A ilha
Fidel Castro, pediu hoje, domingo, aos EUA a suspenção do bloqueio contra Cuba e também solicitou diretamente ao presidente norte-americano, George W. Bush, que não ameace a humanidade com uma guerra nuclear. As declarações de Fidel foram divulgadas em Havana. O texto foi lido na televisão local pela presidente da mesa eleitoral onde o dirigente cubano está inscrito. Fidel votou neste domingo no local em que está internado em razão da grave doença que o mantém afastado do poder há quase quinze meses. O cubano exigiu a Bush que ponha fim ao "bloqueio genocida", em alusão ao embargo que os EUA mantêm contra Cuba há 45 anos. Fidel, assim como os demais eleitores, votou para líderes municipais. Castro está com 81 anos e, ao que tudo indica, não deve voltar a exercer efetivamente o poder. Por enquanto, Cuba está sob o governo provisório do irmão de Fidel, Raul Castro. A preocupação de Cuba é que, com a morte de Fidel, a ilha terá que se encaixar numa outra ordem dentro do contexto mundial. China, Coréia do Norte e até o Yemen já avançaram em várias etapas e não dá para Cuba sustentar o modelo político atual. A ilha foi um quintal de cassinos norte-americanos até a década de 60. Quando os EUA foram derrotados na Baía do Porcos pelos cubanos, os norte-americanos levantaram o embargo, que dura até agora, ou seja, mais de 40 anos. Relatos de amigos que estiveram em Cuba nos últimos três anos dão conta de diferentes ângulos do modo de vida cubano. Faltam peças íntimas, batom, papel higiênico, sabonete, creme dental. Tudo pode ser adquirido a peso de ouro no mercado negro. A prostituição - masculina e feminina - custa apenas US$ 1. Homens adultos se oferecem para visitantes homens e mulheres sem constrangimento. Por outro lado, o sistema de saúde é referência mundial, assim como a educação. Sem falar na escola de cinema de Havana, no balé e nos esportes, em geral. O outro lado da estória é que os cubanos, com tudo isso, são um povo alegre, num grau ainda acima dos nossos baianos. Cantam, festejam, compartilham suas festas. Tenho o maior desejo de conhecer Cuba. Para mim, quem sobrevive numa economia engessada assim, e é capaz de grandes atitudes, como comprovou uma amiga que passou uma temporada lá, merece meu respeito e admiração. Não sou a favor de Fidel. Os políticos, assim que assumem o poder, agem tiranicamente, tanto quanto seus antecessores ou até mais. Sou a favor de pessoas. Não tenho como saber se os cubanos são felizes ou não. O que sei são pequenos registros: gente bonita, que sorri, que mora em casas arruinadas, que trabalha, que mantém carros soviéticos da década de 60, que tenta fugir! Nada de diferente de outros países. Mas, a musicalidade e a poesia que emanam de Cuba sugerem que a ilha tem brilho próprio.
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