Nos lençóis macios, somos corcundas, soldados e estrelas-do-mar
O corpo fala? Na minha opinião, sim. Fala sozinho, se expressa, se contorce, se estanca ou se atira, se estira, flexível. Ou se retrai. Convulsiona em gargalhadas ou no choro. O corpo reflete o espírito e, ora é imenso, alto, comprido, ora torna-se pequenino, acabrunhado, minúsculo.
No livro "O Corpo Fala", de Pierre Weil e Roland Tompakow - editora Vozes - 288 páginas -, os autores tentam desvendar a comunicação não-verbal do corpo e analisam os princípios implícitos que regem e conduzem o corpo humano. A partir desses princípios, explicitamos expressões, gestos e atos corporais que, de forma estilizada ou não, traduzem nossos sentimentos, concepções e posicionamentos internos: são os gestos que descrevi no primeiro parágrafo. Somos quase que mímicos do que nos vai no coração e no cérebro e, mesmo que nos calemos, o nosso corpo insiste em fazer ver o que nos vai n'alma.
Mas, esse corpo que tanto fala nem em sono se cala. Um estudo afirma que, conforme a posição que nosso corpo mantém em repouso, no sono, também é reveladora sobre a nossa personalidade. E isso tem lógica, já que dormimos mas continuamos a funcionar. Não estamos mortos. É apenas um intervalo entre a atividade física de um dia para outro. Portanto, é natural que tenhamos posturas corporais acordados ou não.
O estudo foi conduzido pelo médico e diretor do Centro de Sono de Edimburgo, Escócia, Chris Idzikowski, e um dos resultados extraídos é que a forma como dormimos pode ser uma manifestação postural do subconsciente, ou seja, haveria relação entre a posição assumida durante o sono e o perfil psicológico de cada um de nós. Para o levantamento, foram pesquisadas 1 mil pessoas e, a partir dessa base, foram determinadas seis posições de sono mais comuns entre os seres humanos.
Segundo Idzikowski, por detrás de cada postura durante o sono, o perfil das pessoas é completamente diferente do que seria de se esperar. Confirma abaixo as posições e respectivos perfis:
Posição fetal (adotada por 41% dos pesquisados): é a mais comum, sobretudo nas mulheres (51%). Pelo perfil, corresponde a pessoas cuja aparência exterior forte esconde uma extrema sensibilidade. Essas pessoas são tímidas ao primeiro contato e tornam-se mais descontraídas e abertas com o tempo.
Posição corcunda (adotada por 13% dos pesquisados): nessa posição, as pessoas dormem com os braços à frente do corpo. Pessoas que dormem nesta posição tendem a ser donas de uma personalidade aberta, embora possam tornar-se desconfiadas e cínicas. Demoram a tomar uma decisão, mas quando a tomam tendem a ser irredutíveis.
Soldado (adotada por 8% dos entrevistados): nessa posição, dorme-se de barriga para cima, com braços e pernas esticados ao longo do corpo. Típica de pessoas calmas, reservadas e exigentes, tanto com os outros quanto consigo mesmas.
Segundo o pesquisador, a posição “queda-livre” beneficia a digestão. E as pessoas que dormem nas posições “estrela-do-mar” ou “soldado” têm mais tendência a ressonar e a ter perturbações durante o sono. A maior parte das pessoas dorme com um braço ou perna para fora dos lençóis. E uma em cada dez pessoas cobre-se totalmente com a roupa da cama. E você? Eu sou como a maior parte e durmo na posição fetal. Tenho a tendência de me descobrir totalmente e, invariavelmente, chutar cobertas e lençóis. Às vezes, durmo (ou penso que) na posição "queda-livre". De qualquer forma, o sono é uma queda-livre e nunca se sabe como se emergirá desse estado de torpor que varia entre 4 horas a 12 horas.
2 Comentários:
O meu dormir é muito complexo: impossível dormir mais que 3/4 horas seguidas, mas não tenho insónias; acordo, faço alguma coisa e volto a dormir de novo, quase sempre em posição fetal sobre o meu lado direito e adoro pôr uma perna de fora...Ressono e tenho um acordar sereno:
a vida permite-me dormir sobre a manhã, o período em que mais repouso, já que me deito sempre muito tarde.
Beijo.
Pinguim, eu sempre me questiono o porquê dessa tendência de colocar a perna para fora, coisa que também o faço. E, fisiologicamente, sou como você, ainda que a vida não me o permita: prefiro repousar na parte da manhã porque me considero mais produtivo da tarde à madrugada. Beijo!
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