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sábado, 21 de novembro de 2009

A construção de uma diva contemporânea, aka GaGamania

Você já ouvir falar em Lady GaGa? Se não ouviu é porque:


- Não acessa a internet
- Não vê TV
- Não conversa com ninguém
- Não lê, não fala, não pensa, não ouve
- Não vive na Terra


Parece radical mas não é. Lady GaGa diz muito do nosso tempo. De como se constrói uma personalidade nos tempos em que uma celebridade acende-se e apaga-se mais rápido que velas aromáticas de tamanho reduzido.





Abaixo, os clips de 'Bad Romance", "Paparazzi" e "Poker Face" e, mais abaixo, reproduzo um artigo (de autoria do articulista Paulo Nogueira, da revista Época) que achei extremamente pertinente sobre esse mito moderno que se constrói atualmente: tudo é calculado com precisão cirúrgica do marketing moderno. Frases que chocam, aparições especialmente articuladas, discurso agressivo, uso extremamente eficiente das diversas plataformas - internet, TV, mídia em geral. Somente tenho dúvidas sobre a permanência de Lady GaGa quando o fator 'inovação' for superado por uma outra 'celebridade' igualmente construída. Vivemos uma época não de bad romances, e sim de fakesbooks!
















A seguir, a transcrição do artigo:


"A fórmula do sucesso na música pop é a mesma desde que Michael Jackson e Madonna a definiram nos anos 80. A qualidade das canções e da voz, até ali o primeiro e decisivo ponto para o estrelato, tornou-se um item – importante, é verdade – entre vários. O aspirante ao estrelato tem de se vestir de forma extravagante, comportar-se de forma ainda mais extravagante, fazer chegar informações sensacionalmente fajutas às redações de revistas de fofocas, que as repercutirão, e, na hora da turnê, montar superproduções cheias de luzes, efeitos visuais, coreografias bizarras e demais itens que oscilam entre a breguice multicolorida e a arte inovadora de acordo com o olhar de cada um. Michael Jackson, o falecido Rei do Pop, obteve 10 com louvor em todos esses atributos. Para estar presente na mídia ubiquamente, chegou a plantar a lorota de que dormia numa câmara hiperbárica que lhe daria pelo menos o dobro dos anos que ele de fato viveu, ergueu uma casa com um zoológico notável e por algum tempo se fazia acompanhar, nas entrevistas, de Bubbles, um macaco que dançava razoavelmente o moonwalk. Lady Gaga, de 23 anos, seguindo as placas sem perder tempo em recriá-las ou muito menos desafiá-las, chegou, viu, copiou e venceu em 2009.


Seu sucesso transatlântico, histérico, barulhento transformou os demais habitantes do mundo pop em figurantes, incluída aí Madonna, a mãe de todas as replicantes que vieram depois, de Britney Spears a Christina Aguilera. Na metade do ano, Perez Hilton, o fofoqueiro- -mor do showbiz americano, um blogueiro tão estridente quanto as pessoas sobre as quais escreve, disse que Lady Gaga era a Princesa do Pop. De lá para cá, os números formidáveis que cercam Stefani Germanotta, aliás Lady Gaga, nova-iorquina criada em Manhattan e filha de um pai músico, autorizam-na a reivindicar um título ainda mais retumbante: o de rainha.


Pela primeira vez em 17 anos, desde que a revista Billboard lançou o Top 40 das músicas mais tocadas nas rádios americanas, alguém chega ao número 1 com quatro faixas do álbum de estreia. No caso, The fame, com o qual Lady Gaga se apresentou ao mundo, e cuja vendagem mundial ultrapassou 4 milhões de cópias. A primeira canção do quarteto mágico foi “Love game”, a segunda “Poker face”, a terceira “Just dance” e agora, na semana passada, “Paparazzi”. “Claro que chorei como um bebê ao receber a notícia”, disse ela. “Just dance” e “Poker face” foram baixadas mais de 4 milhões de vezes legalmente nos Estados Unidos e têm uma importância histórica na carreira de Lady Gaga: com uma ela virou notícia, “Just dance”, e com a outra, “Poker face”, conquistou as manchetes.


Uma única pessoa, até aqui, passou a fronteira dos 4 milhões de downloads com duas músicas, ela mesma. No momento em que esta reportagem é escrita, Lady Gaga já superou a marca de 20 milhões de singles vendidos no mundo. Uma dose colossal de Lady Gaga está reservada aos admiradores para breve: o álbum duplo The fame monster, com 25 faixas, das quais a primeira já está no ar e toca em todas as partes: “Bad romance”. O primeiro CD terá oito músicas novas, e o segundo é The fame reapresentado. Em 27 de novembro, começará em Montreal sua primeira turnê internacional, The monster ball.


Princesa ou Rainha do Pop? Não são as únicas alternativas diante de Lady Gaga. Em sua curta e fulminante escalada, ela foi alvo de fortes rumores de que não seria, a rigor, mulher. Falou-se, e muito, que ela seria ele. A palavra hermafrodita apareceu com frequência nas reportagens sobre Lady Gaga, e não raro se deu um passo adiante para chamá-la, simplesmente, de homem. Há suspeitas de que ela própria tenha estimulado os boatos, na louca cavalgada em busca da publicidade, a exemplo de Michael Jackson com sua pretensa câmara hiperbárica. O certo é que, durante um bom tempo, Lady Gaga ficou em silêncio enquanto a especulação projetava formidavelmente seu nome. A discussão em torno do sexo começou logo depois que ela fez uma apresentação no Festival de Glastonbury, no verão inglês. A BBC, que promoveu o festival, filmou Lady Gaga. Num determinado momento, ela apareceu no palco deitada de costas numa espalhafatosa motocicleta, e vestida numa microssaia feita para mostrar e não esconder. Ao levantar- -se num gesto teatral da moto, sob gritos frenéticos da plateia jovem e alegre, Lady Gaga foi pilhada por uma câmera que mostrava sua intimidade. Não se viu, naquela fração de minuto, o que em geral se observa nessas ocasiões, mas um volume que, transformado em foto, pareceu suspeito. A foto varreu a internet em todo o mundo e foi exibida como uma suposta prova de que a princesa que se consagrava ali era, na verdade, um príncipe, ou uma mistura de ambos.


O empresário de Lady Gaga atribuiu, sem muita repercussão, a suspeita a uma entrevista que ela concedera, pouco antes, à revista Rolling Stone. Nela, também numa declaração que é difícil precisar se é verdadeira ou apenas destinada à autopromoção, ela afirmara ser “bissexual”. Com um detalhe: jamais se apaixonara por uma mulher. Seu interesse era “puramente físico”, não de alma, mas o suficiente para incomodar e intimidar seus namorados, segundo ela. Daí, de acordo com o empresário, a origem da pergunta sobre se a diva era ou não mulher.


Contribuiu também sua aparência física. Despojada de toda a parafernália que a cobre quase tanto quanto uma burca, Lady Gaga tem traços ligeiramente másculos, e um andar que não fica muito longe disso. Quase não tem pescoço, o que destaca o nariz que evoca o do beatle sobrevivente Ringo Starr. Uma paródia de “Poker face”, que virou sucesso instantâneo no YouTube, tinha o sugestivo nome de “Butterface”. “Não se iluda”, afirmava a letra mordaz. “Ela tem o corpo da Barbie mas o rosto do Ken.” Quando ela enfim apanhou o microfone para desmentir os rumores, suas palavras obedeceram à regra clássica do estrelato no mundo pop: máxima potência, para chocar. “Não fui insultada”, afirmou. “Ofendida foi minha bela vagina.” Ela não tem pretensões a ganhar concursos de beleza, mas diz que está estabelecendo um novo paradigma para a gostosura feminina.


O nome artístico de Stefani Germanotta surgiu do acaso. Seu antigo produtor achava que havia algo do Queen nas composições de Stefi, como ele a chamava. Cantarolava às vezes para ela “Radio ga ga”, um clássico do Queen. Numa ocasião ela assinou uma mensagem para ele como Lady Gaga, e o resto você pode imaginar. Fora Madonna e Christina Aguilera, com cujo professor de canto teve aulas e para quem chegou a escrever canções, seus inspiradores incluem Beatles, David Bowie, Elton John, Queen e Led Zeppelin. Seu quinteto favorito de todos os tempos: “Oh darling”, dos Beatles, “Whole lotta love”, do Led Zeppelin, “Hold on”, de Wilson Philips, “TNT”, do AC/DC, e “Rebel, rebel”, de Bowie. A introdução ao rock veio do pai, Joseph, que tocou em bares e acabou se transformando num empreendedor digital. Foi Joseph quem pôs Lady Gaga para aprender piano ainda menina. Ela fala do pai com devoção. Diz que todo mundo pode chamá-la na rua de vagabunda e outras coisas sem que isso a incomode, mas se o pai fizer uma censura, ainda que branda, eis um problema.


Ele já fez, e foi pesada. Nos primórdios, Lady Gaga tocava em bares de Nova York com trajes que sugeriam mais uma stripper do que uma cantora. Drogava-se, bebia e produzia uma música que, em sua autoavaliação irônica, ela só ouvia porque era ela mesma quem cantava. O pai ficou sem falar com ela. Hoje, ele mostra com orgulho uma nova tatuagem, o raio que aparece no rosto da filha no vídeo de “Just dance”. Quando não está vestida de Lady Gaga, com toda a máquina a seu redor, a Princesa do Pop tem ares mais comuns do que majestosos. Há poucas semanas, ela compareceu a um espetáculo em benefício da comunidade gay e, apenas com o piano e um microfone, tocou “Imagine”, de John Lennon. Foi, com certeza, um dos piores tributos que Lennon recebeu. Ela errou o tempo, a letra e desafinou, como pode verificar quem quiser no YouTube. Não é um grande problema, porque Stefi Germanotta jamais se apresentará nos palcos, para valer, sem estar nos trajes de Maria Antonieta do pop, com um séquito de cortesões que lembra Versalhes pré-1789."







2 Comentários:

Três Egos disse...

Olá! Td bem?

Eu particularmente adoro a Lady GaGa, isto vc já deve ter percebido no meu blog... rs. Só achei impertinente darem a ela o título de rainha ou princesa do pop, porque estes títulos já existem sendo a Madonna e a Britney com seus respectivos cargos e conquistas. Veja bem, adoro a Lady GaGa, talvez até mais que Madonna, mas não acho de bom grado darem a ela um título q já existe em outra pessoa.

Quanto à apelação, não vejo problema nenhum, cada um sabe o que faz e o grau de disposição para ser famoso, pelo menos ela conseguiu a fama e pelo q tudo indica não irá durar pouco. Diferente dos "15 minutos" do BBB. Vejo isto pela cantora BoA que teve um contrato quando tinha 12 ou 13 anos para lançar seu primeiro disco só quando tinha 15 anos, neste intervalo, teve aulas de canto, dança e idiomas para ser uma das maiores artistas da Ásia, e assim o fez!

Bom, eu tinha programado de ir no Glória este fds, mas aconteceu uns imprevistos e não poderei ir. Enfim, se eu morasse perto do Glória como vc eu certamente bateria cartão lá (como se já não fizess isto... rs). E pode deixar q quando eu for a gente se vê lá na frente, muitas vezes ficamos lá no Bar Ludus antes de entrar.

Grande abraço,

Apolo

Redneck disse...

Apolo, tudo bom? Gosto que você apareça por aqui e comente os posts. Assim como gosto dos seus próprios posts. Eu concordo em muita coisa que você diz mas o que eu quis dizer sobre LadyGaGa e outras celebridades construídas é que fica tudo muito comercial e padronizado. São raras as aparições de gente talentosa mesmo, que nasce e cresce sem os artifícios do marketing. Nem mesmo a Susan Boyle, que tem voz suficiente por si só, conseguiu sair ilesa do processo. E veja o caso de outras celebridades que são afundadas pelo próprio talento: Michael Jackson e, mais recentemente, a Amy Winehouse. Gente talentosa, sem dúvida, mas cuja fama as massacra. A LadyGaGa é o oposto: o massacre é construído e é neste ponto que digo se haverá ou não permanência. De qualquer forma, eu gosto das músicas delas e não me importaria de dançar (quem sabe no Glória!) ao som de GaGa. O problema é que muitos vão e vêm e são poucos os que permanecem. Mas isso diz muito de nossa época, em que tudo é provisório e instantâneo, não? Quanto ao Glória, quem sabe, né! Não acharia ruim conhecer um blogueiro de quem já gosto. Grande abraço!

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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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