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sábado, 13 de outubro de 2007

Festa na madrugada

Patty Diphusa e eu já constatamos: às 3:40 horas da manhã, eles começam. Primeiro, um. Depois, mais um. Outro. Dois, quatro, dez, cinquenta, cem mil. A partir daí, é uma sinfonia cheia, sem desafino. Uma conversa barulhenta, troca de informações, hard news, as primeiras do dia. Chegam antes dos primeiros jornais. Sabem antes se o dia será claro, chuvoso (o que é isso mesmo?), ensolarado, quente ou frio. São nossos vizinhos, comuns. Os que cantam lá, cantam aqui. Devem ser da mesma família, tal a pontualidade. Ou do mesmo clã. Serão eles uma máfia organizada? Não sei. Dominam as paragens do alvorecer por completo. Os caminhões de lixo não os intimidam. Os entregadores de jornais são seus companheiros. Algumas almas depenadas, zumbis da noite, acompanham a sinfonia inexorável que não conhece sábado, domingo ou feriado. Não param nunca. Dominam as cidades. Quiçá os campos. Engraçado é que Patty e eu temos debatido o assunto com uma certa frequência nos últimos dias. Neste sábado, 13, Drauzio Varela abordou o assunto em sua coluna na Folha de S.Paulo. Coincidência. Creio que o Drauzio nos ouviu. Eu não sabia, mas, há uma variedade absurda deles na cidade. É incrível como a convivência entre nós e eles banaliza sua existência e que chegue ao ponto de os percebermos apenas quando acreditamos que eles nos afetam. Na verdade, quero dizer que são bem-vindos. A todos de sua tribo que insistem em povoar essa selva anti-natural de concreto. Que a tornam, em aparente paradoxo, menos selva. Seremos selvagens nós, que nos surpreendemos com sua entrada triunfal na madrugada? Você já sabe sobre o que escrevo neste post? Experimente ficar acordado até às 3:40 horas ou acorde a partir desse horário. Ficará extasiado ou zangado. Não sei. Depende de cada um. Mas, nunca indiferente.

1 Comentário:

Reiko Miura disse...

Lendo essa nota me dei conta de que o galo que cantava de madrugada perto de casa anda muito calado. Será que foi cozido numa panela? Se foi, bem feito pro malfeitor, afinal, não é de graça que cunharam a tal expressão "cozinhando o galo". A conta da Congás vai lá pro espaço!