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quinta-feira, 19 de junho de 2008

Rastreio de Cozinha - 76

Ásia. Junho de 2005. Viajei a trabalho para a China. Engraçado que, com toda a política de bloqueio, é muito mais fácil obter um visto para a China do que para os EUA. Fui ao Consulado da China aqui em São Paulo, fiz a solicitação, escrevi uma carta de próprio punho para justificar a minha visita ao país (menti e disse que ia como turista, não como jornalista; jornalistas não são bem-vindos à China). Uns três dias depois, eu já tinha autorização para viajar. O problema aconteceu em outro departamento. Minha ida estava marcada para o sábado.


O vôo seria pelo Pacífico, com escala no Canadá. Por incompetência da agência de turismo, claro que eu não tinha o visto para o Canadá (exigido a partir do 11 de Setembro). Portanto, ao fazer o check-in (Air France), fui barrado ali mesmo, no balcão.

Fui, como disse, a trabalho, a convite de uma empresa norte-americana que transferiu toda a sua produção para a China (como milhares de outras). Na ocasião, o próprio CEO da empresa, que também viajou, intercedeu junto à agência de turismo e conseguiu que eu embarcasse, dessa vez pelo Atlântico, no dia seguinte. Viajei, com escala em Frankfurt (cinco horas dentro do aeroporto, com direito a banho em confortável banheiro).


De Frankfurt, mais 12 horas até Pequim (Beijing). Somadas todas as horas, da saída de São Paulo, foram 27 horas até descer na cidade. É muito exaustivo. Quando cheguei ao aeroporto de Pequim, não houve nenhum problema. Só uma revista padrão feita pela polícia local, que não me pareceu tão assustadora quanto eu me lembrava da TV e de outras informações.

Havia uma van à minha espera e o meu nome e sobrenome estavam escritos de forma antes nunca vista por mim. As letras estavam ao contrário. Mas, deu para me identificar. Falei com o motorista em inglês que, literalmente, me arrastou pelo aeroporto. Eles são bem rápidos. Me deixou na calçada, jogou um celular na minha mão e uma chinesa falava comigo em mandarim (!!!!).

Respondi em inglês e nos entendemos e o motorista chegou, com a van. Dali fomos direto para a Praça da Paz Celestial (Tian'anmen). Fui me juntar a outros nove jornalistas sul-americanos (eu era o único do Brasil). Os demais estavam em visita à Cidade Proibida (que abriga os Palácios Imperiais das Dinastias Ming e Qing). Creio que fiquei na praça por cerca de uma hora e tudo aconteceu neste período: comprei uma câmera digital bem barata (a atendente da loja correu ao banco para trocar os euros por iuans); tirei um monte de fotos da praça; fui centro de atenção de camelôs chineses que chegaram a tocar nos meus cabelos e perguntar pelos meus dentes (me senti atração de zoológico). A curiosidade é natural porque a abertura aos estrangeiros é bem recente na China e o Brasil sempre é alvo de atenção. Riram quando falei minha idade (?) e ficaram ainda mais felizes quando comprei bonés de Beijing 2008 (é, já estava à venda).

Quando os demais jornalistas chegaram, fui apresentado ao grupo e fomos para o hotel. Visitamos, todos juntos, no dia seguinte, a Muralha da China, que é grandiosa mesmo!!!! Os degraus são minúsculos, o que nos obriga a um reforço de fôlego (ao menos a mim, que sou fumante). Depois, quando você está lá em cima, numa das torres de observação, é indescritível a sensação de ver toda a dimensão de tudo aquilo. E os maiores visitantes são os próprios chineses. Inclusive, são realizados casamentos em alguns lugares da Muralha. Eu mesmo vi um casal de noivos no dia de nossa visita.

Depois, comemos comida chinesa (cheguei a experimentar insetos, que se parecem muito com as nossas içás do Brasil, que são comidas em farofas por aqui; sim, ainda o são!). Mas, não experimentei cobra e tampouco cachorros (e há restaurantes clandestinos em Pequim que servem ambas as carnes; o consumo de cachorro é proibido, mas, existe). A comida considerada estranha pelos ocidentais (de insetos, répteis, cachorros, macacos) se deve aos grandes períodos de fome pelos quais a China passou. As pessoas passaram a comer tudo o que encontravam, de animais a vegetais, e incorporaram isso à gastronomia de algumas regiões chinesas. Vale o mesmo para o consumo do calango no Nordeste do Brasil. A gastronomia, meu(minha) caro(a), é, sobretudo, uma questão de sobrevivência!

De Pequim, voamos para Hangzhou (a pouco mais de uma hora de avião). Hangzhou é capital da província de Zhejiang e abriga um dos maiores portos de entrada para a China. A cidade fica próxima de Shangai e é extremamente agradável, com muito verde e um clima refrescante, devido à proximidade do rio Fushun.
Em Hangzhou, fomos ao Parque Xiuboyan, que reúne uma infinidade de atrativos, inclusive um teatro imenso aonde assistimos a apresentações clássicas chinesas, como um ataque de soldados, dança contemporânea e a indefectível ginástica contorcionista chinesa. Também participei de uma cerimônia legítima de chá verde.

De volta ao Brasil, desta vez parei em Paris, onde esperei mais seis horas dentro do gelado e sujo aeroporto Charles de Gaulle.

Essa é a minha experiência asiática e a conto aqui porque nossa aula de Geografia Aplicada à Gastronomia foi sobre a Ásia (China, Japão e Tailândia). O professor de Geografia morou e trabalhou no Cantão, na China, e pode descrever perfeitamente a gastronomia de lá. A China é incrível!


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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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