Rastreio de Cozinha - 24
Hoje é o primeiro dia que não cheguei ontem. Explico: todos os dias, chego a tempo de postar o Rastreio no mesmo dia da aula. Hoje é terça-feira, dia 1º., e cá estou, ainda, a postar o Rastreio de ontem com atraso de quase duas horas. Não sei se você reparou, mas, todos os posts, exceto uns dois talvez, foram postados exatamente às 23:34 horas todos os dias, no mesmo dia da aula que acabei de ter. E você sabe o que isso significa? Que sou algo meio maníaco por exatidões (não pelos números). É uma coisa bem TOC (transtorno obsessivo compulsivo), que pega em gente como eu. Eu não nasci com teflon. Então, as coisas grudam em mim. O TOC é uma dessas coisas. As duas bolas (para não dizer bipolar de novo) são outras. Tudo bem que já tenho duas. No final, então, são quatro bolas??
O dia, ou melhor, o final do dia, foi estranho. Me atrasei, em função do doce trabalho que é a vida de um jornalista que anda, anda, anda e bate a cabeça feito barata tonta. Cheguei na faculdade por volta de 19:30 horas, quando deveria estar na cozinha às 18:50 horas. Na cozinha, cheguei às 19:45 horas (é um tal de trocar de roupa, de sapato, de colocar esparadrapo cor da pele no piercing, de guardar a mochila na chapelaria etc. etc.).
Geralmente, nossas aulas têm uma parte teórica sobre o que faremos no dia. Mas, eu acho, e estou acompanhado nessa opinião, que os professores têm falado demais. Falam, falam, falam por quase uma hora. Para quem estuda à noite e trabalhou o dia todo, ouvir alguém falar por uma hora em pé, todos os dias, cansa.
Daí que nossas produções, excepcionalmente nesta segunda-feira, 31 (ontem), começaram às 20:30 horas. Saímos da cozinha às 23:20 horas. De novo: 1) pegar mochila; 2) guardar tábua, facas; 3) trocar de sapatos; 4) trocar de roupa; 5) dobrar o uniforme que usarei de novo amanhã; 6) preparar o iPhone para ouvir o iPod no metrô (na rua, nem pensar em fazê-lo); 7) tomar água (sede, muita sede, todos os dias); 8) tirar o esparadrapo do piercing e quase arrancar a orelha junto; 9) ficar trancado na faculdade. Se não fosse uma amiga, que me espera todos os dias (sou uma noiva, demoro muito mais do que ela no troca-troca - de roupa, só!), o tiozinho da portaria teria ido embora. Absurdo!
O resultado disso tudo é que cheguei na avenida Paulista, estação Brigadeiro, exatamente à 0:00 hora!!!! É a primeira vez que isso ocorre, desde o ano passado, quando comecei a faculdade. Assim que me vi impossibilitado de publicar, hoje, o post de ontem no próprio ontem, resolvi ir à forra! Passei no supermercado e fiz umas comprinhas para o meu almoço de amanhã, quer dizer, de hoje, senão, ficarei hoje sem almoço. O resultado você pode ler e ver no final deste post.
Agora, à aula de hoje, que foi ontem. Tivemos nesta segunda-feira aula de Cozinha Brasileira. A abordagem foi a região Sul do País - Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Conheço as capitais desses três Estados. Mas, Florianópolis (Floripa) eu visitei por sete anos consecutivos, a trabalho. Então, posso dizer que conheço bem a gastronomia barriga verde (ou dos manezinhos, que não estou a tirar onda não do povo de Santa Catarina, mas, é uma referência direta a uma amiga, que entenderá o manezinho!).
Fizemos quatro produções: Tainha na Telha, Arroz de Carreteiro, Kassler com Repolho Roxo e Purê de Maçã e Chico Balanceado (doce). Os pratos são do Rio Grande do Sul. O prato típico do Paraná é o Barreado. De Santa Catarina, a Sequência de Camarões. Se algum(a) leitor(a) tiver alguma informação adicional para complementar ou discordar das origens desses pratos, por favor, me escreva. A gastronomia brasileira está longe de ser codificada adequadamente. O Chico Balanceado é disputado pelos três estados do Sul. Em Pernambuco, com banana, o Chico Balanceado se chama Manezinho Araújo. Se alguém souber o porquê da origem desses nomes, me informe também. Não achei.
Vou passar aqui a receita do Arroz de Carreteiro. É o mais básico dos pratos e acompanha quase tudo. E é fácil de fazer. Somente requer cuidado no cozimento. Ao contrário do que se serve, em quase todos os lugares, o legítimo Arroz de Carreteiro deve estar um pouco mais mole do que al dente e deve ficar molhadinho, feito algumas pessoas quando estão no cio (sorry, não há maneira elegante de se dizer isso). À receita porque posso ser acusado de degradado filho de Eva.
Arroz de Carreteiro
Ingredientes
- 500 gr de carne seca
- 100 ml de azeite de oliva
- 100 gr de cebola (1 cebola)
- 20 gr de alho (2 dentes)
- 200 gr de tomate (2 tomates)
- 250 gr de arroz (2,5 mil grãozinhos de arroz)
- 20 gr de salsa (20 folhinhas)
- 1 ovo (1 ovo)
- Óleo (use o suficiente, e aqui há uma discussão filosófica na qual não entrarei)
Modo de preparo
1. Pique a carne seca em cubinhos.
2. Encha uma panela de água e dessalgue a carne. Significa que você deve ferver até tirar todo o sal. Como se faz com o bacalhau. Segredinho: adicione sal à água porque esse processo ajuda a eliminar o sal da carne mais rapidamente. Ao contrário do que você poderia imaginar (e eu imaginava isso até hoje), a carne não ficará mais salgada. Isso também se aplica ao bacalhau. O sódio (sal) jogado na água ajuda a retirar o sódio da carne. Esse mundo não é perfeito?
3. Corte a cebola, o alho e os tomates (sem pele e sem sementes) em cubinhos.
4. Adicione, em outra panela, azeite, o alho e a cebola. Coloque a carne dessalgada e refogue até que fique tudo douradinho. Adicione os tomates e continue o processo de refogar.
5. Adicione o arroz e água fervente para cozinhar.
6. Adicione a tal quantidade de óleo que achar suficiente.
7. Baixe o fogo e corrija os temperos. Adicione mais água, se necessário, até ficar mais para lá do que para cá do ponto al dente (use sua imaginação).
8. Cozinhe o ovo. E aqui, mais uma dica: para saber o tempo correto do cozimento do ovo, a partir do momento de fervura da água, conte 10 minutos. É o tempo exato para o ovo cozinhar. Mas, pode colocar o ovo na água antes. Eu deixo. Ou vai querer queimar seus lindos dedos na fervura?
9. Sirva o arroz de carreteiro com salsa picadinha aspergida por cima e com o ovo cozido.
(Ritualize: Como eu disse lá no topo desse post, já que eu estava mais do que atrasado em relação à linha imaginária que tracei para mim mesmo para postar diariamente, passei no supermercado e adquiri os seguintes utensílios para o ritual de saltear os alimentos. Eu tenho dificuldade de saltear e, por conta disso, adquiri equipamentos corretos e treinarei em casa. O segredo é lembrar-se do "coicinho" que você dá com o cotovelo em alguém que te encoxa em locais apertados como ônibus e metrô. Agora, se você gosta das encoxadas, não posso fazer nada a respeito. Olha a listinha de aquisições:
- Azeite de manjericão fresco
- Aceto balsâmico
- Mostarda Dijon
- Cheiro verde (salsa e cebolinha)
- Cogumelos Shimeji
- Cenoura Baby
- Repolho roxo
- Manteiga culinária
- Espátula de silicone (que roubei de uma peituda que estava lá com um superávit de pelo menos 300 ml)
- Frigideira tipo francesa de 30 cm, ideal para saltear alimentos
Na próxima vez em que pensar em fazer algo, faça como eu. Leve o ritual a sério. Te dá - e aos outros - prazer. Seja carinhoso(a) com o alimento, com você e com o(s) convidado(s)! Abaixo, as fotos.)
3 Comentários:
Quando digo que vc é um príncipe...rs
Que super capricho!!! Amei.
bjs e um super dia
Mara
Pulando de blog em bolg cheguei até o seu, ele é charmoso, mas devo confessar que não cheguei a ler todos os posts, por falta de tempo mesmo!
Vou te deixar um convite para ir conhecer o meu, quem sabe assim a gente não fica trocando comentarios frequentemente, o que achas?
Até a proxima!
Liz
Mara, você quer saber? Faz o maior bem para o corpo e para o espírito. Comunhão, eu diria. Beijo!
Liz, seja bem-vinda. Retribuirei em breve. Beijo!
Postar um comentário