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segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O ridículo das religiões

Há dias que algumas coisas nos são entregues assim, de supetão. Tanto melhor. Como assinante da TV paga brasileira, devo dizer que o serviço é ruim: caro, cheio de repetições sem fim de filmes e séries, com mais breaks do que conteúdo (exceto pelos canais premium) e, a despeito da centena de canais, há momentos em que, definitivamente, não há nada de útil para se ver.


Entre um zapear e outro interminável pelo mar de canais, de repente, me deparei com "Religulous" ("Irreverente", no Brasil, na péssima tradução). O misto de documentário/comédia é uma produção de 2008 protagonizada pelo comediante norte-americano Bill Maher e dirigida por Larry Charles (por referência, é o mesmo diretor de "Borat"). O título original do filme deriva das palavras inglesas 'religion' e 'ridiculous' (religião e ridículo, respectivamente). Assim, o documentário/comédia se propõe a analisar e satirizar a religião (todas) e as crenças religiosas (todas).





Para isso, Bill Maher vai a lugares como Jerusalém (católicos, muçulmanos e judeus), Vaticano (católicos) e Salt Lake City (mórmons) e entrevista, entre outros:


- A mãe e a irmã.
- Um ex-satanista.
- Um franciscano que diz que a homossexualidade é aceitável segundo a Bíblia.
- Um pastor cujo objetivo é ajudar as pessoas a superar sua homossexualidade.
- Um cientista a quem é creditada a descoberta de um gene gay.
- Um jornalista secular.
- Um senador democrata dos EUA.
- Um criacionista.
- Um rabino.
- Um profeta que se diz a reencarnação de Cristo.
- Uma política holandesa.
- Um rapper britânico muçulmano.
- Um ativista radical judeu.
- Os proprietários de um bar gay muçulmano de Amsterdã.


Não vou entrar no mérito dos métodos de Bill Maher. O comediante não é truculento com os entrevistados. Ao contrário, prefere, algumas vezes, retirar-se. Mas a edição do filme eu achei brilhante porque anula os fundamentos das religiões seculares. E mostra a falta de consistência para subsidiar a fé do humano no divino. Não que eu precise de mais elementos os quais eu mesmo tenho capacidade de avaliar. Mas é de uma clareza, para mim, bastante elucidativa.


Principalmente quando mostra, em Dorset, na Inglaterra, a figura de um gigante  - o Cerne Abbaa Giant, The Rude Man, que está incrustado na montanha e seria símbolo de fertilidade (veja a foto e o tamanho correspondente do órgão genital do Rude Man). Esse gigante, embora não se saiba sua origem, têm sido praticamente objeto de culto na região e também por visitantes há milhares de anos. O comediante chama a atenção para o fato desse culto se assemelhar a uma religião porque, embora as pessoas não saibam dizer porque tal figura existe, continuam a cuidar da vegetação e da própria incrustação porque 'sempre foi assim'.





Obviamente, esse argumento é por demais simplista para correlacionar fé e religião. Mas coincide com um argumento que me é muito mais caro: os gregos e romanos adoravam a vários deuses; os gentios adoravam bezerros de ouro; os índios brasileiros adoravam (e talvez alguns ainda o façam) o sol, a lua e o trovão como deuses. Todos esses povos eram politeístas (vários deuses). As religiões monoteístas (um só deus) nasceram da necessidade dos líderes (políticos) de canalizar a fé das pessoas numa só direção, voltada sobretudo a objetivos políticos que se movem - e à fé do humano - conforme seus interesses. Caso mesmo dos muçulmanos, dos cristãos, hindus e tantas outras crenças.


Na faculdade de jornalismo, tive uma professora de antropologia com o qual eu debatia essa necessidade do humano em ter acesso ao divino. A explicação nunca foi totalmente conclusa para mim mas girava em torno do fato de nos exasperarmos ante nossas próprias limitações e, pior, ante nosso próprio fim com a morte. Para não ficarmos submetidos a esse triste e inglorioso fim (ou, no caso dos povos politeístas, por não dominar o conhecimento dos elementos naturais), inventamos o místico.


De qualquer forma, o filme é bastante claro e cabe a cada telespectador, na medida da sua fé - ou falta de - concordar ou discordar dos argumentos do comediante. Eu gostei e concordo. Abaixo, um pequeno trecho do filme.





4 Comentários:

João Roque disse...

Sempre ouvi dizer que há dois temas que se tornam difíceis de tratamento em público, devido às convicções quase sempre bastante enraizadas de cada um de nós, acerca desses temas: política e religião.
Apesar de tudo, sobre política vou falando, já que como cidadão, tenho esse direito e não sofro de um mal que impede esse desiderato - a intolerância.
Mas, sobre religião, há que ter um extremo cuidado, pois há pessoas que não conseguem ter uma visão lata do assunto e muitas vezes incorremos, mesmo de boa fé, em "agressões" desagradáveis...
Sou portanto céptico, potencialmente, à referência aqui na blogosfera a assuntos religiosos. Respeito a fé e o credo de cada um, nas não opino sobre o assunto.
Agora mesmo grassa uma enorme controvérsia aqui em Portugal acerca das afirmações polémicas de Saramago sobre a Bíblia; já falei sobre o assunto, mas tratei mais da análise da pessoa que fez as afirmações do que das Afirmações em si mesmas.
Eu tenho a minha fé e acredito em Deus, o Deus que me foi mostrado e que eu, como ser consciente, moldei egoisticamente, mas que não deixa de ser o mesmo Deus.
Desculpa o testamento...
Abraço grande.

Dil Santos disse...

Olá, tudo bem?
Eu particularmente, não gosto de programas que sartirizam com Deus.
Acho uma forma baixa, de tentar obter audiência.
Uma coisa que sempre ouço de minha irmã e que aprendi a repetir é que religião ñ salva ninguém.
Muitos julgam tal religião, como se o Deus a quem elas acreditam, que tenham fé, ñ seja o mesmo.
Abraços
:)

Redneck disse...

Pinguim, concordo que o tema é ambivalente mas, da mesma forma como expresso a minha própria opinião política, expresso o meu ateísmo em particular com as religiões humanas e a minha descrença com o divino. Eu opino sobre o assunto porque acho que muito se comete em nome de deuses que, efetivamente, são apenas intuídos. Acerca da polêmica de Saramago, em alguma medida, a acompanho. Certamente, haverá repercussão por aqui também. Eu fui criado na fé católica, batizado e crismado. Mas a despeito desse ambiente simplesmente não consigo acreditar em nada. É só isso. E quando encontro ressonância como as descritas neste post, somente as reproduzo e emito a minha própria opinião. E não se desculpe pelo 'testamento'. Assim como você, acredito que o espaço dos comentários é tão rico quanto o dos posts e quisera eu que o Blogspot abrisse mais espaço para que os comentários ficassem expostos junto com os posts. Abraço!

Redneck disse...

Oi Dil, tudo bem? Prazer em tê-lo por aqui. Assim como eu disse para o Pinguim, e o disse também no post, fica a critério de cada um o julgamento sobre este post específico e demais opiniões correlatas. Sobre o documentário em questão, que eu assistir na íntegra, não se trata de sátira com Deus (ou quaisquer outros nomes que se lhe dê). É um registro dos comportamentos contraditórios de várias religiões. Abraço!

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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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