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sábado, 21 de novembro de 2009

The book is on the table

Tudo são números grandiosos neste livro: 759 páginas, 4 bilhões de anos retroagidos do presente até o início do que definimos como a origem da vida - que o autor atribui às bactérias de dois tipos: eubactérias e arqueias - e 39 encontros com os denominados 'concestrais', grupos de vida animal e vegetal que, de retrocesso em retrocesso, desde nós, atuais humanos, explicarão (ou tentarão) como nos tornamos o que somos, tanto a vida animal, humanos inclusos, quanto a vida vegetal que viceja no ar, na crosta terrestre e no fundo do mar.


Levei quase cinco meses para ler tudo: comprei o livro no dia 04 de julho e o terminei esta semana. Foi um processo de absorção de informação científica, de dados biológicos, de cálculos e inferências que, leitor, devo deglutir e entender sob o risco de me perder em tantas idas e vindas.


Ao final, fica a sensação de que somos apenas mais um dos grupos referidos pelo autor nesses 4 bilhões de anos - entre as primeiras bactérias e nós e os bichos e plantas que habitam a Terra, milhões de outros animais, plantas e hominídeos feneceram. A seguir tal precisão evolutiva, vamos nós também atuais dominantes do planeta, rumar inexoráveis em direção ao fim e sermos substituídos por outras espécies melhor adaptadas às futuras condições ambientais desse planeta que, ao menos até agora, é o único que viabiliza a vida humana.





O livro é "A Grande História da Evolução - Na Trilha dos Nossos Ancestrais" - Richard Dawkins - editora Companhia das Letras - 759 páginas. Dawkins é um darwinista ferrenho e, no oposto, ateísta e totalmente contra a teoria dos criacionistas - aqueles que creem na teoria da criação, pela qual uma ou mais entidades inteligentes estão por detrás do surgimento do universo. O criacionismo - e por isso o constante ataque de Dawkins ao conceito - se caracteriza pela oposição às teorias científicas que pretendem explicar a origem da vida e da evolução de todos os seres vivos.


"A Grande História da Evolução" não é um livro fácil. A despeito do autor ter feito uma associação com o clássico livro "Os Contos de Cantuária", de Geoffrey Chaucer, essa ligação não favorece o livro de Dawkins. Nos "Contos de Cantuária", Chaucer relata a peregrinação de homens e mulheres da Idade Média à Cantuária e cola as narrativas de cada personagem umas às outras. No livro de Chaucer, que adquiri justamente a partir da leitura de Dawkins, isso funciona. Mas para os peregrinos de Dawkins, cujos 'contos' pretendem fazer amarração semelhante, nem tanto. O artifício de Chaucer é maravilhosamente literário e o de Dawkins, bem, é apenas uma tentativa de dar efeito literário a uma obra que é científica.


Mas engana-se quem pensa que a história da biologia, da evolução e de milhões de seres encadeados em grupos que formam os peregrinos nos 4 bilhões de anos, é chata. Na verdade, há muitas e bastante agradáveis 'viagens' ao lado desses peregrinos relatados por Dawkins.


Autor de outros livros bastante polêmicos como "O Gene Egoísta", "O Fenótipo Estendido" e "Deus, Um Delírio", Dawkins acaba de lançar um novo livro - "O Maior Espetáculo da Terra - As Evidências em Favor da Evolução" ("The Greatest Show on Earth - The Evidence for Evolution"). Esse livro se soma ao "The Ancestor's Tale - A Pilgrimage to the Dawn of Life", título original de "A Grande História...". 


Para mim, o livro torna-se um subsídio a mais no meu próprio repertório de crenças e descrenças. Assim como Dawkins, sou, por natureza, um evolucionista e compartilho da teoria de Charles Darwin que, este ano, completa 150 anos. Ante eventuais críticas e defesas ardentes sobre as teorias religiosas e criacionistas (ambas, embora tenham pontos de contato, não são a mesma coisa, não de todo), uso uma reprodução feita por Dawkins sobre um diálogo empreendido entre o evolucionista britânico J.B.S. Haldane e uma expectadora criacionista de uma de suas palestras: a mulher diz a Haldane que simplesmente não podia acreditar que, mesmo em bilhões de anos, se pudesse "ir de uma célula única a um complicado corpo humano". Haldane retruca: "Mas, madame, a senhora mesma fez isso. E em apenas nove meses".


Portanto, a vida pode ser explicada por Darwin, pela fé religiosa, por criacionistas ou, simplesmente, ser deixada à deriva, sem que importe de onde viemos e como chegamos a nos constituir no que somos atualmente. O que interessa, a meu ver, é que a vida é infinita e que o mais brilhante de tudo isso é o fato de poder falar sobre isso e acreditar em matemática ou na astrologia. Não importa. O que importa é a certeza maravilhosa de que chegamos aqui e, pelo menos por ora, somos o que somos, independentemente de termos atrás de nós 4 bilhões de anos. Somos apenas poeira dos tempos, como gosto de falar. Com a diferença que somos poeira falante, inteligente e gostamos de nos unir entre nós. Vai ver a história de que somos feitos do barro tenha a ver com essa poeira cósmica a que eu tanto me refiro. Sei lá!



2 Comentários:

Três Egos disse...

Olá Redneck! Td bem?

Apesar de eu saber apenas o que aprendi no ensino médio sobre a origem da vida, se na teroia darwinista ou na criacionista, acredito muito mais na primeira, para mim tem mais sentindo, simplesmente é mais "acreditável". Entretanto, concordo plenamente com vc, o importante mesmo é que estamos aqui, que a vida existe! Descobrir e entender os mistérios da vida é apenas um passatempo e, talvez, uma forma para q o ser humano predomine sobre o planeta Terra, pelo menos por enquanto.

E agradeço muito pelo comentário no meu blog, a dúvida nestas horas não sei se é válida, por isto é melhor saber o prognóstico, muitas vezes ele até te reanima. Vlw!

Hermes

Redneck disse...

Hermes, é isso. Enquanto não descobrimos - e nem sei se vamos - a origem do que somos, o jeito é viver aqui e agora. E não há nada a agradecer. Eu comentei aquilo porque foi o que senti. E te desejo tudo de bom. Abraço!

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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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