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quinta-feira, 8 de maio de 2008

Rastreio de cozinha - 49

Geograficamente, sou cercado por prédios. Há uma muralha deles no meu entorno. Nunca escuto um galo cantar na madrugada. Somente pássaros. Milhares. Mas, mesmo há duas quadras da Avenida Paulista, há um resquício de vida campesina. Nos quintais abaixo da janela do meu apartamento, há várias hortas. Sempre vejo uns velhinhos no cultivo de canteiros, na poda das árvores, na capina do mato.


Há um casario na rua de baixo que poderia, se a cidade se respeitasse, estar tombado. Casas germinadas em série, coloridas. Um pedacinho que lembra uma pequena vila. Simultaneamente, você está no centro financeiro da cidade e pertinho de uma vida rural que ainda resiste, bravia.

Mas, no outono, esta cidade se transforma. Muda de cara. O sol brilha mais e não incomoda. A sensação térmica é de um frio cortante. Há uma pequena névoa que encobre tudo. Porém, não se compara em nada aos cinzentos dias que teimam em fazer dessa cidade sua morada eterna.

As torres que pipocam neste bairro são imitações grosseiras de igrejas góticas. Tentativas de ferro de atingir os céus. Antes, porém, querem atingir cada centímetro desta cidade com suas ondas de rádio e TV. Creio que somos atravessados pelas ondas intermitentemente e isso deve ter algum efeito, ainda não devidamente averiguado. Talvez seja melhor nem saber.

São Paulo foi fundada em 1554. À época, cerca de uma centena de pessoas viviam nos arredores do Colégio Anchieta, erguido pelos padres jesuítas. O colégio é o ponto a partir do qual a cidade foi construída (e não o marco zero cravado na Praça da Sé). Nos três séculos seguintes, São Paulo cresceu pouco. Em 1872, quando foi feito o primeiro censo do Brasil, a cidade tinha 31.385 moradores.


No final do século XIX, começou o fluxo imigratório de europeus, que vinham substituir a extinta mão-de-obra escrava. Esse fluxo perdurou nas duas primeiras décadas do século XX, o que manteve a cidade em elevado ritmo de crescimento demográfico. Durante este período, criaram-se as bases para o desenvolvimento industrial de São Paulo, com a transferência de capitais gerados na atividade agrária para as incipientes indústrias locais.

A transformação de São Paulo em importante centro industrial deu-se progressivamente, mas, já era visível na década de 20. O processo de industrialização no Brasil, centralizado em São Paulo, beneficiou-se das duas grandes guerras mundiais, a 1ª., ocorrida de 1914 a 1918, e a 2ª., entre 1939 a 1945.

É somente na década de 50 que a cidade passa a atrair migrantes do próprio Brasil. Foram mais de 3 milhões de pessoas entre 1950 e 1980. A partir da década de 80, no entanto, em decorrência do processo de descentralização industrial, esse fluxo cessa. São Paulo passa a apresentar saldos migratórios negativos. Isso se intensificou e, desde a década de 90, o aumento populacional da cidade é de um crescimento vegetativo - redução da natalidade e fluxos migratórios negativos (é maior o número de pessoas que se mudam para fora de São Paulo do que as que vêm para aqui se estabelecer). Não parece, mas, é um fato. A cidade não só não cresce mais, mas, ao contrário, encolhe ano a ano.


A Grande São Paulo, com 19 milhões de habitantes, é a 4ª. região no ranking das maiores aglomerações urbanas do mundo. São 39 municípios, 8.051 Km2 de área e uma mancha urbana contínua que, no sentido leste-oeste, apresenta cerca de 100 km de extensão. Por isso todos costumamos falar que nunca conheceremos a cidade por inteiro. É verdade.

Outro fato, comprovadíssimo por todos nós, é a "feminilização" da população do município de São Paulo. Em 1980, havia uma proporção de 96 homens para cada 100 mulheres residentes no município. Em 2000, essa relação já era de 91 para 100 e estima-se que, atualmente, esteja em torno de 90, ou seja, existem 9 homens para cada 10 mulheres na cidade (sem falar dos gays, não computados nessa conta).

Além de feminina, São Paulo é também uma senhora idosa. Em 1980, o grupo de 0 a 14 anos de idade representava 30% do total de residentes e, 20 anos depois, esta participação caiu para 25%. Inversamente, a faixa etária de 60 anos e mais, que em 1980 correspondia a 6% da população, teve sua representatividade aumentada para mais de 9% em 2000.

São Paulo é considerada a 14ª. cidade mais globalizada do planeta por parte do Globalization and World Cities Study Group & Network (GaWC), e é classificada de cidade global beta. A cidade exerce significativa influência nacional e internacional, seja do ponto de vista social, cultural, econômico ou político. Décima nona cidade mais rica do mundo, o município representa, isoladamente, 12,26% de todo o PIB brasileiro e 36% de toda a produção de bens e serviços do Estado de São Paulo e é sede de 63% das multinacionais estabelecidas no Brasil.

Como disse acima, com 19.949.261 habitantes, São Paulo é a sexta metrópole mais populosa do mundo. Eu nem sabia disso e olha que interessante: a cidade tem um lema (presente em seu brasão): "Non ducor, duco", frase em latim que, em português, significa: "Não sou conduzido, conduzo". Alguém duvida da veracidade dessa afirmação?


Na geografia, São Paulo apresenta fortes disparidades sócio-econômicas: enquanto a parte da cidade mais próxima do centro é rica e desenvolvida, as áreas periféricas sofrem com carência de infra-estrutura e de equipamentos sociais, assim como com a pobreza e com a precariedade urbanística e habitacional, expressa por situações como as de ocorrência de favelização e de loteamentos irregulares.

Devido à sua extensa área urbana, a cidade tem um caráter bastante heterogêneo e varia de regiões altamente adensadas e verticais a bairros residenciais horizontais e de baixíssima densidade. Isto faz com que muitos habitantes da cidade praticamente desconheçam regiões do município além dos seus locais de residência ou de trabalho. A cidade também apresenta uma cultura bastante heterogênea, resultado da diversidade de extratos sociais (econômicos e culturais) que a habitam.

Os três principais rios que cruzam a cidade de São Paulo são o Tietê, o Pinheiros e o Tamanduateí. Além de ser o maior centro de produção e o maior mercado consumidor do País, São Paulo também é um grande entroncamento rodoviário e faz a ligação Norte-Sul do Brasil. É atendida por diversas rodovias, como a Rodovia Presidente Dutra, para o Rio de Janeiro; Rodovia Ayrton Senna, para o Vale do Paraíba; Rodovia Fernão Dias, para Belo Horizonte; Rodovia dos Bandeirantes, para Campinas; Rodovia Anhangüera, para Uberaba (Minas Gerais); Rodovia Castelo Branco, para Sorocaba e oeste paulista e a minha cidade natal; Rodovia Raposo Tavares, para a divisa do Mato Grosso do Sul; Rodovia Régis Bittencourt, para Curitiba; Rodovia dos Imigrantes e Rodovia Anchieta para a Baixada Santista. É servida pelos aeroportos Campo de Marte, Congonhas, Cumbica e Viracopos (Campinas). E um quinto aeroporto já está programado.

Diz aí: fiz ou não a lição de casa em termos de geografia? É, porque, se depender das minhas aulas de Geografia na faculdade, estou full of nothing. Nesta quinta-feira, não tivemos aula, em absoluto. Nem as famigeradas do TCC ou das empobrecidas da tal da Geografia Aplicada à Gastronomia. O que posso dizer é que as aulas de Geografia são tudo, exceto: Geografia, aplicada ou gastronomia. E o TCC? Ora! Tô nem aí!

O que tem a ver a cidade de São Paulo com a minha geografia da faculdade? Nada, a não ser o fato de eu adorar a cidade e querer falar sobre essa imensidão sempre que der na telha!

7 Comentários:

Anônimo disse...

adorei, adorei ...parei pra vir ler...essa é nossa são paulo. mais certo do que nunca de que amo minha cidade. bjus

Anônimo disse...

e a musica da sarah me deixa melancolico. muito. enfim...bju

Eliana Mara Chiossi disse...

Redneck,

se quiser força pra o TCC, email-me.
Olha sou daí, paulistana. mas tõ longe, nordestina há quase vinte anos.
Semana que vem meu netinho faz dois anos e estarei de novo em Sampa.
Meu amigo que coordena o Planetário, tá fazendo uns saraus de poesia lindos, pra ver os astros e ouvir poesia e música. Na sexta, dia 16 tem sarau. Estarei por lá. Apareça.
Beijos

Patty Diphusa disse...

Que aula de São Paulo. Nem sabia que estava entre as mais globalizadas. Ainda bem que sua aula de geografia é fraca na facu, ganhamos aqui.

Bjs

Patty Diphusa disse...

Que aula de São Paulo. Nem sabia que estava entre as mais globalizadas. Ainda bem que sua aula de geografia é fraca na facu, ganhamos aqui.

Bjs

Redneck disse...

marco*, quem ama essa cidade, é assim, não é? Quanto à música, eu tenho a estranha tendência de me ligar às músicas assim. Deveria parar com isso, mas, não posso. Beijo!

Eliana, minha querida. Não te sabia tão longe. Obrigado pela visita e pelo convite. Vamos ver estrelas, quem sabe? Beijo!

Patty, tenho uma confissão a fazer: às quintas, faço pós em geografia. Vou dar aulas de geografia. Beijo!

Reiko Miura disse...

Red,

agora o blog tá todo cerelepe. Acho que a "faxina" deu certo.
Quanto a São Paulo, você sabe que tem uma turma que só reclama da cidade - poluição, trânsito, violência, falta de áreas verdes, tudo muito caro, falta de homens, falta de mulheres etc. - mas ninguém tem coragem de ir embora. Isso aqui é um vício! Eu já saí um bom tempo daqui, mas voltei. E curto pra caramba.

bjs.

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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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