Incompetência

O desgraçadinho falhou! Eu sabia, tinha certeza. Se você acompanhou o passo-a-passo do Cupido no encargo de me fazer uma pessoa feliz hoje, dia 12, já sabe do que se trata. Em 48 horas, o Cupido e eu entramos num acordo de que até às 24 horas de ontem eu estaria devidamente acompanhado para passar o Dia dos Namorados.

Se arrumei alguma coisa? Só se for o peixe namorado para comer no almoço! O desgraçadinho deu toda pinta de que falharia: primeiro, dormia, enquanto deveria estar a galope (ou a asas) pela cidade. No segundo post, estava com cara cínica, bem anjinho do mau. No terceiro post, simulou um comportamento homoerótico que, ao tudo indica, serviu apenas para o prazer hedônico dele mesmo. O meu prazer, esse, deve estar nas asas de algum cavalo alado.

Por fim, ontem, há doze horas, dei um ultimato. Bem que tive apoio da Mara, da amèlie e da Andréia. amèlie me disse para optar pela ousadia. Creio que não entendi direito e não ousei. Deveria, pois, amèlie, voar com minhas próprias asas e usar minhas próprias flechas. Te entendi tardiamente. A outra (Mara) me pediu Cupido emprestado e foi da tentativa às favas com o maligno. Finalmente, Andréia me pediu para detonar o capetinha depois. Mas, Andréia, eu sabia de antemão que os deuses brincam com os homens e sempre perdemos.

Pois que desta vez eu fiz o inverso. Enquanto Cupido cuidava da própria vida e deixava que eu me danasse com a minha, roubei suas flechas para saber se funcionavam. Imaginei que Cupido poderia até mesmo voltar sua atenção para mim. Sabe-se lá, não é? O mito é para ser assim. Pois não funcionou. Matei o desgraçadinho! Não estou arrependido. Mesmo porque aprendi a lidar com muito, bastante mesmo, sangue. Estou com sangue nas mãos e continuo com desejos indizíveis.