Diana nas alturas
A festa começaria às 22 horas. Ele tinha mandado tirar as nuvens para que só restasse brilho. Alguns flocos pululavam aqui e ali, mas apenas o suficiente para criar uma atmosfera celestial. Anjos tardios pipocavam, entre esgares de asas e penas esvoaçantes. Ele tinha avisado: não toleraria nenhum objeto fora do lugar porque a hostess era nobre. Tá, tá bom que era para prevalecer a política do "somos todos iguais". Mas, na comparação, ela era ela e pronto! Depois de alguns trovões e relâmpagos reluzentes e sinistros, as coisas tomaram um ar de calmaria. Dava medo e se pressentia uma entrada, mais que triunfal, meio (hehehe) .... bestial! Ela chegou. Não usava mais o preto que a tornara viúva antes de sê-lo e que marcara tão bem sua presença terrena. Estava luminosa. A morte lhe havia caído bem. Dez anos de céu e era a mesma, apenas com uma tez mais pálida (o que é lógico, diga-se). Diana acenou e todos se sentaram. A hostess meneou a cabeça e a música sacra começou. Intimamente, pensou que, afinal, estava confortável. Todos a conheciam e, desde que assumira o posto, há dez anos, tinha evoluído muito. Estava tão serena que já não se lembrava da outra vida. Tudo era apenas uma leve brisa que às vezes passava sobre seus cabelos. Abanou de novo a cabeça e tomou a dianteira da mesa. A festa começava de novo e, finalmente, Gabriel tinha chegado para fazer o par na salão. Sou feliz!, exclamou e percebeu que cantara quase como uma harpa. Ele apenas afrouxou a tensão e disse: Cuide de tudo, vou dormir. Quando Ele saiu, algumas estrelinhas e floquinhos de nuvens o acompanharam. Gabriel e Diana tinham a eternidade e um dia para cuidar.
1 Comentário:
que lindo isso. Eu mandaria pros filhos dela e lhes arrancaria um par de lágrimas.
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