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terça-feira, 1 de julho de 2008

Rastreio de Cozinha - 84

Perto da faculdade, há um pequeno café, apelidado de P4. A faculdade tem três prédios: P1, P2 e P3. O P4 é assim chamado porque se trata de uma extensão informal de toda a faculdade. É ponto de encontro para o café, para a cerveja, a rápida reunião, (in)confidências e já até foi palco de correção de provas.


No P4, devido à circulação das informações de todas as turmas, e também de boatos (infundados ou não), sabe-se de tudo. Se alguém precisa confirmar algo, é lá a mina para se extrair o minguado ouro de informações fresquinhas.

Hoje, terça-feira, 1 de julho (o ano começa a acabar exatamente nesta data, para mim), fui à faculdade mais de forma pro forma do que para qualquer outra coisa. A aula que teríamos (Confeitaria - Pasta Americana) ficou para o dia de São Nunca. Em compensação, resolvi algumas pendências (e descobri que continuo pendente, feito um dente cadente).

Peguei a minha nota de Panificação (péssima!) e de mais duas colegas que nem ao menos se deram ao trabalho de ir até lá. Melhor para elas.

Bem, claro que passei no P4 para um café. Afinal, é lá, e em nenhum outro lugar, que sei se determinados colegas estão na área ou não. Daí que em conversa rápida com interlocutor insuspeito, obtive algumas informações de como ficamos, os alunos, às vésperas do final de curso (ou seja, da faculdade mesmo, no final do ano).

Soube que muitos colegas (principalmente os da manhã) são subsidiados pelos pais. Esses caros colegas arrastam DPs (dependência) como arrastam seus corpos pelas ruas para ir à faculdade. Quer dizer, fazem de uma (DP) e de outra coisa (malemolência) o padrão de comportamento. O resultado é que, no final do ano, muitos reclamam, choram, esperneiam. Seria trágico se não fosse cômico.

Eu acho demais o fato de eu pagar por uma faculdade e não frequentá-la. É o que fazem, esses colegas. Ficam (de manhã!) pelos bares da região. Não com café nos copos, e sim com cerveja e outras bebidas. Às vésperas das provas bimestrais, de repente, aparecem, tal qual ratos em fuga de navios prestes a afundar. Bate o desespero titanic: é um tal de salve-se quem puder, ainda que para isso uns sejam corrompidos e outros metralhados.

Me ocorreu a imagem de seres etéreos, que gastam o tempo a definir os formatos das nuvens e, quando a tempestade se forma, são os primeiros a procurar abrigo, esquecidos de que, momentos antes, contemplavam o céu por ser azul.

Sabe como é isso? Ouvi que esse comportamento é típico. E que muitos passam pelo buraco da agulha e chegam lá, no ano seguinte, com o diploma na mão. Ainda que estejam com formatos de camelos, empapados de tanta cerveja e ócio.

Estou meio engasgado com a pendência citada acima que me dói como a um dente de leite (sim, eu me lembro da sensação; não, não os tenho mais) cuja fada não faz a menor questão de resgatar.

Então, devo me tornar um ébrio e fitar não as nuvens, que não cabem no firmamento noturno, mas, as improváveis estrelas que devo imaginar acima de minha cabeça? E, nas vésperas, postar-me feito um lótus e fingir de monge budista desde criancinha?

Oras, realmente, não há seriedade onde deveria havê-la. E quando há, é para escrachar, de tão tacanha. Por fim, com tudo o que ouvi, não sei se caso (até sei, mas, são tantas as emoções envolvidas) ou se compro uma passagem para a Bélgica e vou colher flores de alfazema na Suíca com o Márcio e o Andy (Márcio, observa a camponesa!!!).

Se eu parar para pensar, provavelmente me transformarei na lady da latinha de leite condensado, feliz a participar de uma colheita, com a face avermelhada de camponesa satisfeita pelo leite das vacas holandesas e com tempo de sobra para fazer vastas colheitas florais ao sopé dos Alpes. OK! Misturei a seiva de alfazema com a suíça enlatada, mas, tem tudo a ver, você há de convir!

De escalada em escalada, sei que, no tempo de existência desse blog, já escalei o Everest, a Cordilheira dos Andes e, agora, estou em vias de conhecer o cimo dos Alpes. Ah! Falta o Monte Fuji também. Na próxima encarnação, quero nascer vaca na Índia!

5 Comentários:

Verbo Feminino disse...

Parabéns pelo layout do seu blog.

Parabéns pelas belíssimas ilustrações do famoso leite condensado, adorei!

E não, meu anjo, você não precisa passar a freqüentar os bares e botecos dos filhos-de-papai pra garantir seu futuro.

Você vai sendo diplomado pelo bom gosto que demonstra ter na vida.

E há de ser chef de primeira, nem que deixe os pães para um auxiliar qualquer fazer. rsrs

Um abraço,

Luciana G.

Vee disse...

E essa ordinariazinha que vos visita, tem a dizer que este post está uma delícia, em imagens, palavras e cores.

Saio e deixo flores na jarra.

Beijo, Red.

leve solto disse...

Alpes, Monte Fuji??

Sua escalada será constante!

Vc é "puro movimento"! Adoro isso!

bjs

Patty Diphusa disse...

P4 é? Então esse é o endereço do crime, é? É lá que vc vai fazer o treinamento para colher alfazemas?

Olha, para de ganhar dinheiro com fotos minhas, tá? Não basta a do Facebook agora Ebay tbem...Afe..

Bjs

Redneck disse...

Luciana, quanta gentileza. Mais, mais ... Adorei tudo o que você escreveu!!! Ego inchado, pronto para abrir feito um airbag. Espero que você seja profética. Beijo!

amèlie, obrigado pela visita, pelo paladar e pelas flores. Toque, cheiro e sabor. Beijo!

Mara! Você complementa a barrinha de "o mais metido dos leoninos" e faz coro com a Luciana. Humm ... gostei desse movimento também!!! Beijo!

Patty, o P4 tem uma passagem para um monte de jardins, você nem imagina! Quanto às fotos, se nada der certo, serei um dealer, honey. Beijo!

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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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