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terça-feira, 15 de abril de 2008

Rastreio de cozinha - 35

La dolce vita! Reprimido como se em Cuba estivesse, mas, com direito a comprar celulares de US$ 120 para um salário mensal de US$ 19, vou me dedicar exclusivamente ao ato de postar sobre gastronomia, já que não posso comentar sobre fusos, rocas, dedos furados e príncipes cujos cavalos brancos estão a galope, mas em direção contrária do que eu poderia supor. Enfim, ces´t la vie. E la vie en rose é só um filme, a despeito de le fabuleux destin d'Amélie Poulain querer provar o contrário.

Teoricamente, me considero informado. Profissional e pessoalmente, devo sê-lo, até porque vivo da informação. Mas, no roldão das provas, eis que me confundo aqui e ali, e tinha certeza de que teria prova prática nesta terça-feira, 15, quando, de fato, a prova prática da disciplina de Confeitaria já ocorreu há duas semanas, exatamente no dia 1º. de abril e, exatamente talvez por conta disso, por tão desacreditado ser este dia (não por mim), não registrei, ou melhor, releguei a informação a regiões remotas do cérebro, chamadas de células piramidais, que constituem-se na maior parte da terceira e quinta camadas do córtex cerebral.


Quer dizer, mais um pouco e estariam lá pelo sétimo inferno de Dante e sua trupe. Como não sou Beatriz, objeto de amor platônico de Dante, mas, ao contrário, por assim dizer, e tristemente, continuo vítima de experiências dantescas como se Dante fosse, sigo por aí, a misturar Dante com Dom Quixote e, às vezes, me bater com moinhos de vento e, simultaneamente, rodopiar pelos círculos infernais. Vida dura essa, de personagem que foge do autor e confunde os livros.

Você viu como demora para engrenar? Estou quase no final do 1º. ato e não consigo entrar na cena! É o mal que acomete dez em cada dez jornalistas: a prolixia. Pensava que, ao encarnar um aprendiz de cozinha, teria superado esse mau jeito com as palavras. Isso não ocorreu e tampouco consegui estabelecer uma relação de camaradagem com a minha faca.


Mas, a vida pode ser doce, sim. Como parte da prova prática, de duas semanas atrás, tivemos um trabalho de pesquisa a ser entregue: "Mudanças de Hábitos Alimentares na Sociedade Brasileira com Relação à Sobremesa". A confeitaria, como tudo neste País, é recente (contamos os anos às centenas, não em milhares, como o Velho Mundo). E essa pesquisa me fez constatar que a indústria da confeitaria é novíssima: começou, efetivamente, apenas após a Segunda Guerra Mundial, o que significa meados da década de 40. Nossa doçura, espalhada em balcões atraentes com chamativos cremes, cores, tipos e variedades, não tem nem 80 anos.

Então, por favor, não me cobre doçura que não a tenho em larga escala. E agora que sei porque, vou usar isso como um ardil para, volta e meia, ser mais amargo do que chocolate amargo. Se estamos na adolescência da confeitaria brasileira, por que logo eu tenho que puxar o carro e ser doce? Fora!


Hoje fizemos uma linda, cremosa e engordativa produção: a Torta Moderna. Não vou dividir com você a receita porque é bastante longa e a explicação seria por demais açucarada e, se você leu até aqui, sabe bem que não é esse o caso. Não neste momento. Só quero comentar que a Torta Moderna é feita à base de massa Joconda (fizemos no ano passado) e patê à Cigarrete.


A montagem da Torta Moderna, para você ter uma idéia, é composta por 7 camadas (de novo, os círculos de Dante!): o fundo, ou base, é de biscoito triturado com manteiga; a camada que circunda a torta é de massa Joconda com chocolate; depois, há uma camada de mousse de manga; uma outra camada de manga caramelada; mais mousse de manga; chantilly; espelho (frutas decorativas); e acabamento final com decorações de chocolate e caramelo. Ficou tudo muito lindo e gostoso, como você pode ver nas fotos. E o dia ficou, sim, mais doce. Agora, passadas algumas horas, já começo a repensar se deveria ter me fartado na cremosidade de tanto doce.

(Revisite: os filmes La Vie en Rose e O Fabuloso Destino de Amèlie Poulain. Para sonhar e acreditar, ainda que o coração de Amèlie, imenso, não seja suficiente para conter o meu próprio fel. Assista também, já que é para ser over, Loucos de Amor.)

3 Comentários:

Entre Trintas disse...

AMO manga! Água na boca!
Essa belezura foi vc quem fez sozinho? Parabéns!
Bjo,
Gi

denisedias disse...

Mas, caro confeiteiro, qual foi o produto final da prova prática do dia 1º de abril?

Redneck disse...

Gi, infelizmente, não. Foi a bancada inteira (sete pessoas). A produção é tão trabalhosa que demoramos quase 3 horas para concluí-la. Cada um fez, digamos, um componente da torta. Beijo!

De, foram quatro os produtos da prova: Bolo Praliné de Nozes, Bolo de Abacaxi, Mousse de Chocolate e Mousse de Maracujá. Veja o link nesta postagem. Beijo!

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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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