Sexo excepcional
Casais que transam na lua, na caverna ou no fundo do mar. É o que eu chamaria de sexo em condições adversas. Na lua, porque não há gravidade e deve ser, no mínimo, difícil tentar fazer algumas posições do Kama Sutra. Na caverna, vá lá! Tudo bem que, com os morcegos, as pessoas podem sair com chupões a mais no pescoço ou levar uma estalactite na testa. E, no fundo do mar, por uma deficiência do ser humano, nós não temos os brônquios equivalentes aos dos peixes, o que sugere que, para se fazer sexo lá embaixo, há de se usar escafandros. Deve ficar tudo muito pesado.
Por enquanto, não passa tudo de ficção. Os três lugares insólitos - lua, caverna e fundo do mar - são temas dos outdoors da Secretaria Federal de Saúde e da organização Aids-Hilfe da Suíça, cuja campanha sobre o uso de camisinha é sempre polêmica.
A atual campanha suíça é considerada obscena e melindrosa. Mas, a Suíça já está acostumada. A campanha pública anti-Aids existe no país desde 1985. Em 2006, por exemplo, mostrou atletas de esgrima e jogadores de hóquei no gelo totalmente nus. Os outdoors e cartazes espalhados pelo país na semana passada focam o "sexo em situações excepcionais". As cenas de sexo anal são entre dois astronautas na lua, a cópula de um Tarzan, de um "pesquisador" de cavernas e de um mergulhador com suas respectivas parceiras. Segundo a Secretaria Federal de Saúde e a Aids-Hilfe, a função da mensagem é advertir as pessoas de que as regras do sexo seguro devem ser seguidas também nas férias, em viagens de negócios ou em festas.
Agora, a campanha é original ou obscena? Se for para atrair o interesse sobre o assunto, ainda que por outras vias (no caso, outros lugares), acho que tudo bem. Tem muita coisa pior por aí feita pelos publicitários.
Estima-se que na Suíça vivam atualmente 25 mil portadores do vírus da Aids. O risco de contrair a doença no país é considerado maior entre homens que mantêm relações homossexuais, entre pessoas oriundas da região do Subsaara e entre drogados que injetam drogas. Num estudo recente do Hospital Estadual de St-Gallen, 12% dos pacientes entrevistados disseram que foram infectados em férias ou viagens de negócios no exterior. Pessoas com boa informação sobre proteção deixaram de usar preservativos em determinadas situações, como por exemplo, quando estavam sob efeito de drogas ou álcool ou excessivamente apaixonadas (quer dizer, isso aqui é uma redundância, porque a paixão já é excessiva).
A campanha, que se chama "Love life, stop Aids", tenta - e consegue - atrair a atenção das pessoas para a importância de pensar no sexo seguro já antes de ir a uma festa ou começar uma viagem de férias ou de negócios. Não sei se você concorda comigo, mas, quando viajamos, tendemos a ficar soltinhos soltinhos. Cuidado, hein!
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