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quinta-feira, 29 de maio de 2008

Rastreio de Cozinha - 61

Nesta quinta-feira, 29, após três meses de aula (completados no último dia 25), tivemos a primeira aula autêntica de Geografia Aplicada à Gastronomia. Nesses três meses, é o terceiro titular a ocupar a disciplina. "Não sou professor de geografia", deixou claro, logo de saída, o professor. Bem, e nem precisa realmente. A aula foi completa. O professor é profissional da cozinha e tem o conhecimento in loco dos lugares europeus, latinoa-americanos e alguns asiáticos, o que torna a aula uma experiência de compartilhamento, e não apenas um enunciado unilateral de um amontoado de informações.


Tivemos aula sobre a geografia da França e da Itália. Não vou repassar pelas informações porque, de alguma forma, nas aulas de Cozinha Internacional Ocidental, que abrangem os países, já postei várias informações sobre ambos os países e ficará muito repetitivo. Só quero registrar que, de novo, pela primeira vez, e últimas - teremos apenas mais quatro dias de aula de geografia até o encerramento do módulo - tivemos conteúdo efetivo de Geografia Aplicada à Gastronomia.

Hoje também tivemos aula de Tentativa de Cabar Comigo (TCC). As aulas são para complementar os capítulos do TCC. Nesta quinta-feira, abordamos como será a apresentação em banca, em julho. É, teremos a nossa première ainda neste semestre. É a nossa preparação para o verdadeiro teste até o final do ano. E só vou colocar aqui um pequeno detalhe e de como o meio acadêmico, em geral, cria entraves burocráticos para tarefas que deveriam ser mais simples e atraentes. Não sei se você sabe, mas, toda Tese de Conclusão de Curso obedece, no formato, regras estabelecidas pela Associação Brasileiras de Normas Técnicas (ABNT). Isso quer dizer que há um determinado tipo de letra a ser usado, margens de texto, caixas alta e baixa etc. O TCC requer - e é avaliado também por isso - os padrões.

Olha a piada pronta: no ano passado, o tipo de letra obrigatório para os TCCs era Arial, essa, do Word, que você deve estar acostumado(a). Esse ano, porque alguns especialistas (devem ser tipógrafos, com estranhas aberrações por linotipia) decidiram, a fonte passa a ser Times New Roman. Dá para acreditar que a preocupação desses acadêmicos diz mais respeito à forma do que ao conteúdo? É por isso que o nível dos universitários cai, ano a ano. Como manter algum padrão de qualidade se sequer o tipo de fonte se mantém? Não é risível (ou chorável)?

Bom, a despeito da minha satisfação com a legítima geografia, vou, feito uma mulinha teimosa, continuar no assunto que mais gosto de abordar na quinta-feira, tradicionalmente: eu mesmo. Sorry, força do hábito: a minha geografia, vista sob a minha ótica. Tudo possessivo, o que vem a ser uma coisa só, afinal: eu.


Na cartografia, há mapas para tudo: para o mar, para o universo, pessoas e terras. São os mapas marítimos, aéreos, astrais e terrestres. Os há o bastante, não é? Pensei, então, que deveria mapear-me a mim mesmo e cheguei à seguinte conclusão: sou mapeável, sim.

De acordo com essa cartografia, o meu Norte é a minha cabeça. Contido pela cabeça, está meu cérebro. É quem determina, de forma racional, o que digo, faço e falo. Nem sempre com a devida correspondência, já que digo uma coisa e penso outra ou penso uma coisa e falo outra. Mas, o meu Norte é, sobretudo, racional, que tenho que me limitar ao dito mundo civilizado, com regras, coerções e muros invisíveis construídos por gente recalcada, em geral.

O meu Norte faz com que eu me comporte quase sempre. Que eu intua uma sociedade cheia de deveres (mais) e direitos (menos). Onde tudo é regido por leis que não inventei e por convenções que, se Maria Antonieta fosse, as quebraria todas e distribuiria feito brioches.

O meu Sul é da parte da cintura para baixo. Portanto, ao invés de afirmar que "o pecado mora ao lado", digo que "o pecado mora abaixo". É uma parte indômita, como alguns cavalos negros selvagens. O Norte comanda, mas, nem sempre o Sul obedece. O que, no mais das vezes, me coloca em situações vexatórias que não vem ao caso abrir aqui. Afinal, este blog não é um tribunal de inquisição para eu me atear fogo, não é? O Sul está sempre pronto para partir em direções contrárias às determinadas pelo Norte e funciona, no reverso de uma bússola, como o pólo desastabilizar. O magnetismo nada tem que ver com pólos no caso, e sim com outros instintos mais primitivos.

No Leste, situa-se o coração. É como o nascer do Sol: todos os dias está lá, a bater em rotações por minuto. Até que cesse, por completo. Quando isso ocorre, é como o Sol: se não aparecer um dia, você, o mais interessado, nem saberá, o que é bom, diga-se. De forma anatômica e biológica, o coração é apenas um músculo. Que bombeia sem parar para que cérebros como este que vos escreve encham linhas sem fim de divagações torpes como estas.

Figurativamente, o Leste concentra todos os bem-quereres e mal-quereres do mundo. Amamos e odiamos metaforicamente por meio desse músculo. Que tem taquicardia se sentimos algo, se usamos drogas, se nos emocionamos ou se, como no meu caso, corremos dois passos para desligar o fogão. Geograficamente, é o centro do meu mapa. Não digo que é o cérebro porque o coração melhor intui do que o cérebro melhor conduz. E, depois, no embate entre Norte e Sul, o Leste sempre leva a melhor. Está lá, em todo o espectro da minha cartografia: taquicárdico se o Sul toma conta do eu-globo e encolhido, contrito, quando o Norte fala mais alto.

Finalmente, o meu Oeste. Esse é a raiz. Como eu sei? Porque venho, fisicamente, da região Oeste do Estado de São Paulo (OK, tecnicamente, é Noroeste, mas, não vou abrir a rosa dos ventos e detalhar os pontos cardeais porque este blog não é a Wikipedia e eu não sou cartógrafo profissional). O Oeste é a raiz, pronto. É a origem, o ponto a partir do qual tudo começou. O ponto para o qual eu me volto quando há muito conflito entre Norte e Sul e o Leste dispara, sem saber se irriga tudo ou desfalece de vez.

Agora, me diga: você acha que estou bem de mapa? Creio que essa abordagem ainda não foi tentada pela verdadeira geografia. Esse escaneamento de pontos cardeais particulares. Avalie-se e, tenho certeza, você também encontrará seus próprios pontos cardeais. Somos a rosa dos ventos completa. Auto-geografize-se! Globeie suas direções. Verá, como eu, que basta um giro pelo próprio mundo para descobrir que somos pequenos planetas inteiros dentro de nós mesmos.

(Rume: direto para o Museu Cartográfico do Serviço Geográfico do Exército se você tem problemas em esboçar seu próprio mapa. O museu, que guarda raridades da evolução cartográfica brasileira e, portanto, da minha e da sua, fica na Rua Major Daemon, 81, no Morro da Conceição, centro do Rio de Janeiro. A entrada é franca e o museu pode te situar de uma vez por todas. Afinal, o Exército é disciplinado, não é?)

2 Comentários:

Ana disse...

Mais uma vez você me fez pensar, me olhar de outra forma, avaliar as situações a minha volta.
No momento em que li teu texto, comecei montar meu mapa cartográfico e estou constando verdades com as quais até então sabia, mas não havia constatado.
Mais uma vez, sinto-me grata, pois mesmo a distância, você me mostra aspectos e ensina a me conhecer.
Beijo

Redneck disse...

Pára!!! Tô me sentindo um guru cartográfico! Conhece-te a ti mesma e conhecerá o mundo! Beijo!

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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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