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domingo, 30 de março de 2008

Meu rugido dominical

O Pólo Norte (Ártico) fica a 2.600 Km de Rovaniemi (capital da Lapônia), onde eu estive em 2004. Foi o mais próximo que eu cheguei perto de um pólo. No Pólo Sul (Antártida), eu nunca fui. Entre os dois pólos, há uma distância de 19.000 Km, o que significa que há espaço suficiente para que as coisas comecem no gelo, mudem para o clima temperado, cheguem ao deserto e atinjam as auroras boreais para, finalmente, voltar ao gelo.

Na configuração geográfica, ir de um ponto ao outro não é exatamente fazer a rotação de 360º (se você fizer uma viagem ao redor da Terra, serão 40.000 Km). Quer dizer, ir de um pólo ao outro é quase metade do caminho total da Terra, ou 180º. Mas, que você vai do gelo ao gelo, isso não há dúvida.

Daí que começo a entender o conceito de bipolar. Recebi de um amigo um link de um site sobre a bipolaridade. Ia escrever outra coisa neste espaço, mas, como círculo e meio (de um pólo a outro), me vejo às voltas - em citações ou comportamento - com a bipolaridade, resolvi comentar esse tema. Segundo o site, a bipolaridade é "um transtorno mental em que o humor assume autonomia e deixa de responder adequadamente ao que seria esperado (pelos outros, note), com variações diversas como euforia, agitação, aumento de energia, agressividade, ansiedade, explosividade, aumento de riscos e gastos, impulsividade e distração, entre outros sintomas do pólo positivo ou "para cima", que se alternam ou se mesclam com apatia, desânimo, tristeza, ansiedade e falta de prazer do pólo negativo ou depressivo". Incrível como dá para se encaixar em uma ou em todas as categorias.

A bipolaridade atinge cerca de 10% da população mundial (acho que é 100%, mas, quem sou eu?), dos quais de 1% a 2% são do tipo I e 8% com bipolaridade leve (II, III, IV e ciclotimia). Pelo menos metade das pessoas com sintomas depressivos tiveram ou terão hipomania (estado de humor exageradamente elevado), o que configura a bipolaridade. Essas pessoas passam, em média, entre 10 anos e 3 médicos para que sejam feitos o diagnóstico e o tratamento corretos e, atenção, 50% dos pacientes abusam de álcool ou drogas ou de ambos.

Abaixo, os tipos de bipolaridade (você pode escolher o tipo em que se enquadra). As mais graves começam no Tipo I:

- Tipo I - fase das manias plenas, com alterações de humor.
- Tipo II - fase da hipomania, com alterações de humor, mas, não tão intensa quanto a do Tipo I, que é de mania plena.
- Tipo III - fase em que a hipomania acontece apenas com o uso de antidepressivos ou psicoestimulantes.
- Tipo IV - fase de humor turbulento e depressivo, que acontece frequentemente na meia-idade, e que aumenta o consumo de álcool.
- Ciclotimia - fase do humor oscilante e desregulado, mas, que não chega a configurar depressão.
- Depressão unipolar - fase de queda de humor relacionada a stress pontual.

Diante de tudo isso, quero deixar claro que, na minha opinião, todo mundo sofre de bipolaridade, em maior ou menor grau. Em geral, o tratamento indicado passa pelo psiquiatra e pela fluoxetina. Mas, como diz uma amiga, quando se trata de colocar a cabeça no divã, como confiar numa pessoa - o psiquiatra - sobre a qual você não sabe nada? Ao psiquiatra, prefiro os amigos, que entendem as minhas variações de humor.

O psiquiatra, quando você recorre a ele, está num pedestal. Você, em posição inferior, deitado(a), sem ver nos olhos do outro (pisquiatra) o que pensa sobre o que você fala (quando fala). Quem fez esse tipo de tratamento sabe: há momentos de intenso silêncio e outros que são verdadeiros dilúvios, turbilhões de palavras.

E, em muitos casos, o psiquiatra está lá, sentado, silencioso. Você nunca sabe o que ele(a) pensa: na mulher, nos filhos, nas contas, se você é ou não louco(a). Às vezes, não sei se te ocorreu isso, dá a impressão de que vamos ser atacados por aquele ser às nossas costas. Sei lá! Tem louco para tudo. E se o cara é mais doente da cabeça do que eu? Se é que sou ...

É uma relação desigual: você conta tudo e ele(a) não te dá nada. É como no confessionário: vou lá, exponho todas aquelas manchas (numa evidente demonstração de exibicionismo) e, muitas vezes, mal vejo a cara do padre.

Não acho, sinceramente, que isso possa ajudar alguém. Gasta-se para falar, sem saber o que realmente o outro pensa, e ainda pode-se ficar dopado com tanto remédio (você viu na tabela dos tipos o que os remédios podem provocar).

Prefiro a cultura popular da psicologia, aquela chamada de "boteco". Sorry, conectada diretamente ao álcool, mas, não necessariamente. Você fala pelos cotovelos, ri, briga e, no final, se sente mais leve. Pois, quantas vezes não nos sentimos mais leves pelo simples ato de falar, falar e falar: para o barman, para o garçom, para o atendente. Qualquer coisa, um comentário bobo, uma reclamação, uma piada. E as fofocas, então? São a fluoxetina mais eficiente que conheço! Quer coisa melhor do que falar mal de outros e rir disso? Não há pólos distintos que sobrem para contar estória.

A propósito do site que o amigo me indicou, eu fiz um teste, com 21 questões. Respondi "sim" para 15 perguntas. A conclusão: "se você acha que algumas dessas características geram um grau no mínimo razoável de prejuízos ou problemas (mal-estar, impulsos, gastos, arrependimentos, conflitos pessoais...), é provável que tenha bipolaridade. Para confirmar, é necessária uma avaliação psiquiátrica por profissional qualificado na área. Se você toma remédios antidepressivos, pode ser indicado substituir por um tratamento estabilizador de humor."

A minha estabilização de humor está aqui, neste blog, nos posts, nos amigos - virtuais ou não. Está no meu dia-a-dia, na gastronomia, no jornalismo, nas contas para pagar. Está na capacidade de escrever sobre isso e rir disso tudo. À fluoxetina, rebato com serotonina, que é natural e não me custa nada. Em tempo: eu uso o perfume Polo (verde), de Ralph Lauren. Será que tem alguma coisa a ver?

5 Comentários:

Patty Diphusa disse...

Bom, como te disse, para mim ainda não está claro qual é o período em que essas variações acontecem para que vc seja considerado um bipolar. Na semana, eu alterno dias de bom e de mau humor, de otimismo e de receio quanto o futuro, de gostar e desgostar. Isso é bipolar ou é alguém que tem isso em um dia só?
Sobre os psiquiatras, é isso. Se ele ainda espirrasse, coçasse o cabelo, pedisse para ir ao banheiro, alguma coisa que vc sentisse que ele é tão humano quanto vc. Chorar seria ainda melhor, já imaginou seu terapeuta chorando? Eu acho que lhe daria um beijo.

That´s all

bjs

Eliana Mara Chiossi disse...

Sabe, Pathy, um dia eu perguntei para o cara que era meu psiquiatra na época (uma deprês durante o doutorado) se ele não tinha medo de dar aqueles remédios para quem eles mal olhavam nos olhos e a pessoa se matar? Ele simplesmente me olhou e disse:: Você não vai fazer isto comigo??
Sei lá, eu acho que bipolar é o humano que tem coragem de ter os medos, mas isso pode ser uma visão ingênua, mal fundamentada. Parece que quem tem diagnóstico de bipolar, sofre mais do que a gente imagina.
Olha, Red, eu vim aqui, na correria, porque senti uma emoçao tão grande com tua presença no Carteiro e vim te agradecer.
Beijos

leve solto disse...

Red, já fiz terapia.. tomei bolinhas variadas... Mas meu organismo é super rebelde e resistente.
Na época foi legal, mas poderia ter sido também se eu tivesse com quem conversar que não fosse ele..rs (se estivesse ativa na blogosfera, garanto que teria resolvido uma montanha de "grilos", "gafanhotos" e outras cositas que pairavam neste cérebro exigente.
Porém, devido ao meu jeito tagarela, chegou num ponto que eu sabia muito da vida dele (quantos filhos, netos, profissão dos mesmos, onde morava..rs) Enfim, meu poder de persuasão é muito grande e ele foi dando o serviço..rs Sei até que isso não atrapalhou a terapia, mas pude vê-lo como alguém tão (a)normal quanto eu, o que ajudou bastante.
Quanto a bipolaridade... sempre vejo em mim ou nos mais próximos uma certa relação..rs

bjo

Sônia Guimarães disse...

Busco o equilíbrio no esforço diário pra cumprir minha parte. Dependendo do caso, não acho que seja o bastante. Às vezes penso que só uma boa química pode controlar a ansiedade que (dia sim, dia não) quer me dominar. Se Polo de Ralph Lauren tem a ver? Vai saber! Maybe. Maybe not. Melhor arriscar. 1 bjo.

Redneck disse...

Eliana, se eu soubesse que causaria essa emoção, teria passado incógnito (brincadeira, sou cruel mesmo!). Eu é que fiquei tocado pelos seus textos. Beijo!

Mara, como sempre, você me entende além das linhas. Beijo!

Sônia, pois é. Se o corpo não responde com a química demandada, por que não buscar a sintetizada, se é para aplacar a mente? Quanto ao Polo, também acho. Melhor deixar um rastro atrás de si para que te encontrem, com ou sem bipolaridade. Beijos e seja bem-vinda. Creio que é a sua primeira visita à minha casa. Está convidada para um chá das cinco.

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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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