Um conto que não foi inventado por Sherazade
O versículo está naquele que considero, literariamente, um dos maiores livros da civilização, a Bíblia: "todo aquele... será comparado a um homem insensato que edificou sua casa sobre a areia e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa e ela desabou, sendo grande a sua ruína".
Faço uso desse popular e válido alerta para o relacionar com a crise, mais uma, que, desta vez, como tempestade de areia, deve anuviar parte do mundo globalizado: a Dubai World, empresa estatal de investimentos dos Emirados Árabes, declarou, nesta quinta-feira, 26, moratória. A moratória, como bem podem recordar os brasileiros acima dos 30 anos, trata-se de um regime de exceção pelo qual o devedor pede alongamento a longo prazo de suas dívidas ao credor.
A Dubai World tem dívidas que totalizam US$ 59 bilhões - a moratória estende o prazo para pagamento para maio do ano que vem - e afeta todos os setores de Dubai, a rica capital do Oriente Médio incrustrada no meio do Deserto da Arábia.
A capital dos Emirados Árabes registrava, nos últimos seis anos, um crescimento magnífico e remetia o Ocidente aos contos das "Mil e Uma Noites". Mas em versão moderna: as maravilhosas construções em formato de palmeira sobre o mar, registradas por satélite, a estrutura mais alta construída pelo homem, o metrô mais curto e mais caro do mundo e outras obras do tamanho do ego dos xeques do emirado. Com algum atraso em relação ao resto do mundo, Dubai e seus castelos construídos sob o nada ruem no efeito cascata que assola o mercado imobiliário mundial.
2 Comentários:
Um bom texto. O que é construido em cima da vaidade não costuma ter bom prognostico.
abraços
Oi Angela, tudo bem? Bem-vinda a este espaço. Como você vê, essas vaidades ruem todas. Abraço!
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