Você vale o chão que ela pisa?
Você, seu canalha, já parou para se perguntar se vale o chão que ela pisa? Ou, melhor, se vale o solado do sapato que ela usa para pisar o chão no qual você rasteja? O assunto é tão universal que ao menos dois nomes badalados têm obras com esse nome: "O Chão Que Ela Pisa" (The Ground Beneath Her Feet), livro de Salman Rushdie, que recria de forma moderna o mito de Orfeu e Eurídice e transcorre em Mumbai, na Índia. O tema é sobre o amor, morte e rock-roll. O título deste livro levou o U2 a compor música com mesmo nome que, tenho certeza, você já ouviu (confira no vídeo lá embaixo). Ah! E tem também a versão nacional, do CPM 22.
Sapatos e mulheres são, eu diria, siameses: os primeiros estão ligados às segundas como se unidos umbilicalmente estivessem. Desconheço, da singela caipirinha que se calça com o melhor par aos domingos para ir à cidade até a mais imodesta prima-dona, mulher no mundo que, descalça, se compraza com a figura que faça, desfalcada que está do anabela, do salto Luís XV ou do escarpin. É mentira se elas afirmarem o contrário: estão, antes, a debochar da falta de sensibilidade tua, macho que, se desconhece a relação sapato-mulher, nunca desvenderá a alma feminina. Melhor: jamais terá um vislumbre do que seja um alma feminina cujo corpo insiste no precário equilíbrio sobre montes mais pontiagudos do que o Everest.
Pois que colinas erigem as mulheres, a que elas, de forma ponderada, simplesmente deram o nome de saltos. Saltitam nos saltos feito gazelas. E, ainda que não dominem as artes de se esgueirar centímetros acima do chão o qual, na condição de cão sem dono, você lambe, elas andam, trotam, se atropelam e se equilibram feito malabaristas chinesas em circo mágico.
"Tu pisavas nos astros distraída/Sem saber que a ventura desta vida ...", compôs Orestes Barbosa para que Sílvio Caldas cantasse. Elas pisam com saltos-agulha, que estilhaçam feito estalactites o gelo de corações duros. Quando, na solidão de um piso de mármore, você ouve "toc, toc, toc", pode ter certeza: por cima daquele par de couro, no cimo, uma mulher se faz a extensão dos sapatos.
E por que estou a falar de sapatos? Porque, tenho certeza, é um fetiche - feminino e masculino. E porque um sapateiro famoso acaba de abrir uma loja onde cada par de sapato - em média, R$ 2 mil - conta uma história, uma trajetória, toca um sino aonde deveria haver apenas o toque do salto no solo. Porque as mulheres gostam de sapatos e não me custa nada homenageá-las com um post sobre o assunto e estampá-lo com os modelos desse sapateiro, Christian Louboutin, cuja marca registrada são os solados vermelhos e, para as noivas, azuis.
Louboutin, por certo, conhece a alma feminina: "Queria que as mulheres deixassem uma imagem quando vistas indo embora", afirma, quando questionado como cria os sapatos que calçam estrelas que, literalmente, pisam nos astros: Nicole Kidman, Sarah Jessica Parker, Madonna, Reese Witherspoon, Angelina Jolie e Katie Holmes, entre tantas outras. E rainhas e princesas que existem fora dos contos de fada como Elizabeth II e aquela que já não está mais entre nós, Lady Di. Como não confundir Louboutin com um Manolo Blahnik ou com um Jimmy Choo? Solado, minha cara, solado, como já disse: vermelhos ou azuis. Únicos.
E, de volta a vocês, canalhas, ainda acham mesmo que valem o chão que elas pisam? Da próxima vez que pensarem assim, observem o solado dos sapatos da amada e verifiquem. Se o par for, em média, cerca de cinco salários-mínimos (R$ 2.325), como os do Louboutin, melhor pisar em ovos.
8 Comentários:
Red,
Tenho para mim que os sapatos dizem muito sobre quem os calça, nao importa se homem ou mulher. Por isso, sempre estou atenta ao caminho dos outros, uma cruzada de pernas, a uma passada ligeira.
Beijo
Que mulher não ama sapatos, ne?
La Voyageuse, como sou mais podre, estou sempre atento é em outras partes. Os sapatos são, quase, o último item na minha avaliação, a despeito de eu gostar. Mas, ao invólucro, eu prefiro mesmo é o conteúdo. Beijo!
Fê, não é mesmo, amiga? Beijo!
Red,
Nem me fale. Digamos que os sapatos sao, na maior parte das vezes, um detalhe diante importante de um conteudo mais interessante ainda.
Bejio e bom final de semana
La Voyageuse, o melhor, de vez em quando, é ser pisado, no sentido fetichista do termo, se é que você me entende. Beijo e bom final de semana igualmente!
coitada de mim...o chão que piso é bem baratinho.
um beijinho
Ana
Ana, que nada! O fetiche funciona independentemente do preço do sapato que você calça. Beijo!
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