O outro lado: laboratório Roche esclarece sobre uso de medidores de glicose (diabetes)
Pela primeira vez desde a existência desse blog, recebi um retorno oficial de uma empresa sobre algo que publiquei. Um dos fundamentos do jornalismo pressupõe que se ouça o outro lado antes de se publicar um artigo. Mas um blog é jornalístico ou é pessoal? Devo ir atrás da empresa ou da fonte quando decido escrever algo aqui no blog? Sou jornalista e sei, teoricamente, como devo proceder no caso de fatos que exigem apuração rigorosa e confiável.
No entanto, há um debate que já ocorre há algum tempo sobre os blogs e o jornalismo e de como a plataforma internet/blog interage com o meio - pessoas e empresas. Até agora, eu não havia constatado isso na prática. Até agora. Ao receber a informação oficial de uma empresa sobre algo que disseminei a partir deste espaço, portanto, devo dar um tratamento responsável a isso.
Anteriormente, em função de reclamações ou críticas a serviços, eu havia sido contatado sim pela empresa objeto da minha crítica. Mas de outra forma, sem que houvesse, em momento algum, uma resposta direta. Dessa vez, no entanto, a assessoria de imprensa da empresa em questão me forneceu informações em nome da empresa. Portanto, é minha obrigação publicar o outro lado. De outra forma, não terei credibilidade e não darei o devido espaço para a defesa da empresa.
No Brasil, é raro que tenhamos retornos, ainda mais espontâneos. Por si só, a iniciativa da assessoria de imprensa de me contatar me parece bastante razoável sob o ponto de vista jornalístico. E, na qualidade de blogueiro, cobro de mim mesmo eventuais responsabilidades e consequências do que publico. Liberdade é uma coisa, liberalidade é outra. Ninguém me pediu para publicar nada. A assessoria apenas me encaminhou um e-mail. E, arbitrariamente, assim como publiquei a denúncia anterior, publico, pois, a resposta oficial da empresa. Cabe, antes de tudo, ao(à) leitor(a) julgar os fatos expostos no post anterior e neste, com a versão da empresa.
Como, uma vez mais, afirmo, o que publico aqui não é jornalismo, ainda assim me parece, no mínimo, justo que eu dê o devido espaço de volta. Por não ser efetivamente jornalístico, não pretendo fazer entrevistas e ouvir especialistas, governos e empresas envolvidas. Apenas reproduzo, a seguir, a informação que me foi passada. Quero deixar claro, também, que ampliarei a responsabilidade sobre o que publico e a forma como exponho a minha opinião:
"...Na verdade, os aparelhos Accu-Chek, da Roche, não foram proibidos nos EUA e em nenhum outro país. Nem pela FDA nem pela Anvisa, pois é seguro para uso geral. O comunicado da FDA, que você cita, na verdade teve como objetivo apenas reforçar as informações sobre as contra-indicações que constam na bula dos monitores desde 1998. E essa limitação/restrição do uso dos monitores se refere somente a um grupo bem específico de pessoas:
pacientes que estejam submetidos a diálise peritoneal com o uso do medicamento Extraneal ou que façam uso da Imonuglobulina Octagam ou do medicamento Orencia.
E é importante destacar que esses medicamentos são administrados apenas em ambiente hospitalar. E todos os relatos citados pela FDA foram de pacientes que utilizaram os medidores em ambiente hospitalar e utilizam as substâncias que interferem, conforme está escrito na bula. Por isso a Roche também já reiterou a informação sobre essas restrições de uso junto aos médicos e hospitais, mesmo sendo esta uma informação já conhecida e considerada nos procedimentos médico-hospitalares. Além disso, a Roche também publicou no site oficial de Accu-Chek uma nota de esclarecimento que pode ser lida neste link: www.accu-chek.com.br".
4 Comentários:
A isto chamo eu ser honesto e coerente...
Estás numa posição realmente excelente para poderes distinguir um artigo de opinião, como jornalista, ou dedicar um texto pessoal de algo que é só teu - um blog, a determinado assunto.
E se resolves dar publicidade ao mail (também aqui a resposta da Roche deve ser apreciada, pela sua forma pessoal)que recebeste, só te fica bem, pois a tal não eras obrigado.
Gosto muito de gente assim!!!!!!
Abraço forte.
Pinguim, obrigado meu querido amigo. A recíproca é verdadeira: gosto muito de gente assim! E eu gosto de gente que gosta de gente assim. Abraço!
Dear Mr. Red,
de volta ao mundo blogueiro, eis que me deparo com seu post, cujo assunto me é caro, visto ser eu mesma uma diabética de carteirinha, insulino dependente, que usa, e muito!, essa maquininha da Roche. O que tenho a dizer aqui é que essa maquininha é a salvação da lavoura açucareira de meu organismo. Nunca tive nenhum problema, mesmo sabendo que os resultados podem variar um pouco acima, um pouco abaixo da real situação glicêmica.
O que salga mesmo é o preço: cada tirinha custa cerca de R$2,00. Pense que o mínimo diário indicado é de 3 vezes (pessoalmente gasto 5,6). Fez as contas? Poizé: um gasto mensal de, no mínimo, 180,00.
Por lei, os governos são obrigados a fornecer as tirinhas e o equipamento, e até o fazem (aqui no Rio pelo menos). A questão fica por conta dos eternos atrasos na entrega desses insumos, como se fosse bobagem saber se o nível de sua glicemia está em 100, ou em 400!
Aliás, o atraso se dá também na entrega da própria insulina e de vários outros medicamentos.
Já escrevi sobre isso no meu blog, sobre a minha experiência com o serviço público de saúde, e pretendo tornar a fazê-lo em breve, assim que meu estômago conseguir digerir a comovente cena do Lula chorando de emoção com a eleição do "Rio 2016", enquanto que os hospitais da cidade maravilhosa choram convulsiva e diariamente e sequer contam com computadores para o controle de seus pacientes portadores de doenças crônicas...
Abraços doces.
Gentil Carioca, lamento sabê-la dependente tanto do medidor quanto de governos que deveriam fornecê-lo rapidamente e não o fazem. Aqui em SP, até onde eu sei, ocorre a mesma coisa. Quanto ao papel do governo frente a responsabilidade (com a saúde, por exemplo) e ante as celebrações mundiais (como a conquista do Rio 2016), eu abordei várias vezes o assunto por aqui no blog. Sabemos que o fato do Brasil sediar Copa e Olimpíadas não mudará um milímetro as condições precárias de infraestrutura básica. Mas eu ando meio sem paciência para fazer a associação entre o Brasil capenga e esse Brasil que é vendido lá fora. É como eu disse em post recente: assim que as visitas da Copa e das Olimpíadas se retirarem da sala, nós daremos um jeito na poeira que estava escondida sob o tapete. De qualquer forma, bom retorno à blogosfera. E doces beijos para você!
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