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domingo, 27 de abril de 2008

Meu rugido dominical

O padre Aderi de Carli foi motivo de comentários maldosos até no blog Perez Hilton, dos EUA, depois de ter se arriscado nos céus atado a 1 mil balões de gás e desaparecido no litoral de Santa Catarina. Ontem, sábado, a Marinha decidiu encerrar as buscas. Tinha o padre consciência dos riscos envolvidos nessa aventura? Claro que tinha. Estava equipado com modernos equipamentos de comunicação e havia precedentes!

Mas, por que então se arriscar? Por que se arriscam aqueles que escalam o Everest, sob o perigo imediato de perder orelhas, dedos e nariz para a gangrena do gelo ou, pior ainda, morrer soterrados sob as avalanches? Por que o homem se aventura na conquista do espaço e morre na explosão do desafio (Challenger) ou mergulha a profundidades extremas no mar para morrer sob uma pressão avassaladora?

Por que nos arriscamos nos pequenos e grandes perigos quando já sabemos de antemão as consequências desses atos? Juridicamente, existe a figura da jurisprudência, que prevê o castigo para determinado crime, a atitude diante de uma ação, o meio de conduzir o processo baseado em históricos anteriores.

Não há nada de novo no mundo. Tudo o que fazemos tem precedentes. Os riscos são demasiado evidentes para que os desprezemos. No entanto, e sempre, continuamos a nos arriscar.

Estou numa fase déjà vu da minha vida. Me disseram que os tremores de São Paulo deslocaram meu eixo. Bem, afirmo que não. Os tremores, de fato, já estavam em convulsão dentro de mim antes mesmo que as placas tectônicas começassem seus movimentos de contração e expansão lá longe, no mar.

Não sei se tenho, efetivamente, um eixo que controla o meu emocional, que me estabiliza feito um pêndulo para que a lei da gravidade não penda mais de um lado do que do outro. Realmente, não sei até que ponto o eixo breca eventuais estados de caos. Creio que é apenas uma figura criada por nós mesmos para podermos nos chamar, com algum conforto, de "equilibrados".

Essa fase déjà vu a que me referi consiste em um estado eufórico, a princípio sem uma explicação central, que faz com que eu me sinta bem com o mundo, de uma forma pública, e num estado permanente de contentamento comigo mesmo, em privado. Fico aos risos, falo em 5.400 rotações por minuto (velocidade de um disco rígido), me endiabro.

Fico cheio de idéias, com uma hiperatividade que não é bem minha. Não sei se gosto disso. É o prenúncio de um tsunami. Chego a sentir as pequenas placas dentro de mim no trabalho de preparar a grande onda que, mais uma vez, virá me colher como a um surfista premiado.

Não sei se estou pronto para pegar essa onda e fazer dela mais um ciclo. Realmente, a minha prancha não está com esta parafina toda, não.

É o que eu acho, teórica e objetivamente. Mas, subjetivamente, há o fator "R", de risco. Está lá, vermelho, em estado de alerta. É como um comando: ENTER!!!! Entre o anjinho que controla o doce embalo do pêndulo que controla o eixo e o diabinho que está com um pezinho na tecla ENTER, adivinha quem é mais audacioso?

Pois que o risco, pequeno, médio ou grande, atrai. Todavia e apesar das consequências, atrai. E nada se pode fazer. Não adianta ser racional. Ser cerebral. Não há nada que pare o cataclisma. Não há comportas suficientes para segurar essa onda.

Não vou dizer que então, ovinamente, ficarei à espera. A primeira reação é de negação: não é comigo, nada a ver, não quero. A segunda, de curiosidade: será que ....? A terceira, de aproximação: mas, se eu não deixar, como vou saber? A quarta, de aceitação: OK, que mal pode me fazer, entre o nada atual e o que pode vir?

E aí, cara, já era. O turbilhão te toma, envolvente. Desce feito uma represa que rompe, selvagem. Pois que venha toda essa água. Ordinariamente: quem não arrisca, não petisca. Não gosto muito desses ditos, mas, é verdade, afinal. Quero me inundar, sim, de novo. Por que não? Por que não tentar voar de balões coloridos e quebrar a rotina a que estamos submetidos, pregados no chão? Por que não voar? Fantasiar que tenho asas? Se vou cair em alto-mar? OK, esse risco está lá, devidamente anotado. Só que não sei porque mecanismos, os riscos são devidamente olvidados. Afinal, quem quer ouvir o fatídico refrão "Não te disse?"? Eu é que não.

O padre, afinal, estava certo. Ousou. Se pagou por isso, tinha consciência do ato. O importante é que levou seu desejo de arriscar às últimas consequências. Agora, vou eu ficar aqui, protegido de quê, senão de mim mesmo, com medo de que os balões estourem? Que estourem e, se possível, espoquem feito uma rolha de champagne porque, à esta altura, a hecatombe já estará no controle de tudo o mais.

2 Comentários:

Roney Maurício disse...

Ôpa! Me chamaram aí? Fator R(M), não?

Aqui, tirando a gozação, tô concordando muito contigo. Hoje em dia parece que só tem bundão na praia: políticos, jornalistas, blogueiros, enfim... Ninguém arrisca um milímetro de suas posições, geralmente medíocres.

No Brasil até já inventaram (e há muito tempo) o capitalista averso ao risco... Mas que esse padre era meio pancada, ah...

Redneck disse...

Roney, pancadão ou não, o padre provou de vez que quem quiser falar com Ele, tem que subir aos céus. Piada fraca para uma segunda morosa. Abraço!

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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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