o governo decidiu limitar o acesso aos funcionários públicos porque as pessoas gastavam a maior parte do tempo na fazenda do que no escritório. O game é da Arcade Studio. Também está no Facebook.

- CountryStory: é o game da Playfish, recentemente comprada pela Electronics Arts, empresa conhecida no universo de videogames que tem títulos como "FIFA Soccer", "Spore", "The Sims" e "Need for Speed", entre outros. Também está hospedado no Facebook.

A cena gay nos games

Anteriormente, comentei sobre o game GTA IV e a expansão gay que aquele game trazia para o universo gay, já que o protagonista é homossexual. Neste mês de novembro chegou à Europa o game "Dragon Age: Origins", desenvolvido pela BioWare Edmonton e lançado para PC (Windows), PlayStation 3 e Xbox 360. É um jogo de role-playing game (RPG) em que os personagens incorporam as 'origens' de cada raça (humanos, elfos) e de classes sociais (nobres, plebeus). De fato, com isso, fica determinado o caráter de cada jogador. A função do jogador é salvar o mundo e não importa se é bom ou mal, e sim que, conforme as escolhas, o mundo será alterado. Por exemplo, o jogador pode decidir quem será o rei e isso afetará nações e raças.

São três classes de caráter para se escolher: malandro, guerreiro ou mago. Os personagens principais são Duncan (guerreiro) e King Cailan Theirin (rei). Os personagens NPC (non-player character ou cujo script no game é automaticamente dirigido pelo software) são Wynne (mago), Alistair (guerreiro e hetero), Morrigan (mago e gay), Oghren (anão), Sten (estátua de bronze), Leliana (guerreira e bissexual) e Zevran (elfo e bissexual).

No game, a potencial (porque pode ou não ocorrer, depende de suas escolhas) relação gay acontece entre você, jogador, e Zevran, elfo (ou duende, como alguns preferem), que nasceu em um bordel e ficou famoso como ladrão e assassino (é o lourinho das fotos). Bem ao estilo canalha. Mas, para alguns críticos, Zevran carrega uma série de estereótipos relacionados à cena gay. Zevran não está interessado em algo mais do que sexo casual (leia o diálogo entre Zevran e o jogador, quer dizer, você). Bem, isso não é exatamente um estereótipo. É a realidade.

A despeito de GTA IV e outros games como Fallout 3 terem abordado o assunto e até mesmo ter mostrado personagens gays, nunca se chegou tão longe na questão da sexualidade e, humm!!!, não existe palavra melhor e vai essa mesma, inclusão gay no universo dos games. A BioWare, que desenvolveu o jogo, testará, com Dragon Age, a eventual reação homofóbica de muitos jogadores.

Em outros games, já foram retratados sólidos relacionamentos gays na comparação com o desejo de Zevran de praticar apenas sexo casual. Talvez isso reflita uma diversidade na forma como os homens gays serão retratados daqui por diante nos games.

Abaixo, o diálogo entre Zevran e o jogador nos momentos da cena de sexo (vídeo após o diálogo):

- Jogador: Quer me acompanhar à tenda?
- Zevran: Há alguma coisa para matar? Essa é a minha especialidade.
- Jogador: Tenho certeza que você é bom em muitas coisas.
- Zevran: É uma boa oferta ... Especialmente vinda de outro homem. Se estamos a falar da mesma coisa.
- Jogador: Acho que sim.
- Zevran: Ah, eu pensei que você era apenas mais um guerreiro típico. Muito bem ...
(...)
- Zevran: Eu sabia que ia acontecer. Devo dizer-lhe que sabia quando você se recusou a me matar. Era inevitável.
- Jogador: Eu pensei que você tinha sido cativado.
- Zevran: E com que sutileza! Foi uma forma de arte sedutora, talvez? E agora, o que vamos fazer?
- Jogador: Eu ia fazer a mesma pergunta.
- Zevran: É o seguinte, querido: ser guerreiro é a sua escolha. Eu levo o meu prazer onde ele está. Mas eu não estou pedindo nada.
- Jogador: E o que você diria de uma história de amor?
- Zevran: Eu nasci de uma prostituta e fui criado para ser um assassino. Eu sei que existe o prazer e a morte. Entre os dois, qual é o lugar do amor? Devemos seguir nossos caminhos. Um novo dia amanhece.

Prince of Persia: Sands of Time

A Walt Disney Pictures liberou o primeiro trailer do filme "Prince of Persia: Sands of Time" ("Príncipe da Pérsia: as Areias do Tempo"), baseado na série de games de mesmo nome, lançados a partir de 1989. O game foi adquirido pela Ubisoft em 2003. E é o jogo lançado em 2003 que agora vira filme da Disney.

O longa-metragem é dirigido por Mike Newell (o mesmo de "Harry Potter e o Cálice de Fogo") e protagonizado por Jake Gyllenhaall ("O Segredo de Brokeback Mountain") A previsão de estreia é no dia 28 de maio do ano que vem, no mercado norte-americano e, segundo pesquisa divulgada nos EUA, "Prince of Persia" é o sétimo filme mais aguardado pelo público.

Eu já joguei dois games em PS2 dessa série - o próprio "Prince of Persia: Sands of Time" e "Prince of Persia: The Two Thrones" (de 2005) - e gostei bastante.

Mais uma baladinha gay do GTA IV

A RockstarGames liberou mais um trailer do game "The Ballad of Gay Tony", expansão gay do jogo Grand Theft Auto IV (GTA IV). A previsão é que o game seja lançado no dia 29 de outubro (apenas para Xbox 360).

Como publicado neste post anterior, "The Ballad of Gay Tony" tem como protagonista o dominicano Luis Lopez, braço-direito de Tony Prince (Gay Tony). Gay Tony é o proprietário do maior clube gay de Liberty City. No trailer, veja homens malhados e o barman sarado, tal qual você vê nas casas noturnas (GLS ou não).

Você sempre será o rei desta cidade

O título do post é o nome do clip de "Liberty City" do game Grand Theft Auto - GTA IV, da Rockstar Games. São dois episódios que chegam ao mercado para download no dia 29 de outubro, a US$ 39.99, apenas para Xbox. Esses episódios fazem parte do segundo pacote de expansão do game.

O babado é forte. O primeiro episódio do GTA IV - Liberty City é "The Ballad of Gay Tony" (a balada do gay Tony) e traz o submundo noturno de Liberty City, cujos destaques são o protagonista mafioso gay - Tony - e outros gays famosos. Tony é dono de uma casa noturna em Liberty City e celebridade. O codinome completo é Tony 'Gay Tony' Prince. No game, o jogador disputa com concorrentes a lealdade da família e de amigos e lida com a incerteza de quem é real ou falso em um mundo onde todos têm seu preço. Parece até vida real, né?

Alguns gamers não gostaram da guinada da Rockstar ao levar o homossexualismo ao GTA IV. E houve, em fóruns de games, várias reclamações, inclusive com declarações sexistas, machistas e indicações de boicote à empresa. Bobagem!

Primeiro: o protagonista do game não é o gay Tony. Tony Prince já é familiar ao universo GTA. Em Liberty City, o personagem é frequentemente citado por sua insatisfação com o que fazer de madrugada na metrópole. Para ele, a noite tem poucas novidades. A despeito das drogas e orgias que se seguiram após o 11 de Setembro. Sim, há esse viés também. Tony é filiado ao Ancelottis, o mais fraco dos cinco grupos mafiosos italianos da cidade.

Segundo porque o jogador será 'Luis Fernando Lopez', um gângster dominicano e guarda-costas de Tony. Uma espécie de leão-de-chácara e assistente em tempo integral de Tony. O gamer, portanto, é heterossexual, e não gay, como Tony.

De qualquer forma, GTA IV - Liberty City é controverso, assim como o foram as edições anteriores. Você, gamer, estará cercado de personagens gays - menos estereotipados do que poderia se imaginar -, mas o homem que conduz o jogo é hetero, com certeza. Isso porque o personagem mais gay do GTA IV - Bernie Case - já o afirmou antes. Na primeira expansão do GTA IV, o gamer é convidado a grampear o veículo de um político - Bryce Dawkins. Mas, e aí é que está a provocação, Bryce, em oposição aos valores familiares que defende, tem um caso com... Bernie.

Claro que a Rockstar gosta da polêmica. Mas a orientação sexual de alguns personagens - e mesmo o nome do episódio - trata-se, provavelmente, de mais um apelo de marketing. O legal é que, quando se trata de GTA, nada é leve. Todos os jogos da série são bastante violentos.

Hoje, 1º. de setembro, saiu o primeiro trailer de "Ballad of Gay Tony", que você pode ver abaixo:

Junto com "The Ballad of Gay Tony" chega também o episódio "The Lost and Damned" para Xbox. "The Lost and Damned" fez parte da primeira expansão do GTA IV e tanto Tony quanto Luis Lopez apareciam nesse episódio como personagens secundários. Sinal dos tempos e da busca, pela indústria de games, por inovações que provoquem e atraiam, por fim, os jogadores.

E3 sabota os falsos pudores e volta com corpos em evidência

Parece que não são somente os salões de carros que acreditam que uma mulher em trajes sumários atrai compradores. Como de resto, em quase todos os eventos, sejam de tecnologia, de beleza ou seminários médicos, lá estão as simpáticas recepcionistas nos stands, prontas para sorrir para você. Claro, os meninos também têm vez, já que, ao que consta, pelo menos nos eventos que eu cubro, apenas a ala feminina não dá conta do assédio dos visitantes.

A maior feira de games do mundo, a E3 (Electronic Entertainment Expo), apostou fundo na conotação do próprio nome - show do entretenimento eletrônico -, talvez para afastar o fantasma da crise mundial, e, além de aumentar o palco de exposição, investiu em modelos femininas provocantes.

A E3 foi alvo de multas em 2006 por usar o artifício. Depois, a partir de 2007, tornou-se um evento fechado para o público, e recebe apenas a mídia especializada e as maiores produtoras mundiais de games, que expõem as novidades que povoarão o mercado de videogame em todo o mundo. Quando foi multada, a E3 chegou a elaborar uma cartilha de recomendações para as empresas e explicou que a produtora que exibisse modelos em conduta sexualmente explícita ou provocativa, inclusive nudez parcial ou total, seria multada em US$ 5 mil.

Na edição deste ano, E3 e produtoras mandaram os falsos pudores para o espaço e deixaram claro que até mesmo o universo ficcional dos games depende, sim, do humano, quer dizer, mais especificamente da quantidade de corpo humano que pode ser mostrada para convencer compradores a levar o produto.

Bem, se você não esteve em Marte nos últimos tempos, sabe que os games, de inocentes, não têm nada. Alguns, inclusive, saem de fábrica com cenas de sexo explícito. E depois são recolhidos, em estratégia bem-sucedida de marketing. Talvez, também, seja para amenizar jogos como "The Saboteur" (da Pandemic Studios), que se passa na Segunda Guerra Mundial, com cenas bastante realistas de sabotagens e de assassinatos, como você pode conferir nas imagens acima. "The Saboteur" sai em novembro para PC, Xbox 360 e PS3.

Abaixo, cenas do game e trechos de entrevista com os desenvolvedores.