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segunda-feira, 19 de maio de 2008

Rastreio de Cozinha - 55

Pela lei da Física, há dois tipos de matéria: a “positiva” e a “negativa”, segundo a qual tipos iguais se repelem e tipos diferentes se atraem. Ao contrário da gravidade, onde há apenas atração. Toda matéria é uma mistura de prótons positivos e elétrons negativos que se atraem e se repelem. Esse equilíbrio é tão perfeito, no entanto, que quando você fica próximo a alguém você não sente absolutamente força alguma (negativa ou positiva), diz a lei. Se houvesse ao menos um pequeno desequilíbrio você perceberia. Se você estivesse ao lado de alguém, a um braço de distância, e cada um de vocês tivesse 1% de elétrons a mais do que prótons, a força de repulsão seria incrível.

Observe que essa é a lei, e não a outra, a "sensação" que podemos ter em relação a uma pessoa desconhecida e se "sentir bem ou mal" quando próximo desse ser estranho. No caso, a "sensação" é algo subjetivo, e não funciona como uma lei da natureza, como a descrita acima.

Neste último domingo, escrevi no Rugido sobre uma grande carga positiva, gerada pela reunião de pessoas que se gostam. Essa força motriz, comentei, me abasteceria por algum tempo.


(Moqueca de Peixe Baiana)

Bem, isso é uma utopia, logo se vê. Para toda ação, há uma reação, e essa é outra lei da Física. Depois de toda a positividade, recebi uma descarga negativa que, entre prótons e elétrons, me fez voltar ao velho lugar-comum. Qual seja, a vida real.

Hoje, segunda-feira, 19, o dia todo recebi cargas negativas das mais diversas formas - por meio de comentários, e-mails, telefonemas e até mesmo pessoalmente. Quando eu começava a aparar um golpe, outro já estava a caminho. E foi assim o dia todo. E ainda agora, à noite.

Disso resulta que todo o meu estoque de energia positiva se neutralizou e, como um nêutron, estou agora como a média: nem lá, nem cá. Apenas estou. Realizei, mais uma vez, o que já estou cansado de saber: a felicidade é atômica demais e não há tecnologia na natureza ou artificialmente desenvolvida que a faça permanente. E digo permanente de curto prazo, horas, talvez dias.

Mas, não! Isso não funciona assim. Se há uma onda positiva, outra negativa já está a caminho. E você, se não ficar esperto(a), pode naufragar. Às vezes, você consegue surfá-la. Foi o que fiz o dia todo. Levei alguns tombos, mas, como se eu houvesse antevisto essa onda negativa, estava com a minha prancha devidamente parafinada e as consequências não foram assim tão graves.

De tudo isso deduzo que a natureza, por si mesma, e a natureza das pessoas, por elas próprias, conjugam suas forças positivas e negativas nas mesmas proporções. Essas forças vêm de diferentes focos, claro. As mesmas pessoas que te passam energia positiva hoje, podem te enviar raios negativos amanhã e vice-versa. Concluo, mais uma vez, que a felicidade, o riso, a alegria, o bem-estar são utópicos. E utópico em dois sentidos: como a civilização ideal (que fantasiamos)e também como o "não-lugar" ou "lugar que não existe" (que a realidade nos impõe).


(Bobó de Camarão)

OK, estou mais para filosófico do que para cozinheiro. Mas, apenas para concluir, para fechar de vez o dia, fiz uma das produções nesta segunda-feira e, no exato momento de apresentar o prato, cadê o prato? Nós deixamos os pratos no forno, para aquecê-los. Só que há uns espertos que adoram pegar as coisas dos outros. E pegaram o meu prato, quentinho. Lá fui eu lavar outro prato. Cadê o papel? Não havia papel. Fui lá fora buscar, em outra classe. Quando voltei, a produção que eu havia feito jazia num outro prato, molhado e frio. É ou não é para ficar irritado com isso? Mal tive tempo de fotografar o prato.

Então, já que um dia é positivo e o outro, negativo, que amanhã, haja mais prótons do que elétrons. E que eu atraia mais do que repila. Queria ser só prótons!

Nesta segunda-feira, fizemos quatro produções da quente (apimentada) comida baiana, dentro da disciplina de Cozinha Brasileira: Bobó de Camarão, Farofa de Dendê, Moqueca de Peixe Baiana e Xinxin de Galinha. Compartilho a receita de Xinxin de Galinha que, na minha opinião, deve ser servida bastante apimentada.

Xinxin de Galinha

Rendimento: 2 porções

Ingredientes

- 600 gr de coxa e sobrecoxa de frango (em peças inteiras ou cortadas, conforme você quiser; pode ser com pele - o original mantém a pele -, mas, a maioria das pessoas não gosta)
- 2 limões - suco
- 2 dentes de alho picados em brunoise
- sal a gosto

Molho

- 50 gr de amendoim torrado
- 50 gr de castanha de cajú
- 100 gr de camarões secos
- 10 gr de gengibre ralado
- 1 tomate Débora
- coentro à vontade
- 1/2 pimentão vermelho picado
- 1/2 cebola picada
- 4 pimentas dedo-de-moça (você pondera quanto a isto porque alguns não gostam de tanta picância; mas, lembre-se: é comida baiana)
- azeite de dendê a gosto


(Xinxin de Galinha)

Modo de Preparo

1. Coloque o camarão em água com sal para dessalgar.

2. Limpe as coxas e sobrecoxas de frango.

3. Tempere o frango com o suco de limão, alho e sal. Reserve.

4. Prepare o molho do Xinxin com os demais ingredientes: processe, em liquidificador, o camarão seco dessalgado, o amendoim, as castanhas, o gengibre, o tomate, o coentro, o pimentão e a cebola.

5. Sele o frango no azeite de dendê (nós aproveitamos a pele e a gordura retirada das coxas e sobrecoxas e selamos o frango nessa gordura, que é mais macia e tem mais sabor do que o dendê. Você pode acrescentar a essa gordura um pouco de dendê que é para dar cor ao frango).

6. Junte todos os demais ingredientes processados ao frango já selado.

7. Adicione sal e pimenta dedo-de-moça à panela e deixe cozinhar até apurar. Calculo que o cozimento demore cerca de 1:30 hora. O frango deve ficar bem macio e o molho deve ficar com uma consistência de creme, quase um angu de milho. Não deve ter muito líquido.

8. Desligue o fogo e adicione azeite de dendê a gosto. Mexa bem.

9. Sirva com arroz branco e farofa de dendê.

(Roa: suas unhas porque no início de junho vou a Salvador, a trabalho. Quero comer no Yemanjá, onde há todas essas iguarias baianas legítimas. E ainda vou fuçar no Mercado Modelo para garimpar coisas da terra, ou melhor, terroir.)

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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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