Me derreto por você
Somos perenes ao tempo de uma estação, quase nada. A artista plástica Nele Azevedo expôs muito bem essa limitação quando instalou bonecos de gelo que se derretiam e mostravam o quão provisória é a vida. Por isso, lamento aqui tudo o que São Paulo não leva a sério. Violência, trânsito, poluição. Derretemos todos sob a implacabilidade da cidade. Mas, a cidade somos ou não somos nós? Qual é a diferença dessa ágora moderna com aquela da Grécia? Não tem mais elos que unem os habitantes. De anônimos em anônimos, viramos bichos estranhos, arrepiados ao menor contato. Para que tanto esforço, se o ciclo é tão perecível quanto estas estatuetas? A medida do eterno não está na permanência, e sim no factual do dia-a-dia. Vamos degelar todos, vítimas da própria incapacidade de olhar para os lados. Que pena!
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