Publicidade X polêmica
As campanhas publicitárias adoram criar polêmicas e, encima disso, faturar para o cliente. Na Itália, que há poucas semanas debateu a anorexia retratada por Oliviero Toscani para a grife No.l.ita, um anúncio publicitário voltou a fazer barulho. O anúncio é parte de uma campanha contra a discriminação dos homossexuais que exibe um recém-nascido com uma pulseira de identificação com a palavra "homossexual" no lugar do nome. A foto e o assunto tomaram conta da Itália, em reações de apoio e contra, segundo a AFP e o UOL. "A orientação sexual não é uma escolha" é o lema da campanha usado nos anúncios espalhados pela região da Toscana (centro-norte) e reproduzidos nos jornais italianos. Segundo o deputado democrata-cristão Luca Volontè, "usar recém-nascidos para fazer crer que a tendência homossexual é uma característica inata é um erro e uma vergonha". A campanha é de "mau gosto", disse o filósofo Gianni Vattimo, que é gay. A principal associação de defesa dos direitos dos homossexuais na Itália, a ArciGay, saudou a iniciativa, que mostra que a homossexualidade é um "dom imutável que deve ser respeitado". Não sei se, no balanço geral, o público-alvo, que são as pessoas comuns, e não políticos, filósofos ou gays, será atingido de forma positiva. Na maioria das vezes, tratar um assunto de forma polêmica, para mim, faz com que as pessoas reajam mal e negativamente. O uso de um bebê pode suscitar em muitos o repúdio - contra o gay e contra a peça publicitária. A peça publicitária da No.l.ita, de Toscani, foi proibida, no final das contas. Quem ganhou com isso? Garanto que não foram as pessoas que sofrem de anorexia. Assim como não ganharão os gays porque uma campanha resolveu determinar que a pulseirinha que identifica o bebê deve rotular desde o início sua condição sexual. É ou não uma forma cifrada de discriminação? Ou por acaso está escrito a palavra "heterossexual" nas pulseirinhas de bebês que não são gays?
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