Rastreio de cozinha - 36
L'eau qui tombe goutte à goutte, cave la pierre.
Goutte à goutte, l'eau creuse la pierre.
É o que espero! Assisti a um vídeo em que a entrevistada afirmava com a maior veemência: se você têm crença naquilo que quer, você consegue. Eu já me vesti integralmente da minha crença é agora é só esperar que a água que jorra diariamente aqui fure a pedra. Se séculos e séculos de trabalho do mar põem um continente inteiro (Atlântida) abaixo d´água, imagine se eu, com toda minha persistência, não colocarei outro determinado continente não abaixo, mas, ao menos, no mesmo nível do que eu mesmo? Pois que eu já disse antes, neste blog, que meu mundo havia perdido continentes. E está na hora de encontrar novos continentes.
(Tonno alla Palermitana - Sicilia - Atum à Palermo)
O que sei é que Il n'y a pire eau qui cellui qui dort. La lune est a l’abri des loups. OK, OK, pode dizer que é só um feixe apanhado na farta colheita da internet. Mas, duas coisas são importantes: eu adoro água e, às vezes, a lua me enfeitiça. Por conta disso, não sei direito se por causa da água ou de eu estar aluado, tenho tido um comportamento bem difuso, como minha amiga Patty, aliás.
Fico feito uma bolinha de ping-pong e estabeleci, para mim mesmo, uma agenda confusa em que as provas não acontecem, necessariamente, na ordem em que deveriam. E aí já não sei se estou fora da ordem ou se são os planetas que se desordenaram porque de tanto eu uivar, a lua oscilou e não gravita mais na órbita orginal.
Tudo isso (e é apenas a mise en scène ainda porque tem a mise en place depois) para dizer que, se ontem estava totalmente por fora de que não haveria prova, hoje, então, posso afirmar que fui extraordinário: não tinha prova coisa alguma, que a prova, que são três - trabalho sobre o Japão, prova teórica a ser entregue via internet e prova prática - é apenas na próxima quarta-feira, dia 23. Me ajudem! Estou feito um pêndulo enlouquecido e não sei mais o que se passa! Que dia é hoje mesmo? Será que estou alucinado? Nunca fui de perder datas, registros, provas. Quem sou eu?
(Lenticchie Di Castelluccio com Salsicce - Umbria - Lentilha com Linguiça)
Que há algo no ar, isso há. Por ora, dou uma pausa no etéreo e vou resumir rapidamente (por favor, acredite!) a aula desta quarta-feira, 16, da disciplina de Cozinha Ocidental Internacional. Tivemos a terceira e última aula da Itália. Regiões: Abruzzo-Molise; Campania; Puglia; Basilicata; Calabria; Sicilia; e Sardenha. Se ontem eu me confundi em meio a autores, hoje estou perdido entre as regiões mediterrâneas da Europa. Eu digo novamente: me achem porque já me perdi. Itália-França-Espanha-Brasil-Angola-Bélgica. Não há Concorde que dê jeito nisso.
Foram quatro as produções: Tonno alla Palermitana - Sicilia (Atum à Palermo), Agnello alla Pastora - Basilicata (Cordeiro à Pastora), Calamari Ripieni in Teglia - Marche (Lula Recheada com Vitela) e Lenticchie Di Castelluccio com Salsicce - Umbria (Lentilha com Linguiça).
(Calamari Ripieni in Teglia - Marche - Lula Recheada com Vitela)
Claro que os guisados (Cordeiro e Lentilhas) ficaram soberbos. Fiz o Cordeiro à Pastora e posso afirmar que, dia após dia, eu e o guisado nos damos cada vez melhor, ao invés de uns e outros que teimam em não ser tão próximos quanto deveriam. O guisado é super-legal: não reclama, não telefona, não envia e-mails e nem me xinga. No entanto, sempre me dá um retorno inesperado: me dá uma sensação de saciedade que somente a intimidade fornece. Finiamola con questo scherzo. Se Dio vorrà ti incontrerò quest’altr’anno. Este ano. I promisse you!
Cordeiro à Pastora
Ingredientes
- 800 gr de lombo de cordeiro
- 3 batatas Asterix
- 3 tomates Débora, sem pele e sem sementes
- 50 ml de azeite extravirgem
- 2 colheres de sopa de salsinha picada
- 1 ramo de alecrim fresco
- 1 colher de chá de orégano seco
- 1 cebola cortada em fatias finas
- 3 dentes de alho picados
- 50 gr de queijo Pecorino ralado
- sal e pimenta preta moída a gosto
- 300 ml de fundo de carne
(Agnello alla Pastora - Basilicata - Cordeiro à Pastora)
Modo de Preparo
1. Corte a carne de cordeiro em cubos pequenos e tempere com sal e pimenta. Reserve.
2. Corte a batata em cubos equivalentes aos do cordeiro.
3. Corte o tomate em cubos equivalentes aos da batata. Claro que não precisa ser nessa ordem, pessoa! É só para complicar a receita que faço isso!
4. Coloque azeite numa caçarola (porque o guisado pede, grita pela caçarola) e sele os cubos de cordeiro.
5. Adicione o alho e deixe refogar. Quando estiver no ponto, adicione a cebola.
6. Deixe juntar um pouco de caldo da própria carne e da cebola e junte fundo de carne até cobrir tudo.
7. Tampe a panela e deixe ferver.
8. Adicione mais fundo de carne, se necessário, para cozinhar bem a carne.
9. Coloque a salsinha, o alecrim e o orégano e mexa tudo.
10. Corrija o sal e a pimenta (experimente). Sinta o aroma também.
12. Junte a batata cortada em cubinhos. Lembre-se de que a carne deve estar quase pronta porque a batata, nesse corte, cozinhará rapidamente. Dica valiosa: a cozinha italiana prima pelo al dente. Portanto, os pequenos cubos de batata têm que casar com o cozimento da carne e ficarem al dente.
13. Adicione, ao final, os cubos de tomate. Pelo mesmo motivo: a carne está quase cozida e a batata não pode cozer demais. O tomate deve ficar com o formato de cubo e, portanto, não pode ser over-cozido (acabei de inventar esse over).
14. Corrija de novo o sal e a pimenta, se necessário, porque foram adicionados a batata e o tomate.
15. Sirva em prato fundo, com os elementos sólidos do guisado centralizados no prato e com o caldo à volta, feito o laguinho que circundava os antigos castelos. O problema, aqui, é que não há ponte que una você (boca) ao castelo (prato). Cuidado. Antes de servir, aspirja o queijo Pecorino. De dar água na boca, a propósito de tanta água no início da postagem.
(Reine: A Espanha tem mais de seis mil castelos, torres e palácios. Alguns, como La Alhambra, se destacam por sua decoração refinada e o luxo oriental. Outros tinham uma finalidade apenas defensiva, como o Alcázar de Segovia (que eu conheci!!!!), e atualmente representam verdadeiros museus de estratégia militar a céu aberto. Enquanto as várias iniciativas se preocupam em restaurar a arquitetura e manter viva a memória, muitos dos castelos oferecem a oportunidade de celebrar eventos sociais - como o casamento daqueles dois que foram sem ter sido, a Cicarelli e o Ronald MacDonald - ou corporativos. Mais informações em www.spain.info, www.parador.es e www.castillosnet.org. Falei da Espanha porque é o país onde há maior concentração de construções desse tipo e porque ando babélico por demais. Mas, visite também: www.chartres-tourisme.com e www.franceguide.com para os equivalentes franceses e www.castellieville.it e www.villevenetecastelli.com para os italianos, objeto deste post. Por que tanto castelo? Porque são feitos de pedra e eu preciso bater na pedra até furar!)
8 Comentários:
esse guisado tem nome? lol
essa pedra tem nome?
e que horrível dendo esses vídeos de alta ajuda barata! quem foi que te indicou esses vídeos ridículos! vc tá parecendo a marília gabriela com aquele misticismo todo dela...
e bem, o post ficou divinamente lindo, e muito, muitissimo coeso, quero ser jornalista quando eu crescer... rs
deixa eu ir "coarar" a roupa hahahahaha. bju
Oie! Saudade de você e desse blog apetitoso! Vou fazer lição de casa, ler tudo o que "perdi"!
beijos, andrea
meu celular não está funcionando. anote o e=mail: analugp@gmail.com
Sozinha no silêncio da noite, eu fico imaginando o cordeiro....hummm
Imagino que seja perfeito!
marco*, o guisado e a pedra têm nome, sim. O guisado se chama "Sim". A pedra, "Não". É só o que sei de tudo. Por enquanto.Quanto aos vídeos, tem muita coisa na internet e, às vezes, como moscas, caímos na teia, não é? E obrigado pelo comentário sobre o texto. Me ajuda a aumentar a carga de convencimento. E olha que nem egocêntrico eu sou. Beijo!
Andrea, finalmente, temos a honra de recebê-la de volta. Já passei na sua casa e vi novidades e uma certa movimentação. Bom, muito bom. Beijo e se farte à larga.
Ana, mayday, mayday! Beijo!
Mara, é, sim, perfeito. E o vinho, então! E a lareira, se ocorrer? E isso, e mais aquilo??? É melhor parar. Beijo!
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