Meu rugido dominical
Em Sete Lagoas (MG), o juiz Edilson Rumbelsperger Rodrigues, da 1ª. Vara Criminal e de Menores da cidade, desdisse a lei Maria da Penha (que aumenta o rigor para agressões contra a mulher) e lavrou uma tábula própria: "A desgraça humana começou no Éden, por causa da mulher ... O mundo é masculino! A idéia que temos de Deus é masculina. Jesus foi homem!" O juiz tem recusado pedidos de medidas contra homens que agrediram ou ameaçaram suas mulheres sistematicamente. "Para não se ver eventualmente envolvido nas armadilhas dessa lei absurda (Maria da Penha), o homem terá de se manter tolo, mole, no sentido de se ver na contingência de ter de ceder facilmente às pressões", continua o juiz, em um de seus despachos. Como contraponto, no outro lado do mundo, uma mulher, de 48 anos, na Malásia, cortou o pênis do marido depois de ele ter comparado o desempenho sexual dela ao da segunda esposa, 18 anos mais nova. O homem, um indonésio de 43 anos, estava na cama e conversava sobre a segunda esposa, com a qual está recém-casado. De repente, a primeira esposa se sentiu ofendida e atacou o pênis do marido com uma faca de cozinha. Após o ataque, a vítima conseguiu vestir as calças e ir de motocicleta até um hospital próximo. Lá, os médicos reimplantaram o órgão com 11 pontos. Apesar de ser considerada ilegal na Malásia desde 1982, a bigamia subsiste no país. Qual dos dois está correto ou errado nas duas estórias: o juiz ou a malaia? O que se demonstra aqui é o eterno poder do pênis sobre o mundo. O juiz, cuja toga representa o falo, desconsidera a lei e determina que os machos devem tomar para si a decisão de sair por aí e dar uns tapas nas esposas sem que sejam sequer advertidos por isso. A primeira esposa da Malásia sentiu-se injuriada pela ameaça da jovem segunda esposa e simplesmente decepou o órgão masculino do companheiro por intuir que é dali que vinha a força do Sansão. Nos dois casos, é claro que há um óbvio exagero, ações extremas de demonstração de poder e submissão. Mas, se a ação de um significa a sentença da outra, a mulher se defenderá daquele jugo e cortará, sim, o mal que a assola pela raiz, ainda que de forma literal. Dessa forma, ela liberta-se e às demais, que, castradas pela lei e pelo domínio do homem, vêem o mundo fálico com o controle de tudo, inclusive de suas vidas. Ontem, tarde da noite, ao voltar para casa, havia três rapazes na rua (perto de casa há um bufê e todo fim de semana há algum evento). Eles, de gravata, provavelmente haviam saido de uma festa e, bêbados, urinavam na rua. Passou um carro com duas mulheres, elas pararam e começaram a gritar para que eles mostrassem seus respectivos membros. A princípio, eles não reagiram. Depois, um atrás do outro, mostraram. Elas vibraram! Não sei mais o que aconteceu porque entrei em casa. Quem domina quem? O juiz, que determina que bater na esposa é correto? A mulher, que arranca o pênis do marido por que ele a insultou? Os caras e as garotas, que se divertem em um espetáculo de exibiocionismo? Sinceramente? Meio a meio! Pela permissividade de ambos os sexos, pela submissão e pela violência, de qualquer um, homem e mulher. Não consigo visualizar o maniqueísmo de que o homem é ruim e a mulher, boa. Somos todos da mesma cepa. Em tempo: o juiz deve ser acionado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ); a mulher da Malásia ficará presa por três anos; e os três caras e as duas meninas pelo menos se divertiram. Afinal, umas pediram para ver e os outros mostraram. Simples assim, como brincar de médico e enfermeira. Pano de fundo: sexo, sempre.
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