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terça-feira, 15 de julho de 2008

Para que saber tanto?

"É bom aprender, mas, os perigos são muitos a cada novo dia e é preciso estar sob constante cautela. Como resultado do aprendizado, tornamo-nos astutos, vis e precisamos usar uma armadura de autodefesa de duas faces. Aprender é culpa do envelhecimento. Esta é a razão de não haver nenhum idoso decente." Essas são as palavras de um gato, é, o gato, animal, que é protagonista do livro "Eu Sou Um Gato", do japonês Natsume Soseki.


O livro é bastante interessante e mostra a mediocridade dos humanos que rodeiam o gato, além da indolência própria do felino cuja maior felicidade é dormir ao seu bel-prazer. Estou na metade do livro e me deparei com o parágrafo acima.

Há muito me convenci de que quanto menos se sabe, mais se é feliz. O gato/autor afirma que não há nenhum idoso decente. Com isso, diz que nos tornamos, todos, ao final, indecentes. E por que indecentes? Porque as ilusões se foram, perdidas para os verdes anos. Quando ainda se confiava que haveria algo a fazer a respeito de qualquer coisa.


Ao velho, imagino, cabem as conclusões do quanto a vida pode ser enfadonha depois de tantas expectativas: acúmulo de dores, de lembranças, de perdas, do vigor físico. São tantos os degraus abaixo que melhor conduzem ao inferno do que ao almejado céu. E nós, que aspiramos subir, etéreos feito penas de ganso! Qual o quê?

Mais fácil imaginar que descemos em rápida velocidade pelos declives da vida. Que rolamos pedras montanha acima apenas para vê-las desencadear-se em perigosas avalanches.

Ainda por esses dias, fiz uma imitação patética de velhinhos lá em casa: andar trêmulo, olhos que não definem mais os contornos, bocas desdentadas, o acintoso uso de fraldas geriátricas para que não nos exponhamos ao ridículo, a perda da memória, da noção, das direções. A decadência, enfim!

Risível? Por ora, é fácil rir. Porque, se serei indecente de fato, o serei integralmente: na boca sem freios (e sem dentes), no jeito ranzinza de tratar os demais (a gente já chegou? a gente já chegou?), na rebeldia de mula, que insiste em ir a leste quando o correto é oeste. Para ser indecente, há que sê-lo deliberada e espontaneamente. Nem tanto que lhe cause a você mesmo o rancor dos outros, que ainda têm muitos degraus para se equiparar em indecência, e nem tanto que faça com que você mesmo tenha alguma auto-crítica.

O bom - se é que tem algo de positivo na decrepitude - é que lhe sobra tempo para matutar e concluir que, depois de tanto caminho percorrido, não sobra nada. Nem do que você imaginou para si e tampouco daquilo que tinha em mente quando se projetava para o mundo.

Para pagar essa conta pesada, prefiro escarnecer e cometer minhas cotas de indecência desde já. Vai que, mais à frente, eu me esqueça, velho demais para lembrar!

2 Comentários:

leve solto disse...

Red, falando em livros...
Ontem fiz como vc quando entrei na Saraiva... escolhi pela capa, título e depois fui ler a sinopse..rs

Comecei a ler, depois te conto!

bjs

Mara

(Suas dicas de leitura são sempre muito interessantes, pois vc me deixa curiosa pra ler além do que comenta aqui)

Redneck disse...

Mara, vai por mim que esse método de escolha de livros pode ser surpreendente. De verdade, dá para contar nos dedos de uma mão as vezes em que me equivoquei. Depois, por favor, coloque no seu blog. Beijo!

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Redneck, em inglês, define um homem rude (e nude), grosseiro. Às vezes, posso ser bem bronco. Mas, na maior parte do tempo, sou doce, sensível e rio de tudo, inclusive de mim mesmo. (Redneck is an English expression meaning rude, brute - and nude - man. Those who knows me know that sometimes can be very stupid. But most times, I'm sweet, sensitive and always laugh at everything, including myself.)

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