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sábado, 10 de outubro de 2009

De olhos bem abertos, o cinema pode ser um nuovo paradiso



Três filmes assistidos do último sábado para cá fizeram com que eu pensasse em como alguns pensamentos e conceitos, de repente, unem-se para dizer alguma coisa. Não programei nada: simplesmente aconteceu. E isso é o inusitado. Sempre que o inesperado se interpõe à nossa frente talvez seja, não sei por quais mecanismos, para nos dizer ou nos fazer ver algo.


O primeiro filme foi 'Zeitgeist'. Longo - são mais de duas horas ou 122 minutos -, 'Zeitgest, The Movie' foi produzido em 2007 por Peter Joseph e aborda temas como o cristianismo, os ataques de 11 de Setembro e o Federal Reserve, dos EUA. Foi lançado somente em versão online pelo Google Video. Em 2008, foi lançado um segundo filme, em continuidade ao primeiro, chamado 'Zeitgeist:Addendum', com foco em outros pontos: globalização, manipulação do ser humano pelas grandes corporações e a insustentabilidade material e moral da humanidade.





Mas não foi no último sábado que 'Zeitgeist' me foi introduzido: eu conheço e já havia assistido ao filme no início do ano passado, quando um amigo virtual me falou sobre o vídeo. Uma pausa: sinto falta desse amigo que sumiu, aos poucos, até que desapareceu do meu horizonte virtual. Saudade das nossas conversas online e uma enorme frustração por, afinal, não termos nos conhecido pessoalmente quando poderíamos tê-lo feito.


Quando vi o filme pela primeira vez, fiquei pasmo pela amplitude de 'Zeitgeist'. Esse filme diz muito da contemporaneidade e das incertezas que nos cercam a nós, a humanidade, com nossas inexoráveis questões sobre nossa tênue existência na linha do tempo. 'Zeitgeist' é estruturado em três seções:


- Primeira parte: 'The Greatest Story Ever Told' ('A Maior História Já Contada'), que começa aos 13 minutos. Essa seção faz uma avaliação crítica da religião, sobretudo em relação ao cristianismo. Sugere-se que Jesus é um híbrido literário e astrológico e que a Bíblia é uma miscelânea de histórias baseadas em princípios astrológicos pertencentes a civilizações antigas (como o Egito). O filme mostra o movimento do sol e das estrelas e remete às religiões pagãs (ou pré-cristãs). Apresenta várias semelhanças entre a história de Jesus e a de Hórus, deus-Sol egípcio que tem vários pontos de contato com o messias do cristianismo.


- Segunda parte: 'All The World's a Stage' ('O Mundo Inteiro É Um Palco'): a partir dos 40 minutos. Nessa seção, 'Zeitgeist' aborda os ataques de 11 de Setembro de 2001 e sugere que o governo dos EUA tinha conhecimento prévio desses ataques e que a queda das Torres Gêmeas do World Trade Center foi uma obra de demolição encetada pelo próprio governo norte-americano. Faz, ainda, conexões entre as famílias Bush e Bin Laden, parceiros comerciais de longa data, e mostra testemunhos sobre explosões internas e sabotagens no episódio do World Trade Center.


- Terceira parte: 'Don't Mind The Men Behind The Curtain' ('Não Se Importem Com os Homens Por Detrás da Cortina'): a partir de 1:14 minutos. Essa parte aborda o sistema bancário mundial e o domínio que esse setor exerce sobre a mídia, inclusive por meio de atos criminosos. Fala sobre o FED (Banco Central dos EUA) e sobre os lucros obtidos pelos bancos, de forma geral, com a I e II Guerras Mundiais, com a Guerra do Vietnã, do Iraque e do Afeganistão. Aponta, ainda, para uma potencial invasão da Venezuela para o controle sobre o petróleo e também sobre o comércio de armas. Segundo o filme, os banqueiros mundiais estão em processo de criação de um governo unificado mundial. É uma teoria da conspiração.


Abaixo, os filmes. Se você tiver tempo e disposição, assista. Para saber do que se trata e concordar ou discordar da abordagem de 'Zeitgeist'. Eu o assisti na TV no último sábado, por meio de download em DVD, e mal dava para ver as imagens e legendas. Recomendo que você o assista na tela do computador mesmo para manter a qualidade. 'Zeitgeist', como eu disse, é longo: 122 minutos. Também posto aqui a continuação - 'Zeitgeist:Addendum', tão longo quanto o primeiro: são 116 minutos. No total, são quase quatro horas de filme.









O segundo filme sobre o qual quero comentar é 'Número 9' ('The Nines', EUA, 2007, dirigido por John August). O protagonista é Ryan Reynolds, em três interpretações que me surpreenderam, já que Ryan é mais conhecido por papéis algo canastrões (em filmes como 'O Dono da Festa', 'Quando a Vaca Vai para o Brejo' e 'Até Que os Parentes Nos Separem' - veja as fotos na sequência). Em 'The Nines', um ator problemático (Ryan), uma apresentadora de um programa de entrevistas na TV e uma conhecida criadora de jogos para videogame têm suas vidas cruzadas por acontecimentos misteriosos, ligados ao número 9.





Assim como 'Zeitgeist', 'The Nines' tem três histórias distintas, aparentemente sem ligação entre si. Na primeira parte, Ryan Reynolds é Gary, ator de TV famoso que, após perder a namorada, abusa das drogas, é preso e condenado à prisão domiciliar, inclusive com o uso da tornezeleira eletrônica que emite um sinal de alarme quando ele ultrapassa os limites estabelecidos pela justiça.


Na segunda história do filme, Ryan vive o criador de um reality show que acompanha as gravações do processo de criação e de aceitação de um programa de TV pela emissora e os eventuais conflitos entre o roteirista (Ryan) e os executivos da emissora.


Por fim, a terceira parte mostra uma família - pai, mãe e filha - presa numa reserva florestal por conta de um problema com o carro. Ryan vive o pai. O filme é aparentemente desconexo. Mas, de uma forma estranha, me disse muito sobre a identidade do ser humano e, ao contrário de 'Zeitgeist', passa ao largo de potenciais teorias conspiratórias para definir que as únicas conspirações existentes são as que imaginamos, sejam reais ou fantasiosas.





Fiquei bastante comovido com o filme e com a capacidade de irmos e voltarmos em nossas mentes para, no final das contas, nos darmos conta de que o que importa é o que temos, e não aquilo que almejamos. É algo simplista mas eficiente. Esse filme eu o assisti durante a semana, numa daquelas crises de insônia que se me abatem durante as madrugadas. E já não sei se tenho insônia ou se me comporto feito aquelas crianças que combatem o sono e, com isso, adquirem o hábito da insônia.


Digo isso porque, na mesma madrugada, ao zapear pelos canais depois do término de 'The Nine', encontrei 'Maurice'. Quer dizer, reencontrei. Já lá se vai mais de uma década desde que assisti ao filme no cinema e, ato contínuo, comprei e li o livro. E, de alguma forma simbólica, 'Maurice' fechou a trindade de filmes - 'Zeitgeist', 'The Nines' e 'Maurice'. Cada um com uma essência, um conceito, uma forma diferente de explicar, ou tentar explicar, o mundo. Cada um em busca de soluções.






'Maurice' (1987, Inglaterra, dirigido por James Ivory) se passa na Inglaterra vitoriana de 1900 e conta a história de Maurice (James Wilby) e Clive (Hug Grant). Ambos estudam juntos e descobrem que estão apaixonados um pelo outro. Enquanto Maurice se atira na paixão, Clive se retrai e os dois mantêm um amor platônico, sem sexo, pelo temor de serem descobertos numa época em que, na Inglaterra, o homossexualismo era crime e os 'criminosos' eram punidos de forma severa, inclusive com o repúdio da família. Enquanto Clive se força a um casamento de fachada para atingir ambições políticas, Maurice jamais consegue se libertar da sensação de estar deslocado dos verdadeiros sentimentos. E é nessa busca que Maurice encontrará respostas onde jamais imaginou. O filme fala sobretudo da aceitação de si mesmo e do que é preciso, enfim, para encontrar a felicidade. Comovente, une-se aos demais filmes relatados por este post - 'Zeitgeist' e 'The Nines' - na mesma busca: por respostas.





O que me levou a fazer tão extenso post é a união de três filmes, do cinema mesmo, em torno de temas que me são caros e que querem, apenas, respostas: de sentido, de identidade e da vida na mais pura concepção do cotidiano. Na verdade, a aparente complexidade dos temas propostos pelos filmes não passa de uma questão bem mais simples: a de que as respostas estão sempre em nós mesmos e na forma como abordamos, ou não, essas questões.


Foi uma semana produtiva no contexto fílmico, a despeito de muito trabalho e um stress crescente pelo pouco tempo que tenho em fazer as coisas que realmente importam. Mais: os filmes me fizeram alongar a mente ao invés de me perder em divagações subjetivas. Não obstante o fato de debaterem justamente a subjetividade, conseguiram, de alguma forma, me serem, os três filmes, mais objetivos do que eu previa. Simples assim!

2 Comentários:

João Roque disse...

Uffa!
eu fiquei cansado de cinema só de ler, eheheheh.
Só vi "Maurice" há já uns anos e claro que gostei muito.
O filme "The Nines" é uma eventualidade, embora me assuste um bocado o tipo de filmes que procura uma explicação através das nossas mentes; digamos que sou um pouco comodista sobre esses assuntos.
O primeiro filme, que deve ser uma espécie de odisseia, não me desperta interesse, embora possa reconhecer que o tem, objectivamente. Mas procurar explicar-me que havia ligações entre as famílias de Bush e de Bin Laden, que explicariam algo do 11 de Setembro, não, isso vai para o reino da brincadeira, e da brincadeira idiota.
Abração.

Redneck disse...

Pinguim, apesar da abordagem da última parte, 'Zeitgeist' é bastante interessante. Quanto às conexões entre Bush e Bin Laden, esse tipo de rumor sempre vai surgir na esteira do que é desconhecido. Não é a primeira vez que se tenta explicar algo quando não se conseguem explicações, mesmo que à custa de tortuosas teorias. Ah! Eu também cansei do post. Tem horas que eu me pergunto por que tenho que falar tanto. Abração!

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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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