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quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Um conto que não foi inventado por Sherazade

O versículo está naquele que considero, literariamente, um dos maiores livros da civilização, a Bíblia: "todo aquele... será comparado a um homem insensato que edificou sua casa sobre a areia e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa e ela desabou, sendo grande a sua ruína".







Faço uso desse popular e válido alerta para o relacionar com a crise, mais uma, que, desta vez, como tempestade de areia, deve anuviar parte do mundo globalizado: a Dubai World, empresa estatal de investimentos dos Emirados Árabes, declarou, nesta quinta-feira, 26, moratória. A moratória, como bem podem recordar os brasileiros acima dos 30 anos, trata-se de um regime de exceção pelo qual o devedor pede alongamento a longo prazo de suas dívidas ao credor.







A Dubai World tem dívidas que totalizam US$ 59 bilhões - a moratória estende o prazo para pagamento para maio do ano que vem - e afeta todos os setores de Dubai, a rica capital do Oriente Médio incrustrada no meio do Deserto da Arábia.







A capital dos Emirados Árabes registrava, nos últimos seis anos, um crescimento magnífico e remetia o Ocidente aos contos das "Mil e Uma Noites". Mas em versão moderna: as maravilhosas construções em formato de palmeira sobre o mar, registradas por satélite, a estrutura mais alta construída pelo homem, o metrô mais curto e mais caro do mundo e outras obras do tamanho do ego dos xeques do emirado. Com algum atraso em relação ao resto do mundo, Dubai e seus castelos construídos sob o nada ruem no efeito cascata que assola o mercado imobiliário mundial.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

O pão nosso de cada dia, e o circo, o vinho, o banho, a geladeira, o vaso sanitário...

O governo federal anunciou nesta segunda-feira a prorrogação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para, pelo menos, uns oito setores diferentes da indústria, os chamados bens de capital. Com isso, fica garantido um imposto menor, entre os principais, sobre o pãozinho do café do manhã (e, por extensão, sobre a farinha de trigo), veículos, geladeiras, fogões, vasos sanitários, pias, chuveiros etc. etc.

Teremos alimento, transporte e higiene patrocinados. Afagados assim por bens materiais, talvez que não queiramos mais nada, porque ao espírito, esqueceram de lhe dizer, não sobra nem tempo para calcular o quanto nos vendemos baratos agora para, no futuro, estimar o quão caro isso nos custará.

Porque não tenhamos dúvida: não somos um oásis com mananciais eternos que sobreviverão impunemente em meio a avalanche mundial a que assistimos todos os dias.

Da lista de produtos isentos, saquei alguns itens que parecem mais pitorescos que palhaços tristes em picadeiros de miseráveis circos. Parece que estou a viver de listas, tal a quantidade a que tenho me dedicado, ultimamente, a descrever, laboriosamente. Entretanto, não sou fã dessas relações. É que me surgiram, de repente, em diferentes contextos. Vamos ao listão de isenções:


- Motocicletas de 1 mil a 2 mil cilindradas: depois de apear dos cavalos, que eram nossos principais meios de transporte, tomamos gosto pelos veículos de rodas: primeiro, as carroças, depois, em menor escala, bicicletas. Mais à frente, ainda com pouca abrangência, a classe média começou a motorizar-se. De uns 2 ou 3 anos para cá, a indústria automobilística nunca vendeu tanto e nem tantos andaram tão pouco com carros novos nas cidades congestionadas de artérias movidas a fósseis, sem saber que somos, também, precoces fósseis. As motocicletas, que existem em profusão na China e na Índia, e já são hype no Brasil há muito tempo, deverão cerrar fileiras quais os cavalos de antanho, com a diferença que os coices são mais violentos e o bafio é mais impertinente.


- Banheiras, boxes, pias e lavatórios (de plástico, de porcelana e de cerâmica, que é para nenhuma classe ficar de fora): devemos, os brasileiros, tornarmo-nos o povo mais asseado do mundo, depois desse exaustivo esforço em direção à higiene pessoal individual. Nós, que tomávamos banho de canequinha, de rio ou sob a mangueira d'água dependurada ao ar livre, evoluímos para, afinal, os poderosos banhos de imersão. Pois que se desde os romanos os melhores banhos são assim, por que deveríamos prescindir da banheira, do boxe rigorosamente vedado e de pias e vasos sanitários de porcelana? Pois que se nossos avós e bisavós usavam a 'casinha', problema deles, que não tinham os confortos da 'mudernidade' mundana de hoje, não é? Faltou liberar a isenção para o setor de cosméticos, que quero os meus sais, óleos e emulsões para as 3 horas de banheira que pretendo usar para meu prazer hedonista.


- Portas cadeadas, grades e redes de aço, fechaduras, ferrolhos, dobradiças, gonzos, charneiras e outras ferragens do tipo: eis que depois da Idade da Pedra, do Bronze, do Papel, da Tesoura, do Cimento, do Petróleo, chegamos, enfim, à Idade do Ferro. O ferro, como se sabe da tabela periódica, é um elemento químico que ingerimos por meio de alguns alimentos e, se consumido sem excesso, dizem que faz bem. Creio que a equipe econômica associou esse elemento às minas de ferro, bauxita, manganês, caulim e níquel para se contrapor à crescente incorporação de ferro (metal, não do elemento químico) pelos chineses. É tanto ferro que passaremos a próxima geração inteira com gosto de ferrugem na boca. As construções devem, segundo minha intuição, ganhar peso sobressalente e espero, pelo bem dos potenciais proprietários, que os arquitetos e engenheiros levem em conta esse sobrepeso para que as estruturas (as quais, imagino, serão de ferro) sustentem tudo sem que aquilo que é sólido desmanche no ar.


- Chuveiros elétricos e disjuntores: a eletricidade é, literalmente, o motocontínuo da sociedade e não vejo porque esse ramo deveria ficar de fora. Pois que, de apagão em apagão, ficaremos, quem sabe, apagados de uma vez por todas. Enquanto isso não acontece, é bom que os disjuntores sejam consumidos aos milhares - e o são, dada a má qualidade da transmissão de energia elétrica, com sobrecargas que nos parecem piscadelas e são verdadeiras ameaças a médio prazo - e que os chuveiros elétricos estejam relativamente de prontidão caso as banheiras lá de cima provem-se, por fim, inviáveis, tanto pelos tamanhos diminutos de nossas moradas quanto pela total ausência de praticidade e de tempo para usufruir de um banho de leite de cabra como Cleópatra. Que, na confusão entre disjuntores e chuveiros, se chegue a um bom termo para que um - o disjuntor - não derreta, e faça com que o outro - o chuveiro - derreta a um de nós, por etapa, porque tudo nessa vida não passa de um gigantesco jogo de dominó no qual as pedras pequenas são reduzidas a migalhas pelas grandes e as grandes viram pó sob o peso da própria inconstância inerente a quem se dá mais valor do que o tem realmente.


E sem falar no pãozinho, na geladeira, fogão, máquina de lavar roupas, carros e caminhões. Que somos industrializados, dependentes de máquina (os meus eletrodomésticos os quero em aço inoxidável que, olha só, também receberam seu quinhão de isenção).

Não me estranhe, caro(a) leitor(a), e ao imenso desabafo. É que estou a ver a casa a cair, ainda que a liga (cimento), a estrutura (o ferro) e o acabamento (louça sanitária), aparentemente, estejam garantidos por decreto federal. Um sopro e os castelos, reais e imaginários, penderão feito pequenos arbutos nas encostas dos morros de ventos e chuvas uivantes.

Pois que, jornalista e gastrônomo, vejo que a primeira profissão afunda, em concurso de colegas para entender quem vai à lona primeiro, e que a segunda, sim, tem sobrevida porque, ao que me consta, o alimento do corpo sempre leva a melhor sobre o alimento do espírito.

Não se trata de um lamento particular. Apenas, como jornalista, minha incredulidade tende a crescer feito minha intolerância com esse tipo de aceno paternalista que, de fato, substitui os agrados de políticos de ontem a quem, para ganhar votos, bastavam-lhe arcar com o pão do dia da eleição. Com o eleitorado mais profuso, hoje, há que se lidar massivamente com a massa e nem só de pão vive a massa, pois não? É que estava tudo engasgado na garganta e saiu aos borbotões. Só isso. #Prontofalei!

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Seremos 200 milhões em ação em 2014. Pra frente, Brasil?

Éramos 90 milhões em ação em 1970. Hoje, somos mais de 191 milhões e, em 2014, seremos quase 200 milhões. Pra frente, Brasil! Que um filho teu não foge à luta. Antes que me apontem ares de ufanismo, aparentemente embriagado de verde e amarelo, refuto a festa que celebra o País como palco do maior evento mundial de 2014, a Copa do Mundo. Que antes venha o pão e apenas depois, se houver tempo e vontade, o circo.


A um custo inicial previsto de R$ 5,7 bilhões (cerca de US$ 3 bilhões), o Brasil começou, neste domingo, 31, o desafio para se preparar para a Copa do Mundo de 2014. A Federação Internacional de Futebol Associação (FIFA) anunciou as 12 cidades-sede da copa que o Brasil abrigará daqui a cinco anos.


(Vivaldão, Manaus)


(Morumbi, São Paulo)

Conforme esperado, as cidades que sediarão a Copa são: Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo (veja os projetos de cada capital no decorrer do post). O anúncio foi feito pela FIFA em Nassau, nas Bahamas, e acontece 59 anos depois do Brasil ter sediado o Mundial de 1950. Na ocasião, foram sede dos jogos as cidades de Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo. Na disputa entre as cidades brasileiras, ficaram de fora as capitais Belém, Campo Grande, Florianópolis, Goiânia e Rio Branco.


(Nova Fonte, Salvador)


(Maracanã, Rio de Janeiro)

O Brasil aguarda esse momento há 32 meses, desde que, em setembro de 2006, anunciou o interesse em sediar a Copa do Mundo de 2014. Agora, o País terá cinco anos para se preparar. Todos os estádios indicados terão que ser reformados ou totalmente construídos. A expectativa é que estejam prontos até o final de 2012, para acolher a Copa das Confederações, em 2013. Mas, quando se fala em prazos, no Brasil, é melhor ficar com um pé atrás ou o risco de sofrer um pênalti no último minuto do segundo tempo é alto.


(Cidade-Copa, Recife)


(Arena do Beira-Rio, Porto Alegre)

Espera-se que o retorno do investimento seja equivalente ao da última Copa do Mundo da Alemanha, em 2006, que investiu 1,7 bilhão de euros na modernização dos estádios e obteve um retorno de 6,5 bilhões gerados por toda a economia que envolve um evento dessa natureza (turismo, venda de ingressos, consumo etc.) A intenção (mas dessas, o inferno está com superlotação) é não repetir os Jogos Pan-americanos do Rio de 2007, que custaram dez vezes mais do que o orçamento originalmente previsto - era de R$ 386 milhões e foi a R$ 3,5 bilhões, bancados, essencialmente, pelo governo federal.


(Estádio das Dunas, Natal)


(Mineirão, Belo Horizonte)

Particularmente, minha opinião é que o Brasil, de forma geral, e São Paulo, onde moro, em particular, estão totalmente despreparados para receber um evento desta envergadura. Em São Paulo, não há sinalização nenhuma em inglês, os taxistas não falam inglês (e raro, o português), não há um transporte público eficiente e toda semana somos espremidos em congestionamentos monstros de 200 Km por toda a cidade.


(Castelão, Fortaleza)


(Arena da Baixada, Curitiba)

Sinceramente, não vejo motivo de euforia para acolher a Copa do Mundo. Imagino que repetiremos, por São Paulo e pelas demais capitais, uma prática que nos é (do governo) muito comum: um verniz superficial, cheio de brilho, com o essencial acobertado da mesma forma que os maus faxineiros fazem com o pó: o colocam por debaixo dos tapetes. Foi assim para receber autoridades internacionais como o ex-presidente dos EUA, George Bush, o papa Bento XVI e outros eventos correlatos.


(Verdão, Cuiabá)


(Estádio Nacional, Brasília)

Faremos, no Brasil, como a China fez no ano passado, ao sediar as olimpíadas: esconde o que é feio por detrás de tapumes e, depois que a poeira das celebrações passa, tudo volta ao normal, com a população a conviver com a realidade rotineira. Mas, no rastro da poeira dos tempos, a propósito, é sempre assim: pão e circo ao povo, de tempos e tempos, e se mantém a turba sob controle.

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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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