Não impeça o fechamento das portas
O título deste post é a mensagem padrão no Metrô de São Paulo, nos horários de pico, quando todos tentamos entrar e há trem de menos para passageiros de mais. Toca o sinal de fechamento das portas e, em um segundo, a mensagem: "Não impeça o fechamento das portas". Para quem usa o metrô diariamente, as mensagens dos condutores soam cheias de ironia. Nós somos tratados feito gado nos trens, empurrados por agentes do metrô, que usam luvas (igualzinho ao metrô de Tóquio) e tentam embarcar o maior número possível de bovinos. É, porque, lamentavelmente, padecemos de uma condição ultrabovina de paciência, com pequenos ecos de protesto por aqui e por ali. Tenho uma amiga que reclama da superlotação nesse que deveria ser o transporte mais eficiente da cidade e diz se sentir como uma lagartixa estatelada nas janelas dos trens. Imagine a situação: sabe quando os insetos são esmagados pelo vidro do carro? É a mesma coisa com as pessoas no metrô. Você só vê caras amassadas. Eu sempre comento que, quando o trem pára no meio do nada, nos túneis, se algum rato der de cara com você esmagado no metrô, com aqueles olhos arregalados, nariz achatado e uma baba que corre solta, o rato rodará nas patas e guinchará para os colegas que acabou de ver um monstro. Por isso, não impeça que as portas se fechem. Basta que você feche o seu corpo contra lesões e carícias não-consentidas. Bovinamente!
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