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domingo, 18 de maio de 2008

Meu rugido dominical

Desde a década de 60, a ciência estuda o riso como fonte de cura para várias doenças. O riso libera endorfina (substância responsável pelas sensações de prazer) no sangue; diminui a sensação de dor; estimula o coração; aumenta o fluxo sanguíneo; e relaxa os músculos das artérias. O riso movimenta 17 músculos do corpo. Rir ajuda a emagrecer, aciona 28 músculos da face e queima de 10 a 11 calorias a cada explosão.

O cardiologista Michael Miller, da Universidade de Maryland, EUA, liderou uma pesquisa sobre os benefícios do riso para a saúde do coração. Chegou a resultados surpreendentes. Comparou as atitudes de 150 pessoas com histórico de enfarte com o mesmo número de pessoas sadias e descobriu que aquelas que nunca tinham sofrido com problemas no coração eram as que demonstravam bom-humor constante. Para evitar problemas cardíacos, Miller recomenda combinar exercícios físicos regulares e dieta balanceada com algumas gargalhadas durante o dia.

Veja alguns efeitos do riso sobre o organismo:

- Os hormônios do estresse, que é produzido pelas glândulas suprarenais, são reduzidos.

- As lágrimas passam a ter mais imunoglobulinas, um anticorpo que é a primeira linha de defesa contra algumas infecções oculares provocadas por vírus e bactérias.

- A boca também passa a ter mais imunoglobunina, com melhor função imunológica.

- O riso acelera a recuperação de doentes e é eficaz no combate a dor.

- O poder do riso de ativar a produção de endorfinas é tão eficiente quanto a acupuntura, o relaxamento, a meditação, os exercícios físicos e a hipnose.

- O nível de cortisol aumenta de forma nociva durante o estresse e diminui significativamente com o riso.

- A pressão sanguínea aumenta durante o riso e cai abaixo dos níveis de repouso depois.

- Há uma redução da tensão muscular depois do riso. Um dos principais fatores que contribui para as doenças ocupacionais, como a Dort – Distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho, é o excesso de tensão muscular.

- O ar é expelido em grande velocidade dos pulmões e do corpo quando você dá uma boa gargalhada. Seu corpo todo é oxigenado – inclusive o cérebro. Este fenômeno contribui tanto para que você pense com clareza quanto para uma boa forma aeróbica.

- O riso tem um efeito antiinflamatório nas juntas e ossos que contribui para reduzir a inflamação e aliviar a dor em condições artríticas.

- Durante o estresse, a glândula suprarenal libera corticosteróides que são convertidos em cortisol na corrente sanguínea. Níveis elevados de cortisol têm um efeito imunossupressivo – o riso reduz os níveis de cortisol e protege o sistema imunológico – e o estresse é o elo entre a pressão alta, a tensão muscular, o sistema imunológico enfraquecido, enfarto, diabetes e muitas outras doenças.

São tantos os benefícios do riso, da risada, da gargalhada ou do sorriso que não dá para acreditar que há dias inteiros que ficamos sem colocar o menor traço ou esboço de um sorriso nos lábios.

O motivo de tanto riso neste post é que ontem, em jantar com amigas, rimos tanto que acho que teremos um estoque de risadas por um bom tempo.

Não, não houve consumo de substâncias ilícitas. OK, um pouco de vinho. Mas, nada que nos deixasse dionisíacos a ponto de cometer atos impróprios. Rimos pelo prazer de estar juntos. Pelo fato de tentar montar uma foto de nós mesmos e sermos os eternos patéticos que se conhecem desde sempre.

Acho que fizemos umas trinta tentativas. A cada momento, era um que não gostava da pose, do cabelo, do sapato, dos "pés de cobra" (!!!!), da cara "rachada" (!!!), da bota nova que não apareceu na foto, da bunda enorme que apareceu demais, das bochechas imensas, da boca pequena, do cabelo que é uma touceira, do braço gordinho, da saia levantada.

"Como estamos bem", declarou uma das amigas. Mas, sempre estamos bem quando estamos juntos. Eu ouço essa frase dessa amiga há alguns anos. Ouço cada uma delas (eram cinco amigas) com detalhes que me são completamente familiares.

Uma que nunca gosta de ser fotografada. Sempre está "mal" na foto. A outra, que não quer foto de corpo inteiro, apenas da parte que pode ser "publicada". A outra que, elegante, finge que não está nem aí. A outra que enxerga pedaços de bicho em si que só existem na sua cabeça. Eu, sempre a encolher a barriga e quase morrer de tanto prender a respiração.

Celebramos ontem a reunião. Uma reunião que ocorre nos últimos 15 anos. Somos os mesmos e completamente diferentes. Um determinado momento, a "pés de cobra" reuniu todos num abraço coletivo. Parecíamos um bando de hippies num estranho ritual de confraternização, bastante "paz e amor". Sem sexo, por favor, que somos fraternos.

Antes de bebermos qualquer coisa, já estávamos às gargalhadas. Uma das amigas comprou apartamento. A concretização da casa-própria. O motivo é que a proprietária separou-se do marido. Daí que brindamos à compra, à separação da mulher, ao ex-marido que a chifrou, à vagabunda que foi o pivô da separação, ao Lula, à CEF, ao Brasil, a nós mesmos. Sabe quando você faz uma pirâmide desconexa de relações?

Rimos de nós, de nossas reclamações, de nossas marcas, tão nossas, conhecidas coletivamente. Dos mesmos furos, dos mesmos gestos, esperados. Somos familiares no riso, na dor, na união. Como não celebrar? Uma das amigas está de passagem pelo Brasil e vai embora neste domingo. Em um dado momento, ela afirmou que apenas aqui, no Brasil, entre nós, é capaz de rir desse jeito. Somos umas hienas.

Quando nos reunimos, há uma dislexia absurda, em que A fala com B que fala com C que responde para A. É um entrecruzamento de conversas em que há os maiores absurdos porque nada bate. Surpresas interrogativas porque as conversas são pegas pelo meio. É sempre muito engraçado. Rir é a única coisa que nos salva de nós mesmos. Sempre defendi que devemos rir de nós mesmos, não nos levarmos tão a sério. Ontem, mais uma vez, constatei a certeza dessa afirmação. A seriedade nos engessa. Rir nos destrava. Hoje, estou sereno, sereno.

2 Comentários:

Beatriz Saraiva disse...

Adorei o texto e amo fazer parte desse grupo de hienas, que há 15 anos ri de si mesmo. Espero que esses momentos façam parte da nossa história pelos próximos séculos, pelo menos. Porque se for verdade tudo o que os estudos científicos falam, descobrimos o segredo da vida eterna !!!

Redneck disse...

Bia, também gosto de ser hiena com vocês. Quanto aos séculos, socorrrrooooo!!!! Podemos ficar nas décadas??? Ou vou pedir para parar na estação Trianon do metrô! Beijo!

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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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