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segunda-feira, 12 de maio de 2008

Rastreio de Cozinha - 51

Me lembrei neste momento em que escrevo que a cidade brasileira mais próxima do continente africano é Natal, capital do Rio Grande do Norte. É aceito cientificamente que a menor distância entre a América do Sul e da África se dá entre o Senegal e Natal, no Brasil. Talvez o fato me veio à mente porque, no último mês, a África passou a fazer parte da minha vida cotidiana, especificamente na figura da cidade de Luanda, capital da Angola, onde uma amiga está a trabalho.


(Arroz de Cuxá)

Esta não é uma aula de geografia. Mas, já que Natal me veio, não vou deixá-la de mão. A capital do Rio Grande do Norte é conhecida como a "Cidade do Sol" por ser uma das localidades com o maior número de dias de sol no Brasil (são quase 300 dos 365).


(Frigideira de Siri)

Olha as curiosidades a respeito de Natal:

- Foi a primeira cidade do Brasil a conhecer a Coca-Cola.
- É a cidade do Nordeste com a maior quantidade de veículos importados em relação à frota local (31% em 2006) e a segunda do Brasil.
- Tem a maior ponte estaiada (mesma tecnologia da Ponte Octavio Frias de Oliveira que acaba de virar o novo ponto turístico de São Paulo) do Brasil, a Ponte Newton Navarro.
- É a capital do Nordeste que melhor paga as pessoas com emprego formal no Nordeste e com o quinto maior poder de compra por parte da população no Brasil.
- O Rio Grande do Norte foi o primeiro estado a abolir a escravidão, dez anos antes do restante do Brasil.
- Natal foi a primeira cidade brasileira a conhecer o chiclete.


(Escondidinho de Carne-Seca)

Aposto que você não sabia nada disso. Nem eu. Tudo bem que a Coca-Cola e o chiclete são muiiiitttooooo importantes, mas, os demais dados mostram uma cidade, no mínimo, bastante diversa daquilo que pensamos a respeito das capitais nordestinas. E, para fechar o bloco, ainda que seja Natal, a cidade foi classificada em 14º. lugar entre as 20 cidades mais seguras do Brasil em 2006.


(Queijo Coalho com Melaço de Cana)

A abordagem de uma capital nordestina neste post se deve ao fato de que tivemos nesta segunda-feira, 12 de maio, a segunda aula do Nordeste na disciplina de Cozinha Brasileira. Fizemos cinco produções: Escondidinho de Carne-Seca, Caldinho de Sururu, Frigideira de Siri, Arroz de Cuxá e Queijo Coalho com Melaço de Cana. Passo a receita do Caldinho de Sururu, que foi a produção feita por mim.

Caldinho de Sururu

Ingredientes

- 250 gr de sururu sem casca
- 1 tomate em concassé
- sal a gosto
- 2 dentes de alho picados em cubinhos
- pimenta-do-reino preta a gosto
- 1 cebola picada em cubinhos
- 1/3 maço de cheiro verde picado
- azeite a gosto
- caldo de peixe
- 100 ml de leite de coco


(Caldinho de Sururu)

Modo de Preparo

1. Escalde o sururu em água fervente por 1 minuto.

2. Separe uma parte (cerca de 1/5) e processe (em liquidificador) com o caldo de peixe. Essa mistura será usada para tornar espesso o sururu.

3. Refogue em azeite o alho, a cebola e o tomate.

4. Processe (em liquidificador ou processador) o alho, a cebola e o tomate.

5. Retorne o molho (cebola, alho e tomate) à panela, com um pouco de azeite.

6. Junte o sururu processado com o caldo de peixe.

7. Adicione o leite de coco.

8. Tempere e ajuste o tempero com sal e pimenta-do-reino.

9. Cozinhe em fogo baixo até que o molho fique espesso.

10. Adicione o cheiro verde.

11. Adicione o restante do sururu. Cozinhe por cerca de 3 a 5 minutos. Experimente o sururu durante o preparo. Se cozinhar demais, fica borrachudo e não estamos na floresta amazônica, com seringueiras por todo o lado. Se cozinhar de menos, fica cru e não estamos em Tókyo para comer sushi de sururu.

12. Sirva em cumbuca específica com farinha de água torrada.

(Reme: a história da gastronomia, como sempre digo por aqui, é um termômetro, sem trocadilho, da cultura de um povo. Metade do Brasil usa farinha de milho na maior parte das suas produções e a outra metade usa a farinha de mandioca. Isso tem a ver com as tribos indígenas. Da região Centro-Oeste para baixo, usamos farinha de milho, que era o alimento principal dos índios tupi-guaranis. Do Centro-Oeste para cima, levou a melhor a farinha de mandioca, cuja cultura era apreciada por tribos como potiguaras, pataxós e botocudos. Isso fez com que, até hoje, haja praticamente dois países feitos de farinha: um , de milho, e o outro, de mandioca. Não é à toa que todos, ou pelo menos a maioria de nós, não passa sem uma farofa ou farinha de qualquer espécie como guarnição durante as refeições cotidianas.)

8 Comentários:

Patty Diphusa disse...

Oque é aquilo verdinho do lado do camarão e do arroz de cuxá?
Vou pegar algumas receitas e fazer já que meus amigos estão fazendo gastronomia só para tirar fotos mesmo.


Beijos famintos

Redneck disse...

Patty Denghosa, o verdinho é feito de vinagreira (também conhecida como azedinha, quiabo-azedo, quiabo-deangola, rosela, groselha ou caruru-da-guiné. É uma planta de cálice vermelho e de característico sabor azedo). A vinagreira deve ser cozida com água e sal, escorrida e processada com camarão seco, farinha de mandioca, gergelim. Depois disso, é cozida até virar um mingau. Garanto que também é muito bom! Você pode pedir em restaurante e tirar fotos. O que os amigos fazem nas aulas de gastronomia é só para isso mesmo, para poder ter o que dizer no blog e para colocar nas fotos. Beijos!

Wagner disse...

Bah, sempre achei o contato com outras culturas muito enriquecedor. Soh não farei as receitas porque sou vegetariano. Mas são ótimas! Abraços!

Redneck disse...

Oi Wagner, valeu a visita! Apareça mais vezes porque de vez em quando, raramente, tem alguma coisa vegetariana. Obrigado. Abraço!

leve solto disse...

Ei Red, que saudade de vc e do caldinho de sururú...rsrs

bjs

Mara

Redneck disse...

Mara, quanto ao caldinho de sururú, temo que não posso fazer nada a respeito. Mas, quanto a mim, estou sempre por aqui. E você, vem sempre aqui? Beijos!

Reiko Miura disse...

Oi Red,

morei em Natal durante o ano de 1981. Minha casa era ali na Vila de Ponta Negra, no meio de um coqueiral infindável, ou seja, ficava depois que a cidade acabava. No ano passado estive por ali e não achei mais a casa, nem o coqueiral. Tudo virou bairro e ninguém mais conhece os pescadores que viviam ali. Na praia, assim como em Fortaleza, só tinha portugueses aposentados. Faziam umas rodinhas no pé do morro do careca.

Mas a minha lembrança de Natal que não me abandona, é do dia em que foi inaugurada a escada rolante das lojas Americanas. Parou tudo! A cidade inteira foi subir e descer de escada rolante. Era a primeira da cidade! Boas lembranças.

bjs.

Redneck disse...

Andarilha, é uma pena que as coisas acabem da forma como você descreveu. E, quanto a escada rolante, isso simplesmente demonstra a humildade em geral do povo. Não sei se me divirto ou se me entristeço com isso. De qualquer forma, há algo de romântico no fato. Beijo!

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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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